sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O NEGRO NA NOVELA BRASILEIRA

E por falar (indiretamente) em racismo, adorei o documentário A Negação do Brasil, de Joel Zito Araújo, que trata da representação do negro na telenovela brasileira. Embora o documentário já tenha dez anos, ele continua bem atual, e é fácil de ser encontrado na internet (pode ser baixado aqui, ou dá pra ver aqui). O que ele mostra é que, nas novelas brasileiras, o negro é sempre o serviçal, seja como a típica empregada doméstica, no caso das mulheres, ou o guarda-costas, motorista, mordomo ou capanga, no caso dos homens (note que eles têm mais opções). Algumas revelações: naquela novela clássica que foi Roque Santeiro (eu lembro que, pro último capítulo, o cursinho pré-vestibular que eu frequentei durante dois meses em 1986 cancelou as aulas - hoje nenhum curso para por causa de final de novela, ou para?), foram gravados três finais. Num deles, a víuva Porcina (antes de se tornar a medrosinha do Brasil) acabava ao lado de seu fiel capataz, interpretado pelo lindo e maravilhoso Tony Tornado. Obviamente este final não foi ao ar. Outro fato que eu nem imaginava: uma cena de Pátria Minha (novela de 1995, de Gilberto Braga) foi a que mais gerou reclamações da comunidade negra. Nela, o poderoso empresário (e vilão) Tarcísio Meira humilhava seu empregado negro, que só chorava, sem esboçar reação mais corajosa. Fico pensando se o capítulo de Viver a Vida que foi ao ar no ano passado não suscitou mais reclamações. Você lembra (veja aqui)? Era aquele (que passou exatamente na Semana da Consciência Negra) em que Lilia Cabral dá um tapa em Taís Araújo, que pede desculpas, ajoelhada. Quando eu vi isso, só pude pensar em Escrava Isaura, que, por algum motivo racista, foi retratada como branca.
Vou escrever um artigo sobre isso, mas preciso de mais informações sobre a novela. Me ajuda? Como era a representação negra em Viver a Vida? O que você achou da cena em questão?

90 comentários:

Lord Anderson disse...

Um tema importante Lola.

A TV sempre ajudou a moldar nosso imaginario social.

Qualquer representação que ela faz afeta a sociedade.

Só não ajudo pq novela do Manoel Carlos eu não vejo de jeito nenhum.

Luma Perrete disse...

Não vi essa cena em Viver a Vida. Foi depois que a Luciana sofreu o acidente? Por que se for, no lugar da Helena eu também só pediria desculpas depois de levar o tapa, porque a Helena se considerava culpada porque a Luciana tinha sofrido o acidente e ficado paraplégica.

No mais, foi muito bom ter uma personagem negra que é forte, decidida e que, pra variar, não é a empregada ou a menina pobre.
Não sei se já falei, mas tenho uma irmã mais nova que tem 8 anos. Na verdade ela é filha da empregada, mas mora com a gente desde pequena e só falta ser adotada no papel. Ela é negra e tem o cabelo cheio de cachinhos.
Durante muito tempo ela se achava feia. Lá em casa todo mundo é branco e de cabelo liso, inclusive a mãe dela (ela não tem muito contato com o pai, de quem ela puxou a cor da pele e o cabelo).
Eu percebi que depois da novela, a auto-estima dela melhorou. Ela falava "eu sou a Helena, porque ela é igual a mim. E ela é bonita, é modelo e eu vou ser modelo também". Até aquele momento na cabeça dela, ela não podia ser bonita por causa da raça dela, mas vendo a Helena ela percebeu que ela podia ser bonita, sim.
Até naqueles joguinhos de montar e vestir bonequinhas que ela gosta na internet, onde antes ela só fazia meninas loiras, brancas e de cabelo liso, ela passou a fazer meninas mais parecidas com ela.

Anônimo disse...

"Roque Santeiro" também tinha Milton Gonçalves no papel de um delegado que chegava a Asa Branca para investigar os crimes e a corrupção. Lembro de uma cena em que o Sinhozinho Malta (Lima Duarte) ia conversar com ele pra tentar um acordo. E já começava mal:

- Quando o senhor chegou aqui, eu logo pensei: esse é um negro de alma branca.
- Sinhozinho Malta, eu posso garantir que a minha alma é tão negra quanto a minha pele.

(citando de memória, mas era mais ou menos isso)

Bruno S disse...

Eu não vejo muitos capítulos das novelas - geralmente vejo o último quadro da quarta-feira, antes do futebol, mas tenho a impressão de que nos últimos anos há um esforço(ainda que tímido) em incluir atores negros em papéis de maior destaque e fora das ocupações tradicionais.

Mas isso me parece ser feito mais por desencargo de consciência do que por uma necessidade de representar a população brasileira como realmente é.

Paola disse...

Lola,
Segundo MAnoel CArlos o autor desse absurdo chamado Viver a vida, a Helena da vez poderia ser qualquer uma, não necessáriamente uma negra, aliás,minha opinião é que o MAnoel CArlos deveria ser interditado, proibido de escrever qualquer coisa, tenho a sensação que ele só conhece a alta sociedade carioca, para ele todo homem, branco, rico, toma whishy ao chegar em casa, tem mais de uma amante e absolutamente não trabalha. Toda mulher, branca e rica é fútil, interesseira e não sabe fazer outra coisa além de trair o marido com uns garotões fortões e sarados.
Tudo gira em torno de convensões sociais ultrapassadas, antigas.
Ele está tão gagá que esquece das questões que ele apresenta, pensando nessa tal Viver a Vida, você acha possível apresentar a questão do deficiente físico da maneira como foi colocada?
Uma amiga fisioterapeuta, teve dias de horror durante a novela, a família de seus pacientes cobravam a cura, como da Luciana.
Os gêmeos, pelamordedeus! O irmão cdf era arquiteto, que trablhava de terno e gravata (no Rio de JAneiro?) o irmão maluco era médico e fazia residencia e tinha tempo de namorar, dançar...
Acho que de forma geral o MAnoel CArloe é preconceituoso e retrata a mulher, o negro, o deficiente de maneira desrespeitosa.
na época eu escrevi isso,
http://votodefilha.blogspot.com/2009/11/bestialidade-global.html
e também isso
http://votodefilha.blogspot.com/2009/10/enchendo-lata.html
O caso é que a novela foi tão ruim que fica difícil criticar o preconceito contra negros....
bj
PAola

Niemi Hyyrynen disse...

oie Lola.

Hum, nunca fui chegada em novelas, elas ficam nessa coisa maniqueista, dos ricos bonzinhos que são enganados por pessoas malvadas que querem seu "rico dinheirinho".

E a ala "pobre" descrita e feita de alguns escritores da globo são tão ricas quanto as ricas, tudo é luxo.

O racismo velado da Globo é embutido tb na segregação social, o lance da renda, e dos menos favorecidos sempre exercerem papeis de serviçais.

As novelas da Globo pra mim são o catecismo do preconceito....na boa.

Desculpem se por aqui tiver alguem que seja católico, não quis de modo algum ofender a religião...

E eu penso que o caso dos negros é bem complicado, tenho alguns amigos negros que dizem "batalhar pela raça" mas tudo que eu vejo, é um sonho de consumo...de coisas que eles mesmos tachão de "brancas".

Vide algumas publicações para a "raça",como elas vendem esteriótipos de como o negro "deve" ser! É lobo em pele de cordeiro.

Não sei, eu acho que a coisa começa muito errada, desde o início que a pessoa assuma essa coisa de "raça".Mesmo que ela tenha a maior boa intenção de "aceitar as diferenças" ou coisa do tipo.

Enquanto as pessoas ficarem nessa coisa de cultura cor da aquilo ou disso, haverá sempre espaço para esse tipo de depreciação de uma das partes.

Claro que a cultura, ela se faz pelo convivio das pessoas, mas isso não tem nada haver com a quantidade de melanina que ela tem na pele..

Bom é isso, bom fds gente.

Niemi.

iaiá disse...

Assisti o documentário todo capeando e cai na tv Brasil e êh excelente. A Bia - srtabia - tem um post ótimo comentando do tapa na Thaís Araújo, mas outra novela q vc não comentou aqui e ate passa no documentário foi uma em q a Zezé Mota fralde romântico com o marcos paulo e causou indignação e onda de protestos pelo Brasil, ele chegou a ser ameaçado e tal ela era chamada de negra imunda e isso tudo pq vc sabe no Brasil não existe racismo. Bj

Rubens Oliveira disse...

Lola, a novela que teve o personagem do Tarcísio Meira humilhando um negro foi "Patria Minha" (Gilberto Braga, 1994-1995) e não "A Próxima Vitima".

Anônimo disse...

