terça-feira, 8 de março de 2011

MEU FEMINISMO NÃO É PRA MIM

Meu feminismo não é pessoal, não é em benefício próprio. Eu geralmente não me sinto discriminada. Talvez já tenha sido em benefício próprio. Quando eu era jovem, solteira, e descobrindo a vida, eu odiava o padrão duplo pra homens e pra mulheres, aquilo de homem namorador ser garanhão, mulher namoradora ser piranha. Eu gostava de sexo (gosto ainda!), então só podia ser uma ninfomaníaca, uma devoradora de homens. Continuo achando esse padrão duplo detestável, mas como hoje sou uma respeitável senhora casada e monogâmica, minha sexualidade é bem menos vigiada. Acontece que na época em que comecei a me sentir feminista, lá pelos 8 anos, eu tinha pouquíssimos motivos pra me sentir discriminada. Vivia uma infância protegida. Tinha o melhor pai do universo, que me dizia todos os dias que eu era inteligente e linda e especial e que me amava. Eu o considerava bastante feminista, tirando um ou outro deslize como pedir pro meu irmão do meio “cuidar das meninas”, apenas por ser homem. Eu não era bullied na escola. Mas por algum motivo eu conseguia olhar pra longe do meu umbigo e entender que a minha realidade não era o padrão de todas as mulheres. Minha mãe assinava a revista americana Ms. e só pelo título eu já entendia que mulher recebia tratamento diferente dos homens (por que interessa o estado marital da mulher, se ela é Mrs., senhora, ou Miss, senhorita, sendo que pra homem é sempre Mr, senhor?). Eu tinha bonecas e adorava jogar futebol, e ninguém me dizia que eu precisava escolher. Eu estava estudando numa escola católica e tinha grandes conflitos pra aceitar que deus era pai, senhor, barbudão, branco, que seu único filho era um homem loiro, que a historinha de Adão e Eva era pra ser levada a sério (e a culpa caía na Eva!), que todos os papas tinham pênis, que freira não podia rezar missa, que Maria, a mãe do loirinho, era celebrada por ser virgem. Eu via TV e lia revistas e jornais e não gostava do que via, principalmente nas propagandas. Eu achava estranho que tinha mulher com pouca roupa em todo lugar que eu olhava, tanto nas capas das revistas femininas quanto das masculinas. Eu considerava esquisito que eu, bem mandona, não podia convidar um menino pra dançar. Eu era uma criança bonita, todo mundo me dizia isso, mas não achava muito importante (qual era o meu mérito em ter nascido de olhos verdes? E por que olhos verdes eram considerados mais bonitos que olhos escuros?).
Depois, já adolescente, escapei de poucas e boas que só aconteceram comigo por eu ser mulher. Tipo: um carinha querer me compartilhar com seu primo (sem ninguém pedir a minha opinião); um grupo de rapazes que pareciam confiáveis e que estavam me dando carona parar no apê de um deles e só aceitar continuar a viagem se eu subisse; um tarado desconhecido me agarrar quase em frente do meu prédio, à noite; um bando de bestalhões se sentarem do meu lado por eu ousar ir ao cinema sozinha; um ou outro idiota me passar a mão ou encostar em mim no ônibus, etc etc. Tive muita sorte que escapei, que, ao contrário de várias amigas, não fui estuprada. Nunca apanhei. Nunca engravidei, apesar de quase todos os meus parceiros quererem transar sem camisinha (eu não aceitava). E quando, aos 23 anos, conheci um homem pra chamar de meu, ele era (é ainda) gentil e querido e não achava que eu tinha que obedecer. As pessoas, enxeridas, perguntavam como e por que eu não queria ser mãe, e mandavam que eu usasse salto alto e maquiagem e emagrecesse, mas frankly my dear, eu não dava um damn pra elas. Nunca me senti preterida em nenhum emprego que tive. Se algum colega homem ganhava mais que eu, eu não sabia. Fiz mestrado e doutorado em universidade pública, passei em concurso, e meu gênero não me atrapalhou (nem ajudou) em nada.
Então, nesse meu mundinho privilegiado em que o machismo me afetou muito pouco, por que fui e continuo sendo feminista? Talvez porque nunca achei que o mundo girasse em torno de mim. Não sou pobre e, no entanto, empatizo com pobres, quero que a vida deles melhore, voto em partidos que governam pra eles. Não sou homossexual, mas fico indignada que alguém queira negar-lhes direitos que deveriam ser de todos. Não sou negra, e no entanto reconheço o enorme abismo que ainda existe entre negros e brancos, e por isso sou a favor de medidas paliativas como as cotas. Não sou cachorro nem gato, mas sei que, num mundo em que já não há muito respeito por humanos, também falta respeito pra bichos, e por isso colaboro com uma organização que recolhe e cuida de bichinhos das ruas. Preciso continuar, ou dá pra entender que algo não precisa ser da minha alçada pessoal pra eu lutar por aquilo?
E por incrível que pareça, sempre defendi os direitos dos homens. Como o direito de poder não querer transar com alguém. Nunca achei que um homem fosse menos másculo por brochar comigo ou por não ter um berimbau do tamanho do dos astros pornôs. Aliás, nunca gostei nem acreditei em pornografia. Pra mim aquilo é tão real quanto, sei lá, Senhor dos Anéis. Nunca achei que os meninos têm que tomar a iniciativa. Sempre reparti a conta quando saímos. Sou contra o alistamento obrigatório. Diabos, sou contra o exército. Sou contra guerras. Tô me lixando se um homem ganha menos que eu. Não me importava se um garoto tinha carro, então por que vou me incomodar com isso agora? Luto pra que os meninos possam suportar a pressão e não caírem de bêbados, não colocarem suas vidas em risco dirigindo irresponsavelmente, não terem que fazer absolutamente nada em nome de uma masculinidade fajuta. Luto para que homens possam tocar em outros homens em situações que não envolvam apenas esportes. Luto pra que homens possam ser sensíveis, possam chorar, possam ser carinhosos com sua família, possam resolver conflitos através de métodos não-violentos. Luto para que as prisões sejam lugares mais humanos, sem estupros, sem espancamentos, para que o prisioneiro seja reeducado pra conviver em sociedade. Luto para que os homens se responsabilizem em evitar a gravidez, para que não tenham que lidar com filhos indesejados, para que façam vasectomia, para que seja lançada uma pílula anticoncepcional masculina. Luto para que os homens façam tantos exames de próstrata quanto nós fazemos papanicolau, e previnam-se de um câncer que os mata como nós fazemos o melhor para nos prevenir dos nossos. Luto para que pais tenham licença-paternidade maior. Luto para que as mulheres trabalhem fora e ganhem bem para, assim, nenhum homem precisar sustentar uma casa sozinho. Luto para que homens que queiram exercer profissões predominantemente femininas (empregadas domésticas, enfermeiras, professoras primárias) possam fazê-lo sem problema algum. Luto pra que um homem que queira ser dono de casa não sofra qualquer preconceito. Luto para mudar uma realidade que é desigual, e portanto prejudicial, para ambos os gêneros. Meu feminismo sempre acreditou que é possível melhorar a vida de todos, homens e mulheres. Mesmo que a minha não tenha muito que melhorar.
Até porque se fosse lutar pra melhorar apenas a minha vida, eu não teria por que lutar. E é bem provável que, se eu não acreditasse que o feminismo fosse benéfico pra todo mundo (não só pras mulheres), eu não seria feminista. Feliz Dia Internacional da Mulher.

