sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

CRÍTICA: JOGOS DO PODER / De guerreiros da liberdade a terroristas

Lembrado pelo Globo de Ouro e desprezado pelo Oscar, “Jogos do Poder”, que no original leva o título mais singelo de “A Guerra de Charlie Wilson”, foi a única produção a lidar com o Oriente Médio que não fracassou 100% na bilheteria. Isso por causa do apelo do Tom Hanks e Julia Roberts. E a realidade é que é um filme ágil e agradável, que transforma História em comédia. Pena que a ideologia seja de doer. Começando pelo início, Charlie (interpretado por um Tom Hanks muito à vontade) é um político texano que consegue, na década de 80, sem estardalhaço, aumentar um orçamento pífio de 5 milhões de dólares - pra ajudar guerreiros afegãos a derrotar os soviéticos – para um bilhão (agora a conta da Guerra do Iraque já ultrapassou um trilhão. Nos anos 80 era mais barato). O Afeganistão foi o Vietnã dos soviéticos, isso todo mundo sabe. Quer dizer, quem sabe o que foi o Vietnã e a União Soviética (por aqui os americanos no colegial acham que a Segunda Guerra foi entre EUA e Rússia. Hitler era comunista, você não sabia?).

Charlie adora mulheres e bebida. Todas as secretárias dele são gostosonas. Alguém pergunta o porquê disso e uma delas responde, orgulhosa: “Ele sempre diz que dá pra ensinar uma mulher a datilografar, mas não dá pra ensiná-la a fazer crescer os peitos”. Pois é, um gigante intelectual, esse Charlie. E tão a favor das liberdades! Pra gente não pensar que tudo é festa, numa cena ele relata um fato da sua infância. Um vizinho político matou o cachorro dele, e Charlie, aos 13 anos, foi a um bairro negro onde as pessoas nunca votaram, recrutou vários eleitores, os levou até as urnas, e disse “Não quero influenciar vocês, mas esse cara matou meu cão”. O adversário então ganhou por 16 votos, e foi aí que Charlie passou a amar a América. Hmm... Vejamos quantas coisas erradas há nessa anedota. Primeiro, mostra que é bem facinho manipular eleitores, ainda mais negros pobres. Segundo, tudo bem, eu não votaria de jeito nenhum em alguém que mata cachorro, mas nem por isso votaria no adversário, sem saber o passado (político, de preferência) desse candidato. E no entanto, esse é o tipo de recado simplista que “Jogos” tenta passar.

O filme não deixa claro por que Charlie se comove com a desgraça afegã. Ele vê na TV mulheres e crianças bombardeadas e pimba, vai ao Congresso pedir dinheiro. Pouco depois ele se envolve com uma Julia Roberts de peruca loira interpretando uma membra da direita cristã que aproveita qualquer guerra pra converter muçulmanos a Jesus. Dá pra vê-la de bíquini (e o bumbum do Tom) por uns 2 segundos. Juro que o estúdio usa esses segundos pra vender ingressos. Porém, pra ser justa com a Julia, a cena em que ela usa uma agulha pra ajeitar os cílios é mais horrorizante que qualquer filme de terror (eu tive que fechar os olhos). Enfim, “Jogos” evita dizer se o nobre Charlie é democrata ou republicano, o que indica bem o quanto esses dois partidos são parecidos. E o filme também faz propaganda da CIA. Mesmo que eles sejam um bando de burocratas, há um agente lá, o Philip Seymour Hoffman (no melhor papel), que faz a coisa certa. E outras pessoas que trabalham na CIA são geniais. Como sabemos? Porque conseguem jogar xadrez a cegas! E ainda simultaneamente com quatro tabuleiros! Ahn, eu conheço vários enxadristas, incluindo o maridão, que podem fazer o mesmo e nem por isso são gênios. Inclusive, no caso do maridão, não mesmo.

“Jogos” fica didático no final, mostrando como o dinheiro do contribuinte foi bem empregado, enchendo a tela de números pra indicar quantos helicópteros soviéticos foram derrubados e tal, e termina com Charlie sendo aplaudido de pé. Entre vários tapinhas nas costas, alguém diz que os americanos fizeram tudo certo, foi uma época gloriosa, só erraram no final do jogo. Claro, claro. A mensagem é: “Puxa, nós americanos somos tão bonzinhos, estamos sempre do lado do bem, salvamos criancinhas afegãs sem querer nada em troca, só pelo amor no coração, e ainda assim esses fdp nos sacaneiam”. Os “guerreiros pela liberdade” afegãos, freedom fighters, viraram terroristas que ajudaram a bombardear Nova York. É uma questão semântica: quando eles lutavam contra os comunistas, a favor dos interesses dos EUA, eram guerreiros. Quando lutam contra os americanos (em qualquer lugar, mesmo que seja no Iraque), são terroristas. O filme também se esquece de dizer que os freedom fighters afegãos se rebelaram contra o governo apoiado pelos soviéticos porque ele permitiu que meninas frequentassem escolas rurais. Pois é, liberdade é algo tão relativo...

E quem diria que 15 anos depois os EUA arrasariam seu antigo aliado, o Afeganistão, transformando-o num estacionamento? Mas certamente dessa vez eles não mataram mulheres e crianças - só terroristas e, talvez, algum camelo.

Julia Roberts antes de retocar os cílios com uma agulha, enquanto Tom Hanks descansa na banheira (a essa altura você deve ter reparado que o Tom passa boa parte do filme em banheiras). Vida de homem é tão difícil!

CORTINA SE FECHANDO PRA HILLARY

Já está quase acertado que John McCain será o candidato republicano à presidência. Entre os democratas a situação ainda está indefinida. Nas primárias, Barack Obama está agora na frente de Hillary Clinton. O próximo dia D pode ser 4 de março, quando acontecerão primárias em Texas, um dos estados mais populosos, e Ohio. Após sua vitória estrondosa em Wisconsin (58% dos votos), se Obama vencer nos dois estados, Hillary provavelmente terá de desistir da sua candidatura. Se Obama vencer apenas no Texas, talvez ela ainda esperneie mais um pouco. É certo que os democratas farão de tudo para definir seu candidato logo, porque, se as coisas se arrastarem e nenhum dos dois conseguir a maioria dos votos dos delegados nas primárias, quem vai resolver é a convenção nacional, só em agosto. E o partido vai ficar brigando, dividido até lá, enquanto os republicanos se unem e se fortalecem.

Mas a verdade é que a coisa tá muito feia pra Hillary. Uma pesquisa feita por telefone com mais de mil americanos revelou que a vantagem do Obama sobre ela, no voto popular, já ultrapassa os 14 pontos. E isso não tá nem perto de ser o pior. A mesma pesquisa indica que, se a briga pra presidência ficar entre ela e John McCain, o placar seria em favor dele, por 50% a 32%. Se a disputa for entre Obama e McCain, Obama ganharia por 47% a 41%. Um dos maiores problemas da Hillary é seu alto índice de rejeição. 45% dos americanos dizem que jamais votariam nela. É muita gente! Pode apostar que boa parte disso é por ela ser mulher.

TUDO QUE VOCÊ NÃO QUERIA SABER SOBRE ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ - FINAL

Cuidado, muito cuidado, todo o cuidado do mundo! Spoilers referentes ao livro do Cormac McCarthy! Esta é a parte final. Veja a primeira, a segunda, a terceira, e minha crônica sobre o filme.