Então, minha querida Fofaronovich!
Escrevi 2x sobre esse tema, lá no sótão (numa delas vc até comentou):

sobre a patética cena da novela:
http://dolcinha.wordpress.com/2009/11/17/tapa-na-cara/

sobre a questão do aborto, porcamente abordado na novela, afinal, não bastava a Helena ser negra, ela era a "pecadora" e ficou arrastando e chorando a novela toda por conta de uma decisão tomada no passado:

http://dolcinha.wordpress.com/2010/06/18/aborto-e-a-droga-das-novelas-brasileiras/

E na rídícúlá novela Pazzione-do-Baralho, além do clichê culpatológico acerca do aborto, tem essa idéia do racismo novamene em cena: o personagem do Werner Schunemann (o escrotossaurus rex Saulo Gouveia) tem um assessor negro,o Noronha (interpretado pelo Rodrigo dos Santos). E vou dizer que, ok, apesar de não seguir 100% a droga-da-novela, eu ainda não entendi qual é a função do Noronha, pq todas as cenas em que o vi, o tal do Saulo só fez humilhar-xingar-esculhambar o Noronha. Parece que o tal assessor mais é funciona como um saco de pancada do que um assessor.
Lamentável, mas sinceramente ficaria surpresa se a Platinada-mor exibisse algo diferente do clichê.

BeiJux


adoraria dar pitacos e poder ajudar a escrever sobre esse tema!

Flávia disse...

Oi Lola!
Primeira vez que comento aqui, apesar de ser leitora há algum tempo.

Bom, vi "Viver a Vida" toda, e não acheo que essa cena da Taís Araújo tenha ofendido a população negra. O papel que ela interpretava não era de uma pessoa negra. Era uma modelo, que se fosse interpretada por uma ruiva, loira ou índia daria o mesmo sentido, não seria necessário alterar nenhuma fala. E essa cena do tapa teria acontecido com qualquer atriz que interpretasse, pois o motivo foi o que "Helena" fez com a personagem de Alinne Morais (foi um pouco responsável pelo acidente que a deixou tetraplégica). E a atitude da personagem de Lilia Cabral foi em defesa da filha, e nada tem a ver com o fato de ela ser negra.

Sabe o que fica parecendo? Que querem encontrar sinais de descriminação em todos os lugares e falas. Quanto mais nós enxergarmos preconceito e racismo em todas as coisas, mais difícil será para que a sociedade deixe o racismo de lado. Essa cena é um exemplo. Não conseguem ver que a cena seria a mesma, mesmo se fossem duas brancas ou duas negras. Quem sabe se paramos de procurar racismo em tudo, ele não acaba de vez?


Beijão!

Anônimo disse...

A novela em que Tarcisio Meira humilhou um empreggado negro foi Patria Minha( 1994/1995)- lembro atpe o nome do personagem negro: Kennedy, tamanha a repercussão que isso teve aqui.
A Próxima Vitima( 1995), foi a primeira novela que retratava uma familia negra de classe média, com negro gerente de banco, e por aí vai. Os atores que faziam parte da familia negra eram: Antonio Pitanga e Zezé Mota( os pais), Camila Pitanga, Norton Nascimento e Lui Mendes( os filhos)- o personagem do último era homossexual. Essa novela tbem mostrou um episodio de racismo, quando um representante de vendas de um condominio de recusava a vender um apto pra essa familia" pq não queriam negros morando no condominio", sinceramente não lembro como terminou essa saia justa na novela- já faz muitos anos...
bjs

Anônimo disse...

Eu sou noveleira e posso ajudar.

A cena de viver a vida, dita assim, fora de contexto, me parece mesmo a 'mania' de representar o negro como sujeito passivo, manso (mesmo que de forma inconsciente o autor faz isso).

Mas eu digo aqui o contexto e vocês tirem as próprias conclusões:

Thaís Araújo era uma modelo internacionalmente conhecida, e foi fazer um trabalho fora do país, juntamente com a iniciante Aline Moraes (filha de lília cabral). As duas estavam tentado se entender, já que Thaís Araújo havia se casado com o pai da Aline Moraes (zé mayer), e thaís estava tentando impulsionar a carreira da enteada. Só que antes de tudo isso, Aline moreaes meio que tinha inveja do sucesso de thaís, eram rivais de profissão, nada muito sério. Eis que na viagem, dois caras lindos entraram na vida delas. Aline ficou a fim de um deles (tiago lacerda); ele, por sua vez, se apaixonou pela thaís. Aí surgiu a inveja e, no último dia de viagem, aline moraes, só para ferir thaís araújo, joga na cara que o sucesso dela se deve unicamente ao fato de, no inicio da carreira, ela ter praticado um aborto. Thaís (NEGRA) dá um tapa na cara da Aline (BRANCA). E impede ela de voltar em seu carro particular, obrigando ela a voltar no ônibus com as demais modelos (menos famosas que thais). Aí, o ônibus sofre um grave acidente e Aline fica tetraplégica. Thaís fica com remorso. Qualquer um ficaria com remorso. E a mãe de aline moraes (lília cabral), entra em desespero. Fica com raiva da vida e tenta achar um culpado. Já que thaís tinha se comprometido a cuidar da filha dela durante a viagem, dando a sua palavra e, mesmo assim, pelo motivo que fosse, a impediu de viajar no carro com ela, e por azar do destino o ônibus sofreu o acidente, ela coloca a culpa em thaís araújo. A cena é muito mais um desabafo por parte da mãe, e um pedido de perdão para desencargo de consciência por parte da madrasta. Ela nunca se livrou da culpa.

Não achei a cena racista. Aliás, eu tento agir com naturalidade quando há um negro em cena, ou quando ele é protagonista. Não fico repetindo 'ela é a primeira negra a protagonizar uma novela das oito', porque pra mim, isso devia ser natural. Assim como não atribuo o fiasco da novela a atuação dela. Não gostei porque é uma novela morna, como todas as do manuel carlos.

Em relação ao núcleo negro (família da thaís araújo), devo dizer que era uma família bem de vida. Tinham uma pousada em búzios e a funcionária deles era loira de olhos azuis. Negro com uma empregada branca. Isso era visto com naturalidade por todos na novela (e, espero, pelos telespectadores). A irmã da thaís araújo namora um bandido que, lá pelo meio da novela, tenta se regenerar, mas acaba assassinado no último capítulo. E só..

Agora vocês podem tirar as próprias conclusões.

Anônimo disse...

@Flavia:

só uma pergunta: então qual é o papel de uma pessoa negra?

Jux

Shiryu de Dragão disse...

Lola, teve outra novela, acho que Vale tudo, os os anjinho foram retratados com crianças todas loirinhas e branquinhas e os capetinhas com criancas negras! Morri de rir na hora! E deu todo um bafafá na epoca.
Alem disso, a Record exibe a serie "Todo mundo odeia o Cris", onde fala sobre racismo na decada de 80. É a adolescencia do Cris Rock. Ele tb é o produtor. É otima essa serie. E tem ate um ruivo gordo horrorozo xingando a persona do Cris dos piores nomes possiveis: cocôzinho, picole de piche. E é tudo comedia (de humor negro).Eu amo essa serie. Vc tem que ver.
Mas na novela Viver a Vida, eu concordo sim com o tapa. A Helena mesmo sendo interpretada por uma negra estava se comportando como uma branca. Mesmo se Helena fosse uma branca, ela ainda iria merecer um tapa. Ela foi incubida de levar a filha da marta pra Jordonia e deixa a menina voltar sozinha. Totalmente irresponsavel.

Anônimo disse...

MeuBaralho!
Tô ficando BEGE com ALGUNS dos comentários!

É hoje que o bloguinho pega fogo, hein, Loláxima!

Unknown disse...

Eu tava pensando aqui sobre a representação, ainda mais depois de ter organizado uma palestra na UFF sobre a representação do negro no audiovisual. Ai veio essa questão do negro ser sempre representado como empregadas domésticas, seguranças, motoristas. Mas eu sinceramente pensei que talvez isso não seja um problema. Se pensarmos no audiovisual como representação da sociedade, negros ainda ocupam cargos inferiores na escala salarial. O problema tá justamente quando eles são meros figurantes, já que o autor poderia muito bem focar na vida de uma empregada doméstica, de um porteiro; sem ter que ser um núcleo comico ou what so ever. Por outro lado, se ainda considerarmos pelo lado da representação, a classe média definitivamente possui mais negros do que aqueles representados em novelas, o que pra mim torna mais que óbvia a necessidade de cotas para negro nos audiovisual.
Na novela Páginas da vida(penultima novela do Manoel Carlos) foi retratada a questão do racismo, mas de forma bem artificial, aonde uma garota não queria ficar no mesmo ambiente aonde tinha negros, e sua mae sendo complacente com isso (como se o racismo fosse realmente só isso).
Ps: Vi o MTV debate e o Lobão é um babaca

Paula Penedo disse...

