segunda-feira, 26 de outubro de 2009

UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA

Durante uma das aulas do doutorado, falávamos em ação afirmativa, que engloba o sistema de cotas. Todas as cinco alunas e a professora, todas nós brancas, éramos a favor do sistema de cotas. Mas aí a coisa complicou. Alguém perguntou: tá, cotas pra alunos, tudo bem, mas e se forem cotas pra professor, como tem nos EUA? Nosso coração acadêmico, tanto o da professora quanto o das futuras professoras universitárias, balançou. Já não era tão fácil dizer que éramos a favor. Tivemos que pensar um pouco.
Um adendo: a ideia das cotas (para alunos; para docência nem está em cogitação), ao contrário do que muitos pensam, não é incomodar o pobre aluno branco de classe média. É dar chance a um grupo que simplesmente está fora da universidade.
Nesse meu primeiro concurso em universidade pública, na Universidade Federal do Ceará, éramos 15 candidatos disputando três vagas. Lá no edital havia uma cláusula que reservava uma das vagas para a pessoa portadora de deficiência física (há uma lei de 1990 que garante reserva de 5% das vagas em concursos públicos para portadores de deficiências).
Quando li o edital, você acha que passou pela minha cabeça pensar: “Putz, que injustiça! Só faltava eu perder a minha vaga pra um cadeirante!”? Não passou. Pelo contrário: eu considerei justo que uma pessoa com necessidades especiais, que já tem mil e um obstáculos a mais que eu na vida (literalmente falando, inclusive), tivesse um tiquinho de vantagem. Agora, repare só num detalhe: em nenhum lugar do edital tá escrito que era só um cego passar na frente da universidade que, pá pum, seria contratado. O candidato com necessidades especiais, pra se inscrever naquele concurso, teria que ter no mínimo mestrado na área, fazer as provas como qualquer um, e tirar as notas mínimas (sete). Se ainda assim ele passasse, uma vaga seria dele. Não houve nenhum inscrito com deficiência.
Não estou comparando pessoas com necessidades especiais com outras minorias (igualmente) historicamente discriminadas. Mas por que tanta gente aceita de bom grado que sim, deficientes físicos enfrentam grandes dificuldades num mundo que não foi pensado pra eles e merecem uma forcinha, e negros não? Sendo que um negro no Brasil ganha 40% menos que um branco?
Dos 15 inscritos no meu concurso, 9 eram homens, 6 mulheres. Prum curso de Letras! Embora a maioria dos alunos no ensino superior, hoje, já é de mulheres, ainda há bem mais professores que professoras universitárias. E você conhece muitas reitoras? Pois é, nem eu. Eu fui a única mulher aprovada no concurso. E havia apenas um negro entre os 15 inscritos. Dos quatro candidatos aprovados para a prova didática, ele era o único mestre. Todos os outros eram doutores. Compreensivelmente, ele estava muito inseguro, crente que não conseguiria uma das três vagas. E passou. Confesso que fiquei super feliz por ele. Não só por ele ser simpático e competente (os outros também eram), mas por ele ser negro. Se alguém acha que isso é racismo inverso, paciência. É querer tapar o sol com a peneira. Se eu festejasse a aprovação de um candidato branco, eu estaria sendo racista. Festejar a aprovação de um negro, num contexto em que existem pouquíssimos docentes negros, é vibrar por uma sociedade um tiquinho menos desigual.
Entre os meus professores na UFSC, nenhum era negro. Quando dei aula de estágio docência, não tive nenhum aluno negro (e olha que é Letras, “curso de pobre”, como dizem). No mestrado e doutorado, não tive colegas negros. Não sei se na UFC é diferente, mas duvido. Na USP, sabe o porcentual de professores negros? 0,2%. Não chega a um por cento, num Estado que tem 31% de população negra! Quem nega a existência do racismo no Brasil pode tentar interpretar esses números da melhor maneira possível. Pode dizer que, ué, de repente negros nem ambicionam ser professores universitários, e eu aqui, querendo forçá-los! Pode dizer que o problema não é racial, é socioeconômico, que pra ser professor universitário tem que ser classe média pra cima, então os negros não estão inclusos nessa. O que eu acho engraçado é que essa gente que nega o racismo nunca se pergunta por que, se vivemos num país com oportunidades iguais para todos (e quem crê em meritocracia crê também em oportunidades iguais), tantos negros são pobres, e tantos pobres são negros. Na tentativa de explicar o inexplicável, a pessoa precisa acabar assumindo seu racismo: é por que negros são preguiçosos? Não se aplicam tanto? Esses argumentos circulares me lembram um grupinho de alunos adolescentes que tive. Normalmente adoro adolescentes, mas esse grupinho era fogo. Eram só uns seis pra quem eu dava aula de inglês. Todos apáticos, do tipo que você perguntava “O que você mais gosta de fazer?”, e o rapaz respondia, “Dormir”. E eram todos brancos, claro, ricos e mimados. Um dia eu comecei a falar, em inglês, sobre desigualdade racial. E mostrei os dados que dizem que uma mulher negra ganha, em média, um quarto do que um homem branco ganha no Brasil. Meus aluninhos, rindo, nem piscaram. Num dos raros momentos que despertaram de sua apatia, gritaram em coro: “Mas é claro, né, teacher? Todas as mulheres negras são empregadas domésticas!”. O raciocínio deles parava aí. Eles não se permitiam perguntar por que tantas (claro que não todas) mulheres negras são empregadas. Não viam racismo algum nessa situação. E obviamente não se consideravam privilegiados. E muito menos racistas.
Lá em Detroit, onde passei um ano fazendo doutorado-sanduíche (ou seja, tive o privilégio de ser paga pra pesquisar), mais de 80% da população é negra. Mas, na universidade, Wayne State, nem a pau que 80% dos alunos era negra. Dos professores, então, nem se fala. O reitor sim era negro. Se isso faz você se sentir melhor, eu até escondo o fato que ele foi o primeiro e único reitor negro em 140 anos da universidade.
Sabe, é como a anedota de um aluno que estuda numa das melhores e mais caras escolas do Brasil. Tem cem alunos na turma dele. E aí ele se levanta e discursa: “Pô, não entendo por que esse sistema de cotas quer dar tanta vaga pra negros! Pra quê isso? Só tem um negro aqui na sala!”
A propósito, naquela aula no doutorado, chegamos à conclusão que somos a favor das cotas para negros na docência, também. Por uma questão de justiça.