- O quê? Não gostou do final do filme? Pois saiba que esse fim é 100% superior ao do livro. Porque o livro não acaba depois que Moss, Wells, Carla, e principalmente Chigurh saem de cena. Não, o livro prossegue por mais 50 páginas só do xerife repetindo o que a gente já conhece desde o título! É interminável. É um sexto do livro, e não tem razão de existir, na minha modesta opinião. Há um longo papo entre o xerife e seu tio, um homem que vive numa cadeira de rodas, cercado por gatos. No filme essa cena aparece, mas os Coen tiveram a esperteza de cortá-la um monte e colocá-la antes do acidente do Chigurh (se fossem mais ousados, teriam eliminado a cena completamente). Basicamente, nessa conversa no livro, o xerife (personagem do Tommy Lee Jones no filme) revela ao tio seu terrível segredo: ter abandonado seu pelotão durante a Segunda Guerra Mundial, e mesmo assim ter sido condecorado. Cumequié? Tem uma encarnação do mal chamada Chigurh à solta, e a gente precisa ficar interessada no que aconteceu com um xerifinho quatro décadas atrás?! Ah sim, ambos conversam sobre os EUA não serem um country for old men.

- E o livro continua... O xerife se aposenta. Sente-se culpado pela morte de Carla Jean, mas consola-se que não podia adivinhar que Chigurh iria matá-la. Ele fala com os dois adolescentes que viram Chigurh no acidente de carro (porque eles venderam a arma dele, e a polícia notou que foi a mesma arma usada para matar Carla Jean). Um mexicano é condenado à pena de morte por crimes cometidos por Chigurh no começo da trama. O xerife tenta testemunhar a favor do mexicano, mas não adianta. Chigurh é considerado um fantasma. O xerife assiste à execução do mexicano. O xerife visita o pai de Moss. Ambos conversam sobre... você sabe. Tá no título. O xerife fica mais em casa. Sua mulher é muito carinhosa e paciente, mas lhe dá uma cotovelada: “Lembro que quando Papai se aposentou, Mamãe disse pra ele: eu disse na saúde e na doença, mas não disse nada sobre almoço”. O xerife não tem simancol. Ele sente um sentimento de derrota que é pior que a morte. Fala de outras coisas pra mostrar como este não é um país para os velhos. Narra o sonho com o pai. The end.

Talvez eu esteja sendo rigorosa demais com o livro. Deve ter muita gente que o acha brilhante, uma alegoria perfeita de como os EUA são um país violento. Mas eu realmente achei tudo muito repetitivo. Em sua defesa, posso imaginar que o xerife é um homem traumatizado com tanta violência ao seu redor, e o que faz uma pessoa traumatizada? Ela repete. É uma interpretação coerente. No entanto, pra mim, leitora, o personagem do xerife precisa aparecer menos pra história fluir mais. E qual é a grande falha do filme dos Coen? Quando que o fascínio parece se esvair? Quando o xerife assume a posição central. I rest my case.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

QUESTÕES REALMENTE RELEVANTES SOBRE RAMBO 4

Imaginando que alguma leitora minha vá ao cinema ver “Rambo 4”, vamos às questões mais relevantes: foi o Stalla que dirigiu o filme! E a gente pensava que ele não sabia dirigir por causa de “Os Embalos de Sábado à Noite Continuam”! Tá vendo? Tá vendo? Então, na sua opinião, o Stalla velhinho está mais inexpressivo que antes, ou continua o mesmo inexpressivão de sempre? Panela velha é que faz comida boa? Você fica decepcionada que a cobra do Stalla apareça tão pouco? Ou você, como eu, passa o filme todo pensando se existe homem mais feio que ele no mundo? Ou ver "Rambo 4" não está nos planos nem dos seus pesadelos mais medonhos?

OS REFLEXOS MAIS RÁPIDOS QUE JÁ VI

Eu e o maridão acabamos de rir muito. Não faço a menor idéia como começou a conversa, mas eu fui falar que meus reflexos são rápidos como um raio:

- Às vezes eu me sinto como o Homem-Aranha, sabe? Quando ele descobre que tem superpoderes? Quando ele pega coisas no ar. Quase todo dia eu derrubo alguma coisa e pego ela assim, no ar.

- Puxa, você derruba coisas todo dia? Você é o máximo mesmo.

- Tá, você não precisa acreditar na minha palavra. Quer ouvir uma terceira opinião? Porque a primeira e a segunda opinião são minhas.

- Qual a terceira opinião, então?

- Uma vez eu fui ao médico fazer exame pra renovar carteira de motorista e ele pegou o martelinho – aquele martelinho, sabe?

- Sei, Martelinho de Ouro.

- Você tá falando daquele martelinho pra desentortar lata e metal, seu verme? Não, aquele martelinho que eles usam pra testar reflexos. Então o médico bateu com o martelinho no meu joelho e disse, “Esses são os reflexos mais rápidos que já vi na vida”.

- Ele disse isso? E você acreditou?

- Claro, porque ele falou sem nenhuma ironia. Eu até perguntei, pra confirmar, “Você tá falando sério?”. E ele só faltou dizer que eu sou a Mulher-Aranha em pessoa.

- Tá vendo? É por isso que você sempre deve pedir a identificação da pessoa ao entrar num consultório.

- O que você quer dizer? Que ele não era médico?

- Era horário de almoço?

- Não, acho que não.

- Não se pode confiar em mais ninguém. O médico sai, diz pra alguém “Segura as pontas aí que eu já volto”, entra uma paciente e o carinha diz qualquer coisa pra ela. E a bobona acredita!

- Amor, você tá claramente com inveja.


E por aí foi. Daí pra discutirmos minha lerdeza intelectual de manhã foi um passo. Mas só de manhã! E quem precisa ser rápida das idéias quando se tem superpoderes?

TRÊS TRAILERS, TRÊS FILMES QUE PROMETEM

Domingo passado vi três trailers muito instigantes no cinema: o de Indiana Jones 4, pela primeira vez, o de 21, e o de The Happening. O trailer de Indiana não pareceu grande coisa até que começaram a tocar tan taran tan tan taran tan taranta tan tan! Sabe, a musiquinha de Caçadores da Arca Perdida (posso ter errado uma ou outra nota). Fiquei pensando no quanto Spielberg deve ao John Williams. Já o maridão cismou que o chapéu do Indiana tava caindo demais. Uh? Gostei quando o Harrison Ford responde ser um professor “meio período”! Sobre 21, o filme promete. Adoro histórias de truques e jogos, e aqui eles contam as cartas e visitam Las Vegas. Tem o gracinha que esteve em Across the Universe, e o Kevin Spacey. O que mais posso querer? Sobre o The Happening, bom, embora goste muito do Shyamalan, odiei Sinais e não me animei a ver Dama n'Água nem quando passou de graça na TV a cabo. Happening parece lidar com epidemias que levam ao fim da vida na Terra, um tema que sempre me fascina. Desculpe não ter certeza sobre o assunto, mas prefiro não ler nada sobre um filme antes de vê-lo. Ver o trailer já é demais.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

EU SOU UMA CÂMERA

Sei que tá fora de foco. Foi o maridão que tirou...