Sei lá, eu não acompanhei a novela, então fico meio assim de comentar, mas acho que devemos levar em consideração o contexto.
Não adianta apenas falar que o papel dela poderia ser de uma branca, que não via ela como negra, que ela agia como branca (o que quer que isso signifique), ou que via a novela como se fosse normal ter protagonistas negros porque isso simplesmente não é normal. Se fosse comum, ainda vá, mas não é.
Outra coisa. Do que eu me lembro, todas as Helenas do Manoel Carlos são aquelas chatinhas perfeitas sem sal que não fazem nada de errado, aí, com a primeira Helena negra eles resolvem colocar alguém cheio de defeitos. Eu cansei de ouvir adjetivos negativos sobre ela, deste a atuação da Taís Araújo até o cabelo, o fato dela ter feito um aborto (oh, que horror!), ou dela ser uma p**ta.

Dáfni disse...

Puxa, tinha até me esquecido desta cena do tapa... felizmente, eu não vejo mais novelas, então não vou poder ajudar...

Mas esta história de que negro só aparece como serviçal, motorista, pobre, é bem verdade. Impressionante. E o pior é que isso ainda acontece.

Clara Gurgel disse...

Me lembro que na época da novela, Thais Araújo foi muito criticada por sua atuação, quando comparada as outras "Helenas" de Manoel Carlos(é sua marca ter sempre em suas novelas,uma personagem com o nome de Helena).Mas,creio eu,que a coisa ficou mais no campo da avaliação dela como atriz mesmo.Eu pelo menos não vi como preconceito racial,embora muita gente "jurasse de pezinho junto" que era.
Outra coisa que achei estranha na novela, foi o "chabu" que fizeram em torno da "Helena" ter cometido um aborto. "Ôh!Nunca uma modelo antes havia feito isso?!" Sei lá...numa novela toda metida a "modernosa",ficou meio fora de contexto!

João disse...

Tiro chapéu para o comentário da Flávia. Se eu o tivesse escrito, não tiraria uma vírgula sequer. Os maiores preconceituosos são aqueles que veem preconceito em tudo!

lola aronovich disse...

Gente, tô amando os comentários. Vcs estão me ajudando muito! Eu não vi a novela, mas vi a repercussão que teve a cena do tapa na época. E lembro, sim, que vári@s de vcs escreveram posts sobre a cena (se puderem colocar o link aqui, como vem fazendo, ajuda muito!). Pra quem diz que acusar essa cena de racista é frescura (a Priscilla mandou um link da Veja falando que quem reclama da cena são “os chatos de sempre” e estão falando besteira. Claro, né? Vcs conseguem pensar na Veja do lado de um movimento social?), eu peço pra que olhem o contexto. Pra começar, foi na Semana da Consciência Negra. Não é nem um pouquinho ruim que uma personagem negra se ajoelhe pra pedir perdão e leve um tapa da superior, branca, que a culpa por não ter tomado conta da sua filha? “Tomar conta” é meio que coisa de subalterno, não é? Não sei, gente, eu vejo essas justificativas (a Helena poderia ser branca e daria no mesmo!) como aquelas de quem acha que um branco usar uma camiseta escrito “100% Branco” é igual a um negro usar uma camiseta “100% Negro”. Se a gente só analisar as camisetas, talvez seja parecido mesmo. Mas pra isso a gente tem que apagar TUDO em volta: a história, a discriminação, movimentos como o orgulho negro, etc. Enfim, todo o contexto.

Ah, Mariana, sobre a família negra da Helena, me falaram que havia uma funcionária branca. Mas também que ela era o ser racional da pousada (era pousada?). Ela que organizava as contas e tal. Isso confere?

Continuem comentando, por favor!

Flávia disse...

@dolcinha

Acho que me expressei mal. "Papel de pessoa negra": quis dizer que poderia ser intepretado por pessoas de qualquer raça, não exclusivamente negra.


=)

Flávia Simas disse...

Acho complicado falar de contexto quando se trata do assunto 'negros em novelas'. Tá, pode existir negro mal-caráter, assim como pode existir branco, ruivo, japonês e por aí vai, que não tenham caráter. O problema está, a meu ver, no quê o contexto de uma novela pode fazer em prol ou contra TODO um grupo marginalizado.

Ainda mais em um país que diz que não é racista mas coleciona piadinhas sobre negros. Onde os próprios negros tentam se 'branquear' (ou quem nunca ouviu falar em 'purificar a raça'). Um país em que se vincula o caráter à cor de pele (quem nunca ouviu dizer de alguém que proteje a bolsa ao passar por um negro porque a maior taxa de criminalidade está entre negros?).

Daí me vem um Maneco, com todo o seu brilhantismo de elite, achando que pode simplesmente contextualizar uma cena dessas. Só que não dá. Não adianta querer bater na tecla do contexto e dizer que o preconceito está na cabeça da gente, porque há muita construção social em jogo. Há todo um ideário coletivo que prega que serviço bem feito é serviço de branco. Que existe muito preto de alma branca. Que mexer com preto é ter dor de cabeça na certa. Que preto, quando não suja na entrada, suja na saída. E por aí vai.

Daí que nem forçando a barra, o Maneco conseguiria dar a mesma carga significativa a uma modelo branca de joelhos. Uma negra de joelhos, admitindo que errou, só serve para confirmar uma dezena de preconceitos que as pessoas já possuem, de longa data, acerca desse grupo étnico. Eu não assisti a novela, mas consigo pensar num monte de conhecidos que diriam 'tá veeeeendo, preto só faz merda meeeeermo'. E aí, comofaz num caso desses?

Eu até entendi o que a Flávia quis dizer com O papel que ela interpretava não era de uma pessoa negra . Mas não compro a idéia. Talvez, daqui a uns dez anos a situação dos negros tenha melhorado significativamente para que possamos dizer isso. Talvez as pessoas tenham parado de relacionar a palavra 'negro' a algo ruim, pejorativo até. Mas até lá, qualquer personagem negro em novelas estará representando todo um grupo marginalizado SIM.

Julia disse...

O que eu mais acho interessante nessa questão é:

Vocês já notaram que, querendo ver racismo contra negros, SEMPRE EXISTE?

Mas não se pode dizer o mesmo de racismo contra judeus ou brancos, por exemplo. Não é em toda novela que tem. Não é muito fácil pegar isso e dizer "Olha, é racismo contra brancos". É bem difícil, circunstancial até.

Então, quando "queremos" ver discriminação em tudo, queremos quando é discriminação contra negros. É facílimo ser "paranóico" vendo racismo contra negros. Por que é que SEMPRE existe algo que pode ser interpretado como racismo contra negros? Isso não é interessantíssimo pra vocês? Na novela de um cara que disse que "não imaginava uma Helena negra", temos uma cena emblemática e significativa que fica nas nossas cabeças e pode ser associada a uma interpretação racista.

Acho que é coincidência demais, sinceramente.

Marissa Rangel-Biddle disse...

Olha, Lola, eu ia indicar os escritos da antropologa Lilian Goldenberg já que não vejo novelas. A Lilia tem um estudo sobre a representação do negro na propagando brasileira. Não é novela, eu sei. Daí, que lembrei que a Denise Arcoverde fez um post exatamente sobre o tapa entre as atrizes de Viver a Vida.

Estava lendo os comentários e fiquei com uma coisa na cabeça - minha mãe sempre diz que o negro ser subalterno de um branco no BR é tão perfeitamente lugar comum, tão aceito como 'normal' que a pessoa não consegue mais enxergar racismo como no caso da cena da novela. É como se fosse se essa familia branca com empregados negros (todos sem vida além dos seus serviços para o patrão) estivesse no 'lugar'. Daí vem essa cegueira da maioria dizer que não é racismo, que ele não existe, que paremos de falar nele porque obviamente falar nele deixa muita gente desconfortável.

O Manuel Carlos é um idiota e detesta mulher. Todas as mulheres de suas novelas são punidas se fizeram aborto. Ele tem uma tara incrivel por colocar no 'lugar' as personagens que fizeram aborto, que não são recatadas, que são ambiciosas na carreira etc. Essa lorota dele ter colocado a primeira protagonista negra numa novela das 8 é pura lorota.

Teve um casal interracial interpretado pela mesma Thais Araújo e o Gianechinni que quebrou uma certa barreira de como o negro é representado numa novela e de como o racismo foi tratado. Não me lembro o nome da novela mas alguém ai deve lembrar.

bjs

Vanessa disse...

Vi muito pouco dessa novela, mas vi essa cena específica e na hora não entendi direito porque custou tanto para eu engolir aquilo. Depois, vieram os comentários sobre a cena ser racista e tal, aí eu entendi uma parte do que estava me encomodando. Mas além da parte do racismo, tinha a história da culpa da Helena e do merecimento do tapa. Aí, não dá para engolir mesmo. Espero anciosamente o dia em que as pessoas vão parar de culpar as outras pelos próprios erros e assumirem as consequências dos seus atos. A única responsável pela situação em que estava era a própria Luciana e ponto. Se ela fosse menos chata, mimada, blá, blá, blá, ela teria ido no carro com a Helena e pronto. Qual é a dificuldade de se entender isso? E outra coisa, não suporto essa história de toda novela ter uma cena de mulher se estpeando e ser o momento auge da novela inteira. Só existe essa forma de resolver as coisas? Que preguiça!