56 comentários:

Marilia disse...

Excelente texto, Lola!
Acho que só me enquadro em praticamente tudo que você falou a respeito da sua vida - educação eu tive, estudei em escolas de qualidade, fiz faculdade particular e não sofri discriminação por ser mulher (até determinada idade, pelo menos, eu não tinha sofrido) -
Mas luto para que os outros tenham as mesmas oportunidades e liberdades que eu!
Parabéns pelo texto!

Desconstruindo a Mãe disse...

Oi, Lola, eu sempre leio e divulgo teus textos porque são realmente de colocar a gente pra olhar pras experiências que vive.

A gente em muitos momentos não percebe se está sendo discriminada, porque se acostuma com algumas coisas que parece que estão "postas" sobre o papel de cada um na sociedade.

Mas vejo que na criação de meninos e meninas nós mulheres temos um papel fundamental para que não se perpetuem vícios de linguagem (as palavras têm poder!), de comportamento, de pensamento.

Um filho tem de aprender a se virar tanto quanto uma filha e se nós fazemos a diferença, estamos reforçando esses comportamentos de que serviço de casa (ainda) é feminino, de que sustento da casa é papel masculino, de que ficar com os filhos é coisa de mulher e que quando um homem o faz é fraco ou porque está temporariamente desempregado, não uma opção de vida.