Finalmente fomos a um musical aqui em Detroit! E os preços não foram proibitivos como os da Broadway, até porque a peça tinha pouco a ver com Broadway. Pagamos 18 dólares cada um pelo ingresso, mais 3 por comprar com o cartão de crédito (!), por telefone. O musical em questão era “Cabaret”, produzido por um grupo chamado Stagecraft
ers. Eu e o maridão tivemos a sorte de sentar ao lado de um casal velhinho simpaticíssimo que é membro do grupo há vinte anos, então eles nos contaram tudo. Este grupo tem 300 membros, praticamente todos lá de Royal Oak, um subúrbio charmoso de Detroit. No começo da década de 80, o teatro Baldwin, que é divino, encontrava-se abandonado, quase condenado pela prefeitura. Os membros se juntaram, compraram o teatro, fizeram uma reforma geral, mantendo todos os detalhes do original, e apresentam lá suas montagens desde então. O que é surpreendente é que a companhia nunca entra no vermelho. As peças se pagam, e olha que “Cabaret” tinha um elenco de 16 atores, orquestra ao vivo, cenários e figurinos simples mas bonitos...

Eu vi “Cabaret” em São Paulo muitos anos atrás, em 1989. Tinha o Diogo Vilela como mestre de cerimônias e a Beth Goulart como Sally Bowles. O que mais me lembro é do número do “The Money Song”, bem criativo. Logo, não fiquei comparando essa versão de Detroit com a superprodução de São Paulo. Mas não compará-la com o filme foi missão impossível! O musical de 1972, vencedor de vários Oscars, não é um filminho qualquer. Pra mim e pro maridão, é um dos maiores de todos os tempos, que a gente ama de paixão. E imediatamente percebi que o papel mais difícil é o do mestre de cerimônias, não o da Sally, porque não dá pra esquecer a interpretação do Joel Grey. O ator do Stagecrafters até que se esforçou, mas só conseguia tentar imitar o Joel. De qualquer jeito, adoramos a montagem, que apresentou um monte de coisas diferentes do filme. Por exemplo, na obra-prima do Bob Fosse, o casalzinho apaixonado que não pode se casar - porque a mulher é judia, e eles vivem na Alemanha, bem no momento da ascensão do nazismo – é jovem. Na montagem que vimos, o casal já passou da meia idade, e o fato de que dois solitários precisam morrer sozinhos só por causa de uma irracional perseguição religiosa comove ainda mais. Esse casal tem tanta importância quanto Sally e o estrangeiro que testemunha tudo (e, por ser de fora, é o único que percebe a histeria coletiva tomando conta da Alemanha. Não por coincidência, a peça original, antes de virar o musical consagrado, chamava-se “Eu Sou uma Câmera”).

Ah, quando acabou a peça, o casal que sentou-se do nosso lado nos ofereceu uma carona até em casa. Viu que amor? E eles moram lá em Royal Oak, pertinho do teatro, daria pra ir andando. Vieram de carro até lá porque, como Sandy (a senhora) me explicou, “Somos americanos”. E a peça que ela está dirigindo, “Frozen” (“Congelados”), estréia no início de março! Certamente estaremos lá.

E, como esse casal conhece todo mundo, acabamos conhecendo todo mundo também. Inclusive o diretor, uma figura muito divertida e entusiasmada. Eles nos apresentavam como “o casal que veio do Brasil ver a peça!”. Eu era a aluna de doutorado em Shakespeare, e o maridão, um campeão de xadrez (é incrível como uma pessoa sobe no conceito das outras por jogar xadrez, e como “jogador de xadrez” vira “campeão de xadrez”, a profissão mais glamurosa do mundo, em questão de segundos!). Descobri que o diretor da peça está encrencado pela mensagem que publicou no programa. Também, pudera. Olha o que ele escreveu (perdoe minha péssima tradução): “'Cabaret' nos permite presenciar um tempo e um povo, e nos ajuda a entender como, por que e quando uma nação inteira ficou tão degradada, tão desesperada, a ponto de estar disposta a trocar sua liberdade por segurança, prosperidade e a ilusão da invencibilidade. Vejo o que a América está se tornando, sob a cumplicidade silenciosa de tantos, e tenho medo. Não medo de terroristas, mas medo do futuro do nosso país. Muitos podem dizer, 'Isso nunca aconteceria aqui'. Ao que eu respondo: era isso que os alemães diziam”.

Uau! Muita gente do próprio grupo se opôs à mensagem, como era de se esperar. Mas fico feliz que existam americanos corajosos e perspicazes como esse diretor. Ele é a câmera.

Interior do Teatro Baldwin em Royal Oak, subúrbio de Detroit

CRÍTICA: RAMBO 4 / Mesmo Vietnã, orientais diferentes

Não vale a pena discutir “Rambo 4” com o pessoal que adora o Stalla e vai ver qualquer filme com montes de explosões. Esses homens, se sabem ler, certamente não lêem o meu blog, então não preciso me preocupar com eles. Caso algum páraquedista distraído sem querer cair aqui por obra do Google, tudo que você precisa ler é: “Rambo 4” é um filme de ação bem legal, com um bom ritmo e tal. Agora posso falar desse lixo abertamente?

Pra começar, tem que fazer um esforço enorme e eliminar muito todo o contexto pra conseguir ver a lucrativa franquia Rambo apenas como um filminho de ação. Ela surgiu na década de 80, quando o conservadorismo varreu a América. Os anos 60 e 70 tinham sido épocas de questionamento, de críticas ao sistema, de liberação dos costumes, mas também da Guerra do Vietnã, que os americanos, apesar de todo seu poderio militar, perderam feio. Tava na hora do cinema acompanhar a moral e os bons costumes dos anos Reagan e, de quebra (por que não?) fazer uma releiturazinha do Vietnã. Stallone (entre outros) foi mandado de volta pra lá pra ganhar a guerra sozinho. Que o Stalla foi o poster-boy do conservadorismo da década de 80 não tá em discussão. O que alguém mais desinformado pode perguntar é: o que os anos 80 têm a ver com agora? Tudo! Sete anos de Bush, o fundamentalismo cristão cada vez mais forte, outro país exótico invadido, mais uma guerra perdida... Volta, Rambo! A América precisa de você! Sabemos que você tá velhinho, mas isso não importa! O Reagan não era exatamente um garoto, e o nosso candidato a presidente, John McCain, já tem 70 anos. Idade é relativa! O que importa é a juventude da alma.

E lá vai o Stalla servir à nação. Desta vez Rambo mora perto de Burma, um país arrasado pela guerra civil. Rambo é um velhinho musculoso desiludido que captura cobras e as vende pra orientais estúpidos, no que parece ser uma nova versão da velha roleta russa de “O Franco Atirador”. A vida do sessentão não tem mais sentido até que surge uma jovem missionária americana que quer ir pra Burma salvar alguns asiáticos, convertendo-os ao cristianismo. Ela tá com um grupo de outros missionários, mas, sendo a única mulher, e o Rambo sendo homem com H, ele só tem olhos pra ela. De novo, a história se repete. Os americanos não deveriam estar lá. Mas, já que estão, cabe ao Rambo resgatá-los. Há também outros mercenários, todos boa gente. Só que o Rambo é o mais puro de todos por não aceitar pagamento.