Desculpas, Lola, saí um pouco do assunto, mas essas coisas me irritam. rsrs

Marissa Rangel-Biddle disse...

Julia, da mesma forma que a a palavra heterofobia não deve nem existir porque vivemos em um mundo heterocentrado, racismo contra brancos é outra expressão que só um completo canalha usa porque vivemos em um mundo que ser branco é tido como norma, centro.

Um branco nunca vai correr o risco de ser levado a sério ou não, perder o emprego ou não por ser BRANCO. Já o negro....

Marissa Rangel-Biddle disse...

Como que o papel que a Thais interpretava não era de 'uma pessoa negra' se houve toda essa convulsão destacando que ela seria a primeira negra protagonista de uma novela das 8 na Globo?

A gente tem de contextualizar, né não?

Anônimo disse...

Ah Loláxima!
Lembrei de mais um item. Ok, quase offtopic, pq não tem a ver com negro nas novelas, mas com o negro da sociedade em si.

Há algum tempo fiz um post sobre a campanha "Começar de Novo", do Conselho Nacional de Justiça. A foto que ilustra a campanha mostra um ex-detento com o rosto demarcado em branco e negro. Na parte branca do rosto, a palavra "trabalho" e na parte negra do rosto "volta ao crime".

BARALHO! Eu escrevi sobre isso, no sótão (http://dolcinha.wordpress.com/2010/02/03/projeto-do-cnj-comecar-de-novo-e-o-racismo/)

Escrevi para o CNJ, falando disso. JAcaré respondeu? Nem ele.´

É aquela velha história: o "troço" é tão sedimentado no senso comum que quando as vítimas do preconceito reclamam de que isso/aquilo tem cunho racista, SEMPRE vem o discurso do "a gente tem mania de ver racismo/machismo em tudo".

A questão não é ver o racismo/machismo em tudo. Phoda é que ele é tão naturalizado que destacá-lo implica em tirar a prática preconceituosa do lugar-comum. Significa dizer, assumir que essa/aquela é "uma prática racista/machista" e com isso pouca gente ficaria "bonitinha" nas pesquisas de opinião.

Phoda!

Jux

Anônimo disse...

Parte do problema é que as negras e os negros estão tão mal representadas na televisão que as pessoas brancas são pessoas e as pessoas negras são negras. Daí o autor põe uma cena dessas na semana da consciência negra e o pessoal acha racista. Eu também acho, mas isso não é racista porque o autor seja um cara malvadão que odeia negros, é racista porque, por propósito ou acidente, reproduz um estereótipo negativo, de que a pessoa negra é ou tem de ser submissa à branca.
O que eu queria ver era alguém um dia fazer uma novela onde quase todas as personagens fossem negras, com uma ou duas brancas fazendo papéis com conotações negativas, valeria até a pena ligar a televisão.

Valéria Fernandes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Valéria Fernandes disse...

Eu não vi Viver a Vida, odeio Manoel Carlos e esta novela foi particularmente nojenta pelas poucas cenas que assisti (*Ênfase na personagem do Zé Mayer, para mim, alterego do autor*). Não dá para esperar nada de bom desse sujeito. Mas falando do documentário, eu gosto muito dele, exibo para meus alunos e alunas, apesar de algumas críticas bem sérias:


A primeira é que a Isaura não foi colocada como uma branca por uma atitude racista, ela simplesmente é branca no livro. O racismo é do autor original, que tenta mostrar que a escravidão é horrível, porque até uma branca (*e pura, e meiga, e mais culta que qualquer outra mulher branca de sua época, etc.*) pode ser submetida a essa situação. Essa é a perversão para o autor, o que ele usa pra comover o seu público. E mais, a novela original, uma das minhas favoritas, ainda reabilita outras personagens negras, como o André, que, no livro, são pérfidas (*Quem é ele para desejar uma mulher como Isaura?*) e coisa e tal. Acho que a crítica à Isaura branca não faz sentido mesmo, até porque ela é branca no livro e ponto final. É querer ver cabelo em ovo.


Outra coisa que me incomoda muito em A Negação do Brasil é a mania de certos segmentos do movimento negro de dividir a população brasileira em preto e branco. Anulam-se as diferenças, anula-se a herança indígena entre outras. Dizer que uma Sônia Braga é branca é piada de mal gosto. Eu acho muito pertinente usar a categoria “socialmente branco” e “não-branco”, porque elas ajudam muito. Até um branco brasileiro pode ter problemas em certos países, porque lá será tratado como “não-branco”. Sônia Braga poderia até não ser a Gabriela ideal, nisso eu concordo, mas branca ela não é.


E, claro, o João Zito é fã de Manoel Carlos. Ele mostra a cena da agressão do marido branco à esposa negra, a discussão sobre ter um filho mestiço e coisa e tal, mas não mostra o final magistral que o Sr. Manoel Carlos com o casal terminando feliz, porque a esposa pariu um filho branco. Não há nenhuma crítica, NADA! E eu nem vou comentar a tese do Joel Zito, porque no livro, que eu li todinho, ele mostra o quanto odeia o Gilberto Braga, responsável pela cena racista de Pátria Minha que detonou a reação do movimento negro mostrada no documentário (*e eles tinham toda a razão*). Ele não se posiciona criticamente sobre Manoel Carlos e, lá pelas tantas, ainda me solta um “A questão da mulher (*assim, no singular, claro*) já foi resolvida na telenovela, a do negro, não”. Como assim? Ah, se eu estivesse na banca dele...


Mas há uma crítica dele que é muito, muito, muito pertinente: os negros continuam fazendo papéis subalternos ou cômicos, são presença minoritária na tela (*vide a excelente TiTiTi que peca neste aspectos*) e, o que é mais importantes, não tem família. A maioria das personagens negras é solitária, sem laços com sua comunidade. Neste aspecto, pelo menos, o Manoel Carlos conseguiu avançar um pouco em Viver a Vida, mas somente nisso.


E fecho repetindo: acho o documentário fundamental, exibo para os meus alunos sempre que posso, mas não vou fechar os olhos para os grandes problemas que ele tem.

Diogo Didier disse...

Muito bom o seu blog! Naveguei muito na net para encontrar um blog que falasse sobre essa temática. Infelizmente, no Brasil, o negro ainda vive sobre o prisma da estigmatização e a mídia, que deveria propagar um outro discurso sobre essa massa, prefere perpetuar o racismo e a segregação.

Lamentavelmente eu não posso te ajudar, no que tange os capítulos dessa novela, pois não a assiti. Entretanto, a cena retratada no seu post me causou um profundo repudio. Lembro-me bem que nesse dia o meu professor da faacu teceu um comentário bem parecido com o que você descreveu acima.

No meu espaço, eu também procuro, vez ou outra, falar sobre os grupos marginalizados pela sociedade (mulheres, negros e homossexuais). Em breve, farei algo ligado a temática negra, pois acho de extrema importância descontruir esse discurso escravocrata existente em nossa sociedade.

Parabéns pelo blog linda!

Estarei sempre por aqui...
bjoxxxxxxxxxxxxx

Unknown disse...

Eu não tenho o hábito de ver novelas, sejam da Globo, sejam da Record ou do SBT (aliás, as do SBT são as mais racistas, com 100% de atores brancos - até as empregadas), mas há algumas delas que acompanhamos contra nossa vontade, pelo ar, sendo impossível não ter conhecimento da essência do enredo e de algumas cenas. Lembro que, na época em que a cena de Helena de joelhos foi ao ar, pouquíssimas pessoas notaram seu viés racista (lembro só de um texto do Emir Sader, eu acho), que está muito mais no aspecto simbólico da imagem de uma negra ajoalhada diante de uma branca, chorando, após um tapa (na semana da consciência negra?!), do que no próprio conteúdo narrativo da cena. Para mim, foi uma espécie de mensagem subliminar, um jeitinho de desafiar aquilo que tantos reacionários criticam como "politicamente correto", um jeitinho sutil de cravar no horário nobre uma visão do negro como submisso, fraco e inferior. Em quantas outras cenas da Globo, mulheres se ajoelharam diante de outras? Podem até ser mais comuns cenas de mulheres se ajoelhando para homens (!), mas para outras mulheres? Só sendo mesmo numa relação branca x negra.

OBS para o comentário da PAOLA: sem querer fugir do assunto do tópico (e já fugindo, mas é que, como carioca, ñ dá pra deixar passar), acho que esse seu trecho: "O irmão cdf era arquiteto, que trablhava de terno e gravata (no Rio de JAneiro?)" ficou ambíguo e pareceu deixar passar uma certa visão estereotipada e bem preconceituosa do Rio, como se fosse exótico alguém trabalhar e usar terno na cidade, afinal, nós e os baianos só queremos saber de praia e carnaval, e usamos biquini o dia todo ... XD

Índigo disse...

