segunda-feira, 20 de maio de 2013

RADFEMS, TRANSFEMS, E MINHA POSIÇÃO CÔMODA

Give peace a chance

O mundo trata muito mal as mulheres, fato, mas também trata mal -– não vou dizer pior, porque não estamos em Olimpíadas da Opressão -– quem não é facilmente identificável, quem está numa categoria indefinida, quem não é "normal", com todas as aspas aí. 
Eu sou gorda, nunca pintei as unhas, não tenho orelha furada, não uso maquiagem nem salto alto, mas, apesar disso tudo, nunca tive minha identidade de gênero questionada. Ninguém nunca me chamou de homem. Já tive, sim, minha sexualidade questionada -– já me chamaram de lésbica porque, na adolescência, eu jogava futebol no meio de belos homens. E, claro, como autora de um blog feminista bastante conhecido (mas se fosse desconhecido não faria diferença), hoje sou tachada de lésbica o tempo todo. Afinal, toda feminista é lésbica, odeia homens, e já realizou inúmeros abortos. Quantas vezes por dia você ouve essa propaganda anti-feminista, que não faz sentido algum?
Embora eu nunca tenha sido “feminina”, no sentido de ser vaidosa, decorativa, maternal, obediente e submissa, nunca ninguém negou que sou mulher (logicamente que fui muito cobrada para ser feminina, não para ser mulher). Nunca tive que provar que sou mulher. Nunca ninguém ouviu minha voz no telefone e teve dúvidas sobre meu sexo biológico. E, pra mim, é óbvio que, num mundo que a gente tem que provar tanta coisa todos os dias, não ter que provar ser mulher é um privilégio. Pode não ser nada vantajoso ser mulher no nosso mundo, mas é um fato aceito. 
Portanto, eu vejo como um privilégio não ter que provar todos os dias que sou mulher. Esta é a nossa primeira e mais insistente forma de segregação. A pergunta “é menino ou menina?” (nessa ordem) é a primeira a ser feita, antes mesmo que o bebê tenha nascido. E a resposta a essa pergunta, todos os estudos mostram, determina a forma como esse bebê será tratado, desde suas horas iniciais de vida. 
A ansiedade das pessoas em classificar um ser humano é enorme. É por isso que cobrimos bebês meninas de rosa e já colocamos um brinquinho em sua orelha, um lacinho em seu cabelo em muitos casos inexistente –- pra que ninguém tenha dúvidas de que é uma menina. Ninguém vai precisar perguntar “é menino ou menina?”, e já pode partir logo pra outra etapa de interação, como “que idade elx tem?”, ou “qual seu nome?”. Sem que a pessoa saiba antes se o bebê é menino ou menina, ela não fará as outras perguntas. Saber a resposta vai determinar como aquela pessoa tratará aquele bebê.
Ah, dirão algumas pessoas, então um bebê que nasce homem tem privilégios, mesmo que, anos mais tarde, esse mesmo menino/homem perceba que não se identifica com seu sexo biológico, e queira ser mulher. É, acho que ele tem privilégios, até que dê as primeiras exibições da sua não-identificação. A partir do momento em que é visto como indefinido, vai sofrer um bocado. 
Eu tive o privilégio de ter pais liberais, que nunca me falaram o que eu devia ou não fazer por ser menina, e estudei, pelo menos nos meus primeiros anos, em escolas liberais. Talvez, vez por outra, eu tive contato com alguém que queria que eu fosse mais feminina. Mas uma coisa é se recusar a pintar as unhas; outra é, prum menino, ser considerado “menos homem”, ou não ser homem o bastante. Qualquer garoto “afeminado” vai sentir a pressão pra ser mais masculino.
E não estou nem falando dos bebês hermafroditas, termo que hoje não é considerado muito bacana, e prefere-se o termo intersexual. Imagina a ansiedade de pais, médicos, familiares, enfim, todos que cercam o bebê, para determinar a qual sexo ele pertence. É a partir dessa ansiedade que vem cirurgias mutiladoras que forçam uma definição. Esse bebê continuará sendo tratado como uma anomalia. Tudo que não se encaixa numa divisão estanque de gêneros é visto como anormal, doença. Pelo menos pelo senso comum.
Eu me lembro de uma amiga que tive na juventude, a Regina. Eu era dois anos mais velha que ela; ela era filha do zelador do primeiro prédio em que vivi em SP. Eu não fazia, nem faço, distinção por classe social, e Regina era minha amigona, vivia no meu apartamento, eu vivia no dela, jogávamos futebol juntas, brincávamos de polícia e ladrão, esconde-esconde. Tive muito convívio com ela entre meus 10 e 16 anos, por aí. 
Do Being Amy
Só que, apesar do nome tão feminino, Regina não era vista como menina. Quero dizer, ela era menina, mas as pessoas ficavam ansiosas ao seu redor. Porque ela era gordinha, ainda não tinha seios, usava cabelos curtos, encaracolados, calça comprida, não tinha voz fina. Era comum que gente sem nenhuma educação, nenhuma insensibilidade, perguntasse pruma pré-adolescente de 12, 14 anos, “você é menina ou menino?”, ou dissesse, com surpresa, “ah, você é menina!” Fora o bullying que eu não via de perto, porque não estudávamos na mesma escola (ela estudava em escola pública). Mas só o que eu acompanhava já era quase todo dia. Eu não era feminina, usava bem pouco vestido ou saia, mas ninguém duvidava que eu era menina. Regina fazia o mesmo que eu fazia, e seu sexo era posto à prova diariamente. Vai me dizer que isso não afeta uma pessoa? Regina se ressentia com isso. Muitas vezes a vi chorar e a consolei. 
Detalhe: se uma menina, que não era transexual –- ela não tinha dúvida que era menina (acho, inclusive, que ela não tinha nem dúvida que era hétero) -–, sofria tudo isso, pense no que uma criança ou adolescente realmente transexual tem que enfrentar.
Portanto, eu acredito que pessoas cis (que sempre foram identificadas pelo seu sexo biológico) tenham privilégios que pessoas trans não têm. 
Outra coisa que acredito é que uma mulher trans (um homem que "virou" mulher, só pra elucidar, porque muitxs de nós somos leigxs) é tão mulher quanto eu. Não importa se ela não fez operação, se ela tem pênis: se ela se identifica como mulher, ela é mulher, ué. Deve ser tratada pelo nome que escolher e pelo pronome feminino. Simples assim (e o mesmo respeito deve ser dado a um homem trans, ou seja, a uma mulher que "virou" homem).
Uma mulher trans tem tanto espaço no meu feminismo quanto qualquer outra mulher. Mas eu sou suspeita pra falar, porque no meu feminismo, que eu considero inclusivo, homens também têm espaço. Nunca pensei em fazer um blog só pra mulheres. Eu acredito em homens feministas, e acho ofensivo quem diz que homens só estão no feminismo pra pegar mulher. Pô, eu quero mais é que todo mundo seja feminista. E é impossível mudar o mundo sem a colaboração e o empenho dos homens.
Muitas (não todas, que eu saiba) feministas radicais pensam que o feminismo deve ser um espaço só de mulheres cis. Elas excluem não só homens, mas também pessoas trans. Uma mulher trans, pra muitas radfems, segue sendo homem porque nasceu com o par de cromossomos XY. Não interessa se esse ser com cromossomos XY se identifica como mulher: para muitas radfems, ela não tem lugar no feminismo delas.
Com pensamentos assim, não é de espantar que radfems venham brigando com transfeministas faz tempo, principalmente nos EUA. Ontem me chegaram dois emails de meninas jovens preocupadas com o crescimento do feminismo radical no Brasil. Uma delas, a Brunna, de apenas 14 anos, escreveu um texto muito bom sobre as regras de um grupo radfem fechado, que levou para um outro post, este de um humanista. Reproduzo aqui essas regras (clique para ampliar; não sei quem fez os comentários em vermelho). 