De cara, fica bem estabelecido quem são os vilões: os malditos vietcongues, ou quase, que espancam, matam e estupram mulheres, explodem suas vítimas e ainda fazem apostas, e roubam meninos de suas mães. E, pra colocar a cereja no topo, o comandante deles ainda é gay! Parece um manual pro pessoal da direita cristã ver junto, levar as crianças, e apontar: tá vendo? A gente não bebe. Os inimigos bebem. A gente não participa de jogos de azar. A gente não faz sexo fora do matrimônio (e ainda assim, só pra reprodução). E a gente certamente não é gay. Porque aquele comandante deles é um sanguinário sádico que comete genocídio, mas o que o Todo Poderoso não vai perdoar mesmo é sua orientação sexual. Entendeu bem, meu filho? Pois é, matar a gente mata, mas sempre por uma boa causa, com a graça de Deus.

Minha parte preferida é no barco, quando Rambo liquida alguns vietcongues pra salvar os missionários americanos, e segue-se um momento de tensão. Os missionários hesitam se devem continuar no caminho a Burma, mas decidem: “Vamos! Lá tem muito mais gente massacrada precisando da gente”. Chegando lá, Rambo praticamente acaba com a população masculina do país. Fica difícil entender como americano perde guerra, se é só mandar um carinha lá que ele resolve tudo em dez minutos. E de graça. Minha segunda cena favorita é quando Rambo explode uma bomba nuclear em Burma. É sério, sai até fumaça em forma de cogumelo. Ah, interessante: qualquer soldado americano tem uma bomba nuclear portátil à disposição? E a gente tem medo do Irã?

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

LEVE SUA PISTOLA PRA BEBER

Ainda estou debatendo internalmente qual das duas informações é mais ridícula. Decida você. Notícia 1: Como todo mundo sabe, portar armas é um direito constitucional pros americanos. Isso é sagrado. No estado da Virgínia, por exemplo, é proibido entrar com armas escondidas em estabelecimentos que vendam bebida alcoólica. Note bem que não se trata de proibir que um louco entre armado pra beber, só que ele precisa mostrar seu revólver (metralhadora, que eu saiba, não pode) na entrada. Não sei por que isso me espanta, depois de ver em “Tiros em Columbine”, documentário do Michael Moore, que bancos dão espingardas de brinde pros novos clientes.

Notícia 2: Existe um grupo gay chamado Pink Pistols (Pistolas Rosas), que prega que homossexuais devem andar armados. Há quarenta sedes espalhadas pelos EUA. Quando membros do Pink Pistols vão a bares da Virgínia, eles orgulhosamente exibem seus revólveres. O que prova que estupidez não tem orientação sexual, imagino.

MUITO PIOR SEM ELE

Ai, ai, parece que a transmissão do Oscar teve sua pior audiência da história! Pelo menos aqui nos EUA, apenas 32 milhões de pessoas (num universo de 300 milhões) ligaram a TV pra ver a Tilda Swinton fantasiada de bruxa ganhar atriz coadjuvante. Isso é muito pouca gente. Claro, existe um pessoal pra quem o Oscar tem tanta importância como o Superbowl tem pra mim. Mas eu fiquei surpresa quando, na semana passada, falei com uma americana que adora filmes, que vai ao cinema quase toda semana, e ela me disse não ter respeito algum pelo Oscar. É verdade que ela também contou que não ligava a TV durante o semestre acadêmico, o que me fez automaticamente pensar “Minha ídola!”. Mas se uma mulher que adora cinema não assiste à entrega do Oscar, certamente não é o adolescente que vê “Cloverfield” que vai ficar quatro horas em frente à TV vendo um desfile de alta costura.

Como o Oscar é, obviamente, parte da indústria pra promover filmes e render lucros vendendo espaço caríssimo pra comerciais durante a transmissão, essa queda contínua no Ibope preocupa. Parece que a última vez que a cerimônia teve um bom público foi em 2004, quando “Senhor dos Anéis 3” varreu os Oscars. Antes disso, só em 1998, com aquela vitória arrasadora de “Titanic”. Ou seja, o Oscar só chamou mesmo a atenção e virou um fenômeno cultural quando premiou os arrasa-quarteirões mais queridos da platéia. Por isso, muita gente defende que a Academia indique apenas filmes rentáveis. Se fosse esse o critério, entre os cinco nomeados, só “Juno” entraria. Não importa que “Onde os Fracos Não Têm Vez”, “Sangue Negro” e “Desejo e Reparação” sejam muito superiores a “Juno”. Só a comédia com a adolescente grávida arrecadou mais de 100 milhões nas telonas dos EUA. Os outros foram bem entre os críticos, mas qual a importância da crítica hoje em dia? Passou o tempo em que a Pauline Kael elogiava uma obra e isso bastava pra que o público comparecesse ao cinema, como ela fez com “Bonnie & Clyde – Uma Rajada de Balas”, por exemplo. Naquela época, um filme ficava meses, às vezes anos, em cartaz. Dava tempo do crítico recomendar o filme, amigos comentarem, e uma produção encontrar seu público. Hoje o filme precisa se pagar no seu final de semana de estréia.

Infelizmente, se Hollywood ainda faz alguma coisa que se salva entre os mais de 400 filmes que lança por ano, é por causa do Oscar. Pra quem gosta de cinema com alguma qualidade, dezembro é o mês pra se ver filmes nos EUA, porque é aí que são lançados os “oscarizáveis”. O resto do ano é um deserto. Se não fosse o Oscar, teríamos atrocidades como “Norbit” e “Transformers” (só pra citar dois filmes que foram indicados!) durante doze meses ininterruptos. E o “teríamos” inclui o resto do mundo. 90% das salas de cinema no planeta são ocupadas por filmes americanos. Hollywood conseguiu sua dominação internacional, e em seguida se encarregou de matar o cinema. Com tanta predominância, pode passar o lixo que quiser. Só o Oscar ainda segura as pontas. Bem ou mal, o Oscar é a última consciência do cinema americano.

TUDO QUE VOCÊ NÃO QUERIA SABER SOBRE ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ - PARTE III

Quem avisa amiga é: o texto abaixo só tem spoilers. Se você já viu o filme e leu o livro, bem-vindo(a). Se não, fuja. Tem duas partes sobre o filme e livro mais pra trás (aqui, aqui e a crônica aqui). E falta uma.

- No livro, Moss (personagem do Josh Brolin no filme) tem 36 anos, Chigurh (personagem do Javier Bardem) mais ou menos isso, e a mulher do Moss é hiper novinha – só tem 19 aninhos. Casou-se aos 16. Coisas do Sul dos EUA.

- O livro se perde legal. Olha só: depois de Moss recuperar a maleta na fronteira do México, ele compra uma pick-up e dá carona pra uma menina de 15 anos. Seguem-se looongas (e inúteis) conversas entre os dois. Ela está indo pra Califórnia. Ele lhe dá mil dólares. Param num hotel barato na beira da estrada. Corta pro xerife (personagem do Tommy Lee Jones) chegando à cena do crime. A polícia já está lá e lhe diz o que houve: um mexicano atirou na menina e no Moss, mas Moss ainda teve tempo de atirar de volta e matá-lo. Eles já estão no necrotério. O xerife vai até lá e reconhece o corpo de Moss.