Ah não! Mas pérai que eu não vou nem terminar de ler esses comentários!!

As pessoas merecem tapas?!?!?!?!?! Gente, é ,sério, DE ONDE VOCÊS SÃO???????? Porque desse planeta não deve ser. Ou então eu sou um et.

Depois: CULPA, peraí, CULPA, responsabilidade, por um ACIDENTE??????????? (lola me desculpa, mas só posso me expressar da seguinte forma:) vao tomar nos seus **s!!!!!

e outra coisa: esse papinho de raça me dá nos nervos! e cor da pele: AMARELO??? PARDO??? BRANCO??? PRETO??? não tem ninguém azul??? o que define a "raça" é o fenótipo ou o genótipo? porque aí entao os brasileiros somos uma cambada de SRD - salvo, claro, os orientais que não se misturam com essa gentalha.

desculpem a alteração, eu nem vejo tv, mas putaquemepariu, tem coisa que me tira do sério!

Índigo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paula Penedo disse...

Louise, acho que ela disse isso por causa do calor do Rio de Janeiro. Que seria mais provável se ele fosse trabalhar de jeans e camiseta.
E é verdade. De terno e gravata no Rio eu só vi advogado e alto executivo.

Anônimo disse...

@Stela:

As pessoas merecem tapas?!?!?!?!?! Gente, é ,sério, DE ONDE VOCÊS SÃO???????? Porque desse planeta não deve ser. Ou então eu sou um et.
Não, as pessoas não merecem tapas e repetir esse tipo de lógica da vilência num meio de formação de opinião de grande massa feito a TV é perigosíssimo.

Depois: CULPA, peraí, CULPA, responsabilidade, por um ACIDENTE??????????? (lola me desculpa, mas só posso me expressar da seguinte forma:) vao tomar nos seus **s!!!!!
Acho que não precisava mandar ninguém tomar no rabo não, ou no CÚÚ, como preferir. A questão da culpa foi o que o autor da cena da novela apresentou para justificar o tapa da personagem-mãe-branca na personagem-modelo-negra.

e outra coisa: esse papinho de raça me dá nos nervos! e cor da pele: AMARELO??? PARDO??? BRANCO??? PRETO??? não tem ninguém azul??? o que define a "raça" é o fenótipo ou o genótipo? porque aí entao os brasileiros somos uma cambada de SRD - salvo, claro, os orientais que não se misturam com essa gentalha.
Raça... Há zilhões de anos atrás tb compartilhei dessa opinião de que "raça era papo furado". Até perceber que, em sendo NEGRA, as pessoas de modo geral tem bastante facilidade para identificar minha raça. Quer um exemplo: até hoje a recepção dos prédios SEMPRE sabe indicar meu elevador (o de serviço, claro).

Kenji disse...

Oi Lola. Sabe que desde os posts do Alex Castro sobre racismo eu não consigo mais ficar indiferente a essas discussões? Principalmente porque já fui desses que dizem que "o racismo está nos olhos de quem vê e nos ouvidos de quem ouve". Daí que quando eu ouço isso hoje em dia até me dói a barriga, pq eu já falei esse monte de ingenuidades tb. Mas olha, pensando bem, que bom que eles (os comentaristas) estão aqui, não é? Digo, eles poderiam estar em outro site qualquer, xingando o Joaquim Barbosa ou fazendo campanha pro Serra, mas estão aqui. E pelo menos até onde percebi, esses comentaristas não são trolls ou alucinados, só estão desinformados. E você escreve com lucidez suficiente pra gente perceber quando estamos sendo racistas, ou machistas, ou homofóbicos. E nós sempre estamos sendo(ou pelo menos eu, homem, branco, hétero, classe média... sempre estou sendo e tentando lutar contra).

Pra quem fica zangado com a acusação de racismo, dizendo que isso é persecutoriedade do movimento negro: fique bravo mesmo, fique puto. Até o ponto em que você tenha que discutir isso com todo mundo, a todo momento. Quem sabe assim nosso racismo sai do limbo e ganha corpo. Daí você vai ver como é racista também.

Potyra disse...

E eu que tenho um cabelão cacheado (mais pra ondulado) e quando era criança brincavam que eu era FILHA DA EMPREGADA (será influência das novelas), mesmo que a falta de melanina na minha pele concorria com padrões nórdicos, a "rebelião" dos meus cachos tava lá pra lembrar meu PEZINHO NO TERREIRO, a questão é que meu cabelo é bonito pra cacete hoje assumo meus cachos mas minha sobrinha de 6 anos disse para eu alisá-los pq ela acha cabelo cacheado feio e ontem pediu pra eu passar CHAPINHA (e olha que o cabelo dela já é liso), esses conceitos de que tudo que lembra descendência negra é ruim começam desde cedo...

Índigo disse...

@dolcinha

ow, beleza, mas quem falou que ela merecia um tapa e que se sentia "culpada" pelo acidente não fui eu. fiquei chocada. ¿permiso? essas coisas me chocam. muito.

depois, eu te entendo (apesar de ter nascido branca com cara de boneca de corda). meu namorado é [descendente] japonês e sofre de preconceitos bons (se é que isso existe) a quase tentativas de linchamento quando um juiz koreano apita um jogo do brazil.

esses dias veio alguém me dizer que a gente era um "lindo casal interracial" eu fiquei tipo WTF???

depois, não to dizendo que nao existam esses preconceitos (de cor ou raça, como queira), mas esse lance de raça realmente me incomoda. assim com "universo masculino" e "universo feminino" ou "mundo árabe".

se eu acreditasse que um dias as pessoas poderiam conviver compartilhando o único planeta habitável entre elas eu teria filhos, mas não.
ou, se alguém souber de uma nave alenígena querendo abduzir alguém, me indiquem.

Anônimo disse...

AHh, nao, lola, nao acho que a funcionária branca fosse a racional da casa.

Ela fazia as contas porque era paga para isso e, de qualquer modo, porque ninguém aponta que uma loura fazendo contas é um passo dado contra o preconceito para com elas (em relação a inteligencia hahah)?

E ela fazia outras coisas também... Enfim. A patroa tinha grana suficiente para aproveitar a vida e pagar alguém para cuidar da burocracia.

E essa funcionária era bem preconceituosa em relação ao namorado da filha (o quase ex-bandido). Não porque ele fosse negro nem nanda, mas por causa do histórico nada encorajador dele. Mas ela nunca deu uma chance para ele mostrar que poderia mudar. E preconceito, pra mim, não tem nada a ver com racionalidade.

Mas tinham coisas esquisitas sim. Ela, por ex, sentava-se na mesa com os patrões. Mesmo em novelas do manoel carlos, isso é fora da realidade, posto que as demais empregadas da novela (embora a loira não fosse doméstica como as demais), não tinham esse direito (embora opinassem demais na vida dos patrões).

Luna disse...

Lola, nisso posso te ajudar: eu assisti à essa novela.

Lembro que Taís Araújo assumiu o papel porque no roteiro, de acordo com ela, estava escrito "Helena, mulher, 30 anos": não tinha nada que era pra uma negra. Então ela se sentiu assumindo um papel não porque ela era negra, mas porque ela era atriz. Para ver o quanto fez diferença.

Só que a novela era tão, mas tão machista que eu mal notava o racismo. Sabe quanto o preconceito se amontoa tanto que você só consegue distinguir os mais chamativos? Foi por aí.

Embora a cena pura, se fosse descrita somente, não seja racista... todo o contexto indica que a cena foi racista, sim. Eu entendo a aflição da mãe em procurar um bode expiatório para justificar a tetraplegia da filha. Mas, francamente, Helena não tem culpa. Ela não ia prever que o ônibus iria se acidentar. E Luciana estava insuportável e não precisava de ninguém pra tomar conta dela.

Joia disse...

Lola,

a escrava Isaura era retratada como branca nao por um motivo racista, mas pela estrutura mesmo da historia, um caso famoso que diz a lenda foi verdade... uma escrava branca (genéticamente possivel)... dai o conflito dramatico- aparência x descendêcia e tudo o mais...
eu lembro bem desta época... o mocinho da historia nao se comparava ao terrivel vilao Rubens de Falco...
Boas pesquisas e conclusoes, é um assunto tao interresante!
Joia.

Anônimo disse...

AHH, a novela que a maria bride (é isso?) falou, da thaís araujo com o reinaldo gianechinni é da cor do pecado. Infinitamente melhor. excelente novela..

Luna disse...

E falei pouco demais. Em relação à empregada branca e loira, acho que ela era simplesmente cuidava das finanças. A dona chefiava tudo e ela obedecia, mas eram amigas, viajavam junto e tudo o mais.