48 comentários:

sabrina disse...

Na Universidade Estadual de Ponta Grossa abriu um concurso para docentes com cota para afrodescendentes. Não sei qual foi a repercussão, mas acho coerente com as cotas para alunos.

L. Archilla disse...

Lola, será que, colocando cotas para alunos negros, a tendência não é que aumente o número também de mestres, doutores e professores universitários negros? bom, de qualquer maneira, acho q nem está se cogitando a hipótese das cotas em concursos públicos, né? porque se a das universidades já dá todo esse bafafá...

L. Archilla disse...

aliás, acho engraçadíssimo esse povo que fala: "onde já se viu, a pessoa entrar numa universidade só porque é negra!" - como se o negro não passasse pelo mesmo processo seletivo q o branco.

Amanda Lourenço disse...

Sabe, eu custei a admitir que o Brasil é um pais racista. Eu preferia o discurso de "não, aqui todo mundo é misturado, ninguém liga pra essas coisas". Custei mais ainda em admitir que minha propria familia é super racista, e eles moram no pé da favela, cercados de negros. Eu era absolutamente contra as cotas, achava que isso sim causaria o racismo. Mas como vi que o racismo ja existe mesmo, que ele pelo menos beneficie os negros.

Giovanni Gouveia disse...

Quando eu eestava na Universidade, um professor de política questionava à turma (ele não esboçou a preferência dele, que era de centro-direita, apenas questionou a turma) sobre distribuição de renda, e políticas públicas pra todos os setores e não apenas os mais pobres.
quase tod@s concordavam sobre políticas públicas para os menos favorecidos, quase ninguém defendia politicas públicas para as classes média e alta, aí eu perguntei:
Se vocês são contra políticas públicas para classe média e alta, o que vocês estão fazendo numa universidade pública?
Tem gente com crise existencial até hoje :D

Junior disse...

Lola, o único problema que vejo na questão das cotas é que não trata-se de uma solução para o problema, mas sim apenas um "remédio" de efeito imediato. Ele alivia a dor, mas não ataca a causa. De nada adianta seguir com as políticas de cotas, se o ensino fundamental não for reforçado, até chegarmos num ponto onde todos estão igualmente preparados, onde as cotas não seriam mais necessárias. Com uma educação pública mais forte, as pessoas estariam melhor preparadas para a vida em geral, não apenas para entrar numa universidade.

Infelizmente, as cotas HOJE são necessárias, mas para não serem no futuro, é preciso que o governo reforce a educação de base. E nesse sentido, acho que vem sendo feito pouco.

Giovanni Gouveia disse...

Correto, Júnior, a política de cotas é parte de um conjunto chamado "Ação afirmativa", onde o problema é atacado em várias frentes, seja no ingresso à universidade, seja na melhoria da escola pública, e o FUNDEB é o outro lado da moeda.

http://www.fnde.gov.br/home/index.jsp?arquivo=fundeb.html

Lucy Amberson disse...

Pelo menos o governo anda notando que tem que acabar com esses preconceitos. Pelo menos ele agora ADMITE que há preconceitos.

Em Maceió (não sei se vai além, sou meio desinformada u____u') já está em vigor uma lei anti-homofobia. Só falta agora uma lei anti-misoginia e derivados, mas claro que só depois que as grandes corporações tiverem conseguido vender muitos produtos.

O que mais me dói é saber que nasci ouvindo essas pérolas dos meus próprios pais e avós. Dói saber que as pessoas que você mais ama se ressentem com você quando você diz pra elas que elas estão sendo racistas.
E elas sequer acham que racismo existe. Na verdade, pra elas racismo é mito! Imagina, os negros é que têm preconceitos com os brancos.