Agressivo e absurdo. É preocupante que um blog radfem diga, com todas as letras, "O feminismo radical tem posicionamentos transfóbicos", e ache que tudo bem ter esses posicionamentos (a autora diz que descontextualizei sua fala). Não é assim que as radfems sairão dos grupinhos fechados. Mas nem sei se elas querem sair. Suponho que o feminismo radical esteja crescendo no Brasil, porque semana passada fiquei sabendo de dois blogs que eu nunca tinha ouvido falar.
Em 5,5 anos de blog, sabe quanto contato eu tive com radfems? Quase zero. Apenas num post chamado "Para quem não gosta, todo feminismo é radical", surgiram algumas poucas radfems nos comentários justificando o ódio aos homens. Depois, ou antes, não lembro, toda vez que algum incauto me acusava de ser feminista radical, alguma leitora vinha dizer, "A Lola, feminista radical? Ahaahuahauahau". Porque, né, de fato eu não sou. Aliás, não sei praticamente nada de feminismo radical.
Mas só pra citar um exemplo de como as radfems são um grupo minúsculo: em maio do ano passado, haveria um debate sobre pornografia feminista em SP. Uma das organizadoras do debate entrou em contato comigo porque precisava de alguma feminista anti-porn pra participar, já que todas que iriam participar eram pró-porn. Eu mandei emails pra algumas pessoas e grupos, deixei mensagens no Twitter e no blog, e ninguém se habilitou. Radfems são anti-porn, sabe? Nenhuma apareceu. Eu acho, sinceramente, que a influência de um grupo que mal aparece é bem insignificante.
Mas também acho que elas têm o direito de existir. Não é o meu tipo de feminismo, assim como as reações de algumas transfems me soam extremamente agressivas (die cis scum, por exemplo, morra escória cis, é um insulto que presta um enorme desserviço à qualquer causa, ainda mais uma que se alinha aos direitos humanos). 
Discordo de vários pontos de algumas transfems. Encher de termos cis (um termo, inclusive, que não é consenso nem entre os próprios grupos trans) um blog não especializado em transfeminismo não é algo que eu queira fazer. Banir autoras feministas importantes porque elas alguma vez falaram algo errado, acusar de transfóbica qualquer pessoa que discorda de alguma coisa trans, difamar indivíduos, discutir se a palavra trans deve ou não ter asterisco, insistir que blogs feministas falem de pessoas trans sempre que falam em gravidez, aborto, maternidade, ou menstruação -- são características de algumas transfeministas que não me agradam. No entanto, considero o transfeminismo importantíssimo para os feminismos, por trazer novas discussões sobre gênero.
Pois é, feminismos. No plural. Somos um movimento plural. Gostaria que feministas nos centrássemos no que nos une, não no que nos separa. Gostaria que não houvesse ódio entre os feminismos. Mas sei que estou falando de uma posição privilegiada e cômoda de feminismo mainstream, que já é bastante aceito na sociedade. E olha só, se a reação a este feminismo já é tão virulenta, imagina o que os feminismos minoritários não têm que enfrentar... Pior ainda é quando essa virulência vem de nós mesmxs, feministas.

260 comentários:

«Mais antigas   ‹Antigas   201 – 260 de 260
Anônimo disse...

Não tem convicção de genero nenhuma que vá fazer o penis de uma transsexual sumir, ou a faça engravidar ou menstruar todo mês.

E sim, mulheres que nasceram mulheres tem todo o direito de não quererem trans por perto num debate, afinal, o que uma trans tem a acrescentar num debate sobre gravidez?

Mulheres e trans são problemáticas muito, mas muito diferentes. Diferentes demais pra serem tratadas no mesmo ambiente, no mesmo forum, na mesma luta.

Anônimo disse...

"Achava que era só eu a enxergar com estranheza esse lance de ser privilegiada, por ter nascido mulher "cis". Ainda bem que não estou sozinha."


não está não, acho bem absurdo isso.

Anônimo disse...

Não tem convicção de genero nenhuma que vá fazer o penis de uma transsexual sumir, ou a faça engravidar ou menstruar todo mês.

Não diga isso, você está por fora das últimas tendências! Não sabia que as palavras têm o poder de mudar a realidade?

A partir de hoje, vou me identificar como uma borboleta. Exijo respeito e um jardim para beber do néctar das flores. E coitado de quem me chamar de maluca! Vai tomar uma borboletada no meio da fuça.

Death disse...

Tem gente que foi pedir dicas retóricas para seu namorado "feminista" e voltou com toda marra.

Anônimo disse...

Há um problema muito sério quando feministas em geral começam a publicar e externalizar para todo o mundo críticas ao feminismo radical (que admito conhecer muito pouco sobre, portanto não posso comentar): isso parece agradar muito toda uma sociedade que adora fazer críticas descabidas às feministas. Abre espaço para que comecem a falar e desacreditar o feminismo em geral. Repare como grande parte das pessoas que rapidamente entram para reclamar são homens cis que se sentem "injustiçados" pelo feminismo, ou injustiçãos por não serem as vozes controladoras dentro dele.

Abram o olho pra isso, já que foram exatamente às críticas ao feminismo radical (peludas, lésbicas, não querem ser mães, agressivas, misândricas, contra família e todas as bobagens mais) que conseguiram ENTERRAR o feminismo por quase uma década no final dos anos 70, e conseguem até hoje servir os interesses das forças patriarcais.

Peço que coloquem um pouquinho a mão na consciência antes de agir sem pensar e colaborar com os interesses dos machistas e dos mascus.

Um bom exemplo é que mascus já estão usando este artigo aqui contra feministas em geral. E não pensem que o mundo lá fora sabe a diferença entre feminista radical ou liberal ou ecofeminist ou o que valha.

Eles vão usar isso como artifício sim.

Anônimo disse...

Maior prova de que há invasão mascu/anti-feminista em certos segmentos do transfeminismo:

Já estão aqui chamando a Lola de radfem e transfóbica.

Apesar dela criticar a transfobia e as radfem.

É uma estratégia baixa de cerceamento. É uma estratégia que não devemos aceitar de pessoas que se alinham com mascus e seus comentários anti-feministas (ex: Raziel).

Anônimo disse...

Num mundo onde pessoas como Raziel fazem são aceitas com toda a tranquilidade em grupos transfeministas, apesar de continuar reproduzindo o discurso mascu de sempre, e feministas radicais são perseguidas e lésbicas são chamadas de discriminatórias por não gostarem de pênis, a coisa tá ficando feia.
A verdade é que algumas pessoas andaram lendo sobre a invasão MRA (mascu) no transfeminismo norte americano e quiseram tentar a mesma estratégia aqui.

Anônimo disse...

"Num mundo onde pessoas como Raziel fazem são aceitas com toda a tranquilidade em grupos transfeministas, apesar de continuar reproduzindo o discurso mascu de sempre, e feministas radicais são perseguidas e lésbicas são chamadas de discriminatórias por não gostarem de pênis, a coisa tá ficando feia.
A verdade é que algumas pessoas andaram lendo sobre a invasão MRA (mascu) no transfeminismo norte americano e quiseram tentar a mesma estratégia aqui."

O Raziel (Raphael) é de fato um ótimo exemplo do que leva a ingenuidade de algumas feministas superinclusivas boa gente que não percebem o que está realmente acontecendo quando se dá espaço a esse tipo de cara, que aliás, é declaradamente troll.