O que eu mais me lembro dessa novela é o machismo: todas as mulheres ricas e mais velhas eram bancadas pelos maridos, exceto a Natalia do Vale que era superpreconceituosa: odiava Luciana, pq era tetraplégica, odiava outra que esqueci o nome porque era prostituta. Curiosamente era a que bancava o marido (só pode, porque nunca vi ele trabalhando, só jogando e sendo o cara legal) com as fotografias de estúdio que ela fazia. Ela fotografava mulheres mais velhas em poses sensuais, o que eu achava legal, mas totalmente contraditório que condenava todas as outras mulheres.

Betina era a pior. A sua maior preocupação na vida era trair seu marido sem que ele descobrisse. Muito, muito chato.

Helena vivia se martirizando por causa do aborto. Seu marido era horrível, jogou na cara dela o aborto, que ela não fazia nada, que ela tinha que parar de trabalhar para provar o amor dela por ele e ela, tonta, fez. Até que o casamento desandou e ela percebeu que o que amava era trabalhar. Mas a novela foi morna, sabe, e a atuação dela fez parte do conjunto. Ela era muito melhor como Preta e Alicia, de Da Cor do Pecado e A Favorita. As personagens eram mais fortes. Mas o cabelo dela... o cabelo me dá inveja até hoje, mesmo sabendo que é aplique.

Isso me lembra o que um conhecido me contou esses dias, horrorizado. Ele tinha ouvido a tia dele falar em relação à Helena de Taís: "negro não presta mesmo para rico. veja só essa Taís!"

Horrível, né? Assisti aquela novela só querendo ver logo o final para não ver mais a seguinte.

Além disso, o povo fez o maior escandâlo que Helena terminou justamente com o filho do ex-marido. Ele, claro, odiou. Se não me engano, ele achou que era traição. Aquele personagem era tão detestável... tive vontade de vê-lo sofrendo um belo acidente de carro. Ele era tudo de ruim.

Odeio as novelas de Manoel Carlos. Não sei porque continuo assistindo novela. É masoquismo!

Anônimo disse...

Stela, pára de dar chilique a toa, vai?

Falo por mim: independente da culpa real da pessoa, as vezes a gente se sente culpado mesmo sem ter tido culpa. E muitas vezes também, a gente fica tão infeliz ou com ódio de um acontecimento (que não poderia ser evitado ou previsto por ninguém, muito menos foi desejado ou planejado), que acabamos por querer culpar alguém, mesmo esse alguém não tendo culpa nenhuma.

Não digo que as personagens agiram certo (uma se culpando e a outra jogando a culpa), ou que foram racionais. Só digo que isso acontece (independente da cor da pele das pessoas). Ou você nunca ouviu falar de se sentir culpada ou de ser injusto num julgamento porque a dor não nos deixa enxergar a realidade??

E tem mais: mesmo se você se sentir revoltadinha ou discordar das pessoas, isso não te dá o direito de mandar ninguém ir para o lugar que seja, ok?

Índigo disse...

@Mariana tá bom, mãe!

Índigo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lord Anderson disse...

Lola, desculpe fugir totalmente do tema, mas queria avisar todo mundo dessa tremenda cara-de-pau.

Um grupo anti-Dilma (não é só ante-candidatura é contra a pessoa mesmo) criou um blog usando o nome dela

é dilma.rousseff.net.br

o autor usa um vies religioso e diz agir em nome do espirito santo p/ convocar todos a "salvarem" o pais, não votando no PT.

Fiquei indignado.

Mesmo ,normalmente, não sendo eleitor do PT, esse tipo de golpe baixo e mistura de religião com debate politico me revoltam.

Ághata disse...

Lolinha, querida, se você escrevesse artigos acadêmicos sobre discriminação de gênero e racismo, facilitaria tanto a vida de acadêmicos que tem monografia para escrever...

Ághata disse...

Eu vi a cena e achei ridícula, absurda, aliás, esta não era a única cena ruim, não! Tem uma cena bizarra no início da novela, quando a protagonista vai conhecer a casa do novo marido e a ex fala com ela de um jeito meio... Enfim, ela parece a garota novinha, aproveitadora que destruiu a família e talz...
Isso sem falar na eterna culpa por causa do aborto.

Anônimo disse...

Então.. o fato é que, na minha opinião, as pessoas erraram de preconceito nessa novela: o machismo é muito pior que o racismo. Todas as vezes que alguém olhava torto pra helena por ela ser negra, isso era visto como um comportamento negativo. já os preconceitos por ela ser mulher e independente, era repetidos como se isso fosse normal...

Anônimo disse...

Ess Viver a Vida, nem precisei assistir pra ver como é ruim de doer... E quem não conseguiu ver racismo nela, desculpe, mas tá cego...
Mesmo q sejam madrasta e enteada, a Helena e a tal fulana lá (esqueci o nome) tinham quase a mesma idade; alguém aqui acha msm q faz sentido a Helena "tomar conta" da fulaninha? Era alguma criança, por acaso?
Daí a mãe da fulaninha vem e dá um tapa na cara da Helena ajoelhada, só faltou ela dizer um "disculpa, Sinhá, não protegi a sinhazinha".
Quem tem olhos, abra!

=Maíra= disse...

Oi, Lola!

Tenho uma amiga, a Adriana dos Reis Silva, que fez a dissertação de mestrado exatamente sobre a questão do negro nas telenovelas, e uma das novalas que ela analisa é "Viver a vida". Dá uma checada no trabalho dela, de repente te ajuda (está disponível na biblioteca virtual da PUC): http://www.sistemas.pucminas.br/BDP/SilverStream/Pages/pg_ConsItem.html

aiaiai disse...

Caramba, Lolinha...não vejo novela desde a década de 80 kkkkkkkk, então, nem vou dar pitaco.

Mas, aproveitando que estou por aqui, recomendo a tod@s que leiam esse artigo do Marco Aurélio Garcia http://bit.ly/dB78yz (via @operamundi) respondendo às críticas da "elite brasileira" à política externa brasileira na Era Lula.

Se alguem ai ainda estiver confundindo "disposição de negociar" com "apoio a ditadores", espero que possa ver a luz!

Anônimo disse...

Concordo que a aline moraes e a thaís araujo tenham quase a mesma idade. mas uma coisa é a idade, a outra é a vivência.

a thaís tinha estrada, tinha viajado para trabalhar, morava sozinha, se bancava, tinha todas as manhas da vida de modelo, não era uma iludida com o glamour, como a aline moraes. foi exatamente isso que a lilia cabral disse quando pediu para a helena tomar conta da filha dela.

E tem mais o lançe da premonição (que eu não acredito), mas foi abordado na novela.. tipo a mae tinha um pressentimento ruim sabe? em relação a essa viagem...

adélia disse...

O Alex Castro também abriu muito minha cabeça com relação aos meus preconceitos (pena que perdi o link para seus posts especiais sobre racismo). Não me permito mais subestimar este tipo de cena. Obrigada, Lola.

Anônimo disse...

@ Mariana:
Só um BUT acerca de seu último comentário:
Ok, mas então pq a mãe da Luciana não foi com ela, exatamente como fazem diversas mãe de modelos-não-muito-maduras-sem-experiência, principalmente pq ela sabia-frisou bem o quanto a filha era mimada e caprichosa?

Fácil delegar aos outros certas responsabilidades, não?

Ághata disse...

Hehehehe, eu acho incrível como as pessoas conseguem a proeza de serem 'ingênuas' a ponto de achar que o Brasil não é racista, que a b*st* da novelinha do Manoel Carlos não é racista, que racista são as pessoas que apontam o que é racismo!

[E isso porque ano passado um segurança matou um negro numa loja o acusando de ser ladrão [?!] e porque há uns aninhos atrás, um policial matou dois adolescentes negros porque estavam correndo na rua [ele achou que fossem ladrões, claro]!]

Muito bom o comentário do Kenji.

Ághata disse...

Hahahahaha, se a ex (que sempre foi detestável comigo) de uma pessoa que eu tivesse saindo virasse pra mim e pedisse para eu 'cuidar' de sua filhinha Maior de Idade, estragada, mimada e imbecil eu mandava ela voltar pra realidade e lustrar a cara de pau.

(Nisso a novela foi realista! Pessoas de classe média e alta tratando seus 'bebês' de mais duas décadas como se fossem crianças incapazes de 3 aninhos de idade.)

Anônimo disse...

lembrando: trata-se de uma novela e a história precisa andar. se a mae tivesse ido, a briga entre as duas não teria acontecido, luciana teria voltado com helena no carro e não teria ficado tetraplégica.

Daí, uma novela que já foi morna, teria sido mais ainda, posto que esse foi o assunto central da novela.

Como eu disse antes, claro que não tá certo culpar alguém num caso desse, quando é acidente, algo tão imprevisível e que helena jamais desejou. mas ela, como mãe, sentiu necessidade de culpar alguém, de extravassar isso. no fundo ela também sabia que helena não tinha a menor culpa (mesmo ela se sentindo culpada, com remorso).