Aquela velha inversão de preconceitos que só notei quando li alguns dos seus textos D:
Problema é que as pessoas notam que dá trabalho (e dói) desconstruir esses erros de formação, então preferem fingir que nada disso existe.

sujeito disse...

apoiado!!!

lola aronovich disse...

Sabrina, interessante! Eu não sabia disso de cotas para docentes. Sou a favor, mas é um assunto muuuito polêmico... Mesmo assim, há tão poucos mestres e doutores negros que a cota seria mínima. Não como as cotas para alunos, que representam a porcentagem de negros em cada estado (e só dentro dos 50% reservados às cotas).


Lau, a médio e longo prazo, sim, deve aumentar o número de mestres e doutores negros. Mas isso demora. Imagina só, alguém que entra na universidade agora, se conseguir terminar o curso em 4 anos, e for direto pro mestrado, mais 2, e daí direto pro doutorado, mais 4 (no mínino! A maior parte não faz doutorado em 4 anos)... dá dez anos. E isso se for tudo direto, o que é raríssimo.
E é isso, o negro tem que passar pelo mesmo processo seletivo que o branco. Tem nota mínima e tal. É muita ignorância do pessoal anti-cotas achar que é só um negro se inscrever que entra na universidade.

lola aronovich disse...

Amanda, que bom que vc refletiu e tenha chegado a essas conclusões. Acho incrível que algumas pessoas neguem o racismo e digam que AS COTAS é que vão ser a causa do racismo. Como se o racismo já não existisse. Como se ter um sistema de cotas fosse gerar uma Ku Klux Klan no Brasil...


Gio, como a gente é de esquerda, concorda que algumas coisas básicas são direito de todo cidadão, seja ele rico, classe média ou pobre. Educação é uma delas. Mas considero hipocrisia, sim, que o pessoal que defende o estado mínimo curse universidade pública. É incoerente. E aí vem com o discurso meritocrático pra justificar... eles mereceram entrar na universidade porque passaram no vestibular!

lola aronovich disse...

Junior, é um bom exemplo esse que vc deu das cotas serem apenas um remédio. E são mesmo. As cotas não vão resolver o problema do racismo no Brasil. É só a ponta do iceberg. Mas vamos ficar na metáfora do remédio. Digamos que a gente está com uma doença horrível, tipo câncer. E aí tem um remédio pra aliviar as dores causadas pela doença. A gente vai dispensar o remédio só porque ele não cura o câncer? Acho que não, né?


Gio, obrigada por responder ao Junior.

lola aronovich disse...

Lucy, leis anti-discriminação são um pouco diferentes das cotas. Não sabia que havia uma lei anti-homofobia sendo discutida em Maceió. Há um projeto da criminalização da homofobia circulando no legislativo nacional. Se vc tiver algum link pra uma matéria, me manda, please?
É, é absurdo como no Brasil ninguém é racista. E boa parte da mídia diz que racismo não existe. Então eu só queria uma explicação pro fato dos negros ganharem 40% menos que os brancos... E pros outros indicadores sociais também. Se isso não é racismo, é o quê?


Obrigada, sujeito!

Luciana disse...

Eu acredito na meritocracia, mas nao acho que existem oportunidades iguais...

Lucy Amberson disse...

Lola, eu não sei se confere essa notícia, ouvi na rádio aqui da minha cidade (mogi guaçu) então não tenho um link ou uma fonte mais confiável pra confirmar.

http://www.naohomofobia.com.br/noticias/mostraNoticia.php?Section=5&id_content=372
Aqui fala sobre essa lei sendo regulamentada nos estabelecimentos comerciais do Rio. Já é alguma coisa, embora devesse ser extendida para as ruas também.
Afinal de contas os gays não são discriminados apenas dentro de bares e restaurantes, mas na rua mesmo (principalmente na rua!).

Eu mencionei as leis anti-discriminação porque acho que não adianta apenas cotas, se ainda é permitido (sob a desculpa esfarrapada da liberdade de expressão) que pessoas discriminem outros cidadãos impunemente.

É preciso cobrir todos os lados.
Vou procurar melhor, mas se tiver se tornado ilegal a homofobia (ao menos no Rio) não deixa de ser uma pequena vitória. E talvez uma prévia para outras futuras.

Pena que a discussão sobre o pré-sal continue sendo usada pra empurrar esses projetos de lei pra de baixo da pilha.

Marcela disse...

Oi Lola,

Quando eu estudei na UERJ, a Nilcea Freire era reitora e teve a iniciativa de estabelecer cotas para candidatos negros.

Eu fui estagiaria do grupo de Comunicacao Social da faculdade, e atraves do meu trabalho pude observar algumas das questoes discutidas pela Nilcea.

Pelo o que eu me lembro, o plano era mais ou menos assim:

- Uma pequena percentagem de estudantes negros seria aceita (acho que era algo em torno de 2-5%)

- Os estudantes aceitos receberiam uma bolsa de estudos para pagar transporte, alimentacao, e material didatico. Nao tenho certeza, mas acho que a percentagem de alunos aceitos por cota estava relacionada a quantidade de verba disponivel para a bolsa de estudos.