Como disse a nossa presidente, não enxergamos (?) que a pobreza é feminina, que as mulheres mais humildes são as chefes de família ou que muitas vezes diante de um filho portador de deficiência a luta acaba ficando apenas com a mãe, porque homens não são educados para lidar com a realidade, mas com um mundo ideal, em que ter filhos tem de ser sinônimo de sucesso, seja lá o que isso signifique.

Ih, isso está virando um post, mas só queria mesmo dizer o quanto gostei de tuas colocações...

Beijo, felicidades pelo nosso dia!
Ingrid

Lord Anderson disse...

Post incrivel Lola, sensivel, direto, autruistra.

Só posso desejar que no lugar das comemorações toscas, mais e mais homens (e mulheres) vejam esse dia como uma recaptulação que tudo oq vcs mulhers consquitaram apesar de toda a oposição sordida.

E principalmente como lembrança do muito que tem que ser alcançado p/ sejamos uma sociedade justa de fato.

Anônimo disse...

Muito bom texto, Lola, disse tudo.
Baideuêi, você viu este vídeo com o Daniel 'James Bond' Craig e a Judi Dench, falando sobre igualdade (no Reino Unido)? Simples, mas muito bacana.
bom restin' de carnaval procê.
Mônica
@madamemon

aiaiai disse...

pronto, disse tudo!

Anônimo disse...

me identifiquei com várias coisas do texto (eu ri aqui quando citou as revistas femininas com mulheres na capa, não entendia isso).
apesar de praticamente nunca ouvir o termo feminista acho que sempre fui, até porque tive a sorte de ter uma criação igualitária

gostei também do final do texto, muitos vem reclamar do feminismo mostrando essas desvantagens, mas parecem não ver que essas desvantagens são por culpa do machismo e não do feminismo

Anônimo disse...

Feliz Dia Internacional da Mulher pra você Lola,para mim,às leitoras do blog e todas as outras mulheres do mundo!

Força,coragem,saúde e um beijo no coração,todas merecem o melhor!

Eu só faço um adendo ao post:a pressão sexual,a ridicularização de comportamentos não considerados masculinos,as brigas desnecessárias e a violência dos homens entre si foram princípios FORMULADOS PELOS PRÓPRIOS HOMENS.

Já basta guerrearmos em prol da nossa liberdade e autonomia,desfazendo o estrago que eles incutiram sobre nós,pois desejavam inferiorizar-nos e tornar-nos suas escravas.Foi e é assim.Eles fazem o excremento e as fêmeas é quem precisam limpar.

Agora tem mais essa?O "sexo frágil" necessita derrotar o demônio que fora inventado por aqueles que nos oprimem?Lola,é extremamente incongruente auxiliarmos em algo construído,mantido e,principalmente ACEITO por eles,sendo que os os próprios NÃO querem mudar.Os tais queriam tudo,os tais fizeram a bomba,então que se virem!

Sem essa de sentir compaixão;eu sei que o comportamenro destrutivo deles também assim o é para nós,entretanto,refiro-me ao limite entre as pressões masculinas versus calvário feminino(pois nem tudo de negativo para os machos é recíproco às mulheres).Mas nossa luta e´para que nos respeitem,e,não para melhorar sua auto-estima e tirar suas pressões dos ombros.E,acho que ,se fazem piadas de mal de gosto com aqueles que submetem-se ao exame de toque é PROBLEMA E RESPONSABILIDADE DELES!Isso não afeta-nos(é essa minha linha de pensamento,espero que compreendam em vez de retorcer minhas convicções e refutá-las inutilmente.Não é necessário).

Obs:Descostruindo a Mãe,a senhora fala em eliminar vícios de linguagem e contraditoriamente,escreveu "presidente" ao invés de "presidentA".Mais atenção mocinha.

Jamille disse...

Identificação total com o seu post (tirando o fato que eu gosto do Sr. dos Anéis, rs).
Escreva sempre, Lola!
=)
Beijos

Amana disse...

Lindo post, Lola.
Estou nessa mesma sintonia.
Beijos e feliz Dia Internacional da Mulher!

Mari Lee disse...

Texto lindo. Parabéns...
Parabéns, não. Obrigada!

Unknown disse...

Linda!

=Maíra= disse...

LINDO, Lola! Já dei RT!

olhodopombo disse...

LOLA, EU ESTOU EM ISRAEL.
NUNCA VI UM LUGAR MAIS PERFEITO!
OS MUSEUS SAO SIMPLESMENTE FANTASTICOS.
EH MUITO MAIS DO QUE EU SONHEI!

Isabel disse...

