segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

PRA COMEMORAR O DIA MUNDIAL NO COMBATE À AIDS, USE CAMISINHA. SEMPRE

Hoje é o Dia Mundial de Prevenção contra a Aids. No caso da transmissão sexual, existem duas únicas formas de prevenção possíveis: a castidade ou usar camisinha. Pregar a castidade não funcionou nem com a filha da candidata conservadora à vice-presidência nos EUA, então fica aqui a segunda sugestão.
Quando eu comecei a ter vida sexual ativa, no começo da década de 80, a Aids não existia. Ainda que o vírus HIV, causador da Aids, tenha sido descoberto em 79, pros héteros como eu a primeira vez que ouvimos falar na doença misteriosa foi em 1985, quando morreu o galã Rock Hudson. A gente nem sabia que ele era gay, e a gente nem sabia que a tal doença existia. Foi só aí que começou a sair na mídia. A princípio, achava-se que só afetava os homens homossexuais. Com o tempo, viu-se que era um problema sério pra todo mundo, principalmente mulheres heterossexuais, inclusive as casadas. E assola boa parte da África.
Eu obrigava meus parceiros a usar camisinha muito antes de tudo isso porque não queria ficar grávida, ué. E era impressionante como a maior parte dos meninos ou nunca havia usado camisinha ou não queria usar. Espero que isso tenha mudado, mas, se olharmos pras estatísticas de gravidez na adolescência, perceberemos que a idéia de que “hoje todo mundo usa camisinha” não é verdadeira. Tem muito cara que não gosta e prefere passar risco. Nem preciso dizer como isso é besta.
Quando surgiu a Aids, eu apenas continuei fazendo o que já fazia antes: usando camisinha. Com um motivo a mais, ainda mais sério - a Aids matava. Hoje, toda uma nova geração nascida no começo dos 90 não vê a Aids como doença fatal. Existem coquetéis, é verdade, mas todavia não existe cura, e ainda se morre de Aids, sim. O tempo médio de sobrevida é de 108 meses apenas. Portanto, vejamos: o que parece mais inteligente? Usar camisinha agora, sem ter a doença, ou se arriscar, pegar a doença, precisar tomar remédios pro resto da vida, que não será tão longa, e ter de usar camisinha de qualquer jeito?

20 comentários:

Andrea disse...

É Lola, ainda hj muitos relutam em usar a camisinha. Até pq muitas meninas tomam pilula. Daí eles consideram a camisinha "desnecessária". Um absurdo!

Babs disse...

Lola, o que me parece bastante perverso é que muitos acreditam que a aids já está "controlada" pelos remédios. Achei surreal quando li uma reportagem que dizia que entre alguns gays na califórnia consideram a aids como nem sendo mais tão perigosa por conta dos avanços no tratamento. Certos grupos fazem inclusive uma espécie de roleta russa: combinam uma suruba onde um dos participantes é HIV positivo. Só o organizador sabe quem é.
Quando li achei tão estúpido que só podia ser exagero, mas ouvi essa asneira de um tio, que é gay, "A aids não é mais tão perigosa, os remédios hoje em dia já controlam bem". E ele se recusa a sequer fazer o exame.
E entre os alguns heterossexuais a coisa deve ficar ainda mais estúpida, porque o medo maior deve ser de gravidez. Então se a mulher já usa pílula , para quê "chupar bala com papel"?

Veja bem que quem acha que a aids já está "controlada" não percebe o fato que "controle" não é o mesmo que cura.

BJs

ReMoTa disse...

Eu tenho a sorte de dizer que nunca precisei brigar com nenhum parceiro quanto ao uso da camisinha.

As causas podem ser variadas... ou porque eu "escolhi bem", ou porque eu não costumo tomar pílula (e aí entra o medo deles também terem uma surpresa indesejada), ou porque eu sempre deixei bem claro: "ou é com camisinha, ou não tem nada pra você aqui" (claro, não exatamente nesse tom... mas passando essa mensagem). Seja qual o motivo, o resultado é o mesmo: sexo seguro.

Eu apóio demais o projeto DST/Aids do Min. da Saúde, que já é antigo e continua fazendo um bom trabalho. Eu cresci no meio desse turbilhão de informações sobre o sexo, o uso da camisinha, as formas de se prevenir.

Transei tarde, quando todas as minhas amigas já tinham transado. Claro que o fato de eu ter crescido nessa época das descobertas, do medo generalizado, do filme Filadélfia, da invenção do coquetel, etc, etc fez com que eu ficasse um tanto quanto "traumatizada". O medo daquela doença "feia", tão retratada e combatida, moldou essa consciência.

Espero que esse dia simbolize a continuidade dessa luta. E que ela seja cada vez mais efetiva, com cada vez mais adeptos para divulgar, como você está fazendo.

Abraço!!!

Babs disse...

Ah, já que não dá para passar o remédio no chão (ups, bem lembrado) tenho a solução para os seus problemas. É só você adestrar a Blanche para pegar baratas hã? Ok, talvez seja mais fácil você se mudar para a Alemanha que isso acontecer...
BJ

Anônimo disse...

