terça-feira, 11 de dezembro de 2007

CRÍTICA: HALLOWEEN (2007): Michael Myers antes da fama

Halloween”, refilmagem de... “Halloween” (não tem nem subtítulo), estreou em setembro nos EUA pra não ter que brigar diretamente com “Jogos Mortais 4”, que chega no, bem, Halloween. Que decadência, não? Até que o terror foi bem de bilheteria, inclusive porque a primeira metade é bastante boa, e pelo menos o diretor Rob Zombie não quis refilmar cena a cena. Bom, pra começo de conversa, nem acho o clássico de 78 um clássico tão indiscutível assim. Claro que a trilha sonora é ótima, e os primeiros instantes da câmera subindo escadas e indo parar no quarto de uma menina semi-nua (quatro minutos sem cortes!) já valem o ingresso. Mas cai muito quando se transforma em carnificina e se concentra nos berros da Jamie Lee Curtis. Tudo bem, foi super influente, e sem o “Halloween” não existiria “Sexta-Feira 13”, e como a gente poderia viver sem o Jason? (tô sendo irônica).

O que esta refilmagem tem de bom é detalhar mais a infância difícil do Michael Myers. O pobre menino tem motivos de sobra pra se tornar um serial killer. Minha opinião é que qualquer um que use máscara de palhaço deformado tem problemas e deve ser internado imediatamente. Fora isso, a mãe do guri trabalha como stripper e é abusada verbal e fisicamente por homens (o que mora com ela no momento ainda tem olhos pra filha adolescente), e garotos da escola esfregam fotos da mãe nua na cara do Michael. Quando o Malcolm McDowell como psiquiatra aparece pra dizer que o garoto é um psicopta em potencial, a gente pensa que o cinema em coro vai gritar “Bidu!”. No ínicio o Michael se diverte torturando e matando bichinhos, gatos e ratos. Depois decide que já está pronto pra experimentar com bichos maiores, como um valentão do colégio. Daí é um pulo pra ele chegar às suas vítimas favorita – babás. De preferência babás atrevidas que levam seus namorados pra transar em casa. Aqui o sexo é punido com morte mesmo. O Bush e o Papa ficariam orgulhosos.

Michael vai montar e desenhar mais máscaras ainda, tudo pra esconder como ele é feio (e ele nem feio é!). Mais adiante ele fica tão cabeludo que nem dá pra ver seu rosto, e ele pára de falar. Não é uma boa companhia. Só não entendi em que momento ele se torna sobrenatural. Será que uma aranha radioativa o mordeu, pra ele virar indestrutível, e a câmera esqueceu de mostrar? A mensagem do filme é conservadora até a medula, não só por exibir meninas que fazem sexo e por isso merecem morrer, mas também por defender a pena de morte pro Michael. “Halloween” insiste que não tem por que alguém tão cheio de maldade continuar vivendo. Esse tipo de mentalidade parece estar na moda nos EUA, com o lançamento de três filmes prestigiando os justiceiros que pregam a pena capital com suas próprias mãos (“Valente”, com a Jodie Foster, “Death Sentence, com o Kevin Bacon, e “Illegal Tender”, com ninguém minimamente conhecido).

Além do Michael passar a ter poderes especiais pra aturar tantas facadas e tiros, ele também cresce pra caramba. O maridão pergunta se todos os atores do filme tinham que ter menos de um metro e meio de altura pro vilão parecer enorme. Não sei, só sei que não existe a menor chance de um grandalhão de mais de dois metros portando uma máscara medonha rondar um subúrbio americano e ninguém perceber. Num segundo algum vizinho apavorado chamaria a polícia. É sério. Quer um exemplo da vida real? Em Chicago, uma massagista branca foi atender a uma cliente num subúrbio. O marido, negro, e o filhinho, ficaram brincando na rua, esperando a mulher terminar. Em cinco minutos onze vizinhos ligaram pra polícia, que foi lá e prendeu o cara. Pelo jeito o direito de ir e vir não existe por aqui.

Ainda sobre o tamanho descomunal do Michael, alguém me explica como uma moça com um namorado anão vê um sujeito de dois metros fantasiado de fantasminha e acha que é o chamego dela. E tem uma hora em que o Michael poupa uma babá por notar que ela é sua irmã, que ele não via desde que a menina era bebê. Ahn, eu não sabia nem que o bebê era menina, e o Michael olha pra uma mulher feita e pensa “Minha irmã!”? Uau, ele é sobrenatural mesmo! Pra fugir dessas baboseiras, minha dica é: deixe a sessão assim que o Michael deixa de ser garoto. Afinal, o Michael gigante a gente já conhece de mil e uma péssimas sequências. Fique só com a origem do mal.

2 comentários:

Jéssica disse...

Looooola, vou comentar aqui um post de 10 mil anos atrás mas tudo bem. Amei a sua crítica, mas sobre algumas coisas que penso... Sinceramente não acho que o filme passe valores conservadores, o que vocÊ citou é na verdade mais um dos clichês dos filmes de terror: Faça sexo e morra! Eu também achei a segunda metade do filme chata, que ao contrário do de 78, mesmo quando começa a perseguição o filme tem uma atmosfera "legal", assustadora. O que realmente não gostei em Halloween ( que na verdade foi depois divulgado como "Halloween: O início) foi que o terror não foi explorado na segunda metade do filme. Tudo o que vocÊ falou é verdade mesmo, sobre o fato inacreditáel de ninguém da vizinhança ver o cara (que pra mim fica mais inacreditável ainda no de 78, parecia até que as únicas casas habitadas da rua eram aquelas da Lee Curtis e da amiga), em nenhum dos filmes foi deixado claro que Michal havia adquirido poderes sobrenaturaus ou o dom da imortalidade mas ele sobreviveu à oito filmes na base de tiros e facadas. Mas às vezes penso na idéia de que se tem um psicopata assassino, sempre vai ter um doido pra querer imitar o que ele fez, ou talvez eu veja Myers como um E.T (hehe). Mas certos clichÊs do terror nem valem a pena ser discutidos, as histórias são doidas, você põe um carro possuído que sai matando o povo sem explicação (que explicação né?), e faz sucesso, como podemos ver no clássico "Christine o carro assasino". Parabéns pelo trabalho que vem fazendo no seu blog Lola, principalmente sobre feminismo.

Unknown disse...

Então apesar dele ser grande , ele sabe se esconder muito bem e rápido ,assim as vítimas são pegas quase sempre de surpresa