Disse tudo.
Linkei no meu perfil do facebook para divulgar. Aqui: http://www.facebook.com/profile.php?id=100001746953176

Beijos, queridona.

Mari Andrade disse...

Lindo texto!
Feliz Dia Internacional da Mulher!

PS: Já conheço seu blog há um tempinho e nunca comentei, mas hoje não pude deixar passar.

Clara Gurgel disse...

Quebra tudo, Lola!! Com certeza vai pro FACE!

Thiago Pinheiro disse...

Lola disse tudo. Feliz Dia Internacional das Mulheres a todas.

Alessandra de Menezes disse...

ótimo texto! com certeza, muitas de nós nos identificamos... parabéns, continue escrevendo, Lola ;**

Babi disse...

Ah, se um quinto da humanidade nao olhasse so para o próprio umbigo e se importasse com os direitos dos outros como você o nosso mundo seria muito melhor! Lola, te admiro muito!!! Parabéns por ser uma mulher forte, um exemplo para nós!
beijo

Elaine Cris disse...

Lola você tocou no ponto central da questão. Foi o melhor presente que vc poderia ter nos dado nesse dia que nem é de comemoração. Expressou da melhor forma possível o que já passou pela minha cabeça algumas vezes e já vi algumas feministas tentando explicar, mas você conseguiu melhor que qualquer uma.
Pra escrever você tem a senha, Lola. (ter a senha: gíria nova pra falar que alguém é muito hábilodoso em alguma coisa. Alguns adolescentes me esclareceram outro dia, rsrs).

Muitas feministas, a maioria aliás, não está discutindo ou tentando conscientizar pessoas sobre feminismo porque é pessoalmente afetada. Na realidade, na maioria das vezes somos privilegiadas em relação a outras, não sofremos violência doméstica, não sofremos violência sexual, não passamos pela situação de ser julgada no lugar do agressor numa situação dessas, temos um padrão de vida médio, já aprendemos a apertar o botão do foda-se em relação a certas cobranças ou críticas, enfim.
Simone de Beauvoir já era um exemplo lá na década de 40, Virginia Wolf era outro lá na década de 20. Mulheres que eram privilegiadas em relação a algumas outras e em certo momento passaram a ter consciência que só chegaram onde chegaram porque tiveram oportunidades que muitas não tem exatamente por ser mulher. Ambas eram de famílias de intelectuais.

Agora vai ver entre os mascus se isso acontece.
Será que rola alguma única coisinha que não seja de cunho totalmente pessoal? Depois do "show" que deram aqui a resposta é clara, não?

Te adoro, Lola. Eu quero ser como você quando eu crescer, rsrs.
Chega de rasgação de seda, rsrs.
Abçs

Anônimo disse...

Laurinha(Mulher Modernex),

Seu parecer é totalmente equivocado.Feministas não são essas individualistas afetadas que você descreve.E,analise o cerne da questão:
Primeiramente,não é mais difícil para estas "privilegiadas",nascidas em berço de ouro e filhas de intelectuais renunciar às facilidades que,sortemente,lhes foram atribuídas e passar a vida batalhando pela sua categoria?Lembre-se,as moças tinham o acesso ao estudo,contudo,não se tratava das mesmas disciplinas analisadas pelos homens.Além de lutarem em épocas hostis ao feminismo(ainda estamos numa delas,imagine como era naquelas décadas).O quanto não foram ridicula e satanizadas.Sem contar que classe social não define o quanto é discriminada uma mulher.Não são somente as pobres que apanham,são abusadas,maltratadas.O Machismo impregna toda a cultura,em todos os seus níveis.E,não é somente batendo que se violenta uma mulher,existem iúmeras formas de nos flagelalem.Espero que compreenda isto.Um abraço e feliz Dia da Mulher para vc.

Alexandre Rodriguez Anzilotti disse...

Parabéns, baita texto!!! Vou compartilhar no fb.

beijos

Ana Carolina disse...

Lindo post!
O machismo é cruel para as mulheres, sim, mas também o é para os homens, lutar pelo seu fim é lutar pelo bem de todos nós.
Parabéns, novamente, não tem o que acrescentar!

PedroYukari @snoopy_xxy disse...

Olha Lola, deu até vontade de copiar o seu texto e colar na geladeira para todos aqui de casa lerem.
Feminismo é pensar na igualdade entre todos e você acabou de explicar isso de uma forma sensível, verdadeira e muito apaixonada.

