terça-feira, 20 de novembro de 2012

ACEITAR NOSSO CABELO, UM ATO POLÍTICO

Eu não sou negra, e, como nasci na Argentina, onde há poucos negros e miscigenação menor ainda, não tenho ascendência negra. Gostaria de ser e ter. Gostaria de ter a pele mais escura, cor de chocolate, essa cor divina. Claro, gostaria de ser negra sem perder meus privilégios brancos.
Outro dia algum troll anônimo deixou um comentário dizendo que meu cabelo era “ruim, cabelo de negro”, se bem que acho que ele usou palavras menos educadas. Primeiro que não entendo como um cabelo pode ser ruim. E recomendo este vídeo eloquente, “O que o cabelo fez pra ser chamado de ruim?”, que em poucos minutos mostra inúmeros exemplos do nosso racismo tão cordial. Segundo que meu cabelo é muito parecido com o do meu finado e amado pai, que era loiro (bom, já era grisalho quando eu nasci): encaracolado às vezes, com muitos fios fora do lugar, um frizz (é assim que se chama?) permanente. E, acredite se quiser, tem um monte de gente na internet que me critica por causa do meu cabelo. Pelo jeito, meu cabelo é ruim, é péssimo, e eu que não tinha sido avisada. E pensar que eu sempre gostei dele!
Nessas horas me pego pensando nas Olimpíadas, quando a fabulosa Gabby Douglas, primeira ginasta negra na história a ganhar o torneio individual por aparelhos, foi malhada por seu cabelo. Imagina, a menina voa, flexiona seu corpo de formas inimagináveis, e o pessoal se preocupa com o que ela tem em cima da cabeça! De lá pra cá, em todas as fotos que vi dela, ela está com o cabelo “bom” (liso, longo), dentro do padrão aceitável. Ela foi forçada a entrar no padrão. Não teve escolha.
No ano que passei em Detroit, cidade em que 80% da população é negra, me exasperei com o padrão. Todas as negras tinham cabelo alisado. Todos os negros tinham cabelo raspado, quase careca (muitas vezes acompanhado de um bigodinho). Black power? Isso é coisa dos anos 60 e 70!
É incrível a importância que a gente dá pra cabelo. Como diz a escritora Maya Angelou em Bad Hair, o documentário que Chris Rock fez pra responder à pergunta de sua filhinha de seis anos, Lola (“Por que meu cabelo não é loiro e liso?”), o cabelo é a glória de uma mulher. O assunto é tão sério que muitas mulheres que perdem o cabelo contemplam o suicídio. Cabelo longo está associado à femininidade, assim como cabelo ruim está associado à negritude. São construções sociais tão repetidas que a gente passa a ver essas associações como naturais.
Angelou e outras escritoras americanas negras tão brilhantes como ela (Alice Walker, Toni Morrison) sempre incluem em seus romances a descoberta da menina negra de que seu cabelo não é aceito como é. Vem o desapontamento, a dor, a inveja, a revolta. Algumas personagens incorporam mais este dano a sua autoestima. Outras decapitam suas bonecas loiras de cabelos lisos e olhos azuis.
E é de revoltar. O que fazer se você é criança ou adolescente na época em que quase toda mulher queria ter o cabelo da Farrah Fawcett? Aqueles fios esvoaçantes e loiros que balançavam sempre que uma Pantera tirava o capacete... Na década de 90, o negócio era copiar o penteado da Jennifer Aniston. Só que tem um montão de gente que não tem cabelo loiro e liso. O que fazer quando a sociedade te lembra todo dia que seu cabelo não presta? Que ele não só é considerado feio e sujo, como também você, por ter esse cabelo, é considerada desleixada, menos capaz, mais rebelde, mais indomável? Que ter cabelo fora do padrão pode te custar o emprego?
Hoje meninas de dois anos já começam a ser submetidas à ditadura da beleza do cabelo liso. Tem gente jogando coisas que queimam na cabeça de bebês, fazendo chapinha em criaturas que ainda mal têm cabelo. Elas aprendem desde muito cedo que estão fora do padrão. E que pra se aproximar dele é preciso muito sacrifício, tempo e dinheiro.
Vamos ver uma breve história de anúncios de produtos direcionados ao cabelo de negras americanas. Ok, este daqui é só pra situar. Não é sobre cabelo necessariamente, se bem que até poucas décadas atrás era comum lavar o cabelo com sabão. Este anúncio é de sabão e data de 1860 e alguma coisa. Um menino pergunta a uma menina negra, “Por que sua mãe não te lava com o sabão tal?”. Naquela época não havia cremes para clarear a pele. Hoje existem, e vendem pra caramba na Índia, por exemplo.
Este é de 1963, tempo mais conectado com o atraso dos anos 50 que com as revoluções que viriam no final da década. "Ele costumava me evitar, agora somos namorados", explica a mulher que usou creme para embranquecer a pele.
Houve uma época, a tal do Black Power, em que tudo que era afro era para ser celebrado. Tinha a ver com identidade negra, com orgulho de suas raízes. Tal mãe, tal filha, diz o título em alguma linguagem africana.
Este anúncio que fala de “domador” ("Você conhece o domador? Ela conhece") já pertence ao backlash dos anos 80, quando os conservadores decidiram brecar conquistas que grupos historicamente oprimidos vinham conseguindo.
E este é dos anos 90. Cabelo mais liso, impossível. A modelo parece uma Julia Roberts negra!
Então, o nosso tempo está mais pra revolução dos anos 60/70 ou pro retrocesso dos anos 80/90? Minha opinião é que ainda vivemos no backlash. E o fato das negras americanas gastarem os tubos para alisarem os fios ou comprar cabelo postiço (da Índia!) é uma boa amostra deste retrocesso.
Mas este documentário de 5 minutos da (belíssima) cineasta britânica/nigeriana Zina Saro-Wiwa, que vive no Brooklyn, afirma que um monte de negras americanas estão num momento de transição -– do cabelo danificado pela química para a volta do cabelo natural. Será mesmo? Seria ótimo se um movimento desses se espalhasse. Além de economizar uma nota (o mercado para cabelo negro está na cifra de 9 bilhões de dólares por ano), as negras americanas teriam mais opções, mais liberdade.
O que Saro-Wiwa estranha é que o movimento não se vê como político, e sim como uma atitude individual. Acho isso compreensível: a maior parte das pessoas não associa o conceito de cabelo ruim a racismo. Veem a ditadura do cabelo liso como uma preferência individual, não uma construção social. Do mesmo jeito, essas mulheres negras que estão fazendo a transição para o cabelo natural veem sua ação como um ato pessoal. Mas o pessoal é político.
Aceitar a si mesma, ter orgulho de suas características, é um ato político, assim como é um ato político a doutrinação de que um tipo de cabelo é ruim. Hoje, 20 de novembro, é dia da Consciência Negra, e certamente existem problemas muito maiores que cabelo (veja esta blogagem coletiva para ler vários outros temas). Mas cabelo é fundamental, porque mexe com a nossa autoestima. E num país lindamente miscigenado como o nosso (eu sou naturalizada, então me considero brasileira), o que mais temos é cabelo fora do padrão.
Em vez de nos adequarmos ao padrão, que tal mudá-lo? Pra começar, aposente a expressão cabelo ruim. Pare de usá-la, e quando ouvi-la de outra pessoa, pergunte: “O que o cabelo fez pra ser ruim?”. Aprenda a ver e elogiar beleza em todas as cores, idades, formas, penteados. Treine seu olhar para pensar fora da caixinha. E liberte seu cabelo. Assuma que esta libertação é o que é -– um ato político. Com muito orgulho.

140 comentários:

Anônimo disse...

Lola, começa a história dos produtos "beleza natural". É o discurso em prática

Adriana disse...

Lola,

Apenas para constar um depoimento:

Minha irmã é professora de escola pública, ao longo da última semana ela esteve trabalhando o tema consciência negra com seus alunos. Ela disse que havia uma menina negra que sempre estava de cabelos lisos.

Ao longo das aulas minha irmã esclareceu sobre o movimento negro, políticas afirmativas e o impacto do preconceito estético. Para esse último, ela levou para sala diversas revistas (como a Veja, Caras, Pais e Filhos, revistas de moda e Bravo) e pediu para os alunos verificarem em quanto tempo encontravam uma pessoa negra e uma pessoa branca. Bom, sabemos o resultado, né? Em cada revista havia três a cinco páginas em que aparecia uma pessoa negra. Salvo engano, na Bravo, que é uma revista sobre cultura brasileira, não aparecia nenhum, ou apareciam no máximo dois.

Ela contou que os alunos acompanhavam a discussão de forma muito interessada. Sobre a menina negra que citei, minha irmã informou que desde então ela não usa mais o cabelo alisado.

Também sou de família branca, mas meu cabelo pende mais pro crespo do que pro liso e sim, já ouvi milhares de vezes sobre como fico mais bonita de cabelo liso, mais jovem, mais rica, mais isso, mais aquilo enfim. Ainda tem o grupo que diz que cabelo cacheado é bonito mas é muuuuuuuuuuito difícil de cuidar, sempre respondo que não tem nada de difícil, tudo que precisa é de personalidade.

Só pra finalizar, acho importantíssmo o dia da consciência negra, é sempre uma oportunidade pra tentar esclarecer o pessoal que tá sendo super preconceituoso, mas nem se toca do fato.

Abs,

Adriana

-b. disse...

Deixo aqui uns vesos do Emicida, que completam muito bem o post:

"Por que a policia para pra mim, e os taxistas não?
Por que eu tenho que provar, que os meus bagulhos é meu?
Se eu não comprei, quem me deu? E se eu gaguejo, fudeu!
Artistas mudando o nariz, de cabelo alisado
Reforça essa merda de que ter cabelo crespo é pecado
Século XXI, progresso? olha de novo irmão
Cê vai ver que os preto ainda tão, na rua, no gueto e na prisão
Sem saber se são regras, ou excessão
Todo mundo é igual, e ainda assim, nós tá fora do padrão"

É um pedaço da musica "intro (é necessário voltar ao começo)"

Pra quem quiser ouvir:

http://www.youtube.com/watch?v=K9N7ZHVJjJo

Jamille Paz disse...

Obrigada pelo post de hoje, Lola!
Fiz a transição há 5 anos e estou muito mais feliz!

Anônimo disse...

Belíssimo texto.

Anônimo disse...

O que é essa propaganda do clareador de 1963? Gente.

Anônimo disse...

E responder "o que o cabelo fez pra ser ruim?" não adianta nada, porque aí vão passar a chamar de duro, de feio, enfim.

Anônimo disse...

Concordo com tudo. Sou uma dessas que tá deixando o cabelo voltar a ser natural. Dá trabalho, mas vale a pena!

Anônimo disse...

Mostrei esse texto pra deus e o mundo.
E viva a lola!

Anônimo disse...

Bom, eu quando criança tinha muita raiva do meu cabelo. O cabelo da minha irmã era menos enrolado que o meu, e minha prima tinha o cabelo liso, e caçoava de mim pelo cabelo cacheado. Eu fiz alisamentos desde os 8 anos de idade. Fazia escova no salão chorando pq doía muito (o couro cabeludo ainda em formação). Sofri com químicas durante ANOS. Mas há 2 anos, parei com os alisamentos, parei com a vergonha. Pq teria vergonha de ser como eu sou? Pq não poderia ser bonita como sou? Decidi assumir meus cachos, e além de liberdade, sinto mais confiança. Sou bonita assim, me sinto mais feliz assim. E a minha irmã, que segundo todo mundo ''sempre teve o cabelo bom'' alisa o cabelo até hoje e CHORA quando a raíz do cabelo começa a crescer.

Uma lástima ver crianças tão novas sendo vítimas dessa sociedade podre, como eu fui.

Bárbara disse...

Super concordo, Lola.

A primeira vez que fiz alisamento no cabelo, eu tinha 10 anos!

Aos 18 tive um ataque de pipoca e cortei tudo super curtinho pra ter meus cachos de volta. Foi bastante importante pra minha auto-estima, bem ritualístico.

Acho que a gente ainda alisa muito cabelo, mas ando percebendo algumas mudanças. Várias meninas que eu conheço fizeram o mesmo mais ou menos um ano depois. A Helena da Thaís Araujo ajudou as pessoas a assumirem isso, creio.

E hoje já é mais fácil achar alguém que saiba cortar cabelo cacheado do que há uns 2, 3 anos atrás.

Na minha militância cotidiana do corpo, eu sempre incentivo as mulheres a deixarem os cachos.

Acho lindo demais. =)

Anônimo disse...

Lola você já viu que a banda dos estupradores New Hits está com show marcado para o final deste mês?

http://www.salvadordez.com.br/noticias/exclusivo-alterado-para-o-dia-30-de-novembro-o-primeiro-show-da-banda-new-hit-1134

Absurdo!

Li disse...

Lola, achei seu post o máximo!!

Ouso dizer que sse "racismo capilar" afetou até a mim, que sou loira de cabelos ondulados. Ora, como morei em Pernambuco por muito tempo, e como lá o padrão de baleza são cabelos lisíssimos (apesar de pouca gente ter cabelos naturalmente assim), até eu tinha pressão para que o meu próprio cabelo fosse alisado. Fiz escova umas duas vezes, e não gostei. Aquilo ia contra minha natureza.

Quando era adolescente em Recife, alisar o cabelo era sinônimo de estar bem arrumada. Ninguém iria a um casamento ou a uma festa de 15 anos sem fazer "pelo menos" uma escova.

Hoje me nego a ter qualquer intervenção estética nos cabelos, e não piso em um salão há 5 anos. Também recomendo às minhas amigas que valorizem seus cabelos do jeito que são. Praticamente todas elas tem um cabelo lindo, só que não sabem disso (em parte porque ele já foi tão pintado e alisado que elas já nem sabem como ele é naturalmente...).

Anônimo disse...