Quando eu era solteira, so transava de camisinha. Eu carregava sempre uma na carteira, e se o cara ficasse relutando (e eles ficam), eu mesma pegava a camisinha e pronto!
Mas nenhuma das minhas amigas fazia isso. Acho que esse eh um ponto importantissimo na questao do "empowerment" das mulheres (eu acho que a desigualdade entre os sexos eh ainda maior nessas situacoes bem particulares, onde ninguem esta vendo).
Hoje em dia eu moro em Londres e ja ouvi uma amiga dizendo que na Italia Aids nao eh assim tao difundida. Eu tenho a sensacao de que hoje em dia o povo que vive na bolha, digo, na Europa, acha que isso eh doenca de africano ou de pais pobre.

Masegui disse...

Lolinha,

Pô, 3 posts ontem!! E a tese, hem?
E hoje vem falar de camisinha... Cadê a tão falada porretada na cabeça do João Chileno Mané da Silva?
Aguardamos ansiosamente...

Ps.: Jamais, jamais mesmo, ameaçe o companheiro maridão "ou eu ou as baratas". Aquele microssegundo de dúvida/hesitação/titubeio que você vai perceber nele (com certeza) vai manchar este belo relacionamento.

Unknown disse...

Eu sempre usei camisinha. Lembro quando ainda era criança meu pai sempre falava: "Usa camisinha, filha. Porque se vc engravidar a gente ajuda a cuidar da criança, mas AIDS não dá pra resolver." Namoro a três anos e tomo pílula. Mas sempre usamos camisinha. Uma pra ter aquela "proteção extra" contra gravidez e outra por uma questão de respeito mesmo. Mas eu sou da geração que tem medo da AIDS, quando eu vejo esse povo pensando que AIDS é igual diabetes nem consigo acreditar.
Ah, e não tenho a menor vergonha de ir na farmácia comprar camisinha, pelo contrário, me sinto super feminista fazendo isso.

Kaká disse...

Se o cara não quer usar camisinha eu digo no, no, no. Mas só aconteceu uma vez, assim com a ReMoTa eu tenho a sorte de não ter que 'brigar' para eles usarem, e se ele não tem, eu tenho.

Afinal, não é só AIDS e gravidez, tem todas as outras sei-lá quantas doenças.

Anônimo disse...

É verdade lola, prevenir é a melhor coisa de sempre. Aqui em Lisboa tem um programa de aconselhamento excelente, você aparece por lá, eles tiram uma gota de sangue do seu dedo e uma hora depois com o aconselhamento de uma psicologa te dão o resultado.
Durante algum tempo eu tive uma alergia que pensei ser sarcomas, e fui fazer esse teste porque é melhor ter a certeza do que ignorar. Foram trinta minutos de espera sofridos, e o resultado foi negativo. Hoje sou voluntário numa instituição que ajuda crianças com Aids, e por aqui o número de pessoas que se arrisca a fazer sexo sem proteção é assustador, e não é porque diz o Papa que não se deve usar preservativo, mas por achar o aspecto da pessoa saudavél como se isso fosse alguma garantia.
As pessoas simplesmente parecem não querer aprender algumas coisas.

Anônimo disse...

Esse post sobre camisinha me fez lembrar d uma história q um professor meu contou.
A amiga dele transou com um cara q nunca tinha visto antes, acho q no carnaval, nesse clima d se divertir e pegar geral. Depois ela descobre q pegou aids desse cara. Ele mandou um buquê de flores mortas para ela com um bilhete: "Agora eu n sou o único". A mensagem n foi essa exatamente, mas era algo no sentido de q ele sabia q tinha, e fez de propósito para passar para alguém tb, provavelmente pela revolta por ter contraído.
Q coisa neh? O pessoal da minha sala ficou boquiaberto ..

Anônimo disse...

Eu fico impressionada com a falta de cuidados da garotada de hoje... Nós, láááá nos anos 80, tínhamos estes cuidados, e olha que ninguém jamais havia ouvido falar em Aids.

Beijos

Anônimo disse...

Eu comparo mto a Aids com o cancer, ja que são as doenças que mais matam a sociedade moderna. O cancer tem cura, mas é dificil evita-lo, pois há diversos tipos dele e causas diferentes. A Aids não tem cura, mas com informação e consciência você pode evita-la.

Anônimo disse...

Oi Lolinha, obrigada pela visita a meu blog e pelas palavras fofas :)
Tambem li essa reportagem da ~roleta russa~ do sexo, em que em uma orgia gay um dos participantes 'e portador do HIV. Realmente, eh assustador.

AIDS nao eh tao tranquilo de ser tratado como algumas pessoas pensam (como disseram antes, como se fosse diabete..). Minha prima tem um amigo que acabei conhecendo, e que 'e portador do HIV. Os remedios provocam efeitos colaterais nele e ainda assim ele sofre com colite, diarreia, etc. Fora q tem que ter acompanhamento medico sempre.