Anônimo disse...

"Nenhum movimento deveria ter orgulho de sustentar um "radical" em seu nome e ideias."

Por que não? Radical significa simplesmente "ir até a raiz" ou mesmo o significado próprio da palavra, sem prefixos ou sufixos, como no termo feminismo radical, que serve para designar o feminismo não modificado.

Anônimo disse...

"Um bom exemplo é que mascus já estão usando este artigo aqui contra feministas em geral."

Que se fodam eles. Quem se preocupa com o que essa escória pensa? Eu com certeza, não.

Anônimo disse...

Desculpa a minha ignorância, mas não entendo uma coisa, não entra na minha cabeça.
Como um grupo que só aceita a participação de MULHERES, inclusive não pode nem ter nascido XY, prega a desconstrução de gênero? Não é meio contraditório?

Unknown disse...

Lola

Esse post me deu uma baita confusão, não estou pegando o espírito da coisa, e ainda li todos os comentários (pulei os mais esquentados...só).

A minha dúvida é a mesma do que a da colega ai de cima, para as Radfems, o que é mais importante? Desconstruir a noção de gênero ou só aceitar mulheres no movimento?

Por que elas alegam que as trans não podem dar opnião em certos assuntos como gravides, menstruação e tals, e ainda dizem que não basta se sentir mulher, tem que ter nascido assim...tipo:

Parece que uma horas elas jogam fora tudo que é considerado identificação de gênero, mas no outro momento se prendem a cromossomos....

=/ é tanta confusão que minha pergunta ficou confusa

Anônimo disse...

A biologia tem papel importante no ser mulher: Os hormonios, a anatomia, a constituição muscular, a possibilidade de engravidar, etc. Essa biologia gera reflexos, condições específicas, que nenhum XY trans ou não pode entender ou viver. Ser mulher é ser mulher, não é se achar mulher. E discutimos as situações sob o prisma desse ser mulher.

Não é porque uma trans se acha mulher que o penis dela vai ser feminino e que ela vai ser capaz de viver tudo o que uma mulher vive. Não vai, e por isso não deve discutir questões femininas no mesmo forum que nós mulheres.

Anônimo disse...

nossa, fico muito decepcionada de ler alguns comentarios aparentemente vindos de mulheres cis desmerecendo trans. (ok, se eu falar que foi transfobia vao me chamar de vitima?).

os comentarios me causam surpresa por serem feitos num blog feminista.

no fim das contas, as mesmas baixarias que ouço nas ruas, a mesma deslegitimaçao que sofro em qualquer lugar tambem esta presente aqui, onde teoricamente (ah, a teoria...) poderia encontrar algum abrigo, empatia e compreensao.

nao preciso de livros e teorias pra entender o que eu passo.

ser mulher nao se resume a tpm, menstruacao, utero e filhos.

e pra fulana que disse que a maioria das mulheres que sofrem estupro sao cis. bom, isso é meio obvio ne. uma questao matematica (ou estatistica?).

Quênia.

Anônimo disse...

"A biologia tem papel importante no ser mulher: Os hormonios, a anatomia, a constituição muscular, a possibilidade de engravidar, etc. Essa biologia gera reflexos, condições específicas, que nenhum XY trans ou não pode entender ou viver. Ser mulher é ser mulher, não é se achar mulher. E discutimos as situações sob o prisma desse ser mulher.

Não é porque uma trans se acha mulher que o penis dela vai ser feminino e que ela vai ser capaz de viver tudo o que uma mulher vive. Não vai, e por isso não deve discutir questões femininas no mesmo forum que nós mulheres."

nao acredito que estou lendo isso num blog feminista no ano de 2013.

vc tambem acha que meninos devem usar azul e meninas rosa?

pessoa, vc é transfobica. sabe o que vc faz com a sua biologia?

Anônimo disse...

O mesmo discurso de muitos machistas pra justificar diferenças entre homens e mulheres, só faltou falar que é por isso que mulheres tem q ficar em casa cuidando dos filhos, são mais sensíveis, etc... eu hein. Como vcs conseguem manter esse pensamento e o de desconstruir ideias de gênero ao mesmo tempo?? Coerência, oi? Qual parte entendi errado?

Anônimo disse...

Não se enganem, irmãs! As máscaras já estão caindo, todo transfeminista não passa de um mascu disfarçado que nem o Raziel(Raphael)! Eu já havia percebido isso a muito tempo, apenas nunca comentei isso pois na época todas nós tentávamos aceitar por pena e caímos direitinho na peça deles!!

Anônimo disse...

Gente, estou vendo aqui a linha de pensamento e indicação de livros, Firestone não era aquela que pregava que as mulheres extraíssem o útero, para assim evitar serem oprimidas pela gravidez iminente - uma das estratégias do patriarcado, reforçada pela biologia?

Feminismo radical teve TODA uma razão de ser nos anos 70, era parte da vivência, de descobertas e experiências do que era ser mulher e feminista no mundo público. Era bastante reativo e refratário às diferenças - se pregava mesmo um modelo de mulher bastante totalitário dentro deste escopo, algumas afirmavam que TODAS tinham de ser lésbicas, outras que TODAS tinham de abrir mão da função reprodutiva - os bebês só poderiam ser gerados fora do útero.
Era um feminismo de guerrilha, um pensamento que se armava numa contra-ofensiva por espaço público, que alçava estratégias amplas de incidência no mundo público, de tomada de poder pelas mulheres?
Francamente, quem quer isso hoje em dia? Os modelos reativos provaram-se supremacistas ao longo da história.
O feminismo radical de Firestone foi fruto de seu tempo.
Mas o mundo mudou, a percepção de gênero também. Não faz mais sentido se esconder sob o guarda-chuvas de teses que já se provaram por A + B defasadas, são relevantes, claro, mas de um anacronismo escancarado.
Não acredito em teorias supremacistas, e acho que o debate aqui posto é riquissímo e convida a que a gente abra mão de um pensamento cristalizado, mas, penso que é difícil, hoje, negar que a proposição de que o gênero é uma ficção, uma encenação cotidiana construída para estruturar a sociedade - e que vinculá-lo à biologia é uma prática essencialista e determinista que beira o misticismo - é um ganho da teoria queer. Lógico que devemos questioná-la, mas nisso? Se as próprias radicais aqui postas afirmam que gênero é uma construção?

Anônimo disse...

Respondendo:

- vc tambem acha que meninos devem usar azul e meninas rosa?

Não. É exatamente pra este tipo de distinção não ocorrer que nós lutamos.

- pessoa, vc é transfobica. sabe o que vc faz com a sua biologia?

Com a minha não tenho que fazer nada, estou bastante satisfeita com ela. Espero que você esteja satisfeita com a sua.

lola aronovich disse...

Eu realmente fico impressionada com alguns comentários aqui. É triste ver esse nível de intolerância vindo de feministas. Vcs (torço pra que seja só uma ou duas pessoas!) que estão comparando ser transexual a se declarar rainha da Inglaterra ou borboleta, imagino que vcs saibam que os mascus falam a mesma coisa. Eles e vários outros preconceituosos rejeitam a ideia (e a liberdade) que uma pessoa possa se identificar com seu gênero não de nascença. Isso não me parece apenas incrivelmente transfóbico, mas também de uma falta de empatia gigantesca.
Aliás, não é à toa que haja tantas comparações com mascus nessa caixa de comentários. Eu já tinha visto um anti-feminismo forte vindo de algumas trans (que não representam, nem de longe, a totalidade dxs trans), mas, como nunca tinha tido contado com radfems, pensei que pudesse haver um exagero em algumas das acusações contra elas (ódio aos homens, transfobia). Mas não, é isso mesmo. Eu dei uma olhada rápida no Rad Hub (é esse o nome?), e, meu deus, é chocante ver feminista falando em porcentagem de eliminação de homens. Adoro Brownmiller, gosto pacas do Female Eunuch da Greer, e gosto da Marilyn French também, mas o radfem que eu vi em alguns blogs e fóruns definitivamente não é o meu tipo de feminismo. As radfems parecem adotar um tipo totalmente excludente de feminismo, sem se preocupar que serão um grupinho minúsculo pra sempre. Se ser feminista liberal é ser inclusiva, por favor, me chamem de lib fem, que eu aceito o rótulo com o maior orgulho.
E sobre a Raziel, o problema dela não é ser trans. É ser mascu. Que eu saiba, a maior parte das transfeministas rompeu com Raziel.