- No filme tentaram agilizar um pouco mais o negócio. Primeiro que a carona não entra, o que é uma boa escolha. Moss rapidamente flerta com uma mulher na piscina do hotel. O xerife chega a tempo de ver uma caminhonete com os traficantes mexicanos deixando o local em alta velocidade. A mulher da piscina está morta. Idem pro Moss, estirado na porta do quarto. Os Coen passam essa imagem do Moss morto bem rapidamente, o que deixa muitos espectadores confusos. Só que há um outro problema: pelo que eu entendi, o Moss chega ao hotel e flerta com a moça na piscina no caminho do quarto. Dá tempo pra ele esconder a maleta?

- No livro fica claro: Chigurh observa tudo de longe. De madrugada vai até o hotel onde houve as mortes, entra no quarto, e rapidamente pega a maleta. O xerife tem uma intuição e vai até o hotel. Chigurh espera no carro, com a pistola no colo, pronto pra matar o xerife, se ele chegar perto. O xerife sente que Chigurh está por lá, mas prefere entrar no seu carro e se afastar do hotel e chamar a polícia, evitando o confronto.

- No filme essa é a sequência mais confusa e polêmica, e a culpa é da edição (ou seja, dos Coen). O que eu acho que acontece é: o xerife chega no hotel de madrugada, e Chigurh está no quarto. Ele, Chigurh, esconde-se atrás da porta. O xerife entra no quarto, vai até o banheiro revistar, volta, senta-se na cama, pensativo. Não dá pra saber ao certo se Chigurh pegou a maleta, mesmo que haja a pista dos parafusos no chão. Os mexicanos podem ter fugido com o dinheiro. Mas tudo isso tá mal-feito. Primeiro, por que uma máquina mortífera como o Chigurh se esconderia de um xerife velhinho? Segundo, ô lugarzinho pra se esconder! Atrás de uma porta?! O Javier Bardem é grandão. Ficaria bastante visível atrás da porta. Terceiro, quando que ele sai? Só pode ser enquanto o xerife vai ao banheiro. De todo jeito é esquisito. O que ocorre no livro (Chigurh esperando no carro) é mais viável.

- Na manhã seguinte, no livro, Chigurh vai até um escritório devolver a maleta com o dinheiro! Ele explica que, dos 2.4 milhões originais, está faltando 100 mil dólares – parte disso foi roubada, a outra parte é pra cobrir despesas do Chigurh. O homem do escri escuta perplexo e desconfiado. Chigurh explica que deseja mostrar ser totalmente honesto e confiável, perfeito para ser contratado em situações de conflito. Nada disso está no filme. A gente só pode adivinhar quem fica com a grana.

- No livro, Carla Jean, mulher do Moss, volta do enterro de sua mãe (na realidade, sua avó), e encontra Chigurh em sua casa, esperando por ela. Como no filme, ela diz que não tem o dinheiro, e Chigurh explica que Moss teve a oportunidade de salvá-la e não quis, e que ele, Chigurh, é um homem de princípios, e por isso precisa matá-la. A conversa entre eles é muito mais longa no livro. Nos dois casos, Chigurh dá a Carla a chance de apostar sua vida na base do cara ou coroa. Se tiver sorte, ela se salva. No filme ela se recusa, e o que vemos é Chigurh saindo da casa e limpando os sapatos. É altamente provável que ele a tenha matado. No livro, Carla acaba apostando, escolhe o lado errado da moeda, se desespera, chora, pede para ser poupada – e Chigurh atira nela.

- A cena que vem imediatamente a seguir no livro é o acidente de carro em que Chigurh se fere. (Depois descobrimos que três garotos mexicanos num carro estavam fumando maconha e não respeitaram a placa de “Pare”. Dois deles morrem no ato). Nessa parte o filme é idêntico ao livro. Chigurh sai do carro, com um osso exposto no braço; compra a camiseta de um dos dois adolescentes na calçada, pede pra que eles não o descrevam a ninguém, e vai embora. É a última vez que vemos Chigurh. A diferença é que no livro os meninos vêem uma arma do Chigurh dentro do carro e a pegam.

- Após essa cena, no filme, vem o final que deixa tanta gente revoltada: o xerife narrando o sonho que teve a sua esposa. No sonho ele vê seu pai e insinua, mais uma vez, que este não é um país para velhos. The end.

The end” só pro filme. O livro e minha análise continuam.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

MINHAS IMPRESSÕES SOBRE O OSCAR

A cerimônia foi chatinha, convenhamos. O Jon Stewart até que esteve bem, apesar de ser muito mais engraçado (e bonitinho! Eu sou a única que o acha sexy?) no seu show diário. Mas houve montagens estranhas que não tinham nada que estar lá. Não só aquela dos binóculos, que fez minha amiga Andie, assistindo pela TV aqui comigo, dizer “What the hell?”, mas também aquela dos vencedores, que não levou a lugar algum. E vão ficar mostrando todos os filmes que ganharam o Oscar nos últimos 80 anos? Fora fazer o James contar quantos desses ele já tinha visto ou ouvido falar (21, de acordo com seus cálculos), esse clipe ainda nos lembra dos erros grotescos, como as vitórias de “O Maior Espetáculo da Terra”, “Rocky”, “Carruagens de Fogo” e afins... Pega mal.

Esquisito também ver a Amy Adams cantar “Happy Working Song” sozinha. Pensei que iriam entrar dançarinos fantasiados de baratas, pombas e ratos pra animar o negócio. A única canção realmente cativamente foi a do “Once”, disparada a melhor das cinco. Acho que a Academia perdeu uma oportunidade de ouro de indicar a fofíssima “Pop! Goes my Heart” e ver o Hugh Grant rebolando no palco! Isso certamente levantaria a audiência, pelo menos a audiência feminina. Mas, sério, tem que cortar a apresentação das cinco músicas indicadas. Faz só um pedacinho da canção, não precisa ser o número inteiro, porque cansa.

Um dos momentos mais feios foi terem cortado o discurso de agradecimento da moça de “Once”. Pelo menos tiveram a decência de chamá-la de volta, e ela fez um belo discurso. Outra que se saiu bem foi a Marion Cotillard, claramente comovida, e surpresa por ter vencido. Foi bonita a atitude da Cate Blanchett, que festejou ao ouvir o nome da Marion. Até o discurso da Diablo Cody foi gracinha, sem tentar ser cool, e sincero o jeito como ela engasgou no final, genuinamente emocionada. E o Javier agradecendo a mãe e dedicando o prêmio a toda Espanha, em espanhol? Eu daria um outro Oscar pra ele só por isso.

Agora vários internautas estão reclamando que nenhum dos vencedores nas categorias de atuação era americano. Um sugere que esse “castigo” é uma crítica ao Bush, em detrimento ao talento da Ruby Dee e do George Clooney. Quanta besteira! Primeiro que eu mal notei que Daniel Day Lewis, Marion, Javier e Tilda Swinton não são americanos. Quero dizer, tirando a Marion, todos trabalharam em filmes made in USA. Segundo que a vitória do Daniel e, principalmente, do Javier, foi merecida. Eles tiveram duas das melhores performances do ano (se bem que eu tava torcendo pro Viggo). Pra atriz, eu preferia a Julie Christie, mas a Academia adora premiar atrizes jovens, e a Marion esteve perfeita em “Piaf”. A Tilda eu não gostei, não gosto da personagem dela em “Conduta de Risco”, e nem acho sua atuação grande coisa. Os clipezinhos ajudaram a lembrar que provavelmente a Amy Ryan merecia vencer.