Parabéns pelo o seu dia e para todas que acessam o blog e claro, a luta continua! Dia 8 de março ta aí para nos lembrar disso!

Elaine Cris disse...

Anônimo ou anônima, desculpe, mas se vc entendeu que eu chamo feministas de individualistas afetadas (incluindo a mim mesma) vc não entendeu nada do que eu escrevi ou eu não fui clara o suficiente.
Eu disse a mesma coisa que a Lola em outras palavras, várias feministas são feministas mesmo sem terem experimentado o pior lado antes. A própria Simone de Beauvoir reconhece que só se deu conta da diferenciação em relação a homens e mulheres, quando parou pra pensar sobre o assunto, porque ao contrário da maioria das mulheres, ela tinha uma vida "diferente". É claro que ela passou por situações difíceis, mas a maioria delas depois, não antes de assumir seu feminismo.
E dei apenas alguns exemplos de violências machistas, não quis dizer que essas são as únicas formas de violência e não disse em momento algum que é coisa de classe baixa. A palavra privilegiada não tendo a ver com dinheiro, mas com crescer em uma família que já tenha valores mais igualitários, esse tipo de coisa.
Espero que tenha ficado mais claro.

Marussia de Andrade Guedes disse...

Faz diferença o estado marital da mulher? Faz sim. Quando a mulher casa, ela vira monogâmica, na teoria e na prática. Ela passa a pertencer a um só. Isto não acontece com o homem. Na prática, o homem não é monogâmico. Isso explica também o fato de não serem poucos os homens que consideram as mulheres suas propriedades. E o resto da História vocês sabem: violência...

Marussia de Andrade Guedes disse...

Outro dia estava ouvindo a preocupação de uma colega com um colega que estava com depressão. Este colega havia se separado da mulher. A colega estava achando que ele havia sido chifrado. Ela disse: "triste da mãe que não consegue casar o filho com uma boa mulher". Eu perguntei o que significava ser uma boa mulher. Ela disse: "uma mulher fiel...". Eu lembrei que o homem não é fiel. Ela disse que a mulher aguenta o tranco e o homem não.Eu desabafei que era quase inacreditável ouvir um comentário tão machista da boca de uma mulher.E depois ainda querem que os homens não nos considerem suas propriedades! Detalhe: depois descobri que o colega em questão é gay. Talvez este tenha sido o motivo da separação. Diante disto, eu só posso achar que meu feminismo é auto-sabotagem. Eu me sinto tão superior a estes tipos de mulheres que me cercam por todos os lados, que as vezes me pergunto: mudar para que?

Vivien Morgato : disse...

Ainda velhinhas vamos ver um mundo onde "lutar contra o machismo" seja algo que deixe as pessoas abismadas, dizendo: "sério? er qamesmo necessário? os machistas existiam mesmo??"

Vamos, né? ;0)

Tatiana Jiménez disse...

Adorei sua postagem! Odeio qualquer tipo de discriminação e preconceito. Por favor se puder leia a minha (não tão boa como a sua mas interessante) http://migre.me/40LHq bjos

caso.me.esqueçam disse...

leio todos os teus posts, sem falta, ha quase dois anos. quase nunca comento, mas preciso dizer que esse post foi muito bonito. soh acho uma pena que as pessoas que deveriam ler coisas do tipo nao leem... nao estao aqui. ou, as que leem, ignoram. acho uma pena. esse blog eh de utilidade publica!

Anônimo disse...

Olá, Lola!
Meu nome é Fabrícia, estou com 24 anos e faz um tempinho que eu comecei a acompanhar seu blog, e gostaria de dizer que me identifico muito com o seu pensamento, muito mesmo.
Você possui lindos ideais, seus textos me comovem, me fazem refletir bastante e contribuem para meu aprimoramento em muitos níveis.
O que você acha que uma jovem como eu, ainda estudante de curso pré-vestibular, pode fazer para contribuir com essas mudanças que pelo menos você e eu queremos ver? Que atitudes eu posso tomar? Sinto que eu posso fazer mais. Eu moro na região Norte, em Belém do Pará. Muitas pessoas possuem uma mentalidade fechada, inflexível, ainda que essas pessoas tenham estudado. Pessoas religiosas simpatizam comigo por algum motivo, mas me repreendem em nome do senhor apenas por eu expor alguns dos meus pontos de vista, quando digo que sou a favor da união entre homossexuais ou quando digo que a mulher não deve ser obrigada a ser mãe, por exemplo. E olha que eu nem altero minha voz, apenas proponho diálogo. =/ Mas quando as pessoas não são religiosas, a situação não muda muito. O machismo por aqui é muito grande. E eu tento encontrar modos para contribuir para a melhora da nossa sociedade. O que você me diz, Lola? Eu gostaria de merecer ser chamada de feminista.
Desde criança eu já questionava muita coisa. Eu adoro ler os seus relatos, significam muito pra mim. ^^ Gostaria que você pudesse sentir o meu abraço e que isso te desse mais força pra continuar sua jornada. Feliz dia da mulher, Lola! Eu gosto muito de você e quero estar em uma das suas palestras feministas um dia. Beijo da Brícia!