Eu tenho o cabelo cacheado, e sempre fui "militante" da causa. Passada a fase adolescente de querer ser igual a Jenifer Aniston, passou o desespero pra ter cabelos iguais aos de todo mundo.
O negócio é que cabelo é uma coisa associada muito fortemente à feminilidade, como vc bem disse. Acho difícil escapar dessa ditadura. Hoje eu não consigo me imaginar com outro cabelo, faz parte da minha personalidade ter o cabelo diferente. E diferente vírgula, né. Só porque eu não aliso ele é diferente, mas na verdade ele é bem comum. O que eu acho engraçado é que quando eu faço escova (também não sou radical ao ponto de não poder mudar de vez em quando, acho besteira!) e saio com ele liso, os meus amigos homens são os primeiros a reclamar, e mandar eu voltar a usar meus cachos. Maaaas, veja bem, eu tenho cabelo enrolado, tenho certeza que no caso de cabelos afro o buraco é bem mais embaixo.
Gostei muito do post. Acho que rende continuações sobre esse viés da autoestima, vaidade feminina e os cabelos :)
Beijos,
Bia.

Ana Lúcia disse...

nossa... meus cabelos são cacheados. dá trabalho, mas eu gosto assim. o dia q fica difícil faço uma trança e "domo" a fera. rs

Já cai na besteira de fazer uma progressiva. Um ano pros meus cachos voltarem a ser como eram. isso eu chamo de sofrimento...

#VivaMeuCabeloDoJeitoQueEleÉ

Anônimo disse...

*OFF TOPIC*
Lola, PELO AMOR DE DEUS, olha isso.

http://terratv.terra.com.br/videos/Esportes/Futebol/Campeonato-Brasileiro/5015-445744/Policial-agride-torcedora-de-18-anos-antes-de-partida-em-Curitiba.htm

Tanize disse...

Um dos comentários do vídeo sobre a transição levanta um ponto bem interessante; a pessoa afirma que são as mulheres com maior nível educacional e econômico que vem liderando o processo de transição, porque na comunidade pobre negra norte-americana ainda é motivo de muito orgulho ser dona de uma cabeleira lisa - mesmo que seja uma peruca.

O que eu acho interessante nisso é o fato de que somente com muita informação uma mulher toma coragem de enfrentar os mil olhares tortos (que sempre vem) ao retornar aos seus cabelos naturais. E faz isso sem se sentir ainda mais com cara de suja, pobre e mal-tratada, que são os comentários mais comuns quanto ao cabelo crespo e cacheado. Como a própria Adriana falou da aluna da irmã dela, somente sabendo com que argumentos enfrentar as mil perguntas sobre o porquê de não mais alisar o cabelo ela pode tomar essa decisão.

E concordo com a Bárbara, pois mulheres negras, apesar de ainda muito raras, tem ocupado espaço na mídia, mas sempre com tons de pele claros, traços caucasianos e, acima de tudo, com cabelos lisos. Por isso que o aparecimento, mesmo que ainda mais raro, de atrizes com os seus cabelos naturais tem grande capacidade de motivar outras mulheres a se sentires bem com seus cabelos naturais.

Felizes cabeleiras naturais pra todas nós!!

Unknown disse...

Falou e disse Lola. Cabelo é mesmo um assunto complicado e aceitar as madeixas do jeito que são parece ser mais complicado. Hoje coincidentemente expus minha cabeça com cabelos quase raspadinhos...eu não tive problemas em perder os cabelos durante a quimioterapia, mas quando terminei, queria que o cabelo nascesse logo e preferência comprido. Estes últimos dias comecei a aceitar esses crescimento devagar, mas que faz parte do meu processo de luta e vida. Agora é só esperar pelo crescimento encaracolado ou liso, pois ainda não sei o que vai ser, mas eu vou ter que aceitar o meu cabelo bom!

Anônimo disse...

Com muita sinceridade: tenho cabelos bem lisos e adoraria também se fossem cacheados pois acho muito bonito.Mas detestaria tê-los muito crespos ou com cachinhos miúdos demais.Será um gosto pessoal ou não?

Charô disse...

Olá Lola, seu texto como sempre é certeiro. Mas tem um aspecto que me chamou muita a atenção: vc não aponta o dedo para aquelas que estão de cabelo liso, sem deixar de mostrar o quão problemático é a adoção de alisantes e chapinhas. Obrigada duplamente.

Camila Fernandes disse...

Eu já comentei aqui de uma amiga que tem o cabelo black power MAIS LINDO do mundo, não é? Ela é linda. É negra e tem uma mistura de traços absurdamente bonita, exótica, com um nariz de traços fortes e olhos amendoados fora de série. Sei que falando assim parece que eu sou apaixonada pela garota, mas, gente, não tem uma pessoa que não a ache maravilhosa. A gente trabalhou juntas num museu e uma vez a visitante pediu para tirar uma foto dela de tão linda que ela é. No meu aniversário deste ano, outra amiga querida levou a câmera e tem um monte de fotos aleatórias dessa garota, porque ela é simplesmente linda (do tipo que a gente tem vontade de desenhar, mesmo). A irmã dela, que é uma fofa, também usa um black power lindo, e pelo que ela me contou o irmão caçula andava querendo fazer um penteado afro. Sei que tanto ela quanto a irmã são cheias de personalidade, seguras de si e engajadas no universo da cultura de uma forma geral. É uma pena que nem todas as garotas tenham exemplos assim para se mirar. E digo não apenas no sentido de atitude, que as duas tem de sobra, mas no visual mesmo. Faltam referências.

Eu, que sou branca de olhos azuis e cabelos finos e ondulados, cresci ouvindo que era parecida com essa ou aquela atriz famosa, ou que o corte de cabelo da Fulana daquela novela ia ficar lindo em mim. Tenho lido bastante sobre a necessidade de reconhecer privilégios e estar "dentro do padrão" é isso aí. É se ver e se reconhecer em cada propaganda ou matéria de revista, telenovela e comercial, mesmo sabendo que a sua aparência não representa toda a diversidade da população brasielira. É claro que eu não tenho 1,70 e nem sou magra feito modelo, mas eu consigo me enxergar no esteriótipo que a sociedade representa (embora alcançá-lo seja inatingível para pessoa, a não ser a Barbie). Não estou dizendo que para mim a visão machista e classista de "mulher" que é mostrada não seja danosa, porque certamente é, mas imagino que o impacto para alguém que não consegue se identificar com o esteriótipo seja ainda mais cruel. Digo imagino porque, de fato, eu só posso imaginar. Eu não sinto isso na pele, literalmente. Ninguém disse, jamais, que o meu cabelo era ruim. Ninguém me disse que eu tenho um "nariz de preto", como se isso fosse um problema. Ninguém me tratou diferente por causa da minha pele. Até hoje, nenhuma vendedora de loja deixou de me atender por causa disso, mesmo quando eu estava usando os meus habituais jeans, camiseta e All Star. Se a questão for "boa aparência" - isso soa horrível - eu me enquadro facilmente, não é? Caramba, eu não consigo entender como é que as pessoas não percebem o quanto isso é mau, desumano e opressor. Ainda tem gente que diz que racismo não existe, ou que justifica atitudes claramente racistas como "gosto pessoal". Fala sério, é de perder a fé na humanidade, mesmo.

Victória disse...

Oi gente,

Esta menina do vídeo abaixo se chama Rayza Nicácio. Ela tem um canal no YouTube em que fala sobre assumir o cabelo cacheado e dicas para cuidar, pentear, cortar, etc.

E está fazendo bastante sucesso, muitas meninas se sentem incentivadas a não alisarem mais.

Achei bem bacana a iniciativa. Sem falar que é uma mulata gatíssima.

http://www.youtube.com/watch?v=Uv3kD9c5hdw

Moema L disse...

Esse post foi um baita tapa na minha cara,acabei de chegar da loja com uma chapinha nova.

O pior de tudo é que eu sei que estou errada mas é tão difícil ouvir de todo mundo que seu cabelo é uma bosta que chega uma hora que você acredita.

Sou filha de argentino e brasileira (loira do olho azul) ou seja meu cabelo não é nem de longe crespo ele simplesmente não é liso. E isso incomoda tanto os OUTROS mais do que a mim.

Quando eu era mais nova sofria horrores com os comentários dos outros mesmo os meus pais sempre dizendo o contrario, sempre dizendo o quanto ele era bonito do jeito que era meio cacheado meio liso e com volume.

Agora já grande eu até gosto dele, na verdade me reconheço melhor com ele ao natural faz parte de quem eu sou.

E ai é que vem outro problema, tenho a nítida impressão que muita gente se sente "ofendida" quando digo que gosto dele assim que pretendo não alisa-lo mais.É como se elas simplesmente não se conformassem com o fato de eu ter aprendido a gostar dele do jeitinho que ele é.Isso as incomoda.

Incomoda tanto que outro dia ouvi da minha chefe que eu devia arrumar meu cabelo. isso mesmo, chegou a esse ponto. A minha chefe chegou um dia com varias presilhas e disse que eu tinha que me arrumar para não parecer uma "maria louca" que deveria arrumar o meu cabelo de forma que ele ficasse bem presinho. Alem de ter jogado uma indireta bem direta, básica, de que cabelo natural era coisa de gente relaxada.

Eu sei que a melhor resposta para isso não é sair e comprar uma chapinha nova mas eu preciso trabalhar e esse tipo de comentário enche o saco de qualquer um, como não posso manda-la a merda como gostaria, faço o que dá.

Anônimo disse...

Nossa Lola, quase minha infância aí.

Com exceção minha, do meu irmão e do meu pai, a minha família inteira por parte de pai é negra. Quando eu nasci, loira e de olho claro, foi uma comemoração como se alguém da família tivesse passado em medicina na USP. Quando cheguei na adolescência e meu cabelo começou "a ficar ruim" = cachear/encrespar, meu deus, parecia funeral, e todos perguntando "Ai faz uma escova nela, vai ficar parecida com a menina da novela!"

Na minha família, ninguém assumia o cabelo crespo/cacheado, até que eu resolvi parar com a conversa das escovas e assumi. Consequentemente a família inteira também assumiu. Lola, pergunto, será que é porque eu, branca, "validei o discurso"? Assim como as palavras das mulheres, muitas vezes, são validadas quando um homem diz?

Unknown disse...

Lola, eu amo quando você demonstra que uma atitude pessoal é um ato-político. E vc faz isso tão bem!
A primeira vez que li esse argumento sendo usado sem "vergonha de ser feliz" foi aqui. Antes eu até já percebia como é ilusão (e pretensão demais) querer jogar tudo na questão individualidade, mas achava que era só uma loucura minha.


Anon: "E responder "o que o cabelo fez pra ser ruim?" não adianta nada, porque aí vão passar a chamar de duro, de feio, enfim."

Ah, adianta sim. Pelo menos quando eu falo isso vejo as pessoas reagem meio que perplexas e sem ter o que responder. Realmente incomoda aquele racista que não se acha racista, que acha que é gosto pessoal. Eu sei que normalmente a pessoa vai continuar achando que o cabelo "duro" é "feio"...mas no mínimo vai se tocar que se o negócio é tão "gosto pessoal" ela não pode mais usar o adjetivo "ruim" que tem conotação genérica. Se ela quiser falar mal do cabelo alheio vai ter que especificar o que ELA acha ruim (não é pessoal?). E no exercício de específicar o que é exatamente é "ruim" no cabelo negro ela já vai perceber como somos todos forçados a engolir um padrão.



Eu acho melhor ainda quando vc pergunta "cabelo ruim? como é isso?" com uma cara de "oi alien, o que vc faz na terra?"...a reação de surpresa que tenho visto é ótima, a pessoa até se desconcentra do que tava falando, hahaha.

Karla disse...

Eu tenho cabelo cacheado. Passei 4 anos alisando-os, tirando completamente os cachos, dos 16 aos 20. Nessa época, estava muito na moda o cabelo beeeeem liso - o tipo de cabelo que menos de 1% das brasileiras tem naturalmente. E todo mundo comenta como meus cabelos naturais são muito mais bonitos. :)

Agora, uma coisa que eu acho chata é uma certa pressão para que os cachinhos estejam sempre impecáveis, sabe? Como em um comercial de shampoo, em que os cachinhos ficam arrumadinhos e ~controlados~. Odeio, ODEIO essa idéia de controlar meus cabelos - gosto de arrumá-los, cuidar deles, mas meus cabelos (assim como eu!) não são tão fáceis de controlar. Gosto de deixá-los soltos, livres, em movimento...

Eu desconfio que tenho muito mais facilidade pra me aceitar porque sou branca e tenho cabelo cacheado. Imagino que pra uma menina negra, que tem cabelo afro, seja infinitamente mais complicado. Ouço sempre dessas meninas que elas deixariam os cabelos naturais se eles fossem cacheados ao invés de crespos. Admiro muito as meninas negras e mulatas que ostentam o cabelo por aí, até porque reconheço que deve ser bem difícil.

Ronaldo disse...

"Naquela época não havia cremes para clarear a pele. Hoje existem, e vendem pra caramba na Índia, por exemplo."

Vale lembrar que muitos dos produtos usados para clarear a pele trazem terríveis riscos de saúde. A Hidroquinona, por exemplo, pode provocar câncer.

Eu particularmente não acho cabelo crespo muito bonito, mas é melhor manter o que a natureza deu do que passar a vida usando métodos desgastantes, perigosos e caros para fingir ser algo que não se é.

Anônimo disse...

Eu não tinha consciência do quanto o cabelo que não é liso é discriminado. Meu cabelo é liso e sempre recebi elogios do tipo "nossa que sorte", mas nunca parei para pensar o que significavam.

Mas outro dia no trabalho a secretária da chefe do setor estava em uma conversa com um grupo de pessoas e perguntaram a ela porque ela alisou o cabelo, por que o cabelo dela era cacheado antes. Ela disse que a irmã gêmea viveu uma experiência ruim no emprego anterior: o chefe perguntou a ela quando ela iria "dar um jeito naquele cabelo", porque daquele jeito ela não poderia continuar ali. Ela ficou sem entender, mas a colega de trabalho explicou que ela deveria alisar o cabelo.