E, pra finalizar, confesso que essa caixa de comentários foi tão radical, tão visceral, que eu mesma pensei: putz, se isso é ser feminista, então eu não quero ser. Mas aí lembrei que é apenas um ou dois tipos de feminismo. Há muitos outros.

Anônimo disse...

Ser libfem não é ser inclusiva, não, Lola. É acreditar que a igualdade de gêneros é possível sem uma profunda mudança econômica, política e social. É praticamente ser feminista de "direita". E vc mesma sempre disse que não acredita que dá pra ser feminista nesses moldes.
Qdo elas te chamam de libfem, não estão apenas dizendo que vc acredita que feminismo tbm é para homens e mulheres trans.

Anônimo disse...

Que desonestidade apagar as críticas comprovadas feitas ao transfeminismo. Não preciso citar nomes, todo mundo sabe quem elas são: a que só sai de casa vestida de homem, que reclama da misandria das paneleiras de barro no nordeste, que diz que mulheres cis são histéricas, vitimistas porque não sofrem opressão, que nega que exista privilegio masculino porque carvoeiros sofrem muito (mascus amam os carvoeiros, queria entender essa obsessão). A outra que faz blacklist para perseguir feministas em vez de dedicar essa energia para combater os homens que xingam e violentam transexuais. E o namorado dela, um pirralho que ate mês passado era homem, assinava nome masculino, se dizia homem, agora ele é mulher e quer mandar no feminismo alheio, mandando mulheres calarem a boca. E tem também o Raziel, que já foi citado aqui várias vezes porque todo mundo aqui conhece o discurso misógino dele.

Mas felizmente esses 4 não representam o universo de mulheres transexuais que vivem de verdade como mulher, essas são nossas irmãs e elas não fazem parte desse transfeminismo mascu. Elas não são nossas inimigas e opressoras, os mascus são, mesmo que finjam ser mulheres.

Questionar certos conceitos da Teoria Queer que conflitam com o feminismo não é transfobia. Questionar atitudes masculinistas de certas transfeministas não é transfobia. Questionar o antifeminismo de certos transgêneros não é transfobia. Vamos parar de distorcer os fatos?

Pra completar tem homem cis querendo pautar a luta das mulheres e a Lola ainda endossa esse texto misógino. Mansplaining não será tolerado. Homem que manda mulheres se calarem não é feminista, é machista.

Meninas que estiverem lendo: ser inclusiva não significa deixar os mascus sequestrarem o feminismo e perseguir outras mulheres. Silenciar as radfem (elas sim são um perigo para a sociedade, não o patriarcado, né) é misoginia. Dizer que radfem são opressoras quando 90% das pessoas, páginas e grupos feministas estão contra elas é risível. Repensem.

Anônimo disse...

lola, que bom ler seu ultimo comentario. sou trans e me senti um pouco mais acolhida depois de ler tantas coisas horrorosas.

nao sou ativitista, nao faço parte de grupos, mas preciso do feminismo diariamente pra poder sobreviver e acreditar que o mundo possa ser menos pior.

lola aronovich disse...

Anon das 21:29, eu só faço o que manda minha consciência. Não é porque algumas transfeministas me difamam que vou deixar de lutar pelo acredito. Eu entendo muito pouco de transfeminismo, tudo isso é novo pra mim, mas me posiciono contra todo tipo de opressão. E é inegável que transfobia exista a rodo no mundo. O chocante é ver que existe também num nicho do feminismo.


Anon das 21:10, não sou TÃO ingênua a ponto de não perceber que vcs não usam o termo libfem como algo positivo. O que me deixa bastante perplexa é que as radfem não parecem ser muito politizadas, desculpe dizer. Pelo que vi, vcs brigam TAMBÉM com as feministas marxistas. Então o tipo de mudança radical que vcs querem pro mundo parece estar mais atrelado a combater homens (e vcs veem mulheres trans como homens) do que a combater o capitalismo. Eu quero uma mudança bem radical no mundo, mas quero que essa mudança seja benéfica também pros homens e pras pessoas trans de todas as raças e classes sociais (bom, não todas as classes sociais. Defendo limite pra riqueza, se bem que os limites são tão amplos que os ricos continuariam ricos).

lola aronovich disse...

Anon das 21:23, impressionante vc falar em desonestidade e em eu apagar comentários, sendo que a caixa de comentários deste post já ultrapassou os 220, e tá cheio de comentário absolutamente cretino por aqui. Foram pouquíssimos os que eu deixei de aprovar. Um deles foi um que começava com "homens devem ser espancados". Esse eu não aprovei porque era tão, mas tão absurdo, que parecia o tipo de coisa que mascus fazem pra "provar" que tem feminista doida, sabe? Mas aí uma comentarista (espero que não tenha sido vc) me diz que não, que obviamente não podia ser comentário de mascu, porque eles não têm escopo intelectual pra isso. Pra escrever comentários absurdos cheios de ódio não precisa ter lido qualquer teoria.
Eu acho que radfems são inofensivas, inclusive por ser um grupinho que, com essa ideologia que exclui todo mundo, nunca vai crescer. E acho que radfems não querem crescer. Por isso, vejo qualquer opressão que radfems possam cometer como muito, muito restrita. E também acho o mesmo de algumas transfeministas, que se vangloriam de estar num grupinho, na melhor linha "não precisamos de ninguém".
Concordo plenamente que nem tudo é transfobia. Mas nessa caixa de comentários eu tive mais exemplos de transfobia do que preciso ouvir pro resto da vida. Ou vcs estavam discutindo certos conceitos da teoria queer e eu não notei?

Anônimo disse...

Fala sério, o negócio do XY chega a ser engraçado! Aí a pessoa vem e fala que o feminismo radical é abolicionista de gênero! E outra vem falar de todas as diferenças biológicas entre homens e mulheres... Como assim gente?? Alguém desenha pra mim, pq é incoerência demais. Se fosse só o fato do feminismo radical ter ideias com as quais eu não concordo, beleza, a gente tenta entender, mas não é só isso, são incoerentes, conflitantes. Aí fica complicadíssimo levar a sério.

Anônimo disse...

Ô, Lola, não sou radfem não, poxa! Releia meu comentário, vc me interpretou errado.

Se eu fosse, não teria escrito "qdo ELAS te chamam de libfem, não estão apenas dizendo que vc acredita que feminismo tbm é para homens e mulheres trans", mas sim NÓS, né?

Eu apenas quis apontar o fato de que, na minha opinião, ao te chamar de libfem elas estavam te ofendendo de reaça mesmo e justamente por saber que não é isso que vc é, usando o termo de forma bem desonesta pra ver se "pega".
Não sei se estou sendo clara...

E não é que radfem não parecem ser politizadas. Elas não são mesmo.

Além disso, muitas comentaristas mostraram desconhecimento com relação a essas nomenclaturas e achei que poderiam interpretar equivocadamente esse "libfem" que foi maldosamente utilizado.