Os obituários tiveram a maior pinta de “Esqueceram de mim”. Não sei se entra quem morreu entre um Oscar e outro, ou até janeiro, ou só durante o ano anterior. Mas foi bizarro não terem incluído o Brad Renfro, que morreu uma semana antes do Heath Ledger. O Roy Schneider parece que fica pro ano que vem. E chamaram o Owen Wilson pra apresentar exatamente pra quê? Pra mostrar que ele não se matou? Mas o momento mais demente da noite tem que ter sido soldados americanos no Iraque premiando melhor curta de documentário. Todo mundo naquele auditório em Los Angeles aplaude educadamente, porque não pode parecer que Hollywood não apóia os “nossos” valorosos guerreiros, mas no fundo acha que eles não deveriam estar lá, pra lá de Bagdá. É constrangedor e hipócrita. Alguém lembra que o resto do mundo foi contra a invasão do Iraque?

A maior parte dos adivinhadores profissionais não foi muito bem nos seus prognósticos. Pouca gente previu que “Ultimato Bourne” levaria três prêmios (pensavam que iria pra “Transformers”), ou “Bússola de Ouro” pra efeitos especiais. Em geral, o pessoal sabia que “Onde os Fracos Não Têm Vez” ganharia não mais que quatro estatuetas – que foi o que aconteceu -, mas havia chance de mais alguma por Montagem e Som. “Sangue Negro” acabou ficando com duas (o Paul Thomas Anderson pareceu decepcionado), “Piaf” também, e todos os outros saíram com alguma coisinha: “Juno”, “Conduta de Risco”, “Desejo e Reparação”, “Ratatouille”, até “Elizabeth” (belos figurinos os de “Elizabeth”, mas... A partir do ano que vem só voto em vestidão de época), cada um com um prêmio. O único que saiu com as mãos abanando foi “O Escafandro e a Borboleta”. Mas filme com título feio desses merece ganhar Oscar?

Os talentosos atores não-americanos que ganharam o Oscar. Eu já usei o vestido da Tilda quando me fantasiei de bruxa pro Halloween.

TUDO SOBRE O BOLÃO

Claudemir ergue os braços, enquanto Lolinha beija a lona

Hoje acordei cedo e, igual à montagem que fizeram no Oscar sobre pessoas despertando de sonhos terríveis, disse pro maridão: "Ahhh! Tive um pesadelo horroroso. Sonhei que a cerimônia do Oscar foi ontem e que eu fui muito mal no bolão!". Minha cara metade, que tava até contentinho com seu segundo lugar, falou: "Não foi bem um pesadelo. Mas você também não foi tão mal no bolão. Quero dizer, se você considerar todos os participantes, foi humilhante, é verdade. Mas se você pensar só na sua mãe, você conseguiu ficar na frente dela!". Embora ele pareça não ter coração, o verme rastejante me consolou quando comecei a chorar.
Pra quem tá curioso, na tabela minha mãe é a Nelly (tá, fora da tabela também
). Ela deve ter participado de todas as 21 edições do meu tradicional bolão e nunca ganhou. Geralmente ela disputa os últimos lugares. Mas ela é muito esperançosa, e toda vez acha que aquele será o ano dela. Este ano ela não queria participar de jeito nenhum porque não valia dinheiro. Sabe, uma pessoa que, eu acho, nunca fez mais de nove ou dez pontinhos reclamando que "Assim não tem graça! Eu vou ganhar e não vou ficar rica?!"?. Essa é a minha mãe. E no entanto, durante o bolão inteiro, o maridão, pra me animar, transformou a disputa entre uma entre eu e minha mãe. Eu tive que ouvir a noite toda: "Olha só, você alcançou a sua mãe! Parabéns!" e "Vocês estão disputando cabeça a cabeça, hein?". Faço minhas as palavras do Julio Cesar: "Maldito Big Husband!".
Por falar nele, não quero de maneira alguma tirar o grande mérito do Claudemir, q
ue fez 14 acertos num ano difícil, mas bem que era pro maridão ter empatado com ele. A culpa foi mais ou menos minha. O maridão havia colocado "A Bússola de Ouro" pra efeitos especiais e eu que o convenci a colocar "Transformers". Claro que eu também o demovi de pôr "Persépolis" pra animação. Obviamente há uma enorme mãozona minha nas apostas dele. Isso vem se tornando um hábito. Ano passado foi assim e ele ganhou o bolão, empatado com outros dois. Enquanto isso, euzinha aqui não fatura um bolão desde... 2004?
Foi uma competição acirrada. Não, não a minha com a minha mãe. A dos primeiros lugares. O Rubens saiu na frente. Com o prêmio de montagem, seis participantes ficaram com 7 pontos: Rubens, Claudemir, Julio Cesar, maridão, Maíra e Lilian. Com o Pedro correndo pelas beiradas. Quando chegou Trilha Sonora, Cla
udemir, Julio Cesar e o maridão estavam empatados, e os três haviam votado em filmes diferentes pra essa categoria. Como eu já não tinha mais o que fazer da vida, passei a torcer pelo maridão. Lá estava eu, na maior humilhação, gritando “Conduta de Risco! Conduta de Risco!” pra melhor trilha, mesmo sabendo que a trilha de “Conduta” é uma gosma. Aí, claro, o Claudemir acertou “Desejo e Reparação” e levou o bolão. Quer dizer, ainda havia uma chance técnica do Alex e da Maíra empatarem com ele, dependendo de quem acertasse ator e diretor. Mas deu a lógica (Daniel Day Lewis, irmãos Coen), e o Clau faturou sozinho mesmo.

Parabéns também a Christina, que não só foi muito bem, com 12, como foi a única a acertar as sete categorias principais (filme, diretor, ator, atriz, ator e atriz coadjuvante, e roteiro). Só ela adivinhou os dois prêmios mais complicados, Tilda Swinton pra atriz coadjuvante e Marion Cotillard pra atriz principal.

Então, pra você saber como foi o resultado final de cada um no bolão, lá vai. Quando há empate, tá na ordem de quem apostou antes: 1o lugar – Claudemir, 14 pontos. 2o – Silvio, Julio Cesar, Pedro, 13. 3o – Christina, Maíra, Guilherme, Rodrigo Lessa, 12. 4o – Lola (chuif), Alex, Octavio, Victor, Claudiana, Andie, Alexandra, Kelson, Bruno, Rubens, 10. 5o – Liris, Lilian, Flavio, Nelly, José Antonio, 9. 6o – Rodrigo Faustino, Ana Rute, Larissa, 8. 7o – Zeca, 7. 8o – Greg, Juliana B, Bau, Juliana S, 6. 9o – Veriana, Daniela, Hadad, 5. 10o – Luisa, Douglas, Elton, 4 (ainda bem que você foi dormir, Eltinho!).

Bom, é indiscutível que o Oscar fica muito mais emocionante com um bolão. A Ju é testemunha: ela conseguiu ver aquela chatice até o fim sem pegar no sono. Até o James, namorado da Andie, que odeia Oscar, fez uma aposta por fora e tava aqui em casa, pulando e vibrando até com premiação de curta. Mas ele tem razão. As primeiras duas horas são legais. As duas últimas é que são duras de aguentar.