Eu fiquei muito chocada, mas lembrei de um caso que não tem muito a ver com cabelo: eu tenho um sinal no rosto meio avermelhado (hemangioma) não é alto nem muito vermelho, é só uma alteração na cor da pele. Uma vez uma professora me disse que eu deveria "dar um jeito" na minha pele, pq desse jeito não conseguiria nenhum emprego.

Legal como qualquer coisa muito diferente do padrão homem branco hétero de dentes brilhantes, pele lisinha e cabelos esvoaçantes é totalmente repugnante para as pessoas.

Julia disse...

Domingo eu estava assistindo ao THE VOICE na Globo e durante as apresentações eu dava uma olha no twitter pra ver os comentários. Quando a Quesia apareceu pra cantar http://tvg.globo.com/programas/the-voice-brasil/videos/t/etapa-ao-vivo/v/quesia-luz-interpreta-ben-sucesso-de-michael-jackson-na-etapa-ao-vivo/2248480/


O que eu eu lia era "essa Quésia nunca ouviu falar de chapinha, não?", "que cabelo é esse?" e coisas do tipo... E eu abismada porque além de achar que ela estava linda, parecia que o povo tava mais preocupado em falar mal do cabelo do que com a apresentação dela.

Rob disse...

Tenho cabelo liso e castanho-claro portanto nunca tive problema algum com pessoas pegando no meu pé por causa dele.Sempre que chegava nos salões indo acompanhar alguém as moças tratavam de elogia-lo e tudo mais.Porem,minha irmã nasceu com cabelo crespo e desde criança ela era atormentada até pela minha vó,que tbm tem cabelo crespo,para alisa-lo.Ela punha ovos,babosa e um monte de coisa nos cabelos da minha irma.Minha irmã conta que até para achar shampoo era complicado pois os shampoos da época não eram pro tipo de cabelo dela.Por fim ela fez uma progressiva e encheu o cabelo de química.Tá assim a tanto tempo que nem sei mais como é o cabelo natural dela.Vou mandar esse vídeo para ela.Afinal o que seu cabelo fez para ser ruim,Mah?

*Mel* disse...

sempre que alguem me diz "nossa, mas vc tem o cabelo tão bom!" - eu respondo perguntando o pq dela dizer isso, já q meu cabelo é tão liso, q nenhum penteado que eu queira fazer, nem mesmo uma trança (tão na moda hj em dia) para. sempre invejei os cabelos cacheados. mais versátil impossivel! ou os cabelos black power - força de uma cultura!

mas no fim, é aquela "inveja boa" , não aquela inveja maldosa, de desejar q a pessoa fique careca, só pq eu não posso ser igual.

gosto do meu cabelo. aos poucos aprendo e invento truques para que eu tenha mais volume. não sei pq, mas na minha cabeça, um cabelo mto liso, sem volume, parece q a minha personalidade é certinha, ao passo q um cabelo com mais volume, da a impressão de femme fatale.

mas não morro por não ter o cabelos dos meus sonhos. me conformo, e aceito como sou. só alterei a cor, coisa q hj em dia não agride muito o couro cabeludo, e não danifica demais. alem d eu ser um relaxo, e só retocar 2 ou 3 vezes no ano, qdo deveria retocar todos os meses. mas não me importo.

lidissimo post! adorei o comparativo das propagandas. e é assustador o quanto as pessoas se espelham na mídia, e por isso msm é q ela é tão forte.

Rodrigo disse...

Impossível ler esse post e não lembrar da Lady Gaga. Procurem a letra de Hair, é incrível. Pode não ser muito profundo, mas acho que pros padrões da música pop de hoje em dia a Lady Gaga é a única artista que vai além do comum, algumas musicas dela tem mensagens muito boas (outras nem tanto haha)

Sabrina disse...

aqui no brasil tem mulheres que estão voltando a usar o cabelo natural,é só ver no youtube,tem vários videos sobre isso.

Ana disse...

Sobre cabelo, não posso falar de racismo, mas posso falar do peso que ele tem na imagem das mulheres - que aliás, é algo que me impressiona.

Sempre tive problemas com o corpo, mas não com meu cabelo. Minha mãe sempre adorou meus cachos, elogiava, me incentivava a cuidar, vivia dizendo que invejava (o dela é loiro e "pichaim" - sim, LOIRO E "PICHAIM". Existe, gente). Com tudo isso, consegui aprender a gostar do meu cabelo, mesmo ele sendo cacheado, escuro, volumoso e rebelde (que são características que muita gente vê como "ruins").

Eu costumava conservá-lo o mais longo possível, mas lá por 2009 tive um ano difícil e precisava de uma virada. Não tinha liberdade pra fazer nada radical, mas sentia desesperadamente que Alguma Coisa na minha vida precisava mudar.

Resolvi cortar o cabelo. Não era perigoso, não era definitivo, não era caro e ia durar por um tempo.

Como sabia que minha mãe ia vir com milhões de argumentos contra e não queria me desgastar, resolvi fazer primeiro e perguntar depois. Então na última noite do ano tomei um banho e fui pra frente do espelho com uma tesoura.

Centímetro por centímetro, fui cortando bem aos pouquinhos pra ter certeza de que não ia passar dos limites. Deu certo - Não ficou perfeito porque eu não sabia o que estava fazendo, mas foi razoável. E eu me sentia bem melhor. Meu cabelo que antes ia quase até a minha cintura passou a quase não tocar meus ombros.

Quando mostrei o resultado à minha mãe no dia seguinte, ela deu um berro que até os vizinhos ouviram - "VOCÊ FICOU LOUCA?!". Mas passado o choque inicial, até aceitou bem.

O que me impressionou na história toda foi quando eu fui ao salão ajeitar o corte e contei o que tinha feito. Todas as mulheres na sala ficaram com o queixo no chão. "Se eu cortasse meu cabelo nesse comprimento", disse uma garota, "eu acho que ia morrer chorando".

Eu achei aquilo a coisa mais sem sentido do mundo. Porque cabelo cresce, oras. Não é uma perna ou um braço que você amputa, é só cabelo. Ok, até eu que sempre fui avessa à vaidade atribuí um senhor valor - de recomeço, de segunda chance - ao meu insignificante cabelo. Mas daí a dizer que eu choraria por ele? Jamais!

Outra coisa que me fez pensar uns tempos atrás foi um caso de uma turma que raspou os cabelo para apoiar um colega com câncer. Todo mundo raspou, até os professores - quer dizer, todo mundo que era homem. As meninas não tiraram nem as pontinhas.
Não estou querendo criticar as moças, ou dizer que ela por não terem cortado o cabelo gostavam/apoiavam menos o rapaz doente. Mas aquela situação deixou muito claro pra mim o quanto o cabelo de uma mulher é algo intocável - nem um amigo querido com câncer é motivo suficiente pra você abrir mão dele.

Também tive uma fase muito apegada à chapinha e já cogitei fazer alisamento e afins, mas graças a dels mudei de idéia. Hoje sou muito feliz com meu cabelo do jeitinho que ele é. (E agora que saiu o preview da Marvel para o ano que vem, estou gostando ainda mais, porque vem aí uma Miss America que tem todo o jeito de personagem feminina forte e guess what - o cabelo dela se parece com o meu :D Ah, esse privilégio de ser representada positivamente na mídia...)

Unknown disse...

Sou uma moça negra de cabelos cacheados, mas daquelas que as pessoas adoram virar para mim e dizer:"Você não é negra, é morena e muito bonita". Como se isso fosse um elogio! Às vezes eu faço escova nos cabelos e acho engraçado como as pessoas vêm toda felizes perguntar: "Fez progressiva? Nossa ficou bem melhor..." Acho que ainda estamos longe de sairmos do padrão.

Pryscila disse...

FANTÁÁÁÁSTICO POST!!!!!!!!!!!

toutjour disse...

Leitura aconselhável:

A mancha humana, Philip Roth

Banda sonora:

Qualquer uma do Jorge Benjor

Karine disse...

Uma das coisas que mais me impressionou nos países africanos que visitei (Africa do Sul, Zambia, Zimbabue e Botswana) era que muitas das mulheres tinham o cabelo alisado. Até nas cidades pequenas tinha sempre um ou dois salões anunciando que ali deixavam seu cabelo bonito (placas de "pretty hair" acompanhadas de uma foto de uma mulher com a chapinha). Segunda a moça do hotel na Zambia ter o cabelo liso é status.

Roxy Carmichael disse...

feliz dia da consciência pra todos nós!
(e um beijo bem especial pra revista marie claire: http://revistamarieclaire.globo.com/Revista/Common/0,,GF89480-17589,00-OS+CABELOS+DE+CELEBRIDADES+MAIS+COPIADOS+DE+TODOS+OS+TEMPOS.html#fotogaleria=1)

luana disse...

meu cabelo é super enrolado, beirando o crespo. quando mantinha longo, alisava. e ficara sonhando em cortar curtinho. mas tinha medo, sabe? me diziam que se meu cabelo fosse liso, eu poderia cortar - mas assim, um chanel. que cabelo muito curto é coisa de homem, que homem não gosta de mulher de cabelo curto.
acreditei por muito tempo, me importei muito tempo. aí um dia acordei e pensei, 'quer saber? até quando vou esperar pra fazer o que me dá vontade?'. marquei uma hora e disse ao cabelereiro: corta tudo. ele ficou de queixo caído, meu cabelo dava pelo meio das costas. tenho agora um corte que chammam 'joãozinho', curtíssimo. me dizem 'o que vc fez com seu cabelo?' 'vc está doente?. 'virou lésbica?' e todas as variantes.
mas eu tô muito mais feliz, com minha cara, meu cabelo, minha coragem de nadar contra a maré.
não gosta de mim por causa do meu cabelo, então não me enche o saco.
mas eu sei muito bem o tempo que levou, o que custou pra eu ter coragem de fazer isso. então, mesmo desejando que a gente pare de se curvar ao padrão, não posso julgar quem ainda o faz, por medo ou insegurança. porque eu já estive lá.

Ana disse...

Also, Lola, deixa eu te contar uma coisa.

Eu me lembro de um email meu que você respondeu -o 1º, de dois anos atrás, se não me engano- em que você comentava a minha inquietação com o mundo e dizia algo como "eu acho tão estranho ser jovem e não ser rebelde".

Nunca te disse, mas eu achei aquilo tão legal! Porque você falava de rebeldia como algo bom. Era um ponto de vista completamente novo pra mim na época. Eu estava acostumada com gente me dizendo "você pensa demais" e coisas assim. Aí de repente me aparece essa mulher que não vê nada de errado no meu questionamento eterno, pelo contrário! Putz grila, fiquei tão feliz.

O que curioso nisso é que dali em diante eu me peguei várias vezes olhando pro meu cabelo armado no espelho com alegria - mesmo que ele não estivesse 'definido' e toda aquela coisa.

Porque meu cabelo... Meu cabelo era rebelde. Rebelde com um R bem grande. E eu conseguia ver isso como algo positivo. Passei a olhar pra ele com mais orgulho, porque ele se tornou uma extensão da minha personalidade, uma manifestação da minha tal rebeldia que alguém tinha achado boa. O tal 'frizz' não me incomodava mais porque me convenci de que rebeldia tava com tudo, hahaha.

É um história bobinha de contar, mas eu achei que tinha haver a com o post. E juro por dels, é tudo verdade. Depois daquele email caí de amores pelo meu cabelo até no seu estado mais natural e desgrenhado possível...

Hoje o vento bate, desarruma, e eu só levanto a mão se for pra jogar meu cabelo pra cima com mais força e bagunçar ainda mais #prontofalei.

Mara Lima disse...

Obrigada pelo texto, muito profundo e verdadeiro! Sou negra e estou há 2 meses e 20 dias com o cabelo 100% natural. Estou adoraaando meu crespo e orgulhosa de mim, pois com minha determinação e ajuda do grupo Amigas Cacheadas, descobri a beleza do meu cabelo!

Bjs e Deus te abençoe!!!

Anônimo disse...

So uma coisa, a escritora deste texto sabe da relaçao dos negros com a Argentina? entao POR FAVOR , VEJA O DOCUMENTARIO : DEFENSA 1464 è SOBRE AFROs argentinos.

abraços

http://www.youtube.com/watch?v=gdqEU02p2Ls

Andréa K. disse...

Olha Lola, quando alguém começa a fofocar porque "fulana tem cabelo ruim" perto de mim, eu já corto a brincadeira infeliz pela raiz. Quem faz esse tipo de comentário é gente escrota. Mas eu também não condeno quem realmente se sente muito (mas tem que ser muito mesmo!) ao investir numa escova progressiva ou algo do tipo, respeitando por óbvio a saúde. O mesmo vale para cirurgias plásticas também. Fazer qualquer intervenção porque fulaninha dá indireta ou a pedido de alguém... Tô fora.

Quero também deixar uma sugestão de post-desafio: falar sobre o lixo de revistas tipo capricho, que ensinam meninas de 12/13 anos a "transformar seu rolinho em namorado", como se homem fosse centro e razão unica da vida de uma adolescente.

Anônimo disse...

Muito bom o post. Passei por uma situação similar ao querer usar cabelo "Joãozinho" tive que convencer a cabelereira de que ia ficar tão feminino quanto o comprido. Foi um choque para todos... isso me lembra também o processo de formação das representações sociais acerca do que é bonito/feio, superior/inferior, feminino/masculino. Abraço Lola

Priscila Boltão disse...