- Os estudantes aceitos passariam por um periodo de "nivelamento" (nao lembro se era 6 meses ou 1 ano), em que teriam aulas na faculdade para cobrir conhecimentos de 1o e 2o graus necessarios para uma boa performance academica na universidade. O entendimento basico e que a maioria dos alunos aprovados por cotas viriam de escolas publicas, em que a norma e um ensino precario.

Bem por alto, pelo o que eu me lembro, o plano era mais ou menos esse (acho que foi em 2000). Mas como a UERJ e universidade publica e era ano eleitoral, o governador Garotinho (ou foi a Rosinha?) se apropriou da proposta da UERJ e aumentou a cota para 20% (ou foi 30%?), e diminuiu bem o valor da bolsa.

Eu me formei no ano anterior a implementacao da cota. O que eu ouvi falar (entao nao coloco a minha mao no fogo) foi que os alunos que nao foram aprovados por cota muitas vezes estudavam com os alunos aprovados por cotas. Como o governo aparentemente cortou o periodo de "nivelamento", uma parcela dos alunos de cotas tinha dificuldades em acompanhar as aulas.

No meu curso (Desenho Industrial) houve proporcionalmente a maior distorcao nos resultados. Dos alguns mil inscritos no vestibular, apenas os primeiros 35 colocados sao aceitos. No primeiro ano das cotas, dos 35 alunos apenas 2 NAO vieram de cotas. Eu, por exemplo, nao teria sido aceita.

Eu costumava ser contra as cotas. Hoje acredito que as cotas sao necessarias, como parte na Acao Afirmativa. Espero sinceramente que as cotas nao se tornem "eternas" e que uma serie de medidas necessarias sejam implementadas para diminuir a desigualdade dentro e fora das universidades.

Porem, acho que as cotas tem que ser acompanhadas por um sistema de apoio que efetivamente permitam aos alunos acompanharem as aulas e nao apenas serem aceitos. Nao tenho acompanhado os detalhes da UERJ, mas ate 2004, quando me mudei do Rio, nao havia um sistema de apoio para quem era aceito por cotas.

L. M. de Souza disse...

discordo de cota pra negros em concursos pra docência em universidade federal. tenho uma colega negra, de classe media, que estudou na usp e agora faz doutorado em massachussets, numa das melhores universidades pra estudar linguistica no mundo. quando ela voltar pro pais vai ter vaga garantida em qualquer lugar, pra que mais uma vantagem? eu sou de familia pobre, minha mae tinha a 4 serie, meu pai o ginasio, comecei a trabalhar com 12 anos. ralei muito pra entrar no mestrado e no doutorado. e se os negros tem cota pra emprego por serem injustiçados eu tb quero cota prq eu fui injustiçado por ser de familia pobre e não ter tido dinheiro pra fazer cursinho pre-vestibular, curso de ingles, natação, etc. acho q cotas na universidade tem q ser para classes sociais desfavorecidas nao pra negros. tem muito negro de classe media q vai se beneficiar com isso. mas posso estar errado, afinal nunca fui discriminado por ter só um tenis barato, nao ter ganho um carro do pai qdo entrei na faculdade, ou nao ter estudado na capital, nao ser socio do melhor clube da cidade, nao ter dinheiro pra ir nas festas com os amigos. discriminacao de classe social tb nao existe. já q ninguem fala disso.

Barbara disse...

Respondendo ao comentario do Giovanni:

Em teoria, gente rica paga mais pela universidade publica, ja que paga mais impostos. E se ela eh aberta para todo mundo, gente rica tem o direito de usar. O que esta errado eh que os pobres nao consigam entrar! (se todos os porbes tivessem acesso, a coisa seria justa - os ricos estariam pagando mais, para que os pobres pudessem estudar)

Eu moro na Inglaterra, e uso o servico de saude publico daqui. Pago por ele muito mais do que os pobres, e muito menos do que os ricos (quem eh rico mesmo usa medico particular, mas a classe media usa o sistema).

Pago bastante imposto, e quero ter o direito de usar os servicos pelos quais estou pagando, ue!

Fiz faculdade particular no Brasil porque ganhei bolsa, mas passei para a federal e teria feito sem nenhuma dor da consciencia. Foi para isso que meus pais pagaram impostos a vida toda (errado foi que eles tivessem que pagar impostos E a minha escola particular ate o segundo grau!)

Giovanni Gouveia disse...

Errado, Barbara, pobres pagam mais impostos que os ricos, no Brasil:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u402037.shtml

Anônimo disse...

Quando nos perguntamos o porquê desse histórico de exclusão do negro no mercado, é preciso questionar também se estas políticas de inclusão social SÃO capazes de reverter esse histórico. Na minha opinião, o problema tem raízes muito mais econômicas do que culturais (sem, é claro, negar a raíz cultural): a falta de dinheiro para pagar por um ensino de qualidade leva à exclusão nos processos seletivos pra universidade, e, consequentemente, pro mercado de trabalho. Não se inclui o indivíduo no mercado de trabalho facilitando a sua entrada na faculdade, e sim garantindo uma boa educação de base, que possibilitaria ao indivíduo pobre e negro concorrer em iguais condições àqueles que pagaram por educação privada.