E viu como não tem nada a ver essa ilusão que ter visto mais ou menos filmes afeta o desempenho bolãoístico? Provavelmente as almas que viram mais indicados foram eu e a Alexandra, que mora em NY. E a pessoa que viu menos filmes foi... a minha mãe, que mora em Joinville. Eu e a Ale acertamos 10. Minha mãe acertou 9. Não preciso dizer mais nada.

E agora eu tô morrendo de sono e gostaria de ir dormir. Mas não vou, porque vai que eu tenho pesadelos de novo?

"Parabéns, Claudemir, você se superou! Venceu a Lolinha! Não que isso seja tão difícil assim, mas..."

domingo, 24 de fevereiro de 2008

JÁ NO RED CARPET: OS GANHADORES DO OSCAR... E DO BOLÃO!

Gente, aqui em Detroit são 7 da noite (não faço idéia que horas seja na Califórnia), e já estão transmitindo direto do Tapete Vermelho. Acabaram de entrevistar a Saoirse Ronan, uma simpatia. 13 aninhos! Agora estão falando com o Steve Carell, que não parece lá muito confortável.
Ai, tô chateada pelo pessoal aí do Brasil sem TV a cabo, que só vai começar a ver o Oscar com 40 minutos de atraso, depois que a Globo decidir parar da passar o Big Brother. Vou ficar tentando blogar ao vivo, pelo menos um pouquinho.
O Elton, que mora na França, foi dormir. O Oscar lá só passa às 4 da manhã. Então, pessoal do Brasil, acho que vocês estão melhor que lá nas Europas!
O James McAvoy tá de barba. Não tão bonitinho como de costume.
A Amy Adams tá carregando uma boneca. É vodu? Não pergunte.
Agora tá nos comerciais. Inclusive, o que mais tem na TV americana é comercial. O maridão zapeou o controle remoto ontem e reclamou que todos os canais estavam passando comercial ao mesmo tempo. E isso que temos TV a cabo (ainda. É cara, não sei por quanto tempo vamos tê-la. A gente mal assiste!).O George Clooney apareceu, com a maior pinta de Cary Grant. Mas estão entrevistando o Seth Rogen.
A Jennifer Garner tá bonita. Só que parece a Anne Archer (quem?! É que eu revi "Atração Fatal" faz pouco tempo).
A Marion Cotillard parece estar vestindo uma colcha. Será que ela viu "Encantada"?
O Javier Bardem apareceu! Lindo, mas com algo lembrando uma barba no rosto. Não dava pra limpar a cara não?
A Katherine Heigl é a mais bonita até agora!
Dei uma pausa pra comer pizza. A Andie e o James vieram ver o Oscar com a gente.
Começou! O primeiro Oscar foi pra figurino. Ganhou "Elizabeth", e a maior parte do pessoal do bolão acertou. Mas não eu! Menos um pra Lolinha, e a cerimônia acabou de começar...
Melhor animação: Ratatouille.
Maquiagem: Piaf. O maridão segue com 3 em 3! Seis estão com 100% de acerto até agora: Silvio, Claudemir, Octavio, Bruno, Larissa, Rubens. Bom, eu pelo menos tô com 2. Teve um ano que eu tava com 0 em 10. Sério! Foi tão humilhante...
Zebra! Efeitos visuais pra "Bússola de Ouro"! Agora só o Rubens tem 4 em 4, ou tô esquecendo alguém?
Direção de Arte: "Sweeney Todd". E eu ficando lá pra trás...
Melhor ator coadjuvante: Javier Bardem, merecidamente. Agradecendo em espanhol, que gracinha! Eu só tô com 50% de acertos. Ainda dá pra ganhar o bolão? Parece que não...
Atriz coadjuvante: Tilda Swinton. Só o Rubens tem 6! Eu já perdi. Não tem como alcançar. Chuif.
Roteiro adaptado: irmãos Coen por "Fracos". O Claudemir alcançou o Rubens... Ambos com 6.
Ok, tava demorando! Primeira gozação da noite: o maridão olhou pra tabela, olhou pra mim, e disparou: "Você tá empatada com a sua mãe!".
Edição de Som e Efeitos Sonoros: ambos pra "Ultimato Bourne". Rubens e Claudemir com 7. Eu lá atrás. O maridão falou: "Você continua empatada com a sua mãe".
Atriz: Marion Cotillard. Ela ficou tão feliz! Bom pra ela. E bom pra Maíra, que alcançou Rubens e Claudemir. Todos com 7. Eu tô com quantos, 4? AHHHH!
Montagem/Edição: "Ultimato Bourne". Silvio (maridão) e Julio Cesar alcançaram Rubens, Claudemir e Maíra. Vai maridão! Oops, desculpa! Lilian também tem 7!
Filme estrangeiro: "Counterfeiters", da Áustria. Agora Claudemir e Julio Cesar estão sozinhos com 8. E eu continuo estacionada nos 4!
Canção: "Falling Slowly", de "Once", definitivamente a mais bonita. Claudemir e Julio Cesar lideram com 9. Como eu já não tenho a menor chance de ganhar o bolão, vamos apostar noutra coisa. Se eu tiver que chutar quem leva o bolão, acho que será o Claudemir. O maridão ainda tem chance se "Sangue Negro" ganhar Fotografia.
Fotografia: "Sangue Negro"! Yupi! O maridão alcançou Claudemir e Julio Cesar. Todos com 9. Quem decide o bolão? Trilha sonora!
Trilha sonora: "Desejo e Reparação". Só o Claudemir tem 10. Ninguém mais o alcança!
Parabéns, Claudemir! (eu tô aqui morrendo de raiva. Ainda tive que torcer pra "Conduta de Risco" ganhar Trilha Sonora pro Big Husband - boa, Julio! - poder ganhar o bolão).
Roteiro original: "Juno". Os meus assessores aqui dizem que, se o Viggo ganha, a Maíra empata com o Claudemir. E se o Johnny Depp ganha, o Alex empata. Mas ninguém mais vence o Claudemir!
Ator: Daniel Day Lewis. Agora é oficial: o Claudemir venceu meu 21o bolão! Ninguém mais me respeita!
Diretor: Joel e Ethan Coen.
Filme: "Fracos". E agora tá todo mundo esgotado, após quatro horas... Amanhã escrevo mais. Boa noite, e mais uma vez, parabéns, Claudemir! Ganhou muito bem!
(Cadê aquelas fotos de filmes mostrando derrotas fragorosas?).

DURO PENSAR NOUTRA COISA

"Ai, ai, ai, por que eu votei na Ruby Dee, meu Deus? Por quê?! E em Katyn pra melhor filme estrangeiro? Oh Deus, oh vida, oh azar..."

(Aliás, bonita foto, né? Fui eu que tirei anteontem, em frente ao Detroit Institute of Arts, no mesmo dia em que pedi pro maridão tirar uma foto de mim com meu cachecol multicolorido e todas ficaram fora de foco! Mas também, a gente devia estar em cima de uma balsa em movimento... É a única explicação!)

ALGUNS CURTAS

Neste site dá pra ver alguns dos curtas de animação indicados ao Oscar.
Quer dizer, se a sua conexão de internet for boa...