Minha mãe, quando eu era criança, me chamava de cabelo bombril. Eu não entendia a ironia - curtia meu cabelo. Achava engraçado a textura de "bombril fofinho" - armado, mas macio - e queria que ele ficasse bem longo, pra que eu me parecesse com como eu imaginava as princesas medievais - com longos cabelos negros encaracolados. Fui crescendo e meu cabelo rebelde tb, e ele foi crescendo na direção que bem entendia.
Logo que entrei pra escola, entendi que meu cabelo era ruim - sem saber o que ele tinha feito. Resolvi que queria ser loura, magra dos olhos azuis ou verdes, e pretendia fazer essas mudanças ao crescer, embora à época não soubesse o que faria com minha pele que não era branca como a neve (não sabia dos cremes de clareamento, então).
Emagreci ao ponto da anorexia. Me mandaram engordar porque "homem gosta de carne". Incoscientemente atendi, e lá em 2009, cedi a pressão geral e fiz uma progressiva, e fiquei com o cabelo liso de morrer.
Nunca meu cabelo foi mais elogiado. Nunca detestei ele mais. Nunca me senti menos eu.
Pintei de loiro e minha pele pareceu mais escura. Engordei mais devido a depressão.
Então, um dia, me enchi.
O cabelo perdeu a progressiva depois de descolorido, e me perguntavam quando eu faria outra. Respondi que nunca. Em vez de clarear a pele, escureci o cabelo de volta. Deixei encaracolar de vez, fui na nutricionista - pq queria emagrecer, mas sem loucura dessa vez - acabei largando o emagrecimento, mas aprendi a comer oq meu corpo pedia e não oq a tristeza mandava, foquei na carreira e nos estudos dando uma banana pra quem me dizia que eu devia me arrumar mais, sair mais, fazer outra progressiva - senão nunca arrumava um namorado.
Eu não posso dizer que sou feliz. Mas faço terapia pra aceitar quem eu sou. E hoje sou cheinha, moreninha (minha certidão diz branca, e minha mãe surta quando me declaro parda!) com os cabelos escuros, encaracolados, cheios de frizz e esvoaçantes. Nunca me senti mais princesa moura medieval.

Jéssica Córdova De Pariz disse...

Lindo texto Lola! Eu sempre gosto quando tu escreves sobre o teu cabelo, porque eu sempre me identifico muito com ele.

Eu tenho cabelo cacheado, e nunca ninguém irá me convencer de que ele não é bonito. Eu adoro os meus cachos, adoro o volume do meu cabelo e como ele combina comigo.

Uma das coisas que eu percebo é que o cabelo cacheado sofre menos preconceito do que o cabelo crespo. Eu também sempre vi esse preconceito contra os cabelos que não são lisos como uma forma de racismo disfarçado.

Disfarçado, porque as pessoas que dizem que o cabelo cacheado e crespo "é feio", porque não se pode arrumar, parece sujo e etc. E em todas as propagandas de chapinha, cremes de alisamento e etc, a pessoa no antes, está com o cabelo desarrumado, armado, e com a aparência abatida. E depois com o cabelo liso, ela está linda, feliz e até com uma "roupa melhor". Isso sempre me deixou muito brava.

E é engraçado isso. Em uma país como o Brasil, onde a maior parte da população tem mistura de raças, encontramos cabelo liso na minoria das pessoas. Então dizer que o liso é o padrão, é contraditório.

Ana Raquel disse...

Que ótima explicação, Lola!!

O preconceito não é só de quem tem cabelos crespos, mas também quem usa os cabelos naturais sem alisamento nenhum mesmo pra mim que tem cabelos ondulados.
Ainda está longe de acabar com a ditadura da chapinha, estamos ainda no começo pois o preconceito ainda é grande. :(

Rebecca Souza disse...

Boa tarde
olha eu amo meu cabelo que infelizmente não é tão crespo como eu gostaria,meu pai é negro e minha mãe branca,então meu cabelo só tem um pouco de volume e cachos,mas,eu o amo assim.esse post e muito sério mesmo,falar sobre cabelo é complicado para algumas pessoas ,tenho uma amiga que amo ,mas,eu fico triste por ela negra,não se assumir como uma pessoa bela .durante muito tempo ela estudou com bolsa em um colegio de pessoas ricas da cidade e sei que isso afetou ela de alguma forma.algumas pérolas que ela já soltou a respeito de seu cabelo
``vc só gosta do seu cabelo pq tem raiz lisa,queria ver se a raiz fosse ruim igual a minha``
`´pra mim seria um inferno se eu não pudesse mais alisar meu cabelo`´
``credo pq vc não controla o volume deste teu cabelo,vc não sabe que cabelo liso que chama atenção?´´
``eu não tenho vergonha de ser negra,eu sou não quero parecer uma(sim,ela falou isso)
Na festa dela de formatura,ela gastou tubos para alisar o cabelo e um `´amigo dela`´branco falou:nossa ,a mamãe disse que até que para uma negra vc esta bem arrumada(!)
E acreditem,ela acha o auge,o fato que até para a mãe racista do amigo ela estava bem vestida.
EU não sei quanto tempo teremos que ver pessoas terem vergonha de sua cor,sua etnia,sua cultura.
E acho que isso passa muito da familia,da escola,valorizar tds os tipos de cultura,todos os tipos de beleza para que possamos ter essa valorização de nossa diversidade.
tenho orgulho de minhas raízes negras-libanesas-ciganas e jamais faria algo para modificar isso,pois para mim,não só violenta meu corpo,como violenta minha prpria historia
E que bom seria que todos se aceita-se como são,e que alisar o cabelo fosse uma vontade pessoal e não uma regra impsta pela sociedade

sabrina disse...

como a ana disse,eu n entendo pq tanta escândalo por causa do tamanho do cabelo.
tem mulher q realmente fica triste e chora e as vezes é só por cortar as pontas.

eu odeio cabelo grande,só deixei ficar grande uma vez e até agora n sei como aguentei,eu passo a tesoura mesmo.

meu sonho mesmo é raspar a cabeça,deve ser muito libertador, mas minha coragem não chega a tanto.

até já achei na net mulheres que rasparam pq quiseram e lógicamente foram criticadas,sendo zoadas ou com as pessoas achando q estavam com câncer.

a mulher querer raspar a cabeça para muita gente é absurdo e que no minimo ela teve algum surto como o da britney spears.

e é engraçado tb como os outros acham q são donos do nosso cabelo,meu pai vivia dizendo pra eu n cortar e quando eu cortava fazia aquela cara de pena,sei lá.

minha prima n cortava o cabelo pq a mãe n deixava.
conheço várias mulheres q n cortam o cabelo ou pintam pq o namorado n quer,isso é absurdo demais.

o cabelo ta minha cabeça,eu faço o que quiser com ele,já tive um namorado q queria q eu deixasse o cabelo crescer,pq segundo ele é mais bonito,feminino,bla bla.

só importando o que ele queria,ai eu disse que ja q ele gostava tanto de cabelo grande que comprasse uma peruca e usasse.

terminamos um pouco depois,n sei como fiquei um babaca desses.

Anônimo disse...

Lindo texto!

Sou branca e tenho cabelo liso na raiz e ondulado nas pontas. Mesmo assim parece que o alisamento é obrigatório.

Eu estou ficando com um cara lindo de morrer, barbudinho, de cabelos compridos e cacheados. Lembra um pouco o do Slash, mas os cachos são um pouco mais abertos e castanhos.

Um dia a gente tava falando de barba, e eu soltei aquele clichê "faça amor, não faça a barba". Aí ele me rebateu com: "e voce, faça amor, não penteie o cabelo". E me explicou que me acha mais bonita de cabelos ondulados e bagunçadinhos, e que acha cabelão lambido muito sem graça.

Sabe, eu também me acho mais bonita assim, mas em situações sociais ou que envolviam estar com um cara, eu procurava deixar o mais liso, penteadinho e arrumadinho possível. Ele me dizendo isso foi libertador...

Acho comédia demais quando aquelas meninas de cabelo alisado fazem cara de horror quando alguém abre a janela do ônibus, porque vai bagunçar os fios impecavelmente colocados no lugar...
bom, pelo menos essa frescura eu nunca tive... e espero que diminua cada vez mais!

Anônimo disse...

Muito bom!!!
Mandei pruma amiga, espero que ela se encoraje!

Off-topic: http://www1.folha.uol.com.br/folhinha/1186635-por-que-meninas-gostam-de-rosa-e-meninos-de-azul-sabia-que-ja-foi-o-contrario.shtml

Vivi disse...

Lola, belissimo texto de uma triste realidade "ainda" presente.

Anônimo disse...

Ah, um adendo MUITO importante...

Muita gente não sabe lidar com os próprios cabelos cacheados. Cabelo cacheado só pode pentear quando tá molhado. E mesmo assim, com uma escova de cerdas grandes, de preferência. Penteá-los quando estão secos tira toda a definição. Usar creme de pentear e dar uma amassadinha nos fios também ajuda. É por isso que muita gente desiste, porque não sabe cuidar. Mas é fácil.

Quantas vezes já não vi mães metendo a escova e destruindo os cachinhos lindos das filhinhas...

Anônimo disse...

Passei mais de 6 anos fazendo definitiva a cada 6 meses e presa na chapinha quando a raiz ia crescendo "ruim". Eu parei com o alisamento há pouco mais de 1 ano e pra mim foi uma libertação!!! Muitos fizeram cara feia no início, mas depois, até com a confiança que eu fui adquirindo, gostaram do estilo dos meus cachos! Eu não tinha noção até pouco tempo atrás do tanto que isso era racista, antes pra mim era simplesmente andar arrrumada vs. andar desarrumada. Não tem nada de errado comigo nem com o meu cabelo. Viva os crespos!!!

Anônimo disse...

“O que o cabelo fez pra ser ruim?” - Eu perguntaria: “O que o cabelo fez pra ser bom?” hehehe

Mas acho que expressão "cabelo" tá errada. O oposto seria "cabelo belo", mas o oposto de "belo" não é ruim, é "feio". Então o correto seria "cabelo feio".

E ninguém pode me obrigar a achar tal cabelo bonito ou tal mulher bonita, assim como nenhuma mulher é obrigada a transar com um cara que ela não quer.

Anônimo disse...

Américanos tem a beyonce como exemplo de beleza negra, ou seja, uma negra de pele branca com longos cabelos alisados e loiros!!
O teu texto é ótimo e muito real, é preconceito sim e agente nem percebe, e é incrivel como afeta as mulheres desde muito cedo. Meu namorado é negro e tem duas sobrinhas, lindas, eu sou branca e tenho cabelo bem liso, eleas adoram brincar de pentear meu cabelo e dizem que queriam ter um assim e que vão alisar quando forem grande. Poxa elas tem 8 e 10 anos!!!! Eu sempre falo que o meu cabelo é assim por que combina comigo e o delas combina com a beleza delas, e vejo que minha cunhadas as incentivam a valorizar as caracteristicas delas (nenhuma tem cabelo alisado), então se não familiar de onde vem essa ânsia de ter cabelo liso? Midia, novelas, propagandas, as bonecas que são todas loiras de olhos azuis, colegas da escola... enfim, espero que elas superem esse preconceito e sei que se dependar da família elas teram muito orgulha das características que tem, mas mesmo assim se libertar do padão de normalidade é um caminho árduo.
OBS: é claro que a midia faz questão de gerar a insatisfação e fazer as pessoas não se aceitarem como são (cremes para clarear apele, alizar cabelo, a lista é grande), gente feliz e satisfeita não consome.

Cintia disse...

Muito bom Lola!

Michy disse...

Nõ devemos julgar as pessoas pelo cabelo, pela cor, pelo poder.. E que coisa ridicula julgar ou descriminar alguem pelo cabelo que tem.
Agora, se eu quero e tenho a possibilidade de mudar. por que não? Meu cabelo era cacheado e volumoso demais e faço progressiva a 2 anos e nem penso em parar. me gosto muito mais agora...

Anônimo disse...

morgan freeman

http://www.youtube.com/watch?v=I3cGfrExozQ

Carol disse...

Meu cabelo é cacheado, não exatamente como cabelo afro, mais crespo, mas era cacheado e bem cheio, e eu sofri muito por isso, chamavam meu cabelo de miojo queimado ahaha, isso porque eu não sou negra, então eu imagino como essas mulheres sofrem...

Carol NLG disse...

Vou admitir uma coisa: eu ADORO meu cabelo. Eu sou bem branca, meu cabelo é bem escuro. É liso, mas com fios grossos e portanto tem volume, movimento e dá pra fazer penteados lindos.

E ele cresce. Rápido.

Há 4 anos meu cabelo estava mais ou menos na cintura. Levava quase 24 horas pra secar depois de lavado, e isso na seca desértica de Brasília. Ia pra um país frio no fim do ano. Decidi tosar. Cortei acima do ombro. Lembro que, no salão, me perguntaram se meu namorado tinha deixado. Eu nem tinha falado pra ele, ia ser surpresa pra todo mundo! Quando comentei essa pergunta pra ele, ele morreu de rir. Meu cabelo, o que ele tinha que deixar ou não?

Enfim, depois de ser muito chamada de doida, o pessoal gostou do corte. Eu doei os quase 25cm pra ABRACC, que usa pra fazer perucas pras crianças com câncer.

4 anos depois, estou voltando de férias depois de 1 ano na África. Não cheguei perto de um salão aqui, principalmente porque não tem quem saiba lidar com meu cabelo. Aqui eles sabem alisar os cabelos afros. Só isso. Eu não quero - e não preciso! - alisar. Então fiquei sem cortar. Novamente, cabelo quase na cintura. No último dia de férias, voltei no salão. Tudo cortado de novo. Tudo doado de novo. E eu estou muito feliz sem suar o tempo todo e sem ficar com areia caindo do cabelo! (sim, morar no deserto tem dessas!).

Cabelo cresce! E justamente por isso, não tenho medo de cortar!

Ah, admito, eu cuido muito do meu cabelo. Não demais, mas procuro usar produtos apropriados pro tipo dele (que não são, necessariamente, os mais caros), pentear com escova de boa qualidade, procuro fazer uma hidratação caseira mesmo pelo menos uma vez a cada 15 dias. Em troca, depois de lavado, basta sair com ele, molhado mesmo. Não preciso me preocupar em secar. Eu sequer tenho um secador de cabelo!

Anônimo disse...

Muhamed Ali
http://www.youtube.com/watch?v=YTeudEWOL4w

Sâmia Kizzy disse...