Eu sou estudante do ensino médio num colégio particular, e existe um consenso, entre professores e alunos, de que as cotas raciais (pra usar um termo ultrapassado) agem como "medida tapa buraco", mas que não beneficiam o indivíduo que está a margem da população a longo prazo, o que se comprova com as inúmeras desistências e baixo desempenho dos universitários cotistas.

Giovanni Gouveia disse...

Evasão e baixo rendimento de cotistas?
Onde?
Não no Brasil, "Anonimous", olha só o texto de Elio Gaspari (que não é nenhum exemplo de esquerdismo):

http://democraciapolitica.blogspot.com/2009/06/elio-gaspari-as-cotas-desmentiram-as.html

bete disse...

um dos melhores posts que li sobre o assunto. sem resvalar par lugares comuns. vc sempre tem essa capacidae incomum de se colocar no lugar do outro Lola. è uma impressão minha, mas tenho sentido as pessoas cada vez mais acuadas com esa questão das cotas. Usama da falácia de que só existe a raça humana par justificar que não deve haver a jusat distribuição de espaço pra nossos irmãos que foram alijados da distruição igualitária na sociedade por um longo processo histórico. Algumas vezes tenho a impressão mesmo de que nunca estudaram história nem no segundo grau. beijos.

Jen disse...

Oi Lola,
to meio sem tempo mas vim postar sobre outra coisa que vi no NYT hoje e achei que voce pudesse achar interessante. Fala do papel de mulheres no cinema.

http://www.nytimes.com/2009/10/25/weekinreview/25dargis.html?_r=1&ref=weekinreview

Abraco,
Jen

Junior disse...

Lola, no meu comentário, a metáfora do remédio foi essa mesma... não sou contra as cotas, porém, gostaria que também fossem tomadas ações para efetivamente resolver o problema e a cota não ser mais necessária. Assim como sou contra ajuda financeira aos menos favorecidos, desde que seja criada toda uma infraestrutra para atendê-los (que hoje não temos, então é melhor continuar com programas de assistencialismo até o dia, se é que vai chegar, em que eles não serão mais necessários).

Pra ficar na metáfora do remédio, digamos que é um remédio de gosto ruim, alivia a dor, então tem que tomar. Mas também precisa tratar a doença.

:)

Alba Almeida disse...

Sabe Lola, esse é um assunto que não domino bem, mas na realidade isso é uma assunto que fica muito confuso “cota pra negros”. E brancos, amarelos , ... POBRES,...como ficam diante do fato???

Deixa eu ilustrar com um caso que vivi, como já citei anteriormente trabalho numa escola, tenho um exemplo muito claro, quando comecei a trabalhar lá, era a primeira turma de ensino médio que começava, tinha uma aluna que estudava responsavelmente, de pele branca mas, de origem muito pobre, morava inclusive numa favela onde a droga é a justiça e lei. O comportamento daquela aluna durante os intervalos e aulas vagas era sempre com um livro na mão, tinha o inglês fluente que havia aprendido só, o pai de acordo com a direção fazia reparos na escola em troca da mensalidade, faxineiro terceirizado de um hospital público, abandonado pela esposa por causa do craque, morava só com 3 filhos e os mantinha com a maior dignidade, do outro lado, tinha uma outra garota média, pele negra, filha de um major da polícia para assuntos especiais, chegava a escola de carro, participava de todos os eventos e pra falar a verdade “patricinha”, na realidade é a aluna que só faz o essencial pra passar. No vestibular a aluna de pele branca com nota maior que a da colega de classe NÂO foi classificada e a negra aprovada. Pra melhor dizer com nota bem inferior.... “cotas pra negros”!
Como ficamos diante desse...?
O que é justo?
Beijos...

Barbara disse...

Ai Giovanni, pelamordedeus, essa materia que vc me mandou eh sobre tributacao indireta, nao tem nada a ver com o que eu falei.

Estou falando sobre imposto de renda, e tributacoes sobre salario. Aqueles 27% mais ou menos de diferenca entre salario bruto e salario liquido!

Para quem ganha menos de mil reais por mes, a tributacao retida na fonte eh bem menor do que a tributacao para quem ganha 10 mil por mes. Esse dinheiro, supostamente, esta indo para pagar o sistema de saude, a educacao, etc (nao sei exatamente como eh dividido). Logo, o rico paga mais.

Entendeu ou quer que eu desenhe?

Nefelibata disse...

Lola, muito interessante tudo isso, mas só queria acentuar algo muito comum no debate das políticas públicas do contexto de ação afirmativa - que eu carinhosamente chamo de "argumento da preguiça".

É assim: "não sabemos SE isso vai dar certo, NADA comprova que vai resolver completamente, é tudo conjectura... portanto, NÃO é bom fazer isso. Deixemos tudo como está".