Gabriele disse...

Texto maravilhoso!

Fernando disse...

Olá Lola, já faz bastante tempo que sou leitor do seu blog, só eu não, a família toda, aqui em casa diversas vezes algum post seu foi tema de discussão, eu tinha vários conceitos sobre muita coisa, que na verdade eram preconceitos, lendo o que você escreve, vi que muita coisa que eu achava certa, estava errada, era devido a uma visão estreita da realidade, mudei muito, muito mesmo, graças a você, ler só por ler e não por em pratica eu só estaria jogando meu tempo fora.
Seus textos são claros, objetivos, mas este em especial foi sem duvida o melhor que li, não deixou margem pra duvida, o que é bom, tem que ser bom pra todos, o que é cobrado é só igualdade, nada mais, um grande abraço.

Juliana disse...

Lindo! Lindo! Lindo! :)

Anônimo disse...

Lola, legal ler isso no seu blog hj, pq conheci um fan seu! Sim, um fan lindo, que deixaria o seu querido Tom Cruise no chinelo...hehehe. Bem o meu escritório ganhou um novo gerente e no primeiro dia a mulherada ficou toda alvoroçada, pq além de cheiroso ele é lindo, educado, um gentleman... Mas logo deu pra perceber tb uma aliança enorme em sua mão esquerda, indicando q o danado é casado. Mas como tem sempre umas meninas q não ligam com isso, não demorou até que algumas comessassem a dar em cima dele. Como ele não correspondia, o pessoal omeçou a fazer uma enquete pra saber se ele era gay!!! Sim, simplesmente pq ele recusou-se a trair sua esposa. Bem, ele ficou sabendo da tal pesquisa e falou: vc deviam ler o blog da Lola! Sim ele falou do seu blog e disse q homem q é homem "caminha pra frente".

Anônimo disse...

OI Lola, belíssimo texto, um dos melhores. That's why I love you :)

Cely disse...

Lola, sua linda! Esquentando meu coração nesses tempos difíceis.

Assino embaixo de tudo.

Unknown disse...

Lindo texto. Parabéns.

Carol NLG disse...

Lindo post, Lola!
Alguém aí disse que dá vontade de pendurar na geladeira... Bom, eu moro sozinha (não devo ser uma mulher de família, suponho o.õ), mas deu muita vontade de colocar no quadro de avisos aqui do trabalho...

Eu consigo entender bem isso tudo que você disse. Minhas avós sempre trabalharam, então meus pais cresceram sabendo que mulheres PODEM e DEVEM trabalhar, ter seu próprio dinheiro. Em casa, somos 3 irmãs. Meu pai sempre foi minoria, então era bem difícil achar que ele deveria ter algum tratamento especial por ser homem. E ele mesmo sempre fez questão de mostrar que nós somos MULHERES, sim, e que devemos ter orgulho disso.

Cresci protegida, cercada, sem sofrer nenhum preconceito de sexo. E por isso sempre ouço meus primos e tios comentarem sobre como é estranho eu 'me meter a tentar salvar o mundo' se eu nunca tive problemas com essas coisas.

Parabéns, Lola, pelo post! Obrigada, ele foi um presente para mim no dia de hoje :-)

Isabela disse...

Clap, clap, clap....!

Sardenta disse...

Precisa falar mais alguma coisa? Nada! Só espalhar esse texto maravilhoso.

Parabéns! :)

luisandro disse...

Nossa, muito bom. fiquei emocionado!

Unknown disse...

Lola, passei boa parte da minha vida subjugada por uma pessoa extremamente egoísta. Vejo as coisas que você escreve e fico muito admirada. Queria ter tido a sua coragem. Parabéns!

Ana Claudia disse...