E, até onde sei, as mães das modelos raramente acompanham suas filhas, mesmo sabendo dos inúmeros riscos e falsas promessas. A não ser quando a garota é menor de idade, mas mesmo assim não é comum. Os riscos que lilia cabral se referiam eram outros.. o deslumbramento, etc... E tem mais: independente do pedido feito antes da viagem, para que helena cuidasse da luciana, a lilia cabral teria, mesmo assim, culpado a moça. não porque ela é negra, mas por razões que ela prória desconhece.. por ter enfiado a menina no onibus, ou até por ter incluido luciana na viagem...

Anônimo disse...

ah é. realmente, ágata! as novelas do manoel carlos sempre retratam ex caisais como melhores amigos (mesmo envolvendo as maiores corneadas da histórias)... e também retratam a atual ou o atual e a ex ou o ex como duas comadres, compadres.

lembram de mulheres apaixonadas?!?! tinham vários exemplos, mais o pior era o da susana vieira que dormiu na mesma cama que o EX, como amigos, porque não tinha cama sobrando na fazenda onde foi o casamento do filho deles.
ridículo.

Índigo disse...

eu me divirto!

(em tempo, uma tira do ryot sobre o tema: http://ryotiras.com/?p=1904)

Índigo disse...

essa outra tb é boa:
http://ilovecharts.tumblr.com/post/1075662435/via-kurt-white-mzungu-is-the-swahili-word-for

samya disse...

Na metade dos comentarios deu preguiça não vou ler tudo não por isso corro o risco de repetir alguém. Gostaria so de dizer duas coisas:
Julia, racismo contra branco não existe, nenhum branco nunca teve que entrar pelo elevador de serviço so por ser branco e nunca ouvi falar de um branco que não conseguiu um emprego pelo cor da pele, ou que tenha sido barrado num restaurante e por ai vai. Me desculpe mas essas situações que eu citei ainda existem no Brasil quando se trata de negros essa discriminação que o pudor não deixa chamar como tal.
Aqui onde moro, no litoral sul da Bahia, os poucos brancos que na maior parte vieram de outros estados, assim como eu, e que são proprietarios de alguma coisa, estão sempre a fazer comentarios pejorativos contra os bahianos e os bahianos, pelo menos aqui na minha cidade, são na maioria negros. As relações raciais aqui, são ainda tão permeadas pelos mesmos valores de séculos atras quando esses negros eram escravos de senhores do cacau e os coronéis ditavam as ordens que as vezes brinco com uns amigos que não vai demorar muito e eu também serei chamada de sinha.
E é por esse e mil outros motivos que eu não acredito em racismo contra brancos este é um mundo governado por brancos e nem um negro sendo presidente do pais que bem ou mal tenta ditar as ordens do mundo não fez com que os negros fossem tratados da mesma forma que um branco.Nem la nem aqui.
Outra coisa que eu gostaria de perguntar a quem ler o comentario: vocês não acham que os atores que o MC escolheu eram péssimos, sem nenhum preparo? Falo do "nucleo negro" da novela, me deu a impressão que ele quis deixar claro que negro so pode fazer papel de doméstico ou bandido porque senão vira aquela porcaria mesmo, a começar pela thais ruinzinha araujo.

Unknown disse...

Meu deus, que ceninha ridícula! Realmente, a história do aborto, foi toda péssima.
Nem toda mulher se arrepende, nem toda mulher fica lembrando daquilo. Eu sou exemplo disso e pelo menos duas conhecidas minhas.
aís realemte foi péssima nessa novela, mas é difícil fazer algo bom com esse texto piegas e reacionário do autor Manoel CArlos. Ele deve ser uma pessoa detestávelmente ignorante e preconceito, e "self-righteous", tirando como base suas novelas.

Karine

mahayana disse...

Tirando o fato de a novela do Manoel Carlos ter sido uma das piores da década, não vi problemas com racismo. A família da Thaís Araujo era toda negra, classe média alta, etc. A mãe dela era uma personagem super forte, por sinal, tipo mamãe heroína (memãe-enxutona-heroína, ela era lindíssima, mas me foge o nome da atriz).

E, como disseram, a personagem da Thaís devia mesmo desculpas à da Lilian Cabral.

Julia disse...

"Julia, racismo contra branco não existe, nenhum branco nunca teve que entrar pelo elevador de serviço so por ser branco e nunca ouvi falar de um branco que não conseguiu um emprego pelo cor da pele, ou que tenha sido barrado num restaurante e por ai vai."

Mas foi EXATAMENTE ISSO que eu disse. Que não há racismo contra branco mas, estranhamente, as pessoas sempre acusam as outras de estarem "querendo ver" racismo contra negros. O que eu disse foi: não é muita coincidência que sempre dê pra "querer ver"? Que sempre haja espaço para paranóia? Resumindo, eu acho que sempre há um fundo de racismo nas coisas e não é apenas "querer ver" racismo. ;)

samya disse...
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samya disse...

Desculpe Julia, entendi mal o seu comentario.

Cacá disse...

mas a maioria dos negros não é realmente pobre e proletaria?
em uma novela, os negros terem posições sociais de prestígio não é paradoxal (para a sociedade brasileira atual) já que a disposição da sociedade é completamente diferente?

Fernanda disse...

Cacá enquanto lia os comentários aqui no blog pensei algo semelhante, mas mesmo assim concordo apenas parcialmente com seu comentário. De fato a maioria da população de baixa renda no Brasil é ainda etnicamente negra. Mas maioria não significa 100%. Nem todos os negros brasileiros são pobres, e existem muitos que fazem parte da classe média sim (a minha familia é um exemplo, assim como muitos de meus amigos). Então por que a novela não pode representá-los mais frequentemente? Além disso, existem muitos brancos que são pobres mas eu não me lembro de nenhuma novela onde uma família de loiros de olhos azuis fosse retratada como super carente (como deve existir no sul do Brasil, por exemplo). Na pior das hipóteses eles são classe média. O problema na minha opinião não é so a questão de ter-se ou não grana nas novelas, mas sim todos os esteriótipos que são aliados ao negro. Esses esteriótipos passam mensagems subliminares de que negros são sempre subalternos, criadores de problemas, indignos de confiança ou criminosos. E e aí que mora o perigo. Se eles representassem os negros, pobres ou ricos, sem esteriotipar os seu caráter, seria menos trágico, eu acho. Mas infelizmente não o fazem.

Vivien Morgato : disse...

O pior da cena - com uma simbologia reasgadamente racista - foi algumas pessoas acharem que não era, em geral, usando argumentos de peso como " acho que isso está na sua cabeça"...por ai...argh.


Hoje uma novela acabou, uma que passa durante à tarde, chamda Sinha Moça, e nela:



1) o libertadro dos negros é o "irmão do Quilombo". Branco.


2) Durante um surto de loucura do senhor, os negros planejam se rebelar, um deles diz que devem esperar a Sinha Moça, ela saberia o que fazer. E eles..esperam.

3) os escravos são caricaturais, desde a clássica preta velha ( me senti em um centro de umbanda) até os garotos de fala truncada e bobalhões.

4) Um mestiço é castigado, todos em pênico, um quase branco no tronco!

5) oles mencionam os guerreiros negros, mas esses não aparecem.


Seria uma lsita grande, xapralá.
Mas me lembro de um professor de Literatura que dizia que Bernando Guimaraes ( escrava isaura, certo?) era tão racista, tão racista...que escreveu um livro para que todos se condoecem de3 uma escrava...branca.


beijos

Anunciação disse...

Na verdade ela se ajoelhou e pediu perdão porque se sentia culpada pelo acidente que deixou a filha da outra tetraplégica.

Rachel disse...

Eu assisti Viver a vida por intermédio da minha família que assistia religiosamente todos os dias na hora do jantar. Não li todos os comentários, portanto não sei se já apontaram o mesmo raciocínio: o autor da novela desviou de Helena o papel principal passando a centralizar a trama no drama da Aline Moraes. Acho que esse desvio mostra que ou o autor ou o público prefere se identificar e torcer para o sucesso da personagem de Aline Moraes (branca) do que de Helena (negra). Acho que houve uma tentativa de colocar a Taís Araujo em segundo plano mesmo.
Outro ponto também muito mencionado na trama era a maternidade e o aborto, nunca contextualizados, e cheio de "lugares comum".
Achei que o fato da irmã da Helena morar na favela e sofrer com o problema da violência doméstica deu um ar de que a violência doméstica é um problema de classe social e a passividade da personagem durante toda a trama não deu espaço para que o tema fosse melhor debatido culminando na morte do rapaz. Ficou com cara de que não se pode fazer nada além de esperar o sujeito morrer. Além de alimentar trocentos comentários do tipo "tá aí nessa situação porque gosta, porque é burra" e blablabla. Eu ouvi isso na época. Enfim, porque Manoel Carlos ainda faz novela...?