Aquele conservadorismo típico da direita, e mesmo o medo de mudanças típico de muita gente que sequer se toca que, para mudar, é preciso apostar. E que tudo é aposta, que nós podemos aumentar nossas chances de ganho, mas elas jamais chegarão ao 100%. Só que, a partir do momento em que as coisas estiverem realmente ruins para a pessoa, ela tende a arriscar mesmo com pouco. Ou seja, para mim, é a denúncia do marasmo de quem não sente a opressão da sociedade, seja ela pelo racismo, pelo sexismo etc.

Bruna disse...

E como fica a questão do pardo? Nessa "seleção" ele é considerado branco ou negro?
E brancos, Pardos, amarelos e vermelhos POBRES??? Como é que fica??

Sou contra a cota para negros, mas a favor de cotas (em todos os setores) para as pessoas de baixa renda.

Não seria bem melhor??? Todos seriam favorecidos, oras.

Até porque hoje até o conceito de raça caiu. Quem é negro e quem não é negro? alguém que tem pai negro e mãe branca seria o que?
É muito difícil medir e classificar isso.

Alline disse...

Não sou a favor de cotas, elas também podem criar certa discriminação. E os brancos que são pobres? Sou a favor de educação para todos, independentemente da cor da pele.

Anunciação disse...

Falou e disse,ponto.

Anunciação disse...

Ah,completando,ia esquecendo.Eu era contra cotas,até que encontrei alguém que me abriu os olhos de forma irrefutável.

Anônimo disse...

Bom, eu sou branca e pobre - e tbm sou bolsista através do Prouni em uma faculdade muito boa. E sou a favor das cotas.
Acho q quem critica tá ignorando por completo o histórico dos negros aqui no Brasil. E parece ignorar tbm q a pobreza tem cor sim, lamentavelmente. Só para exemplificar: certa vez, pelo simples fato de estar um pouquinho bem vestida, entrei em um hotel de luxo na maior na perto da Vila Olímpia sem q ninguém me incomodasse. Se eu fosse negra, tenho absoluta certeza q seria no mínimo, questionada sobre a minha presença ali.

Ah, seria difícil determinar quem é negro e quem é branco? Fácil... perguntem pra um policial ou para um porteiro que eles sabem MUITO bem a diferença...


Sheila

André disse...

Mas realmente... como ficam os pardos? São negros ou brancos?
Muito difícil determinar isso.
Sou a favor também da cota para os pobres, ao invés da cota para os negros. Pois assim todos sairiam ganhando.

lola aronovich disse...

Muito rapidinho porque estou sem tempo, tá tarde, e hoje fui ao oftalmologista e tacaram um colírio em mim e continuo enxergando tudo embaçado.
Lendo alguns comentários aqui, vejo que vcs querem leis baseadas em exceções, não nas regras. Por exemplo, LM, essa sua colega negra que está fazendo doutorado nos EUA não vai precisar de cotas. Ela faz um concurso e passa, pronto. As cotas não são pra ela. Mas ela é exceção, concorda? Não sei, ao invés de citar um caso raro, que tal se concentrar na estatística que diz que apenas 0,2% dos professores da USP são negros? Como explicar isso? Isso é justiça social?
O mesmo com vc, Albinha. É uma droga que essa aluna branca e pobre não tenha sido classificada, enquanto a negra patricinha foi. Mas é exceção! É bem mais comum a gente ver alunos brancos bem meia boca, mas que estudaram em colégios particulares, pegarem o lugar de alunos negros mais estudiosos e esforçados, mas que saem em desvantagem por terem estudado em escola pública.


Nefelibata, concordo que esse argumento da preguiça é muito forte. Mas o pessoal que é contra as cotas tenta justificar com os argumentos mais pífios, como esse do “não somos racistas”. Se não há raças, não há racismo; logo, não deveria haver cotas, já que todo mundo tem oportunidades iguais. Pra mim, esse é um argumento perverso, porque é mentiroso. E isso é pior que preguiça.

lola aronovich disse...

Bruna, o pardo é considerado negro. Este é o ponto mais difícil no sistema de cotas: determinar quem é ou não negro. Nos EUA é mais fácil: um pinguinho de sangue negro, e vc é negro (mesmo que tenha traços brancos). No Brasil a mistura racial é imensa, então a regra do pinguinho de sangue não é possível.
Mas respondo a vc, a Alline e ao André, que pedem cotas para as pessoas de baixa renda: é justamente assim o sistema de cotas. 50% das vagas das universidades públicas são reservadas para alunos que venham de escolas públicas (80% dos brasileiros estudam em escolas públicas). Dentro desses 50%, uma porcentagem é reservada a alunos negros. Isso varia de acordo com a porcentagem de cada estado. Na Bahia, a população negra é 80%. Em SP, é 30%. Em SC, é 12%. E por aí vai.
Além do mais, estudos mostram que mesmo nas populações pobres, os negros têm escolaridade e renda menor que os brancos. Tipo, em favelas. O branco da favela ainda assim leva vantagem social sobre o negro da favela. Então não dá pra dizer que pobre é tudo igual, que o problema é apenas econômico. É como aponta a Sheila: o privilégio branco se mantém até pra brancos pobres.