LIGUE OS PONTINHOS

Esse bigodudo meio feinho... é o mesmo bonitão da outra foto?


O exercício abaixo eu preparei pro maridão dar pros seus alunos de português, que são bem iniciantes. Achei que era uma boa maneira de ensinar um pouco de vocabulário, ainda mais em tempos de Oscar. Pra vocês, meus leitores experts em cinema e com no mínimo no
ções de inglês, vai ser a coisa mais fácil do mundo. Mas vejam em quanto tempo vocês combinam os títulos originais em inglês com sua tradução pro português. Mais tempo que eu demoro pra comer uma caixa de Bis? (dois minutos, eu cronometrei. Demoro tanto assim porque tem que descascar cada chocolatinho. Já experimentei com papel, e não é bom).

Agora, eu fico curiosa mesmo com os meus leitores de Portugal. Não adianta vocês se esconderem, porque o SiteMeter mostra que tem gente me lendo por aí. Eu quero saber: os filmes americanos recebem os mesmos títulos aí que recebem no Brasil? Tudo bem, sei que a tradução de “O Filho que Era Mãe” pra “Psicose” não passa de lenda urbana. Mas com que tradução os filmes abaixo estão passando aí?

1. No Country for Old Men

2. There Will Be Blood

3. Atonement

4. Michael Clayton

5. The Diving Bell and the Butterfly

6. In the Valley of Elah

7. Eastern Promises

8. Away from Her

9. La Vie en Rose

10. The Assassination of Jesse James

11. Into the Wild

12. Charlie Wilson’s War

13. I’m Not There

14. Gone Baby Gone

15. The Golden Compass

16. Pirates of the Caribbean: At World’s End

17. 3:10 to Yuma

18. August Rush

19. Surf’s Up

20. Enchanted

A. Na Natureza Selvagem

B. O Escafandro e a Borboleta

C. Senhores do Crime

D. Piaf, Um Hino ao Amor

E. O Assassinato de Jesse James

F. Sangue Negro

G. Não Estou Lá

H. A Bússola de Ouro

I. Os Indomáveis

J. O Som do Coração

L. Conduta de Risco

M. Piratas do Caribe: No Fim do Mundo

N. No Vale das Sombras

O. Onde os Fracos Não Têm Vez

P. Encantada

Q. Longe Dela

R. Medo da Verdade

S. Tá Dando Onda

T. Desejo e Reparação

U. Jogos do Poder


POEMINHA DE GATO PRA ALEGRAR UM DOMINGO TENSO

Endora, a nova gatinha do Gui e da Valéria

Pra você não achar que eu só penso no Oscar e em por que eu apostei na Ruby Dee e em "Katyn", droga droga droga, lá vai mais um poeminha de gato. Perdoe a tradução.

FROM CAT YEARS
De Anos de Gatos

By Ogden Nash’s Cat
Do Gato do Ogden Nash


One of the Nine Million Reasons Why Cats Are Superior to Dogs
Uma das Nove Milhões de Razões pelas quais Gatos são Superi
ores a Cachorros


The next time you put on your waterproof togs

And venture outside while it rains us and dogs,

Ask which you’d rather have land on your noodle:

A cute little cat or a ninety-pound poodle?


A próxima vez que você puser o seu casaco à prova d'água
E se arriscar lá fora enquanto chove nós e cães
(tá vendo como não dá pra traduzir? Raining cats and dogs é uma expressão idiomática que significa
chover muito).
Pense no que você preferiria que caísse no seu macarrão:
Um gato fofinho ou um poodle de 40 quilos?


Beard, Henry. Poetry for Cats: The Definitive Anthol
ogy of Distinguished Feline Verse. Villard Books: New York, 1994.

Lógico que não concordo que gatos sejam superiores a cães, ou vice-versa. Inclusive, não tem que ser uma competição. Eles podem ser amigos.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

COLABORE COM O LAYOUT

Sabe do que eu tô precisando agora? Fora um bom chocolate quente, é claro? De fotos de filmes pra comemorar a minha vitória no bolão. Tá bom, tá bom, ou pra lamentar a minha fragorosa derrota. Mande essas fotos pro meu email que eu bolo o texto, a menos que você já tenha alguma idéia. Pessoalmente, eu não perderia tempo com fotos de losers, se fosse você. Talvez eu não ganhe o bolão, mas não vou ficar em último lugar! Nem em penúltimo. Tá, mande essas fotos também, só pra garantir. Mas dê preferência àquelas fotos com grandes comemorações e superação de desafios. Se é que você me entende...

AS PREVISÕES DA EW


Segundo a “Entertainment Weekly”, essa coisa aí em cima vai deixar os Oscars com mais estatuetas que “Contuta de Risco”, “Juno” e “Desejo e Reparação”... juntos!

Sabe, eu assino a “Entertainment Weekly”, porque ela chega aqui toda semana e custa apenas 12 dólares por semestre. E não é que a revista tava na minha mesa desde segunda e eu só olhei pra ela hoje? Ela faz as suas previsões pro Oscar, e logicamente que a equipe da revista entende muito mais dessas cerimônias do que eu. Então por que não li antes? Mesmo assim, adoraria saber como ela chega a essas porcentagens esdruxúlas. Olha só: pra melhor filme, ela dá “Onde os Fracos Não Têm Vez” com 30% de chance de vitória, “Conduta de Risco” com 25%, “Sangue Negro” com 20%, “Juno” com 15%, e por último “Desejo e Reparação”, com 10%. Melhor diretor, ela dá apenas 35% pros Coen, 30% por Julian Schnabel, e 20% pro Paul Thomas Anderson. Melhor ator, que a gente achava que tava na mão do Daniel Day Lewis? Segundo a revista, ele só tem 40% de chance, e o George Clooney, 25%. Melhor atriz: Julie Christie 33%, Ellen Page 27%, Marion Cottilard 25%. Ator coadjuvante: Javier Bardem 40% (só?!), Hal Holbrook 25%, Tom Wilksinson 25% (deve ser por aparecer nu, né, Maíra?). Atriz coadjuvante: Tilda Swinton 28%, Amy Ryan 25%, Cate Blanchett 22%, Ruby Dee 20%, Saoirse Ronan 5%. Eu apostei na Ruby, lembra? Problemas à vista! Roteiro original: “Juno” 40%, “Conduta de Risco” 35% (colados!). Roteiro adaptado: “Fracos” 35%, “O Escafandro e a Borboleta” 25%, “Sangue Negro” 20%, “Desejo e Reparação” 10%. Pras categorias técnicas a revista pára com essas porcentagens malucas, e aponta só quem ela acha que leva. Fotografia: “Sangue Negro”. Montagem: “Fracos”. Trilha sonora: entre “Ratatouille” e “Desejo”, ganha “Desejo”. Canção original: a de “Once”. Figurino: ugh! Ela dá “Sweeney”, não “Desejo”! Maquiagem: “Piaf”. Animação: “Ratatouille”. Efeitos visuais: “Transformers”. Efeitos sonoros: “Transformers”. Edição de som: “Transformers”. Lata velha na veia três vezes! E, pra acabar com a minha alegria de vez, a revista diz que, pra filme estrangeiro, “Counterfeiters” ganha fácil, por ser o mais forte dos candidatos e por ser sobre o Holocausto. Acho que vou chorar...