Ass: Anon 21:10
(Aliás, eu às vezes comento logada, às vezes tenho preguiça de logar, mas hoje fiquei apreensiva dessas moças simpáticas e educadas - sóquenão - saberem meu nome.)

Anônimo disse...

Curiosidade, e em relação a mulheres com Síndrome de Insensibilidade Androgênica? Nasceram XY e nasceram mulheres e se desenvolveram como mulheres... enfim, pesquisem aí.

Pode ou não entrar no grupinho seleto?

lola aronovich disse...

Então desculpa, anon das 22:25. Entendi tudo errado mesmo. Achei que vc estava me criticando por apagar comentários contra o transfeminismo (que eu não apaguei, nem contra o radfeminismo, aprovei quase tudo). E quando vc diz "todo mundo sabe quem elas são", bom, eu não sei, e nem quero saber. E termos como "vivem de verdade como mulher" também não te ajudam muito. O que é "viver de verdade como mulher"?
Quer dizer... Agora eu vi que tô respondendo a anon das 21:23! Ô gente, vcs podiam colocar nominhos, não? Nem que seja avatar. Qualquer coisa que não seja "anon das 21 e sei lá quanto".

Bom, nem sei o que ainda estou fazendo aqui. Tenho duas palestras pra preparar.

Ju David disse...

Gente, dando uma rápida passada pelos comentários aqui, comprovo uma vez mais (pela L. G. também) algo para o qual abri meus olhos: As pessoas ainda têm uma resistência insana em aceitar transexuais como aquilo que se identificam e não como aquilo que nasceram.
Tenho um amigo de longa data, que é incrivelmente atrelado com todos esses preconceitos e realmente acha a coisa mais natural do mundo. É do tipo de rapaz que discute com a namorada pelo tamanho da saia. Pois bem, outro dia desses estava conversando com ele e ele ria desesperadamente porque o amigo dele, no dia anterior pegou "um traveco". Calmamente disse pelo meu ponto de vista que aquilo não tinha graça já que, se era UMA TRAVESTI, portanto, era uma mulher. Era o equivalente a pegar qualquer mulher, e que ele rir daquela situação era extremamente ofensivo.
Claro, ele disse que não concordava, que para ele a pessoa seria sempre "aquilo que ela nasceu pra ser, para cumprir um propósito". Ok, perguntei então como funcionaria com uma mulher infértil, e ele danava de falar de propósito. Aí perguntei sobre hermafroditas, sobre anomalias nos cromossomos (XXY, etc) e ele insistindo no "nasceu assim, morre assim" querendo comparar algo tão complexo quanto a sexualidade de alguém a, pasmem, NACIONALIDADE. E eu, na minha eterna paciência explicando que você não pode simplesmente falar "ah não me sinto dessa nacionalidade e mesmo sem vínculo nenhum com, sei lá, China, me sinto chinês" porque isso altera elementos demográficos de um país, o que é algo com repercussão política e não somente em sua esfera pessoal. Aí, finalmente, entra o papo crucial: A questão de escolha.
Até hoje as pessoas não entendem que ser transexual NÃO É ESCOLHA. Eu disse a ele que usar os termos certos (a* transexual ao invés de "o traveco") e considerar alguém que nasceu "biologicamente" (entre muitas aspas) homem mas se identifica como mulher não custa nada e ainda presta um serviço à humanidade. E ele, do alto de sua ignorância simplesmente me retruca "ah, mas é uma escolha minha falar desse jeito, achar isso e você não pode me forçar!". Aí digo que isso cerceia o direito alheio, que ofende e digo "Sim, você PODE escolher isso. Mas será que deveria?" no que ele me retruca a pérola "Ah, por esse prisma eu posso falar 'ah, você pode escolher ser homossexual, mas será que deveria?'" como se ser homossexual fosse escolha.
Ah, o mundo, o mundo... E o pior é que esse indivíduo é estudante de Direito, e pode estar julgando num futuro próximo alteração de documentos para um ou uma trans*! Pode ser um defensor público que vai lidar com a vida de alguém! E como ele, muitos mais serão. Eu tenho medo, de verdade, por esse mundo.

Gottes Geheimnisse disse...

Acho engraçado essas radfems transfóbicas virem falar de "genética". Não sabem o que é transcrição, nem tradução, e nem sequer ouviram falar na palavrinha "transdução", não sabem nem dizer sem ver na wikipédia a diferença entre um hormônio esteroide e peptídico mas vem se achar as Marie Curies da Biologia porque a Tia Teteca ensinou que meninos eram XY e meninas XX.

Ô gente, vcs podiam colocar nominhos, não?

Isso é verdade. Saudades daqueles tempos moleques dos anos 90, onde usar nick não era considerado feio.

Anônimo disse...

O problema é que você e o patriarcado inteiro confundem sexo e gênero. Sexo se refere a uma realidade biológica, gênero faz referência aos papéis, aos estereótipos e às expectativas impostas e construídas para sustentar a dominação masculina e a submissão feminina, o controle e a opressão dos machos sobre as fêmeas. Não é difícil entender por que feministas radicais querem abolir o gênero.

Você não vê distinções entre sexo e gênero? Acredita que os dois termos são permutáveis, já que se referem à mesma coisa? Todos os advogados dos direitos dos homens, vulgo masculinistas, também.

Vi disse...

@Anna D
(22 de maio de 2013 13:07)
-
Onde que impliquei que estava me referindo a Lola? Há diversos pontos da opinião dela em que eu discordo, mas a respeito muito por ser uma das porta-vozes do feminismo no país.

Quando disse "libfem de plantão" me referi as liberais presentes no meio feminista. Mas admito que me expressei errado, então deixe eu reformular a minha frase:
"E não seja como 2/3 das libfem que estão presentes nos blogs/nos coletivos/grupos por aí, que não param para ler UM livro de alguma teórica feminista e só ficam reproduzindo o discurso alheio."
E muito obrigada, Capitão Óbvio, por dizer que tudo falado é a reprodução da fala de outrem e yaddayadda copy of the copy of the copy. Quando eu disse isso de "ficarem reproduzindo o discurso alheio", é em relação essa situação BEM desconfortável que está acontecendo no meio feminista aqui do país, onde é basicamente inerte e raso (que ironicamente só foca na questão de gênero), onde um(a) repete o que outrx acabou de dizer e ao haver uma opinião diferente (ou uma com uma perspectiva diferente) é cissexista, transfóbico, radscum, cis scum e toda aquela chuva de palavras adoráveis.

Em momento algum eu disse que queria que todas as feministas lessem exatamente o que eu li, que pensem como eu penso, que decorem todos os livros da Greer ou Beauvoir para que a opinião delas ~passem pelo meu aval~ (lol). O mínimo que peço é que se informem para saberem o que estão criticando, ao invés de acharem que somos velhas de 200 anos que devoram transexuais no almoço.

Sei que soei ofensiva ao dizer que estavam vomitando o discurso alheio, mas eu já perdi a paciência e cansei de ficar observando diversas mulheres sendo caladas por terem a opinião diferente sobre assuntos relacionados a gênero ou quererem discutir assuntos que somente dizem respeito a mulheres nascidas mulheres. Todxs nós sabemos que há um abismo de diferença entre reconhecer uma opinião diferente da tua, e tentar desligitimar essa opinião ao silenciar o/a interlocutor(a) (porque sem querer acabei ferindo os sentimentos da pessoa, ou seja, é transfobia, claro).