O pessoal que é contra as cotas não se conforma com os estudos que provam que alunos cotistas tiram notas tão boas ou melhores que os não-cotistas. E que há menos evasão entre os não-cotistas. Evasão escolar e evasão universitária, aliás, são hiper comuns. Qualquer pessoa que começa um curso universitário percebe que a turma vai encolhendo ao passar dos anos. E que poucos se formam. Isso acontece faz tempo, muito antes das cotas. Mas alunos cotistas continuam até o fim, em geral.

Giovanni Gouveia disse...

Barrbara, imposto recolhido na fonte não é necessariamente imposto pago, existem mil maneiras de rever essa dinheirama toda, e tomo mundo da classe média e alta sabe disso, agora, tributação indireta não tem como se rever, de forma alguma.
Entendeu agora?

Alfeu Junior Varela Bueno disse...

Em relação ao debate da Barbara com o Giovanni, visto que a pesquisa que o Giovanni mandou (http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u402037.shtml) fala dos impostos pagos pelos 10% mais ricos e dos 10% mais pobres, creio que mesmo que estes pobres paguem mais no momento, existe a compensação do bolsa-família que é também retirado de impostos pago por ricos e pobres e vai beneficiar justamente esses 10% mais pobres.

Anônimo disse...

A aluna que ficou em primeiro lugar no vestibular da UFMG em 2009 se auto declarou negra. Conforme as regras da universidade nao existem cotas diretas para negros e sim 5% de bonus para alunos que marcarem no formulario que sao negros. Porem esta aluna eh branca! Mas ela ganhou os 5% de bonus. Como ficamos nesta situacao? A garota foi aprovada e disse que se considera negra por isto marcou no formulario.


http://www.uai.com.br/UAI/html/sessao_22/2009/01/27/em_noticia_interna,id_sessao=22&id_noticia=96858/em_noticia_interna.shtml

lola aronovich disse...

Anônimo, não entendi: no artigo que vc citou não falam nada da aluna ser branca. Saiu em outro lugar que ela se autodeclarou negra mas é branca? Além do mais, vc parece ter se esquecido de uma coisinha: ela recebeu 5% de bônus por ter se autodeclarado negra, mas 10% de bônus por ter estudado em escola pública. Qual bônus é maior? Essas são as “cotas sociais” (que não levam em consideração a raça do aluno) que tanta gente defende quando diz “Sou contra as cotas pra negros, mas a favor das cotas para pobres”. Sem falar que, se a moça passou em primeiro lugar no vestibular geral, ela passaria de qualquer jeito, com ou sem cotas. Vc tá dando argumentos contra quem diz que os cotistas não vão fazer o nível da universidade despencar.
Mas a “autodeclaração” é complicada, lógico. Não porque vai ter um monte de branco se autodeclarando negro (não vai!), mas porque muitas vezes a pessoa tem pai ou avô negro, e se considera mulata (e nos EUA seria mesmo), mesmo sendo mais clara. Algumas universidades, como a de Brasília, tem uma comissão que avalia as fotos dos candidatos pra checar se a autodeclaração confere. Isso também é polêmico. Mas eu gosto do seu tom indignado: “Como é que fica isso?!”. Engraçado, não ouço ninguém dizer “Não tem nenhum negro na minha classe, e olha que a porcentagem de negros no meu país é de 45%. Como é que fica isso?!”.


Alfeu e Barbara, quando até jornais “comunistas” como a Folha e o Estadão divulgam estudos provando que, no Brasil, pobre paga mais imposto que classe média e alta, eu acho bom acreditar... Sei que um dado desses vai totalmente contra o discurso de “classe média que se mata pra sustentar esse país”, mas a maior parte dos contadores pode confirmar isso.

bete disse...

Lola,

adorei todos os seus pertinentes comentários, explicando muito bem como funciona o sistema de cotas.
acho mesmo interessante quem debate o assunto sempre querer se pautar pela exceçao, nunca pela simples regra: a grande maioria da população de baixa renda é negra ou mulata ou o tal pardo ( juro que não consigo entender pardo, mas vá lá).
sim, me escandaliza no meu prédio de 72 aptos ter somente duas famílias negras. no clube rico tem 1 família negra, que chega a ser um contraste gritante, e são diplomatas! na escola particular dos meus filhos vi uns 2 mulatos, bem claros. moro em Brasília na Asa Norte numa das quadras não muito ricas e meus filhos não estudam nas escolas mais elitizadas. isso se chama exclusão social, é reflexo da escravidão. só vejo como mudar isso a longo prazo com sistemas como o de cotas.
e sim, quero que mude, quero um país melhor pra todos.

Alfeu Junior Varela Bueno disse...

Lola, em que momento eu desacreditei da pesquisa?

Giovanni Gouveia disse...