Não tenho ascendência negra, pois, apesar de ser brasileira, descendo de europeus sem misturas étnicas de ambos os lados da família, tenho o cabelo tão liso que quando uso um grampo eu dou três passos e ele cai no chão. E daí? Daí que sempre quis ter cabelo cacheado, já fiz várias coisas para pelo menos dar uma ondulada nele. Hoje em dia é um pouquinho ondulado, mas cachos nunca consegui. Acho que vou na contramão da estética pregada, mas também vou na contramão da opinião da Lola, que muito admiro, e por ter minha própria opinião, como sempre foi pregado aqui, me permito discordar.
Não é o primeiro post que leio que prega o "aceite-se como você é", e concordo apenas em parte.
Acho que tudo na vida é uma questão de equilíbrio: se você está infeliz com alguma coisa no seu corpo, tudo bem querer mudar, mas nada de radicalismos. O mesmo vale (na minha opinião) para a mente: está se sentindo desatualizado? Um bom jornal, revista ou livro. Ou vai se aceitar alheio aos acontecimentos para sempre?
Volto à questão do corpo: equilíbrio.
O mesmo para o corpo. Nada de ser gord@, magr@, ou whatever. Faz exames regularmente? Como está seu colesterol? Bom, apesar de estar acima do peso? E o seu hematócrito? Bom, apesar do baixo peso? Ah, o colesterol está alto, mas como você tem tendência você vai se aceitar assim?
Acho que com o cabelo também é assim: quem não gosta de brancos dar uma pintadinha, quem quer cacheado também tentar dar uma cacheadinha e por aí vai, desde que não se torne uma obsessão.
Sei que o post questiona anos de opressão em razão da etnia de grande parte da população mundial, mas não pude deixar de me pronunciar novamente sobre a aceitação de si mesmo. Parece que neste blog há uma imposição para que as pessoas se aceitem como são e isso me parece bem arbitrário.
Muitas vezes vejo posts pela liberdade, mas quando se trata de uma questão envolvendo estética a minha percepção é de que você NÃO PODE querer ser diferente do que é, você TEM QUE SER como nasceu pra sempre.
Se estou enganada, me perdoe, Lola, mas leio grande parte das publicações daqui e é isso que me parece.

Sonia disse...

Eu sou do time que também sempre teve uma briga séria com o cabelo. Castanho claro, cacheado indefinido, do tipo que cada fio tem uma personalidade própria e faz o que bem entende (meeeio que combina comigo, se for pensar). Usei ele curto por uma boa parte da vida, dos 13 aos 20, por aí - e é impressionante mesmo como todo mundo se acha dono do nosso cabelo, gente! Com uns 20 anos, por aí, resolvi deixar crescer e fiz a tal da escova definitiva. Foi legal no início, porque praticamente nunca tinha alisado o cabelo, mas depois de um tempo enjoei TANTO que hoje em dia não deixo nem os cabeleireiros fazerem escova depois de cortarem.

E falando em cabeleireiros: não sei se sou a única com essa percepção, mas acho BEM difícil encontrar profissionais que entendam mesmo de cachos. A grande maioria é especialista em cabelos lisos: cortes, penteados, tratamentos, produtos. Em todo lugar que ia, pedia pra cortar de um jeito que ajudasse a realçar os cachinhos, e, tchanan! Nunca aconteceu! Até que um dia, cansei de gastar dinheiro pra não ter o resultado que queria e resolvi cortar eu mesma. Sem experiência nenhuma, sem prática nenhuma, só cortando e observando o meu cabelo descobri que o corte que eu sempre pedia é muito, muito fácil de fazer! Desde lá, comecei a notar o quanto é difícil achar quem saiba mesmo tratar cabelos não-lisos. Entendo quem diz que cabelo cacheado é mais difícil de cuidar. Mas não é: é só diferente. O que falta é gente que saiba dizer como cuidar.

Nênis Vieira disse...

Por parte de mãe, minha família é inteira negra e, por parte de pai, minha família começou na Bahia, digamos que morenos. Cabelo, desde criança, foi algo essencial dentro de casa. Até os meus 9 anos, minha mãe trançava meu cabelo e da minha irmã do meio, levando aproximadamente umas 4 ou 5 horas em cada cabeça. O tempo passou e minha mãe começou a usar químicas no cabelo dela e, automaticamente, no meu e no da minha irmã também. Não durou dois anos, não sentia que era meu aquele cabelo, voltei a fazer tranças, comecei a conhecer mais o cabelo afro, a saber usar o "ruim" do meu cabelo e hoje, com meus dreads, já vi muitas pessoas se impressionarem com a minha "aceitação" pelo penteado. Tranças normais, tranças com lã, blackpower, quase careca já fui! Cabelo é muito pessoal pra eu deixar alguém chamá-lo de ruim, uma vez que eu mesma o adoro!

Adorei o post, Lola. Nunca havia comentado aqui antes mas, desta vez, meus dedos não aguentaram! Obrigada por compartilhar conosco essa união de palavras que você faz! Um beijo grande!

Roxy Carmichael disse...

Anônimo disse...
"Com muita sinceridade: tenho cabelos bem lisos e adoraria também se fossem cacheados pois acho muito bonito.Mas detestaria tê-los muito crespos ou com cachinhos miúdos demais.Será um gosto pessoal ou não?"

com muita sinceridade:você é racista
a parte boa(e ruim) é que você não está sozinha.

****
michy disse:
"Agora, se eu quero e tenho a possibilidade de mudar. por que
não?"
eu não poderia estar mais de acordo!pintemos! cortemos! façamos cachos! pode usar liso também! com moicano, que tal? raspar tudo! de um lado da cabeça, cabelo, do outro lado tudo raspado! mas assim, essa celebração toda da diferença cai por terra quando a única "mudança" possível é justamente aquela feita pra se enquadrar no padrão de beleza que é essencialmente branco. e não venha me dizer que é só uma escolha pessoal como todas as outras que eu exemplifiquei logo acima porque é de conhecimento até do mundo mineral que alisar cabelo NÃO é uma escolha pessoal.


Anônimo disse...

O meu problema atualmente é aceitar o meu pouco cabelo. Muito triste.

Roxy Carmichael disse...

sâmia kizzy
liga a televisão hoje à noite (não vale a novela das seis da globo) e brinque de contar quantas atrizes tem o cabelo liso e quantas atrizes tem o cabelo crespo. pense em quantas atrizes com cabelo crespo (não vale ondulado) são protagonistas nas novelas. repita o mesmo procedimento com todas as propagandas. não se esqueça de contar tb quantas âncoras de jornal tem cabelo liso e quantas tem cabelo crespo. depois conte quantos produtos de cabelo que são vendidos prometem deixar o cabelo crespo e quantos produtos prometem deixar o cabelo liso. depois disso tente fazer um calculo aproximado sobre quantas pessoas acessam esse blog e quantas pessoas assistem a programação noturna da rede globo. e então me diga: é um ataque à liberdade a autora desse blog incentivar as pessoas a se gostarem, ou é uma ataque à liberdade a imensa maioria esmagadora da população ocultar seus traços étnicos pra ser bem recebido na sociedade formada por... uma imensa maioria esmagadora da população com os mesmos traços étnicos, sob a justificativa de "faço exatamente o que a sociedade me exige mas faço porque meu gosto pessoal coincidentemente coincide com o gosto da imensa maioria esmagadora da população"?
se puder, esclareça melhor o que você considera radicalismo: "se você está infeliz com alguma coisa no seu corpo, tudo bem querer mudar, mas nada de radicalismos."
voltamos à velha questão: as mulheres não gostam de cabelos brancos por um simples gosto pessoal ou a sociedade prega que esse signo (cabelos brancos) significa a perda de atração que mulheres JOVENS exercem?essa pergunta parece bem simples, mas ela nao é. porque não sabemos até que ponto nossas escolhas refletem nossas reais necessidades ou quando elas refletem uma cobrança social. o que eu penso que as "nossas necessidades" estão bem relacionadas a como somos vistas no mundo. e isso serve pros homens. serve pra todo mundo. vivemos em sociedade e nossa identidade é construída pelo olhar do outro. agora, o que eu imagino que tenha sido a intenção desse post e dos outros que vc discorda, não é impor uma ditadura do "importante é ser você mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro" e sim, não tá na hora de a gente começar a questionar certos padrões, certos comportamentos? não tá na hora de a gente começar a refletir um pouquinho mais sobre o "gosto pessoal". coincidentemente, a maioria esmagadora da população compartilha exatamente o mesmo gosto pessoal, isso não é assim um pouquinho, só um pouquinho estranho?

Ana disse...

@Sâmia
"Muitas vezes vejo posts pela liberdade, mas quando se trata de uma questão envolvendo estética a minha percepção é de que você NÃO PODE querer ser diferente do que é, você TEM QUE SER como nasceu pra sempre."

Esses dias num outro post estávamos falando sobre o "se aceitar", e eu disse que achava uma sacanagem dizer "você têm que se aceitar", porque pra mim, ninguém TEM que coisa nenhuma.

Aí uma comentarista fez a seguinte distinção pra mim (momento vergonha - eu não lembro quem era. Acho que era anônima): Pode até não continuar do jeito que está, mas tem que se gostar sim. E quer saber, acho que ela tinha razão.

O que estou tentando dizer é que é uma coisa não ter problemas com quem você é, e outra nunca mudar nada.

Quando se fala em aceitação, a proposta não é "se seu cabelo é cacheado, nunca faça alisamento". A proposta é, "não faça alisamento porque odeia seu cabelo cacheado". Ou seja, não se odeie. Se goste. Mude se achar que deve, mas não sofra.

Eu faço chapinhas de vez em quando, apesar de gostar muito do meu cabelo cacheado rebelde. Mas eu faço porque dá na telha, não porque "de cabelo cacheado não dá!". Já tive pilhas assim antes, no início da adolescência - de unha mal feita não dá, sem chapinha não posso sair, etc. É esse tipo de coisa que não apoiamos. Claro, todo mundo tem liberdade pra emagrecer, alisar, whatever. Mas hoje isso acontece muitas vezes não porque a pessoa realmente quer, mas principalmente porque ela sofre pressão pra isso.

Não sei se ajudei, mas eu tentei \o

Anônimo disse...

Vou aproveitar pra pedir conselho, pode? hahahaha Tenho cabelos naturalmente cacheados (não crespo), mas não sei cuidar, em parte por a gente viver nessa cultura de cabelo liso, então acabo fazendo alisamento. Acho cacheado muito mais bonito, tinha vontade de parar de alisar e voltar ao natural, o meu problema é não saber cuidar e não querer ter trabalho com cabelo, principalmente porque gosto de cabelo bem comprido. Não lavo o cabelo todos os dias, qualquer um sabe que não faz bem pro couro cabeludo, então essa de lavar e deixar natural só daria certo no dia que lavo, mas e no dia seguinte? Não vou sair de casa com o cabelo do jeito que acordei, sem pentear nem nada, todo embolado e embaraçado (meu cabelo é muito fino, embaraça a toa), se passo o pente os cachos somem e perde toda a graça, fica aquela coisa disforme. Não tenho paciência pra ficar dezenas de minutos, ou até horas por dia, cuidando de cabelo, prefiro gastar meu tempo livre com as coisas que realmente gosto de fazer, então por questão de comodidade acabo achando mais fácil ir no salão fazer uma escova definitiva a cada 6 meses e gastar 5 minutos penteando o cabelo antes de sair de casa todo dia. Mas se alguém me explicar um modo simples e não trabalhoso de ter cabelos compridos e cacheados por favor me diz que volto pro meu natural na hora sem nem pensar duas vezes.

Edson disse...

Sou negro e meu cabelo é afro tbm e por ser homem não sofri com a ditadura da chapinha. Mas essa história de cabelo ruim é mesmo prejudicial, não uso mais essa expressão pejorativa.
Uso meu cabelo bem curtinho, queria usar ele no estilo black power. Quem sabe no futuro. Amo o estilo black power!

Ariane disse...

Oi Lola! Tudo bem?
Padrão de beleza é uma coisa terrível e a gente incorpora essas porcarias desde muito pequenxs, principalmente nós meninas.
Eu tenho pai mulato e mãe branca, minha pele é morena clara, tenho cabelos ondulados escuros. Quando criança, na década de 80/90 os ideais de beleza eram a Xuxa e a Angélica, loiras de olhos claros. Eu como outras tantas meninas nessa época adorava a Xuxa e ficava bem chateada por saber que por ser morena nunca poderia ser paquita... rs
Um dia na creche (eu devia ter uns 5 anos) perguntei a uma "tia" que tinha olhos azuis como fazia pra conseguir ter olhos claros também, ela respondeu que se eu comesse cebola iria conseguir... rs
Comecei a comer, bem pouquinho, pois eu detestava cebola e se meus olhos ficassem verdes já
estaria bom.
Hoje dou risada dessa história, mas sei que infelizmente é situação de não aceitação continua sendo a mesma.
O racismo no Brasil age de forma velada, entranhado culturalmente. É ridículo pensar que o modelo de beleza pra meninas num país como o nosso sejam mulheres loiras. Até hoje vemos pouquíssimas apresentadoras, jornalistas de TV negras ou mulatas (são a minoria).

Anônimo disse...

Concordo com o que a Sâmia Kizzy disse.
Compreendo a necessidade de discutir, problematizar e contextualizar os padrões eurocêntricos de beleza. Só não posso concordar com a posição de impedir que as mulheres, ou homens, assumam padrões estéticos diferentes. Entendo a questão política d@s negr@s assumirem seus cachos, mas também entendo que uma pessoa consciente e bem resolvida quanto às imposições de nossa sociedade possa se sentir mais bonita, ou confortável, ou interessante, sei lá, com o cabelo liso.
O fundamental, no meu entendimento, não é a aceitação do cabelo como ato político, mas sim a aceitação da identidade -- qualquer uma que seja -- como algo positivo, bonito, interessante, legal,sensual, etc.
Toda esta imposição é muito estranha....

Anônimo disse...

É, Tem que MATAR ou pelo menos INTERNAR esses moleques quando eles começam a mostrar a misoginia! Quanto mais cedo melhor!!!

Anônimo disse...

Nos últimos anos, quando vc entra em algum metro de SP, a gente somente vê mulher com cabelo alisado. Meodeos, que ditadura é essa! E sinto que quando saio com meu cabelo afro solto, as pessoas ficam me olhando, talvez, se perguntando como eu tive coragem de sair "daquele" jeito. É fogo, viu. Parabéns pelo ótimo texto.