Engraçado que ao ler o seu texto eu lembrei de várias amigas que dizem preferir ter filhos homem (eu tenho duas meninas) porque dão menos preocupação. Eu sempre achei esse comentário, tão comum, um absurdo! Primeiro que envolve a coisa machista de que a menina tem que ser comportada, virgem, e que a preocupação máxima é a da filha engravidar (oh!!!!!) e o menino tem mesmo é que ir para a guerra. Segundo, porque esse discurso já mostra o quanto que a futura mãe/pai quer investir no trabalho de educar os filhos. Eu sempre respondo, usando a mesma retórica, que na verdade eu me preocuparia infinitamente mais com o menino, porque é toda uma sociedade pressionando psicologicamente os homens a fazerem toda sorte de besteiras! Sério, engravidar? Ser namoradeira? Para mim é o menor dos medos que tenho com o futuro das minhas filhas...

Ana Claudia disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Hamanndah disse...

Querida Lola ou outra pessoa deste blog:

Ás vezes, eu leio em blogs machinazistas que "a mulher quer direitos iguais mas nao trabalha no trabalho duro de mineiros e na construção civil, nem pega peso".

Eu queria comentar nestes blogs que eu tenho um limite sobre o peso que posso pegar, mas, se preciso, eu mudo o bujão de gás e não incomodo homem que esteja do meu lado para isso, porque eu mudo de maneira e não carregar peso e sempre mando o rapaz que vende gás colocar o bujão junto do outro, para eu poder mandar sem problemas. Eu queria comentar nestes blogs machinazistas que no trabalho, se eu precisar carregar uma caixa um pouco pesada eu carrego, discretamente, sem chamar meus colegas, mas quando a caixa é muito pesada, eu peço ajuda, porque não tenho tanta força fisica quanto eles, da mesma maneira que, quando preciso comprar material de construção e for muito pesado para mim, remunero algum rapaz, sem mesquinharia, para ele, usando seu carrinho de mão, fazer isso para mim, e não é de graça, pago o que posso, com justiça.

Eu queria comentar nestes blogs que não carrego peso além da minha capacidade física, não por preguiça ou comodismo, mas porque não posso e nunca peço um favor de graça a um homem se precisar, sempre pago com justiça.

Mas, se eu escrever isso, receberei comentários agressivos do dono ou dona, quem sabe, do blog, então, Lola, você que é excelente linguista e tem argumentos inteligente, o que devo escrever nestes blogs, ingeligente, sem ser agressivo, sem que eles digam que estou me fazendo de vítima, por não ter força fisica, ao responder a eles porque não existe mulher na Construção Civil pegando peso, nem carregando sacas enormes pesadas, porque não podem fisicamente, não porque não querem.

Agradeço a quem me der uma boa resposta, que guardarei e darei nestes blogs toda vez que ouvir um comentario do tipo "Mulher é comodista, não carrega sacas de peso"

Obrigada, gente, pois estou cansada de receber comentarios agressivos em blogs masculinos, quando tento defender o genêro feminino.

Márcia V Silva disse...

Oras, oras Hamanndah, assim como quem não sabe cozinhar não está condenado a comer a gororoba que porventura prepare, você não precisa carregar peso, mesmo podendo, se não quiser e puder pagar por serviços, just it.

No trabalho, peço aos meninos para porem o garrafão de 20 litros em cima da pia, lavo e eles emborcam, porque não tenho força, e dái? Ajudo como posso, e, às vezes, eles mesmos lavam.

Não temos pessoas específicas para esse trabalho, cada um faz de vez em quando. E há meninas que tem força pra levantar e emborcar e assim o fazem. Eu não tenho resistência física e pronto. Não há blas, blás, blás. Em casa faço muito serviço pesado sim, mas só o que posso, no mais, eu pago. Pronto. Acho isso super simples...

Letícia disse...

Muito amor o seu texto, Lola. Devidamente encaminhado pra todos os homens queridos que já cometeram o deslize de dizer que "feminismo é tão ruim quanto machismo". A gente tem que ter paciência, né? Eles não sabem o que fazem... mas é questão de tempo pra entenderem. :)

Fadanelli disse...

Lola,
Maravilhoso o teu texto. Resumindo: eu adoraria sr teu amigo e morar na mesma cidade, pois tuas idéias rendem chopp e papo semanal para uma vida inteira.
Super abraço
Marcos Fadanelli Ramos

*Vivis* disse...

Adorei o texto. Até parece que você leu minha alma!

Sara disse...