Alfeu,

Qualquer pessoa que tenha uma aplicação em fundos de investimento recebe seu rendimento do governo, já que a maioria dos fundos são lastreados em títulos públicos. Quem tem cerca de R$ 8.500,00 aplicados já recebe uns R$ 60,00 por mês do governo (o mesmo valor médio que cada família assistida pelo Bolsa Família recebe).
Isso significa que as pessoas mais ricas (que geralmente sonegam impostos – ou você não conhece ninguém que sonega?) são as que recebem mais “benefícios” do governo, sem fazer nada! E quem paga a conta são os milhões de brasileiros mais pobres, que não tem nem como sonegar impostos já que são assalariados e pagam os impostos embutidos nos preços de qualquer produto ou serviço.

lola aronovich disse...

Tem razão, Alfeu, vc não desacreditou a pesquisa que diz que pobres são os que pagam mais impostos no Brasil. Vc só tentou justificar dizendo que os pobres são mais compensados. Mas ainda é muito pouca gente que recebe bolsa-família (11 milhões de famílias?). E não tem jeito, tanta coisa nas cidades é feita pros ricos e classe média, e não pros pobres (é só comparar o quanto é investido em estradas para carros particulares e em transporte público). Mas classe média a-do-ra aquele discurso de que sustenta o país e que não recebe nada em troca, esquecendo-se que qualquer pobre trocaria de lugar com ela no ato. Vc é o Alfeuzinho do xadrez de Lages? É que não conheço muitos Alfeus.


Iaiá, justamente, as pessoas se pautam pelas exceções. Essas mesmas pessoas contra as cotas, que negam a existência do racismo, olhariam pros exemplos que vc deu e diria: “Mas no meu prédio de 72 aptos tem duas famílias negras! No meu clube rico tem um negro diplomata! Sinal óbvio que não existe racismo no Brasil!”.


Gio, eu nunca tinha pensado nisso...

Alfeu Junior Varela Bueno disse...

Oi Lolinha, sim, sou o Alfeu de Lages e também não conheço muitos Alfeus hehehe
Então Giovanni, não acredito na máxima do não fazer nada, pra mim quem não faz nada é uma vassoura atrás da porta. Eu teria uma enorme dificuldade em arrumar 8500 reais para fazer qualquer investimento e não sou pobre. Agora Lola, eu não acho que 11 milhões de famílias sejam "muito pouca gente", penso que são essas as 30 milhões de pessoas que o Lula diz que deixaram a faixa da miséria no seu governo. Quanto a quem recebe mais benefícios, estou falando daqueles da pesquisa, 10% mais ricos e dos 10 % mais pobres, ricos usam as estradas, o saneamento básico e a educação no caso das universidades públicas. Pobres: a saúde, a educação, o transporte público e as políticas sociais (já citei o bolsa-família que é o mais famoso, tem algumas outras bolsas também). Sobre o discurso de classe média de que sustenta o país e que não recebe nada em troca, em nenhum momento o utilizei, por exemplo, em breve eu estarei recebendo o bolsa - atleta que penso que é voltado quase que exclusivamente a classe média, para consegui-lo é necessário ter resultados relevantes no seu esporte, coisa que só se consegue com um certo grau de investimento, pobres não tem para investir e ricos dificilmente vão atrás do bolsa - atleta. E pra fechar, achei interessante como o presidente do Ipea, o instituto que fez esta pesquisa, pensa em resolver a situação, ao invés de diminuir ou cortar algum imposto que os mais pobres pagam, ele quer criar mais um imposto para os ricos...

Sabrina disse...

O que me parece é que existe um sentimento de injustiça entre os que são contra as cotas, porque essas pessoas não serão beneficiadas pela política de cotas. Não percebem que já são privilegiadas de alguma forma.

Eu sei que em países como a França e a Alemanha o governo complementa a renda das famílias. Um amigo meu, bolsista de doutorado na França, recebia 200 euros do governo francês por este achar que a renda do bolsista era insuficiente para viver com o mínimo de dignidade. E aí vários bolsistas brasileiros que eu conheço acham isso uma maravilha, coisa de país de primeiro mundo e... são contra o bolsa família! Só vejo um motivo para um comportamento tão incoerente: eles não são beneficiados pelo bolsa família. Pra mim, é mais ou menos isso o que acontece com as cotas.

Para a tristeza de tucanos/conservadores/TFP e exemplares típicos do classe média way of life, o Brasil tem projetos e ambições políticas muito boas e a política de cotas é uma delas. Apesar da corrupção e de vários problemas que temos, é essa postura que me faz ter esperanças de alguma correção nas distorções que a gente vive por aqui.

Unknown disse...

Lola, acho que vc vai me fazer repensar o assunto, nêga. Sempre fui contra cotas raciais, na verdade eu acho mais lógico cotas pra estudantes vindos de escolas públicas, por exemplo, algo nesse gênero. Enfim, pode valer a pena repensar o assunto.

Carina Prates disse...

10 mitos sobre as cotas:
http://www.ufmg.br/inclusaosocial/?p=53

Dri Caldeira disse...

mesmo depois de quase 4 anos, tão atual né? Uma coisa q me chamou a atenção foi de q nenhum dos q defenderam seus motivos pra apoiar ou não as cotas lembrou de q o próprio STF levou 113 anos pra ter um negro em sua bancada...