Anônimo disse...

Lola, lendo alguns comentários, eu lembrei de uma coisa: cabelo cacheado não dá dinheiro!

"Explica, Ana!"

Assim: o cabelo cacheado é seco e tudo mais, mas pra cuidar dele, basta ir na cozinha. Usar ovo, abacate, maisena, azeite de oliva na cabeça já o deixa impecavelmente bonito. Aí o gasto se resumiria apenas à um shampoo e um creme de pentear.

A maioria da população brasileira não tem cabelos lisos. E a maioria não dá dinheiro.

Então, com o padrão de beleza contrário, gera-se o lucro. Cabelo com química é dificílimo de manter saudável. Tem que comprar máscara disso, daquilo, para combater o frizz, para repor a massa, a queratina... Ufa. Qualquer pessoa mais entendida de química pode cuidar de um cabelo com progressiva com menos de R$20, mas não é o caso da grande maioria da população brasileira. E os produtos que dão resultado custam de R$20 para cima. Cada um!

Meu primo tem cabelo afro e costumava usar um gel que custava mais de R$20. Ensinei receitas caseiras e o custo dele para fazê-las é de menos de R$5. E dura por dois meses.

Aiai, o lucro...

~Ana

F. disse...

Texto lindo como sempre. Sem tempo de ler os comentários. Sempre mantive meu cabelo natural e nunca me deixei influenciar pela moda dos alisamentos e escovas progressivas. Qdo ouço que cabelo crespo é ruim eu tenho a resposta na ponta da língua. Pior é ouvir que "não, o seu cabelo não é feio, eu queria ter cabelo 'cacheado' mas dá muito trabalho". Cacheado eu não sei, mas cabelo crespo só dá trabalho se a pessoa não quiser assumir que cabelo crespo fica armado (e é lindo), tem o tal do frizz e isso não tem nada demais ou quiser manter com cara de cabelo molhado o tempo todo, eu tive essa última fase na adolescência, mas passou, ainda bem.

Gabriele disse...

Tenho cabelo que é ondulado/cacheado, originalmente castanho mas ruivo "por opção" hehe (quando eu era menor sempre quis ter cabelo vermelho, um monte de gente queria me induzir pro loiro e estranhava a ideia do ruivo, sei lá pq, cansei de gente me dizendo que eu devia tingir de loiro o.O). Tenho um pouco de origem negra, apesar de que o lado alemão/português da família ter se manifestado mais na minha aparência. Gosto muito do meu cabelo, ele é meio "rebeldinho", não chegam a dizer que é ruim, mas já cansei de ouvir que eu deveria fazer um alisamento ¬¬
Imagino que se pra mim isso é meio irritante, para quem tem um cabelo que sofre bem mais preconceito como as negras deva ser muito mais sofrido lidar com essa pressão social.
Uma coisa q tb notei é pessoas que não toleram ver uma negra fazer luzes loiras ou pintar o cabelo de loiro, falam que fica "horrível"... já vi muito comentário assim.

Enfim... lembrei de um comercial da Natura que foi lançado a um tempo atrás, que achei bem bonitinho... esse sim uma homenagem verdadeira, não como aquela homenagem furada da Marisa:

https://www.youtube.com/watch?v=3D03ZeoBkG0

Magrelinha disse...

Lola, não tem nada a ver com o post, mas o que vc acha dessa guria que quer trazer o Arena de volta? Achei um vídeo dela no youtube falando sobre conservadorismo e... enfim, acho que o vídeo já fala por si. Só achei tudo muuuito raso.

http://www.youtube.com/watch?v=6p6CY4BVLh8&feature=player_embedded#!

João Suado disse...

Lola, faz um post falando de preconceito contra argentino. Eu nunca entendi porque tentam forçar ódio contra argentino no Braisl.

R. disse...

Muito bom texto, Lola. A aversão ao cabelo crespo é tão naturalizada na nossa cultura que beira ao insano. É assustador ver esses senhores falando sobre "cabelo ruim" no vídeo.

Dá um nó saber que compactuei com essa bizarrice por tanto tempo. Primeiro por ingenuidade, depois por ignorância, por falta de esclarecimento do teor discriminatório que rege essas ideias. Só adulta fui capaz de admirar a beleza desmedida que tem um cabelo crespo ostentado com orgulho. Acho triste demais saber que há tantas meninas por aí se torturando por um ideal distorcido sem entender o quanto são lindas.

É terrível conversar com pessoas que você sabe que não têm má índole e ver que muitas vezes elas não conseguem compreender a gravidade de ser reproduzir ideias como essas.

Resolvi criar um tumblr agora pouco http://naoaceitaremos.tumblr.com/ . Achei que ouvir histórias de recriminação velada ou sem intenção seria uma experiência reveladora pra todos nós que somos sempre opressores em potencial.

Anônimo disse...

Também tenho cabelo crespo, comecei a alisar com 12 anos, e por insistência de parentes e conhecidos...
#tenso :(

Magrelinha disse...

Sinceramente eu não sei o que está acontecendo. É feminista admirando Hitler (Sara Winter), é conservadora arenista que flerta com o PC do B... Que merda é essa?! É 2012 é?!

http://polentanews.blogspot.com.br/2012/06/quem-disse-que-politica-nao-e-engracada.html

Carolina Serpejante disse...

Tenho certeza de que sou vítima da minha própria preguiça. Sou branca e meus cabelos são ondulados, grossos e super volumosos, daqueles em que é possível fazer TUDO - alisar, cachear, prender, cortar, pintar etc - e eu já o tive de todos esses jeitos, mas nunca na vida desejei fazer progressiva ou manter um alisamento permanente. Passar horas no salão é chato, ainda mais sabendo que meu cabelo vai ficar mais chato ainda.

Já minha irmã é negra e tem os cabelos bem fininhos e crespos, que já perderam os cachos de tanto ela alisar. Meu coração morre sempre que a vejo sair do salão com a chapinha feita, porque ADORO os cachos dela e adoraria poder sair desfilando por aí com um black power - eu até já tentei, passei um tempão usando faixa e deixando a cabeleira toda louca atrás, pra imitar.

E acho que vai muito da personalidade da pessoa também, sei lá. Tenho amigas que tem o cabelo ondulado, parecido com o meu, mas ficam incomodadas com o volume e fazem alisamento - e fica lindo, mas não que antes fosse feio.

Ah sei lá, sempre que paro pra ler seu blog penso que devo mesmo ser um ponto fora da curva.

Anônimo disse...

Vídeo muito lindo de Kathleen Cleaver das Panteras Negras dizendo porque usavam cabelo Black Power em 1968: http://www.youtube.com/watch?v=VwLpoy0nfng

Priscila Cavagnolli disse...

Lola,a regra de que mulher deve ter cabelo liso e comprido e homem curto ou raspado me irrita muito.

Mas nem sempre me irritou, houve uma época, bem longa, que me divertia tirando sarro do cabelo afro da minha melhor amiga, tenho vergonha disso, mas é a verdade. Somos melhores amigas desde o primeiro dia de aula na escola, hoje temos ambas 23 anos. Estava sempre chamando o cabelo dela de bombril e me vangloriando de como o meu não dava trabalho para cuidar.

Após ser mãe, de um menino e uma menina, quando percebi que eu já não era eu e sim uma escrava de uma sociedade que pensa dentro de uma caixa, quando reformulei minha visão critica do mundo, quando decidi criar meus filhos seres pensantes e tolerantes, me dei por conta que o cabelo não dá trabalho se você aceitá-lo. Nessa altura minha amiga já estava com progressiva, definitiva ou algum desses nomes, e sempre que a vejo gastando absurdos para isso, sinto remorso pela pessoa que fui. Ela sabe que eu mudei muito, mas ela gosta, ou diz gostar, de seu cabelo liso.

Porque essa valorização dos cabelos femininos me irrita? Bom, meu filho e minha filha, respectivamente com 4 e 3 anos, têm cabelos lisos e compridos, os dois, o meninO e a meninA. Eles gostam assim e para cortar é uma briga. Vivo em guerra com quase todas pessoas que conheço e até as que não conheço, que me "aconselham" a cortar o cabelo do meu filho, pois "menino é diferente". Tive e tenho muitas conversas com meus filhos, sendo bem clara que os amo e que são lindos de qualquer jeito, cabelo curto ou comprido, e que poderiam ter como quisessem, porque gosto de qualquer cabelo. Ainda não querem cortar curto, ponto.

Estou me organizando para começar a trabalhar, e meus filhos estão em adaptação na escola. Hoje a diretora conversou comigo, sobre o cabelo do meu filho. Primeiro me perguntou "cortar está fora de cogitação?" e eu lhe disse que ele não quer cortar. Depois me falou que as faixas ou bandanas que ele usa podem causar problemas se os outros alunos quiserem começar a usar. Com toda paciência, expliquei que o meu filho, que ela viu no dia da matrícula, tem cabelo comprido, assim como minha filha, e que para seu conforto, como é para minha filha também, ele usa coisas que proporcionem liberdade sem que os cabelos caiam nos olhos. Expliquei àquela educadora, que o fato de me pedirem para cortar somente o cabelo delE e não delA não é algo que me agrade. Ao ver meu ponto de vista, falou explicando-se que a escola não quer criar um padrão e etc. Acredito, que por morarmos em uma cidade pequena da serra gaúcha, e muito moralista em sua essência, ela tentou evitar indagações de outros pais. Isso vindo de uma educadora me deixou triste, pois ao invés de mudar o diferente, ele deve ser aceito. Esse resumo do meu relato parece besteira para alguns, mas para mim, é parte muito importante da mudança que eu busco no mundo ao meu redor. Isso para mim é uma batalha, que espero sair vencedora.

Pensar fora da caixa requer além de treino, uma persistência absoluta, ou a gente se entrega.

Anônimo disse...

Tenho cabelos encaracoladas e uma das minhas irmãs super liso, qnd eu era pequena, queria trocar d cabelo com ela (dava mt trablaho, piolho e doía demais qnd penteava) e ela queria trocar de cabelo cmg. Graças a essa minha irmã aprendi a gostar do meu cabelo cedo (ela tb me proibiu de usar química e, apesar de sonhar com cabelos roxos, ele continua virgem).
Minha mãe é dessas que tem o cabelo liso escorrido que não para um grampo. Na déc de 80~90 ela fazia permanente. Eu achava liiindo!!!
Sempre tive uma personalidade forte, então nunca vieram pra mim perguntando pq eu não alisava o cabelo. Durante a adolescência teve uma época que até pensei, queria liso e ele estava sem forma (depois da primeira 'tossa', ele perdeu os cachos, muuuito depois, depois de muito amassar, deixar de pentear e hidratar que eles voltaram).

Anna das 20hrs, ensina pra gente seus truques, plz!
Apesar de amar meus cachos eles têm um frizz e uma secura eternos... só sair na porta do prédio que arma td.

Costumo deixar o cabelo secando, qnd estou em casa, em dois rolinhos laterais (tipo Sailor Moon. hehe), assim, qnd ele realmente seca, passa a semana com os cachos definidos.
Qnd não dá pra fazer isso e tenho que sair com eles molhados, tento pegar o máximo de vento possível, pra ficar aquele cabelão cacheado e armado lindo! *-*

Agora, esse negócio de perder o emprego é sério... tenho uma amiga que vira e mexe eu tento convencê-la a parar de alisar,mas aí ela alega principalmente a encheção de saco e o risco de ficar desempregada.

Cris disse...

meu cabelo é cacheadãaao, de ficar parecendo mola tonhonhoin shaushaushau
não gosto de alisamento, fiz uma vez e fiquei HORROROSA, tirei aquilo rapidinho, mas também não gosto quando meu cabelo fica arrepiadinho e volumoso demais. além de embaraçar bem facilmente. mas fora isso, ele é lindo como é, enorme e enroladinho :)

abaixo a ditadura da chapinha!

Anônimo disse...

Uma coisa que acho triste: as próprias mães das crianças com cabelo crespo ou encaracolado, prendem os cabelos das filhas super apertado, desde bem novinhas. Elas já crescem aprendendo que o cabelo delas é feio e precisa ficar preso. Inclusive há uma expressão pra isso: "cabelo bandido: se não preso, armado!". É muito triste.
Precisamos ensinar essas mães a ver a beleza que seus cabelos trazem, pra que não somente elas se amem, mas também suas filhas cresçam percebendo quão belas elas são.

Anônimo disse...

putz, eu não consigo não olhar gente de cabelo crespo e volumoso.Ainda mais se for gente negra. Primeiro porque chama a atenção (moro no sul), depois porque acho lindo e estiloso. Então, se você tem estilo para assumir seus crespos e percebe que as pessoas olham,lembre que nem todas estão pensando "como ele/ela teve coragem de sair assim" (assim como, né?)e pense que elas podem estar pensando: que pessoa estilosa!

Tamires Ilves disse...

Não consegui ler toda a caixa de comentários, mas esse tema me deixou coçando pra comentar.

Fiquei puta da cara com as pessoas compartilhando aquele vídeo do Morgan Freeman com ares de 'racismo? que racismo? é só parar de falar disso, gentem!' O racismo tá aí, vivo e operante.

Estudo Relações Públicas na USP. Minha turma tem 20 pessoas, das quais só uma menina negra. Um dia, numa conversa, referi-me a ela como 'negra' (tava falando das meninas, dizendo 'japonesa, loira, negra...'). Imediatamente, as meninas arregalaram os olhos e disseram: 'Nãããooo, a Fulana não é negra, é morena escura!' Como se negra fosse ofensa! E eu ouço este retumbante absurdo de pessoas que cursam humanas numa universidade pública!!!!!

Se não existisse racismo, minha mãe não tava indo toda semana ao salão cuidar do cabelo alisado - herança de sua avó negra. Façam favor, se esta data não é necessária... não sei o que é!

Anônimo disse...

nojo total, so posso denunciar uma vez ( denunciaria mil) por isso vim pedir reforços !

https://www.facebook.com/pages/Mulheres-contra-o-feminismo/299252103501499?ref=ts&fref=ts

Carol Furlan disse...