Elaine Cris disse...

Aproveitando o comentário da Vivien pra fazer outro comentário... Nas novelas da globo, negros só aparecem em peso, quando a novela é sobre os escravos e parece que existem tão poucos atores negros (se comparados ao número de brancos) que se repetem muito, os mesmos que fazem os escravos em uma novela, fazem os de outra...
Hoje minha mãe estava assistindo ao capítulo da novela da tarde e acabei comentando: ué, só faltou o Milton Gonçalves, é a primeira vez que vejo um pedaço de uma novela sobre escravidão e ele não está, geralmente são quase os mesmo. Aí minha mãe responde: que nada, ele estava na novela sim, você é que não viu...

Marussia de Andrade Guedes disse...

Errei! Escrevi o comentário no post anterior. O uuuu, também coloquei sem querer. bjs!

Anônimo disse...

Sobre o que a rachel falou: concordo!

Houve sim a tentativa de desviar o foco da personagem da thaís araújo.
Pode-se afirmar que pela péssima atuação dela, mas pra mim também, é falta de assunto. Não acontecia nada de relevante na vida dela, enquanto a outra ficou tetraplégica e tudo mais. Coisa de novela mal escrita, uma especialidade desse autor... olhando por esse angulo, nem parece que teve algo a ver com a protagonista ser negra (e, sei lá, não houve aceitação do público).. mas aí eu me lembrei que, há umas duas temporadas atrás, o protagonista de malhação também era negro. INVARIAVELMENTE, em todas as temporadas, o moçinho ficava com a moçinha. Menos nessa. Nessa, o rapaz negro viajou, passou meses SEM APARECER (e não foi por nenhum problema na vida do ator não!) e depois voltou para ser amigo da moçinha, sua ex. E a moçinha ficou com quem? com o ex-ex, que era branco e tinha aprontado tanto pra cima dela... RACISMO? o que vcs acham? Seria só mais uma visão preconceituosa apresentada por essa novelinha adolescente. Tudo bem que o ator que fez o rapaz negro não serve nem para atuar em teatro de escola. Poucos atores de talento estavam em malhação na época, a maioria era ruim, mas ainda sim ele se destacava. Era mesmo péssimo. Mas pra mim, ainda é coincidencia demais que isso tenha acontecido justo qd o negro é protagonista. Até pq inúmeros outros protagonista sofríveis já apareceram nas quinhentas temporadas e nem por isso o casalsinho central ficou separado (adolescentes se casando logo após terminar o ensino médio e indo morar no exterior é comum nessa novela).

Mas também, como eu disse anteriormente, teve uma outra novela (q me lembro), com a thaís como protagonista, e não houve qualquer 'afastamento do foco'. A atuação dela foi melhor e, principalmente, a novela tinha um autor competente.

=Maíra= disse...

Lola, uma correção: minha amiga está analisando "Duas Caras agora, no Doutorado. Se você quiser o e-mail dela, me diga, que envio o contato paro seu e-mail pessoal.

Abraços!

Ághata disse...

Pra mim, Thaís Araújo não é uma má atriz de forma alguma. Mas eu não vi o bastante da novela para saber se ela interpretou bem ou não - só vi as cenas polêmicas.

Vai que ela estava tão desconfortável num papel forçado daqueles que simplesmente ficou difícil entrar na personagem.

...já malhação... Parece que é pré requisito naquela novela que os atores atuem mal pacas!! Pra mim é tudo muito ruim e forçado naquele treco.

Pentacúspide disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pentacúspide disse...

Houve uma pergunta de DOLCINHA algures entre os tópicos, embora dirigida a uma pessoa: qual é o papel do negro?

Mas ninguém respondeu.

Não sei se as novelas são feitas para denegrir a imagem do negro, mas acho exagero, tal como muitos, apontar racismo em tudo o quanto é sítio.

A realidade cá em Portugal é algo como isto: negro com bom carro é traficante. Nas novelas portuguesas (não vejo novelas), não consigo lembrar-me de um personagem negro, na televisão portuguesa, só me lembro de um, Daniel Nascimento. Eis a realidade: mas se uma novela for feita sobre essa realidade, acho que vai ter quem diga que é racismo.

Eu sei que o contexto apresentado no post é diferente deste. Mas, já muitas vezes senhoras, homens seguram forte as suas bolsas ou seus sacos quando eu me aproximo deles no comboio, porque têm na cabeça que ser preto é ser ladrão. Mas convenhamos, apesar de preto não significar ladrão, muitos pretos roubam porque vivem miseravelmente, fruto de anos de intolerância e segregação, e o facto de roubarem cria essa imagem.

http://montedepalavras.blogspot.com/2009/06/somos-todos-iguais.html


Irrita-me o preconceito, mas não critico o branco que protege a sua mala por eu ser preto, pois eu protejo a minha quando um grupo de jovens se aproximam de mim a falar alto e vestido a dread, sejam de que forem, porque o contexto em que vivo e os sítios onde já trabalhei (servi mesa num lugar onde a droga era consumida e traficada abertamente, tendo visto lá famosos, desconhecidos e caras com quem cruzo na faculdade) levam-me a associar (preconceituosamente, reconheço) essas pessoas ao vandalismo.

Não creio que nesta era de politicamente correcto as novelas sejam feitas exactamente para denegrir o negro. É claro que o autor que estão a referir é do tempo de "negro, parado ou a correr, é ladrão", e pode, de alguma forma sofrer abertamente ou de resquícios da sua educação preconceituosa", mas encontrar racismo em tudo fomenta mais o racismo.

http://ashikodi.blogspot.com/2009/02/white-pride-reloaded.html

Talita Figueiredo disse...

Acho que o grande problema da novela foi justamente tentarem fazer da Helena uma personagem sem cor. Manoel Carlos perdeu uma ótima oportunidade de aproveitar a Thaís Araújo, q é excelente atriz, para construir algum conflito em cima de duas questões: 1º o fato de ela ter enriquecido sozinha, sem MARIDO, como MULHER independente. 2º o fato de ser uma das poucas NEGRAS do high society carioca. Ele podia trabalhar melhor essas questões, mas ao invés, quis nos convencer que era comum, natural, imperceptível o fato dessa Helena ser MULHER, NEGRA e ainda assim ter enriquecido através de seu próprio trabalho. Ficou artificial. Acho q isso incomodou mais até do q a tal cena do tapa.

Pentacúspide disse...

ERRATA: quando disse negro em bom carro é traficante, queria dizer é o que o povo aqui diz.

Não deixem de ver este vídeo genial:
http://www.youtube.com/watch?v=25txNJ0UEAg

Anônimo disse...

E o termo "white trash"? O que vcs acham?
Quando vim morar nos EUA e ouvi esse termo pela primeira vez na vida fiquei em choque. Depois comecei a "entender" a classificacao (embora ainda ache o termo horrivel) e a, infelizmente, reconhecer um.
Foi aqui tambem que ouvi pela primeira vez na vida o termo "olive skin" (pele cor de oliva, morena) e percebi que amigos e conhecidos meus, antes considerados brancos no Brasil, eram "sutilmente" olhados de forma diferente.

Carol disse...

Oi Lola sempre visito o blog e nunca comentei. O tema muito me interessa, tenho mestrado na área de educação com o tema mídia e racismo. Para começarmos a conversar a representação da negra/o na novela Viver a Vida apresenta avanços como ter uma presonagem contextualizada, mas sem probelamtizações e sem considerar o racismo.

Bj
Carol

Srta. Bia disse...

Oi Lola, sou noveleira das 8 assumida e sempre tento fazer alguma crítica a novela, especialmente ao final.
O post que a iaiá comentou que escrevi é esse:
http://srtabia.com/2010/05/a-helena-que-nao-viveu-a-vida/

E não consigo achar que foi coincidência uma cena dessa maneira justamente na Semana da Consciência Negra. E eu como eu disse lá, a cena poderia ter acontencido de várias outras maneiras.
No meu post tem vários links para vídeos da novela, mas a cena está aqui:
http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM1160772-7822-TEREZA+DA+UMA+BOFETADA+EM+HELENA,00.html

Bia Cardoso - @srtabia

Beto Ribeiro disse...

Comentaram:
O mais racista é quem vê racismo em tudo.
Fiquei impressionado com esse post, e aposto que foi alguém que se auto intitula branco.
Agora na novela Passione um funcionário negro de de alto nivel, é o Canalha ladrão que deu o mair golpe.

Julie disse...

Ola Lola,
Comento nesse post com alguns anos de atraso..! Achei esse texto fazendo uma pesquisa sobre racismo nas novelas para um artigo que estava escrevendo sobre sexismo nas novelas, e coloquei um link para o seu post no meu artigo: https://esefossepossivel.wordpress.com/
Um abraço