Gente, eh um saco, com o perdao da expressao. A qualidade de vida dele eh pessima. Viver doente o tempo todo nao eh bom, e todos, principalmente os adolescentes precisam ter isso em mente e sempre exigir camisinha.

Falando nisso, Lola, vc ficou sabendo de uma polemica em torno do uso de um penis de borracha em aulas de educacao Sexual?
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL884208-15605,00.html

lola aronovich disse...

Ridículo mesmo, Andrea. Afinal, a pílula é só pra evitar a gravidez.


Babs, pois é, já li bastante sobre isso, de como uma nova geração de gays não vê mais a Aids como ameaça séria, e por isso estão muito menos responsáveis que o da geração passada. Isso é muito sério. Imagina fazer uma roleta russa com uma doença que mata? O pessoal ignora que continua se morrendo de Aids. Ok, não se morre mais em 12 meses, que era o tempo antes do coquetel, mas em 108. Ainda assim é bem rápido. Dá pouco mais de 8 anos, é isso? E quem tá contando que a cura saia durante esses 8 anos está arriscando muito. Ano que vem completam-se 30 anos desde o primeiro caso, e ainda não há cura.

lola aronovich disse...

Remota, precisar brigar eu tb nunca precisei, mas insistir muito, sim. E houve uma vez em que um cara fingiu que colocou a camisinha e não colocou! Ou seja, me enganou mesmo. Eu fiquei furiosa, inclusive porque não tomava pílula. Depois a gente engravida e a responsabilidade é toda nossa, lógico... Também apóio o projeto DST/Aids. Mas o que me impressiona é que tantos meninos ainda se oponham a usar camisinha. Devia ser ponto pacífico a essa altura, né?


A Blanchinha pegar baratas? É como tentar me ensinar a não ter mais nojo mortal delas, Babs.

lola aronovich disse...

Barbara, concordo totalmente. Os meninos são muito irresponsáveis em alguns momentos. Eles acham que não vai acontecer nada, que é uma vez só e tal. Cabe a nós, mulheres, sermos mais responsáveis que eles, até porque, no caso de gravidez, seremos infinitamente mais afetadas. Sem dúvida, quando a gente fala de sexo é que vê que ainda existem muitas barreiras nessa luta entre os sexos.
E sabe, não é só na Europa que o pessoal acha que a Aids não é com eles. Aqui mesmo no Brasil, entre a classe média, tem muitos que acham que isso é só pobre que pega. Que eles da classe média e elite foram escolhidos por Deus e vão se safar. Pois é, vão nessa.


Mario Sergio, nem me fale da tese... Tá atrasadérrima. Agora estou na fase “evitar falar com o coordenador pra não levar bronca descomunal”, conhece? Há há, ri muito com o seu aviso sobre o maridão.

lola aronovich disse...

Elyana, que ótima a atitude do seu pai. Se todos fossem assim... Infelizmente, a maior parte dos pais prefere acreditar que não, sua filhinha não vai transar tão cedo... Ah, e que legal vc entrar numa farmácia pra comprar camisinha sem ter vergonha. Aliás, só faltava ter vergonha! Imagino que os farmacêuticos queiram vender camisinha, e saibam como elas são importantes.


Kaká, claro. Na época em que eu era adolescente eu me preocupava mais com a gravidez indesejada que com qualquer outra coisa, incluindo doenças venéreas. Mas imagina se naquela época existisse uma doença fatal rondando? Aí que eu iria ser paranóica mesmo.

lola aronovich disse...

Cavaca, maravilha esse programa aí de Lisboa. E que legal saber que vc é voluntário numa instituição pra crianças com Aids. Parabéns! Agora, quanto a isso de se basear pelo aspecto da pessoa, acho que isso é bem comum. E, lógico, um erro que pode ser fatal.


Babsiix, que horror! Esse cara é um psicopata. Mas é impressionante que ainda se transe sem camisinha, ainda mais no carnaval, onde a atividade sexual aumenta. Tem distribuição grátis de camisinha e tudo... Não custa nada!

lola aronovich disse...

Chris, pois é, também não consigo entender. Deveria ser hiper normal pra essa geração usar camisinha. E não é!


Leo, bom, sem dúvida, ambas são doenças horríveis. Mas o câncer só tem cura dependendo do tipo e na fase em que ele começa a ser curado. Mesmo assim, câncer pode ser genético. Já Aids é comportamental. É só agir de certa forma, ter consciência, como vc diz, que não se pega.

lola aronovich disse...

Samantha, claro, as pessoas não medem as consequências. Pensam que viver doente é bom pra qualidade de vida de alguém, e se esquecem que o coquetel só vai retardar a morte, mas que Aids, mesmo assim, ainda mata. Eu tinha um primo muito querido, um cantor, que morreu de Aids há uns 14 anos. Foi muito triste. Eu não acompanhei seus últimos estágios porque já morava em outra cidade, mas lógico que foi uma barra. Agora, ele vinha de outra geração, uma que ainda não tinha tanta informação sobre a Aids. Pra essa nova geração, qual é a desculpa? Não vi essa polêmica, vou ver.