Durante quase 10 anos da minha vida eu alisei os cabelo. Tenho 24 e há um ano não faço nada nele, então dá pra imaginar quando comecei né? Depois de tanto tempo, vejo meu cabelo natural de novo, todo cacheado e penso: "pq diaxo eu passei tanto tempo alisando meu cabelo que hoje é tão lindo?".. Sou branca, mas neta de negro e com maior orgulho da herança capilar que ele me deixou. Sou enfermeira de posto de saúde, então os pacientes da minha área todos me conhecem, certo dia cheguei com cabelo liso de chapinha na unidade e levei bronca, disseram que meus cachos eram minha referencia e que eu não podia mudar. ADOREI!!

Anônimo disse...

seu blog me fez aceitar mais o meu cabelo cacheado tb. antes eu ficava paranoica com o frizz e o volume, agora quase nao me importo. alias, nem penso nisso. acordo, dou uma ajeitadinha e saio.

tava tentando descobrir quando achei seu blog, acho que completou 2 anos por agora. obrigada por continuar firme e forte, vc ajuda muitas mulheres :)

Bruna B. disse...

Desculpem por sair do tópico, mas eu precisava compartilhar isso:

Documentário fortíssimo sobre como um pedófilo pode causar estragos e ruína.

"Crianças tão traumatizadas nos primeiros anos de vida são impedidas de se ligarem a outras pessoas. São crianças que não podem amar, ou aceitar o amor...
Desenvolvemos relações sociais complexas, uma teia de sentimentos, pressões e anseios, marcas deixadas na infância tendem a refletir ao longo do nosso desenvolvimento, adentrando a puberdade até a vida adulta.
O que é um trauma para uma criança? Talvez seja o medo de palhaço, ou um caso extremo de abuso sexual. A linha tênue entre os tipos de traumas é perigosa, e muitas vezes como adultos não paramos para avaliar uma mudança de comportamento em nossos filhos, sobrinhos ou primos, nesta idade tão crítica.
O caso do vídeo abaixo me causou um extremo desconforto, pois é algo que foge do senso comum, não conseguimos associar uma imagem de extrema violência e agressividade a uma criança.
Como julgar uma menina de pouco mais de seis anos que se diz compelida a matar seus país e seu irmão? O caso de Beth se enquadra em uma situação árdua e delicada, o abuso sexual.
Uma criança que perdeu a consciência em relação ao outro, e apresenta dificuldades em amar e ser amada. Qualquer dano a uma criança pode trazer conseqüências catastróficas, este caso é um exemplo claro desta questão. A Psicopatia as vezes tem causas mais profundas do que imaginamos, adultos já foram crianças, e se hoje matam é porque já estão mortos, ou seja, foram psicologicamente assassinados ainda no leito da sua infância negligenciada. É de nossa responsabilidade tomar conhecimento de casos parecidos, e não deixar que aconteçam."

http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&v=8Bp-cgUQpbk&NR=1&fb_source=message

Anônimo disse...

Oi, Lola! É a primeira vez que comento em seu blog e acho seus textos simplesmente fantásticos! Me identifiquei muito com este, pois tenho cabelo enrolado e toda minha vida me senti meio diferente. As minhas amigas de cabelo cacheado fizeram progressiva e quando elas diziam "o seu cabelo é bonito" eu achava uma hipocrisia só. Mas com o tempo eu aprendi a gostar do meu cabelo e hoje, com 18 anos, nem passa pela minha cabeça alisá-lo. Já fiz chapinha umas duas vezes, mas me senti fora de mim. Não tinha nada a ver. Vou manter os cachos mesmo :))

Sara disse...

Achava lindo demais os cabelos black power, tanto para os homens como p as mulheres, e lembro que essa moda era tão forte naqueles tempos, que se vendiam muitas perucas nesse estilo de cabelo, minha mãe tinha uma assim, era moda usar perucas na decada de 70.
Muitos filmes tb eram estrelados por protagonistas com esse tipo de cabelo, como no filme q fez muito sucesso na época "Terremoto".
Ainda hj acho lindo esse tipo de cabelo, com aquelas faixas emoldurando o rosto e os cabelos soltos não é possivel q não achem lindo, algumas vezes vejo pessoas que conservam esse estilo e não ha como não admirar, se meus cabelos fossem crespos ou mais ondulados, iria aderir com certeza.

Anônimo disse...

Lola, concordo com quase tudo, parabéns. Só uma ponderação: "país lindamente miscigenado". O que é isso, companheira? Mito da miscigenação "linda" já era. Faz 40 anos que se botou isso abaixo. País violenta e abusivamente miscigenado.

Unknown disse...

Como ter cabelo liso não é opção?

Quando comecei a deixar o cabelo crescer, ele era beeem cacheado, e às vezes ondulado. Mas raramente ficava simétrico. Sempre um lado ficava maior que o outro, isso sem contar os bad hair days.

Ai tava ficando louca com a assimetria e passei a passar chapinha logo. Fica reto, liso, simétrico....

Nathalia ॐ disse...

Queria fazer um desabafo...
Ontem, dia da consciência negra, dediquei meu dia a falar sobre isso e a debater. Vi como é difícil fazer algumas pessoas entenderem alguns conceitos.

Eles não conseguem entender a questão da desigualdade, nem dos privilégios brancos, se colocam como vítimas da situação ou sugerem medidas totalmente ridículas como se fosse resolver o problema, do tipo "tratar com desigualdade já é racismo". ALÔOOOOOOOO!!!!!! NÃO VER QUE HOJE A SOCIEDADE FAZ ESSA DESIGUALDADE PRA MIM É BURRICE, ESTUPIDEZ.
Postei 5423472389 de textos mas mesmo assim, tem gente que prefere viver na sua bolha, no seu mundinho idiota.

Esse lance dos padrões impostos de beleza, de cabelo liso e loiro... Pffff... Poucos conseguem entender os valores racistas que estão intrínsecos nisso, e fico de cara, pq como que pode ser tão difícil entender uma coisa dessa, que pra mim, parece tão óbvio!!! Acho que talvez só quem já foi chamado de "cabelo ruim", ou foi dito pra prender o cabelo pra ficar com uma aparência melhor, consegue mesmo compreender o qto machuca...

Aqueles que conseguem ser empáticos, mesmo sendo branco rico e heterossexual, talvez consigam imaginar quanta desigualdade ainda existe. TÁ FODA!

sabrina disse...

mulheres negras q pintam o cabelo de loiro realmente fica horrivel,pq geralmente n pintam com um tom q combine,eu sempre vejo aquele loiro q parece cor de gema de ovo.

aquilo fica horrivel em qualquer um.

Anônimo disse...

O cabelo liso é sempre o mais aceito, mesmo havendo pessoas com cabelo crespo natural e que são bonitas, ex: Negra Li, Sheron Menezes...

Mariana disse...

Lola, vc viu isso?
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1188545-iraniana-deformada-ganha-na-justica-direito-de-cegar-agressor.shtml

Uma Iraniana que ficou deformada e cega após um maluco jogar ácido nela, ganhou o direito de cegar seu agressor. Mas ela não o fez.

Abraços

Anônimo disse...

Respondendo a Anônima 20 DE NOVEMBRO DE 2012 18:37

No dia de não lavar, você acorda, molha as pontas dos cabelos, passa creme pra pentear (os da ox são bons e não deixam pesado) desembaraça o cabelo com os dedos e depois amassa eles apertando com as mãos, ou com uma toalha... é rapidinho e fica ótimo
Faz o teste aí =)

Anônimo disse...

Curioso que o que a garota falou no post sobre os negros de Chicago usarem o cabelo raspado bem baixo e as mulheres o alisarem ou usarem perucas me fez lembrar de como em nossa sociedade narcisista é muito necessário "esconder a feiúra". Se você é muito magra, tem que usar uma roupa para parecer mais gorda; se é muito gorda, tem que usar uma roupa para parecer mais magra; se tem quadril mais largo, tem que usar uma roupa que o estreite; se o quadril é estreito, tem que usar algo que o aumente; se o nariz é de "batata" use maquiagem para "afiná-lo"; se o rosto é muito largo, use algum corte de cabelo que o deixe menor; e por aí vai. Aquele programa "Esquadrão da Moda" no sbt mostra muito bem isso.

Anônimo disse...

Anônimo Anônimo disse...

É, Tem que MATAR ou pelo menos INTERNAR esses moleques quando eles começam a mostrar a misoginia! Quanto mais cedo melhor!
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KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Anônimo disse...

Anônimo disse...

O meu problema atualmente é aceitar o meu pouco cabelo. Muito triste.

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Que triste. Mas fale mais a respeito para que possamos conhecer a sua situação.

Anônimo disse...

Anônimo disse...

Lola, lendo alguns comentários, eu lembrei de uma coisa: cabelo cacheado não dá dinheiro!

"Explica, Ana!"

Assim: o cabelo cacheado é seco e tudo mais, mas pra cuidar dele, basta ir na cozinha. Usar ovo, abacate, maisena, azeite de oliva na cabeça já o deixa impecavelmente bonito. Aí o gasto se resumiria apenas à um shampoo e um creme de pentear.

A maioria da população brasileira não tem cabelos lisos. E a maioria não dá dinheiro.

Então, com o padrão de beleza contrário, gera-se o lucro. Cabelo com química é dificílimo de manter saudável. Tem que comprar máscara disso, daquilo, para combater o frizz, para repor a massa, a queratina... Ufa. Qualquer pessoa mais entendida de química pode cuidar de um cabelo com progressiva com menos de R$20, mas não é o caso da grande maioria da população brasileira. E os produtos que dão resultado custam de R$20 para cima. Cada um!

Meu primo tem cabelo afro e costumava usar um gel que custava mais de R$20. Ensinei receitas caseiras e o custo dele para fazê-las é de menos de R$5. E dura por dois meses.

Aiai, o lucro...

~Ana
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É a famosa eterna insastifação que, para conseguir lucro, o capitalismo insiste em nos manter.

Anônimo disse...

Anônimo disse...

Anônimo Anônimo disse...

É, Tem que MATAR ou pelo menos INTERNAR esses moleques quando eles começam a mostrar a misoginia! Quanto mais cedo melhor!

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Lola, proiba esses comentários de ódio aqui. Besteira já basta as que vem dos mascus e a presença desse tipo de sexismo aqui dá aos visitantes menos informados a idéia de que compactuamos com tal ato.

Robson Fernando de Souza disse...

Eu adoro meu cabelo, que é castanho com mechas naturais loiras, todo cacheado e está cada vez mais comprido. Cabelo como o meu é muito raro entre os homens daqui do Recife. E ainda não sofri coações por causa dele.

Mas ninguém pense que eu tô negando que existe uma coerção sobre o cabelo das pessoas não, por favor.

Mila disse...

Desde criança eu usava meus cabelos presos e me achava uma injustiçada por que minhas coleguinhas tinham cabelos lisos e podiam usá-los da forma que queriam. Comecei a usar química com sete anos. E ainda me perguntavam: "Seu cabelo é de negro, mas é loiro!".
Uma vez minha mãe ganhou uma escova numa loja de cosméticos. Mas a cabeleireira simplesmente se recusou a fazer a escova no meu cabelo, dizia que muito ruim e ainda por cima me indicou com a cabeça uma mulher que tinha o cabelo lisinho. "Aquela moça tinha o cabelo pior que o seu. Mas ela passou o produto X (que a cabeleireira empurrou pra mamãe comprar) e olha como o cabelo dela tá hoje".

Atualmente deixei pra lá essa balela de peregrinar de loja em loja em busca do produto miraculoso e deixei meu cabelo ser livre. Resultado: hj ele tem cachos bem definidos. Mas ainda me dá uma dor no coração quando minha priminha me pergunta: "Quando vou ter um cabelo loiro igual ao seu?".

Fernanda Somenauer disse...

Olá, Lola!
Como muitas mulheres, me identifiquei com o post.
Meu cabelo natural é ondulado, volumoso e castanho, mas eu aliso ele e não pretendo mudar. Gosto dele longo, liso e negro e sofro preconceito por usar henê (produto de pobre), pois calculam o valor de um cabelo pelo preço do produto usado.
Mas meus motivos são outros. Perdi meus pais com 7 anos, de AIDS.
Sempre me acharam parecida com meu pai, apesar de ser muito mais parecida com meu irmão que era um clone da minha mãe.
Um belo dia da minha adolescência lisa, olhei no espelho e vi minha mãe nele. Achei que ficava parecida com ela quando de cabelo liso e escuro, então decidi que ia ficar assim.
Levando em conta que sou a mais morena de uma família de mistura geral de austríaco com índio, negro, português, italiano e tudo o mais, com cara de tailandesa, gosto do que vejo por esse motivo em particular, apesar de todo mundo ficar horrorizado com o produto que uso há mais de 2 anos, com menos de dano que as progressivas, definitivas da vida.
Acho engraçado quando dizem que meu cabelo não é meu pq uso henê, mas se fosse formol, guanidina, tioglicolato, não daria no mesmo!??!

Sâmela disse...

Eu, quase sempre, concordando com a Lola. Ja estou no patamar de fã, n nego mais.
Eu, que sempre vivi esse dilema de "vontade individual" e identidade grupal. Sendo que, n da pra pensar em 'vontade' assim ingenuamente, de forma impassivel, n atravessada pela cultura em que estamos inseridos, na valorização que as sociedades distribuem para esta ou aquela característica.

Cortei, deixei crescer natural e n me arrependo. Me acho linda e me identifico com tantos rostos hoje em dia, menos do que seria esperado para uma das cidades mais negras do mundo (Salvador), mas, mais do que há tempos atras, onde a chapinha era o monopólio. E quero que outros rostos se identifiquem com o meu.
Porem, foi um processo longo. Minha mae alisou meu cabelo qd eu tinha 6 anos e desde la, nunca o usei assim, natural. Cortar foi um sufoco, sempre tive cabelão. Meu namorado acha linda toda forma de negritude, menos a do meu cabelo. No mesmo dia do corte, vieram me dizer que eu sou tinha de negra o cabelo e o nariz (eu, amarelada). E eu disse que n, eu tenho a historia tambem, tenhos os sofrimentos e discriminações permeando a minha vida. E tenho os meus ancestrais e o orgulho que tenho dos reis e rainhas e das pessoas de bem, dos seres humanos que foram escravizados e que construiram uma história linda.
Me sinto bem melhor agora, digam o que disserem, minha identidade está um pouco menos fragmentada - ainda tenho uma estrada longa a trilhar.

tem um documentário que eu adoro super recomendo - raiz forte(dividido em três partes: infancia, adolescencia e vida adulta) Tem no youtube. Vida livre as madeixas!