E não sei onde consegui ferir os teus sentimentos no meu comentário anterior, mas bora deixar uma coisa clara: Eu, como radfem, não vou te calar por discordar da tua opinião, pois não sou ninguém relevante para ti e tu não és ninguém relevante para mim. E assim como tu tens a tua luta, eu tenho a minha.

Anônimo disse...

Perguntaram sobre intersex e mulheres XY.

Eu sou Geneticista. :)

E escrevi um texto sobre isso que GERAL IGNORA, então quem sabe agora alguém possa ler?

http://naosoucis.wordpress.com/2013/05/11/the-biological-reality-of-sex-and-chromosomal-abnormalities/

Obrigada. Fala sobre SRY inversion e mulheres XY

:)

-

Also:

Gênero e papéis de gênero: constructo social
Sexo biológico: realidade científica.

Abraços pras irmãs!


Barbara disse...

O que me surpreende é o número de pessoas acusando radfems de incoerência por se basearem em sexo biológico ao mesmo tempo em que questionam gênero.

Gênero não é a mesma coisa de sexo biológico. Que parte é difícil entender? Ou será que a pessoa realmente quer entender essa terminologia básica da discussão?

Lala disse...

Acho que funciona assim, Bárbara:
Apesar de sexo e gênero serem coisas diferentes, é o fator biológico que levam a diferenciações sociais...

Sou totalmente leiga, então me perdoem se meu pensamento estiver equivocado:
se a diferenciação biológica não fosse, sei lá, aparente e/ou conhecida, a diferenciação social não seria baseada nela.
(imagine se todo mundo fosse aparentemente igual, sem variações/distinções físicas individuais, imagine que categorias como feio/bonito, loiro/moreno, alto/baixo, homem/mulher, não existiriam, logo não fariam diferença)

Então... desconstruindo a diferenciação social, qual a importância da diferença biológica?!

Dai disse...

Gente, eu não sou geneticista, e JAMAIS vou entrar nessa discussão. O que sei é que face à derrocada dos argumentos hitlerianos a comunidade científica vem tratando como vexatória a explicação de fenômenos sociais por meio do argumento biológico. E este é um posicionamento que considero razoável, para dizer o mínimo.

O que eu sou é uma pesquisadora das ciências sociais aplicadas, e compreendo que as teses positivistas são consideradas ineficazes para explicar fenômenos sociais já há alguns séculos.

Sexo pode ser "realidade biológica" para um empirista. Mas viver socialmente como homem ou mulher não é algo que possa ser analisado por uma ciência pura, racionalista ou natural. São inúmeras as variáveis - sociais, históricas, antropológicas a serem consideradas na análise do comportamento humano em sociedade.

Em meu entendimento, não há como colocar na redoma da objetividade científica uma questão que é social, que envolve subjetividade inclusive na análise, pois necessita ser historicizada e articulada a questões estruturais, econômicas e ideológicas.

Realidade biológica para atender ao quê? A propósitos objetivos? Como objetivar o desejo ou a experiência ou as práticas diversas de aprendizado e reconfiguração da sexualidade? Em meu entendimento, isto seria limar o rastro de subjetividade e negar a adequação à nítida carga de construção social que reveste o sexo em nossa sociedade. O sexo biológico não se escolhe, mas se aprende, sim a exercê-lo. Muito certeiramente disse Simone de Beauvoir, em 1942, numa frase que permanece irretócavel: "não se nasce mulher, torna-se".

E outra, para quem defende que a biologia 'determina' pautas específicas para as mulheres, convido a refletirem sobre as diferenças entre as mulheres.
Quais mulheres? Por esse viés poderíamos presumir que as lésbicas não precisariam, por exemplo, se preocupar com a legalização do aborto. As celibatárias não estariam interessadas na luta por creches ou licença maternidade. As brancas possivelmente não se mobilizariam pelo movimento anti-racista. Se o que nos distingue biologicamente nos excluísse socialmente, seríamos um grupo de uma mulher só.

Se entre nós podemos propor convergências e debates que RECONHEÇAM a diferença, a pretexto de contemplá-la ou reduzir a distância entre estas tais, qual a justificativa para excluir mulheres trans?

Nunca seremos iguais em termos empíricos, o que temos é uma luta comum pelo fim da desigualdade social.

Yuri disse...

Nossa Dai, argumentação fantástica.
Assino embaixo.

Lis disse...

Importantíssima publicação de Lola sobre feminismo e transexualidade. Mas quero expressar uma indignação que há dias venho tendo. Não sei em que raios de mundo se tirou essa rotulação de "radfems" e "feminismo radical". Para mim, quem está nesse "lado do feminismo" não é feminista. Feminismo é uma coisa única, abrangente, não admite intolerâncias, e é um movimento de idéias que admite discussões para a evolução. Essas "radfems" estão usando o nome do feminismo para formar outro movimento com outras finalidades. Feminismo, antes de ser a favor das mulheres é a favor da igualdade! Não ao ódio, não ao sexismo.
Outra coisa é a pluralidade que foi dita ali. Sim, o feminismo é um movimento plural, e por este motivo tem que ser unificado, para que a pluralidade não se torne um evento vertical, e sim horizontal, sem o que é mais plural ou menos, é único. Então as mulheres e homens trans têm que ser incluídos na luta feminista, como ativistas e temas de discussão, porque como eu disse, feminismo busca igualdade sempre!
Obrigada Lola pelos seus incríveis textos!

Feminista capitalista disse...

Ai gente,como sou burra,kkkkk,eu jurava que o termo era REDFEM,e só hje eu descobri que na verdade elas se intitulam RADFEM, rsrsrsrs,mals ae pela ignorância.

-------

Fiquei com muita vontade de comentar esse texto e expor a minha visão(aliás, qual post que não tenho vontade de palpitar? todos! só falta deixar de preguiça e abrir minha continha no blogger rsrsrs)
Pra falar desse assunto não sei nem por onde começar, acho q vai ficar um pouco longo,mas vai lá, vou dar o meu pitaco:


Pessoalmente,eu acho genêro uma cosntrução muito mais humana,social e cultural, que biológica de fato, pra mim, biológico é pênis e vagina, o resto trata-se de interpretações criativas dos comportamentos humanos que foram (sabe-se lá o pq) divididos em masculinos e femininos.

E nós somos obrigadxs a nos enquadrarmos nesse sistema binário pela sociedade, nós somos obrigadxs a estarmos do lado feminino e masculino,e a sociedade perpetua toda uma lavagem cerebral na nossa cabeça desde o primeiro ano de nossas vidas, pra que nos vejamos como feminino ou masculino, como representantes de um tipo ou de outro e não como seres humanos que é o que realmente somos.


SENDO ASSIM, ao contrário das radfems, eu NÃO acho que a gente nasce homem ou mulher, isso é muito subjetivo... como definir exatamente o que é um homem ou uma mulher???

PRA MIM, ninguém nasce mulher, todxs nascemos bebezinhos,recém-nascidos, sem idéia de qualquer coisa no mundo e até mesmo sem identidade definida, nós NOS tornamos mulheres, ao longo da vida, ao aprendermos o que é isso, de acordo com as expectativas e pressões da sociedade,que nos afetam é óbvio.

É claro, que aquilo que vc tem no meio das pernas vai ditar não só o modo como vc é tratad@ e vist@ pela sociedade, mas vai tbm te empurrar para o lado 'azul' ou 'cor de rosa' da vida (até as cores a nossa cabecinha humana quer dividir em femininas ou masculinas!!pasmem!)

MAS não nascemos representando esses papéis de 'masculino' e 'feminino',nem sabemos o que é isso ,ou que existem homens e mulheres nesse planeta, isso nos é imposto, desde bebês (meninos não podem brincar de boneca, meninas não devem brincar de lutinha ou futebol....) E isso inclusive nos tira parte de nossa autonomia,e limita nossas experiências enquanto seres humanos.