Sem duvida vc escreveu o que muitas de nós mulheres sentimos, expressou a preocupação que temos com todos a nossa volta.
Mas infelizmente, embora vc se julgue longe da realidade do machismo aviltante, ele ainda existe querida e tem destruído muitas de nós, lutamos por tantas coisas, mas se formos ver a realidade, muita mulher não tem o direito se quer, de escolher com quem querem se relacionar.
Muitas mocinhas como vc tem perdido a vida simplesmente porque foi alvo de cobiça de algum canalha, e se são rejeitados, se julgam no direito de acabar com a vida da mulher que não os quer.
Sabemos que é enorme o numero de mulheres que acabam dessa maneira, talvez porque os homens foram criados para pensar que são superiores a nós, e que é uma ofensa ser rejeitado por uma mulher inferior a ele.
É certo que muitos homens têm a capacidade de perceber que nós mulheres somos iguais em direito a eles, nos aceitam e até nos ajudam, mas infelizmente há muitos que tem verdadeiro ódio de nós, escrevem blogs cheio de maldades e fazem afirmações até criminosas incentivando a revolta totalmente injustificada contra nós mulheres, isso assusta porque geralmente quem escreve são homens muito jovens como vcs, e é terrível ver como ainda resiste esse tipo de comportamento tão perverso em muitos homens.
Eu torço pra que vc jamais seja atingida por esse tipo de atitude de muitos homens, infelizmente eu já passei e ainda passo por isso, e não só eu, algumas amigas e pessoas conhecidas também são vitimas dessa situação, portanto ainda temos muito que lutar amiga

Mariana Felippe disse...

Incrível! Obrigada pela leitura, Lola!

Amor & Miados disse...

Lola, irei adotar o obvio e dizer que adorei o seu post :)

Sou protetora em Slz do MA, uma cidade marcada pela pobreza e ignorancia ( sendo que os mais ricos são os piores ) e todos os dias eu luto por uma vida melhor para os animais, tento educar as pessoas sobre Guarda Responsável, para os que dou para adoção e também para todos os outros.

A conscientização para a castração é uma de minhas maiores batalhas. Infelizmente as pessoas acham que são donas do animal como um todo, privando-os de uma vida digna e da oportunidade de NÃO trazer mais vidas a este mundo que já não comporta os que existem nele.

No começo do mês resgatei um gatinho vitima dessa mentalidade de não-castrar e ainda abandonar, ainda mamando e coloquei o nome dele de Heitor.

E vi em Troia uma otima passagem para o que eu sinto todos os dias

"Lutei em diversas guerras. Algumas por território, outras por poder e algumas por glória. Mas lutar por amor faz mais sentido do que todo o resto."

Acredito que somente ao percebermos as dores alheias, de qualquer ser, seremos realmente humanos por completo

Abraços :)

Anônimo disse...

Lola, acabei de ler o post... estou emocionada... não sei bem o que dizer além de sugerir fazer desse post uma palestra, Lola.

E, caso te interesse... demora uns 30 segundos pro som começar.
Lola Ávarez
XVII encuentro formación Feminista
http://www.youtube.com/watch?v=Jr3n8PmvkEM

Pinup-stache disse...

Lola, tive a sorte de descobrir seu blog recentemente e, não houve um texto até agora no qual não concordei parcial ou totalmente. Esse foi o qual mais me identifiquei, tirando a parte do bullying porque isso eu sempre sofri por ser gordinha.
Enfim, é bom ver que existem mulheres como você para dar o exemplo do que é ser um bom cidadão e mostrar às nossas jovens que não precisamos ser somente belos objetos de adorno masculino, que nossa sociedade pode e deve conviver em paz com as diferenças.
Obrigada por dividir seus textos conosco.
Obrigada por abraçar essa luta de igualdade que muitos de nós abraçamos também
Claro que vc é jovem demais para ser mãe de uma moça de 27 anos mas teria muito orgulho de poder te chamar de mãe. (espero que não entenda esse comentário final errado)

Um beijo de uma admiradora
Bruna

Anônimo disse...

Lola, conheci seu blog só nessa semana(infelizmente, gostaria de ter conhecido há muito tempo).

Queria só dizer que, mesmo sem te conhecer, tenho um imenso carinho por você.Você compartilha as mesmas ideologias que eu e por isso me identifiquei com você.

Sou homem e seu blog abriu muitas portas do conhecimento pra mim, coisas que nunca tinha pensado que muita gente vivencia no dia-a-dia.

Você acaba de ganhar mais um admirador,viu? E não deixe de escrever, você faz isso maravilhosamente bem.

Beijos e muito obrigado por todo o conhecimento que já me destes.