Sâmela disse...

E outra, n sou estilosa nem nada dessas besteiras, que eu acho massa(apesar de ter dito besteiras :P), mas...

n tenho obrigação de usar enfeites e roupas estilosas para manter meu cabelo NATURAL. Sempre digo aos amigxs - eu n coloquei black no cabelo, apenas deixei ele crescer. N estou introjetando nada, é meu, é da minha constituição. Uma cabeleireira me disse que "tinha que ter personalidade pra usar black". E eu (psicóloga), alem de dizer que todo mundo tem personalidade(que é um conceito beeem discutivel), adequadas ou inadequadas, dependendo do seu ponto de vista, acho uma besteira (de novo) que se crie essa ideia de que vc tem que ser a(o) descoladx pra deixar crescer e manter natural uma coisa que é sua. Oi?

Muito estranha é a imposição de que devemos seguir um padrão de cabelo alisado. Porque É imposição - ninguem quer estar do lado do que é feio, inferiorizado. E, olha como é engracado - dessa imposição, ninguem vinha reclamar.
MUITO ESTRANHA ESSA IMPOSIÇÃO.

Binha disse...

Tenho muito cabelo, bem cheio e cacheado. Minha pele é branca mas tenho ascendência negra de um dos meus bisavós. Quando era pré-adolescente e adolescente tentei várias coisas para diminuir o volume. Na época não tinha nada "definitivo" como hoje. Mas o tempo passou, surgiu formol, escova definitiva, progressiva. Várias amigas alisaram o cabelo. Nessa época eu já não me interessava em ter cabelo liso, mas continuava ouvindo nos salões de beleza quando ia cortar o cabelo: "por que você não faz 'sei-lá-o-quê' para diminuir o volume?" Felizmente não surgiram só produtos para alisar, mas também para cuidar dos cachos. Hoje eu adoro meu cabelo do jeito que é. Gosto de fazer cortes modernos, diferentes, e ele não me dá nenhum trabalho além de lavar e passar creme. É muito bom a gente se assumir como realmente é, e melhor ainda, gostar da gente como a gente é :-)

Anônimo disse...

Lembro que um certo tempo atrás uma blogueira negra dos eua, criticou a Jolie por não "cuidar" (leia-se alisar)dos cabelos africanos da filhinha.

Definitivamente, lamentável!!!

Fer Tiberio disse...

É sim um ato político nos aceitarmos como somos! É o primeiro passo de qualquer mudança que queremos na sociedade.
Durante essa semana da consciência negra, fiquei abismada com a comoção geral contra o tema (e o feriado). Um vídeo viral do M. Freeman se espalhou vertiginosamente pelas redes e deu força a posições extremas. Vcs viram?
Escrevi dois textos sobre isso no meu blog e ainda assim a questão não sai da minha cabeça!
http://cienciademundo.blogspot.com.br/2012/11/dia-da-consciencia-negra-freeman-chuva.html

Anônimo disse...

Acho que esse movimento pelo cabelo natural é verdadeiro. Estou nesssa fase e encontros vários blogs, sites nacionais e internacionais falando sobre o assunto.

Depois de madura, me sinto extremamente inferior por ter alisado tantas vezes o cabelo. Quando estou cm ele liso, me sinto mal diante de outras negras/negros, especialmente se tem cabelos naturais.

Fico pensando que não dei o devido valor a quem sou e caí na armadilha de me submeter aos "gostos pessoais" da sociedade.

claudia becker disse...

Apesar ter cabelos lisos, ja fiz permanente, e usei tinta anos a fio. Este ano assumi meu cabelo branco, me determinei a nao usar mais tinta. Assumindo a idade, a passagem do tempo, e a naturalidade da minha pessoa. Eu me achava mais bonita com ele pintado, mas minha reflexao vem mais sobre o porque poluir mais o planeta com coisa desnecessaria, essencial é o ar para respirar e agua para beber. Adorei a postagem, vamos assumir as gadeias amigas!!!!

Anônimo disse...

Queria ressaltar também a questão dos cabelos brancos. No Brasil as mulheres viram "escravas da tinta" e usam tinta nos cabelos por anos a fio, décadas, sempre se submetendo à química num ritual sem fim de submissão. Deixei meus cabelos ficarem brancos e muita gente elogia e diz que quer fazer igual mas não tem coragem. O fato é que o cabelo grusalho é lindo, tal como é para homem, é para mulher também. Vamos voltar ao natural, pessoal, inclusive aos naturais brancos!

Anônimo disse...

Engraçado ... sempre que se fala em racismo, logo se associa a figura da loira. Qual é o problema de vocês? Isso sim é racismo. Sou branca, loira de olhos verdes e sofri muito preconceito por isso, nunca tive nenhum privilégio pela minha cor, como se coloca o tempo todo.

Gente, vamos nos unir e não nos separar como vocês aqui neste blog fazem o tempo todo. É uma adrenalina, vocês vivem para ver o circo pegar fogo.

Até gostava de umas matérias aqui, mas para mim já deu, cansei. Vou me ocupar de outras coisas melhores nesta vida

Anônimo disse...

O deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, rasgou a fantasia e o verbo, revelou o que realmente pensa o PT, deixou aflorar seu [do partido] racismo asqueroso e primitivo. Inconformado com a atuação do ministro Joaquim Barbosa, que assumiu nesta quinta a presidência do STF, Cunha mandou ver: “[Barbosa] Chegou [ao Supremo] porque era compromisso nosso, do PT e do Lula, de reparar um pedaço da injustiça histórica com os negros”.

Nathalia disse...

Adorei a postagem! Minha família não é branca, tenho índios e negros como parentes próximos, mas meus cabelos são lisos (como os de minha avó indígena). Lisos até demais. Desde criança, eu tenho vontade de ter cabelos encaracolados, e detesto quando amigas com lindos cabelos enrolados me dizem que meu cabelo é que é "bom" e que queriam tê-lo. Eu trocaria! De qualquer forma, é a primeira vez que leio seu blog, mas voltarei sempre, com certeza!

Anônimo disse...

06:23, você entende que existe privilégio masculino? que pode ser algo que os homens não fazem de propósito, mas usufruem de qualquer maneira? então: existe privilégio branco, mesmo que você não queira. todas as vezes que você receber simpatia gratuita procure observar se pessoas mais escuras são tratadas da mesma forma. tem vários posts aqui sobre isso, seria legal você ler.

Unknown disse...

Oi Lola,

Mandei o link pra sua conta twitter mas deixo aqui também porque obviamente tem tudo a ver.

Assisti recentemente m curta produzido aqui no nosso Ceará, aliás em Fortaleza, no entorno da Domingos Olimpo que conta a história de uma menina chamada Nadí, afilhada do cineasta, que particularmente eu considero um dos filmes mais brilhantes e sensíveis que alguém já produziu sobre o tema da beleza negra.

Vale muito assitir e divulgar.

Eis o link: Você precisa assistir o curta "Pode me chamar de Nadí" #belezanegra #negritude

Anônimo disse...

Oi, Lola

Eu tenho 32 anos, cabelo encaracolado, alguns fios brancos e gosto assim. Qdo meu filho tinha 7 anos, já começou a me perguntar pq eu não faço ele ficar liso :-s. Minha filha já com 4 anos dizia que queria ficar loira. Até hj ela fica molhando o cabelo e esticando com o pente pra ficar mais liso. Por mais q eu diga q a gente tem q se gostar como eh e dê o exemplo, eles continuam com essas ideias. A pressão social por enquanto está mais forte...

Bjs,
Carol

Anônimo disse...

Ai Lola

Eu te amo!

Obrigada, obrigada! Continue escrevendo, por favor!!!
As pessoas olham tão torto pros meus cachos e olha que nem é crespo, é cacho...mas é exatamente assim...posso ter lavado o cabelo no dia, a sensação que tenho pelos olhares é que está sujo, que estou desleixada...igualzinho vc falou. Que alívio ler isso e identificar o problema!! Não é meu , nem do meu cabelo...o problema é do preconceito e da mente obtusa das pessoas!

Anônimo disse...

Pode até ser que fica bonito, mas eu sou negra e aliso meu cabelo, e mesmo assim, não estou fazendo isso por questão da mídia, ou porque as pessoas gostam, é que eu me sinto mais a vontade, é mais fácil de cuidar, e tbm é bonito. Como cabelo afro tbm. E n estou deixando minha raça de lado, de jeito nenhum. Quer dizer, que uma loira pode cachear, aliar, pintar de qualquer COR e ngm fala nada? todo mundo acha lindo? e a negra se muda alguma coisa, já vem mil e umas pessoas falando mal?! Aí n dá né?! IGUALDADE p todos, pra fazermos o que quisermos e como quisermos.

Ludimila Cruz disse...

EU SEI DE MIM... QUE MEU CABELO É LINDO E CRSPO... FAÇO O QUE EU QUERO COM ELE: AMARRO, SOLTO, COLOCO LENÇO, TURBANTE... ISSO É LIBERDADE. SER ESCRAVA DA ESTÉTICA BRANCA... NEM PENSAR!!!

Anônimo disse...

Cresci ouvindo o termo "Sarara" de forma pejorativa. Desde meus 07 anos tenho meus cabelos alisados (de várias formas). Hoje em dia estou em processo de regeneração, tem uns 10 meses que não uso quimica nenhuma no cabelo, é muito dificil largar essa dependencia, porém mais dificil que isso é ouvir um@ engraçadinh@ dizendo: "Arruma esse cabelo" ou "Seu cabelo é ruim/duro, liso ficaria melhor" ou outras coisas do tipo... O preconceito ainda é muito presente!

Josie Mantilla disse...

Ei adorei seu post!

A vida inteira eu briguei com os meus cabelos. Desde a adolescência as pessoas no colégio me zuavam porque meu cabelo é muito, era super cacheado e tinha muito volume. Me chamavam de juba de leão e outras coisas... Sofri demais com isso. Já fiz vários tratamentos, relaxamento, escova progressiva para o meu cabelo ser o que é hoje e confesso que ainda sim não estou satisfeita.

As vezes acho ele bonito outras não... Ainda não assumi que ele é assim e pronto. Só gosto dele liso.

Esse post me fez acordar. Obrigada.

Josie Mantilla disse...

Ei adorei seu post!

A vida inteira eu briguei com os meus cabelos. Desde a adolescência as pessoas no colégio me zuavam porque meu cabelo é muito, era super cacheado e tinha muito volume. Me chamavam de juba de leão e outras coisas... Sofri demais com isso. Já fiz vários tratamentos, relaxamento, escova progressiva para o meu cabelo ser o que é hoje e confesso que ainda sim não estou satisfeita.

As vezes acho ele bonito outras não... Ainda não assumi que ele é assim e pronto. Só gosto dele liso.

Esse post me fez acordar. Obrigada.

Anônimo disse...

Oi! Eu li o seu artigo em um site de aprendizagem de línguas chamado Duolingo. Eu estou aprendendo português.

Excelente artigo!

é um mundo pequeno.

Sou um fotógrafo cabelo natural.

http://thecoiffureproject.com

Obrigado!

Paula Calaça disse...

Lola,
Matéria incrível e de tamanha importância para que todos nós seres humanos, possamos refletir a nossa própria conduta e consciência humana também.
Ganhou uma aliada para esta luta.

Luana disse...

Ninguém aqui foi embrião, feto e bebê? Ao que parece, não. Embrião não
é vida? Sério? E o coração que BATE é o que? Ficção científica? Ah, deve ser!

Camila disse...

Não cheguei a ler os comentários, então n sei se to repetindo coisa ... mas há um movimento grande de transição do cabelo alisado pro natural no brasil, existem mts grupos de transição capilar no fb onde as meninas se ajudam, trocam histórias, dicas de produtos q ajudaram e se dão suporte nesse momento q é bem dificil. Lindo ne? Eu ainda n comecei minha transição, mas ainda irei sim. E eu, e muitas dessas meninas, hoje, veem isso como um ato politico tbm! As coisas tão mudando Lolinha. Obrigada pelos textos maravilhosos. Beijão

Unknown disse...

Lindo texto. Sou do Maranhão e passeo cinco meses em transição e foi graças a um desses grupos cortei yopo Joãozinho.

Leandra disse...

Não sou negra, mas meu cabelo é um pouco encaracolado. Sempre escuto as pessoas me dizendo: "Por que você não alisa?". Cara, acho um absurdo. Eu gosto do meu cabelo rebelde, grande, solto, encaracolado (e até pulo de alegria quando vejo mais cachos). Se eu que sou branca sou questionada por causa do meu cabelo, imagino as garotas negras.
Aliás, imagino não, eu sei como é. Conheço negras que tinham cabelos maravilhosos, mas que usaram tanta química feat. chapinha, pro cabelo alisar e ficar loiro, que aí sim o cabelo ficou ruim. Cabelo ruim não é cabelo crespo, não é cabelo diferente, é cabelo maltratado com o uso de química pelas pessoas que não têm coragem que viver do jeito que querem, que não têm coragem que mostrar a sua origem e os seus gostos.
Espero que um dia as pessoas se libertem de julgamentos, porque a opinião dos outros não vale nada quando você está satisfeita com quem você é.

Anônimo disse...

O que acho estranho, nesse discurso todo, é que somente as mulheres negras tem de carregar o peso de não poder ter o cabelo que quiserem. Vivemos numa sociedade em que todos alisam os cabelos. Somente as negras não podem? Para mim, esse discurso dos intelectuais negros soa mais como uma nova prática de repressão. As mulheres negras permanecem sem o direito de fazer o que quiser com seus cabelos.
Estranho!