PORTANTO,discordo e muito das radfem de que alguma delas já nasceu mulher...Ninguém nasce, isso se aprende.


GOSTARIA DE DIZER TBM, que acho mto nocivo essa idéia de que transexuais não podem ser mulher ou não são mulheres por conta dos cromossomos XY.

É nociva, pq determinismos biológicos não são positivos (se fossem,então tudo bem os homens baterem nas mulheres, visto que,evolutivamente,eles tem a vantagem de serem, em geral,maiores,mais pesados e consequentemente mais fortes que elas) E OUTRA, nós somos seres humanos, cheios de complexidade, não somos um simples conjunto genético, um amontoado de genes, nós somos tbm seres sociais,históricos,racionais,culturais,circunstânciais, nós somos muita coisa que não apenas biologia...

ESSA idéia de que só é mulher quem tem os genes XX é mto nociva pra mulher comum, pois no patriarcado,desde sempre, a mulher esteve associada a reprodução, foi tratada como parideira, aquela que servia pra pocriar, e ter os herdeiros de um homem... enfim foi reduzida aos seus ovários e teve seus direitos e liberdade castrados por isso.

Não acho que seja de muita ajuda,quando em pleno séc. XXI decidimos adotar esse argumento e resumir a mulher em seu útero, INCLUSIVE, é um dos argumentos favoritos dos transfóbicos, dizer que ''Transexual não é mulher porque não pode ficar grávida''


[CONTINUA]

Feminista capitalista disse...

[continuando] 2A parte do meu comentário gente:

OU SEJA, ainda em 2013 tem gente reduzindo a mulher ao papel de mãe, querendo resumi-lá num simples orgão ( o útero) e propagando sua misoginia por aí.
Acho até que essa história de :
ser mulher = ser mãe

é tão forte, que essa é umas das razões mais fortes, no incosciente da população geral para que o aborto não seja legalizado, os conservadores de plantão não querem a dissociação da figura feminina do papel materno, isso faria o mundinho ultrapassado delas cair por terra.

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Em partes eu entendo as radfems, pois claro,existem questões que dizem respeito exclusivamente as mulheres cisgêneros, como por exemplo, menstruação,aborto,métodos contraceptivos.... Assim como existem assuntos que são pertinentes exclusivemente as mulheres trans tal qual hormonização,cirúrgia de mudança de sexo,mudança de documentos e nome,passabilidade...


MAS uma coisa NÃO exclui a outra,ter questões que não dizem respeito as mulheres transexuais não invalida em nada a luta delas e nem a opressão que elas sofem do patriarcado.Eu concordo com a Lola, que quanto mais feminismos existirem por aí,melhor,afinal é muito melhor um mundo cheio de feministas, de todos os tipos,cores e credos do que um mundo cheio de machistas de todos os tipos e sexos... que é o que temos hoje.

Acho sim que o feminismo tem que ser plural e quanto mais vertentes melhor,quanto mais pessoas se sentirem representadas por ele ,ótimo!
Mas temos que tomar cuidado pra não cometermos nenhum deslize ou injustiça.


MIL DESCULPAS pelo comentário exageradamente gigante gente, mas eu TINHA que desabafar..

Ah, e um abraço pra Lolinha que eu adoro tanto,e e leio praticamente todos os dias desde abril do ano passado, pena que só agora deixei a preguiça de lado e passei a comentar...

E AH, como é que é???

''Se alguém ficar de leva e traz o bagulho vai ficar louco''

É ISSO?

UI! como essas adolescentes de dezesseis anos são mafiosas e periogosas.... arrepiaram minha espinha...

Tanto quanto os mascutrolls,KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK.

Feminista capitalista disse...

''A partir de hoje, vou me identificar como uma borboleta. Exijo respeito e um jardim para beber do néctar das flores. E coitado de quem me chamar de maluca! Vai tomar uma borboletada no meio da fuça.''

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HAHAHAHAHA, a força do patriarcado e do sistema de gêneros é tão forte na cabeça das pessoas,que elas se esquecem... que homem e mulher são praticamente a mesma coisa, seres humanos, as diferenças são mínimas comparadas as semelhanças, são dois lados de uma EXATA mesma moeda.

Mas nas cabecinhas machistas por aí homens e mulheres são assim tão radicalmente diferentes,que passam a ser tratados como seres de espécies distintas,quando na realidade são o mesmo animal, e pertencem a mesma espécie O HOMO SAPIENS.

Pra alguns homens e mulheres são tão absurdamente diferentes, que as diferenças entre os dois são comparáveis a aquelas que existem entre humanos e borboletas, como no caso acima...

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VAMOS VER se essa pessoa enxerga a luz no fim do túnel:

Meu/minha querid@,se um cão,que late,pula ,brinca por aí, e abana o rabo tem testículos e é macho, ou tem utéro e é fêmea, não importa,nem faz muita diferença, ainda sim É UM CÃO.
Agora se ele tem asas,assovia e voa por aí, não é mais um cão... pode ser qualquer outra coisa de qualquer OUTRA espécie.

ENTENDEU agora o ABSURDO E RÍDICULO de sua colocação?

James Hiwatari disse...

Só vou fazer um comentário porque o resto parece que já foi discutido até não poder mais (com excessivas, mas não surpreendentes, doses de tranfobia).

Dizer que mulher trans "nasceu homem" ou que um homem trans "nasceu mulher" não é uma maneira adequada de colocar as coisas, mesmo para uma explicação básica.
Algumas pessoas trans podem até dizer que se consideravam como parte do outro gênero antes da transição (principalmente se se descobriram trans na idade adulta), mas no geral isso é uma maneira um tanto ofensiva de colocar as coisas.

Pessoas trans (e cis, na verdade) não nascem "mulheres" ou "homens", nascem com um certo corpo, órgãos reprodutores e cromossomos que quase sempre vai ditar como essa pessoa será socializada e como vai se relacionar com o mundo ao redor. Tem gente que nasceu com vulva e útero e está bem feliz com sua vulva e útero e como o rótulo de "mulher". Tem gente que nasceu com vulva e útero e está bem feliz com sua vulva e útero, mas é homem. E tem gente que nasce com vulva e útero, mas adoraria que esse não fosse o caso.


Uma maneira mas correta e não-ofensiva para explicar a idéia para quem não sabe nada é dizer que mulheres trans são pessoas que foram declaradas homens ao nascer, mas que na verdade são mulheres. Homens trans foram declarados mulheres ao nascer, mas na verdade são homens.



E transfeminismo não necessariamente reforça essa idéia de que tem só um jeito de ser homem e só um jeito de ser mulher e todas as pessoas trans querem se conformar com esse jeito. Uma grande parte do transfeminsmo é justamente romper com essas idéias rígidas de gênero e comportamento (que as radfems dizem que querem fazer também, mas de um jeito bem diferente).

Anônimo disse...

Pelo amor, essa AnyaL até outro dia discursava coisa racista, dizia ser 100% branca entre outras coisas no formpring, ela humilhava pessoas com um grupo pelo simples fato de ser negra, ou pobre ou qualquer motivo. E agora vema bolir genero? Ela virou feminista outro dia e só quer chamar atenção. Não é alguém que deve ser levada a sério, ela precisa de tratamentos, e isso é sério.

Anônimo disse...

Muito baixos os ataques dirigidos a radfems e feministas em geral (feminismo radical é simplesmente o feminismo em si mesmo, "não modificado" por outras correntes de pensamento e de movimento). São pessoas completamente desonestas que conhecem muito pouco ou quase nada de feminismo e não conseguem debater com ideias, nem discutir proposições e ações, então partem para difamações pessoais numa tentativa de desqualificar completamente a outra parte. Que feminista nunca foi acusada de feminazi, misândrica, anti-homem, anti-macho, etc., etc.? O objetivo dessas pessoas covardes que fazem isso é silenciar totalmente qualquer desafio feminista ao status quo.

Anônimo disse...

Incrível perceber em primeira mão as semelhanças de abordagens entre pessoas que são acríticas a respeito de gênero e masculinistas, em relação a feministas radicais:

* Ambos apresentam pontos de vista políticos de radfems sob uma perspectiva imprecisa, injusta e ridícula.
* Depois de criarem a falsa apresentação do que é o feminismo radical, argumentam com essa falsa apresentação como se ela fosse fato.
* Destacam mulheres individuais que chamam a si mesmas de feministas radicais e afirmam que elas representam o feminismo radical ou todas as visões feministas radicais (Na verdade, o movimento é diversificado e muitas afirmam ser feministas radicais, mas, omo um movimento para a mudança social, logicamente é preferível às próprias militantes discutirmos essas diferenças internamente).
* Tentam encerrar o debate, ou se opõem à falsa apresentação do feminismo radical que criaram, xingando mulheres individuais (por exemplo, "fanática" e "transfóbica", no caso de ativistas trans e aliados queers e "odiadora de homens" no caso dos masculinistas).
* Utilizam uma série de táticas de intimidação para nos silenciar, tornar difícil a compreensão real do que feministas radicais estão dizendo, ao ponto de nos impedirem de encontrar outras companheiras radfems e nos reunirmos entre irmãs.

Anônimo disse...

Ah, gente, vamos parar de importar essas intriguinhas americanas de radfem x transfem, nunca conheci uma lésbica "normal", que não seja dessas ativistas fanáticas, que seja transfóbica, muito pelo contrário.

Isso aqui é Brasil, onde puta goza, cafetão sente ciúmes, traficante cheira, ladrão é roubado e lésbica gosta de pinto.

Anônimo disse...

Há muitas diferenças fundamentais entre feministas radicais e liberais e, por isso, há disputa entre os dois grupos. As feministas radicais apontam que o liberalismo como ideologia veio do Iluminismo, quando a "razão" foi fortemente enfatizada e atribuída como uma qualidade possuída por homens. Feministas radicais opoem-se à falta de consideração positiva do liberalismo em relação às mulheres e suas próprias características e à incapacidade do mesmo em abordar de maneira abrangente os problemas sociais que as mulheres enfrentam, ou até a incapacidade de levar em consideração o ponto de vista das mulheres realmente.

Feministas radicais também criticam as feministas liberais, porque eles não acreditam que as mulheres são oprimidas pelos homens (apenas discriminadas) e, portanto, eles não podem aceitar a causa raiz dos problemas das mulheres. As feministas liberais estão muito focadas na reforma das instituições já existentes e não em desafiar plenamente esses sistemas masculino-orientados. As feministas radicais não acreditam que as mulheres podem ser livres até que o patriarcado seja destruído, porque até que isso ocorra os homens continuarão a ser o sexo dominante na sociedade. Além disso, embora as feministas liberais encorajem as mulheres a conseguir carreiras e, assim como as feministas radicais, acreditem que os homens devam ser responsáveis por pelo menos metade do trabalho doméstico, a maioria das feministas liberais não são críticas quanto a diferenciação do trabalho em trabalho doméstico não remunerado e trabalho assalariado nas sociedades capitalistas. O fato de que as mulheres não recebem dinheiro (e se recebem, geralmente é menos do que os homens) para determinados tipos de trabalho por causa da misoginia é mais uma preocupação feminista radical.

Anônimo disse...

Acho a posição da Lola muito sensata. E vocês deveriam saber: ser trans nada tem a ver com rótulos de gênero como rosa ou azul ou a criança gostar de boneca ou caminhão

Anônimo disse...

Anônimo disse...

Acho a posição da Lola muito sensata. E vocês deveriam saber: ser trans nada tem a ver com rótulos de gênero como rosa ou azul ou a criança gostar de boneca ou caminhão

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Mas é com base nesses estereótipos de gênero que andam diagnosticando crianças como trans e ministrando bloqueadores hormonais, hormônios artificiais e cirurgias de redesignação sexual, que provocam danos irreversíveis nessas pessoas, inclusive esterilização total. Em vez de tentar resolver o problema social (pois gênero não tem nada de inato, é um problema social do nosso mundo misógino, machista e generista que só pode ser resolvido socialmente) que causa a disforia e os transtornos de identidade de gênero em primeiro lugar, promovem "soluções" individualistas e capitalistas que só pioram ainda mais o problema, reforçando os padrões, estereótipos e expectativas do sistema patriarcal de gênero e transferindo a culpa aos corpos que devem purgados, talhados e remodelados para se adequarem da "melhor maneira" às regras do sistema de gênero.

Então me diga você, o que significa trans gênero sem os papéis de gênero, sem os estereótipos de gênero, sem as funções impostas por gênero, sem as percepções que se tem das pessoas e do mundo de acordo com as regras de gênero, sem as expectativas depositadas em nós desde a infância conforme o sistema de gênero?

Anônimo disse...

Eu não acho que mulheres misândricas sejam feministas. RadFem não é Feminismo, é misandria pura. Feminismo prega IGUALDADE, amor e não ódio, dominação.
Essas comunidades e grupos de Facebook são bizarras. Pouco estudo sobre o que é Feminismo,tem gente que nunca leu O SEGUNDO SEXO de Simone de Beauvoir. Acho que se intitular feminista sem pelo menos ESTUDAR historicamente como nasceu o movimento, e qual é seu o proposito, é um absurdo.
A difícil aceitação do Feminismo, além de ser pelo machismo enraizado, é também pela ideia radial que se espalha. Os "Homens" acham que feminismo é só RadFem. Detalhe: RADFEM não é FEMINISMO. Estudem o que o Feminismo prega e logo saberão que não se enquadra.

Renata disse...

Esse post foi escrito com uma má fé absurda.. e vários comentários também!
Não é possível que alguém saiba o que é feminismo radical e sair falando tanta abobrinha sobre as radfem.

Cardoso disse...

Texto sensato. Qualquer pessoa racional compreende e apóia quem quer igualdade e respeito. Complicado é levar a sério a ala radical que quer exterminar 49% da população mundial (no caso das feministas radicais) ou 99,7% da população, no caso de ativistas trans radicais). É uma briga perdida.

Anônimo disse...

Lola,estou como anônima, pois minha conta google foi desativada e tá muito complicado reativá - la(rsrs) meu nome é Cecília - e - mail:mahedir1937@outlook.com).
Ok, sou feminista(embora a um tempo afastada), talvez não uma RADFEM, como estas abordadas aqui. Não fui uma presença constante e muito menos relevante dentro do movimento feminista e lamento muito, ter me afastado de algumas colegas de causa.Tenho 42 anos e felismente na minha juventude não existia a net(da maneira de hoje como muito pouco o facebook, pois ambos servem para propagar ideias de ódio e múltiplas agressões e ninguém faz nada contra isto!Agressões não só como estas das RADFEMS como muitas outras de diferentes ideologias, como uma comunidade e site de mulheres contra o feminismo, a qual incita o ódio às mulheres feministas. A dificuldade das feministas aceitarem as transex é antiga, salvo melhor juízo, e até há pouco tempo muitos grupos dentro do feminismo não as aceitavam

Anônimo disse...

Continuação -Estou como anônima por não consegui ativar minha conta google, mas sou Cecília - e - mail (mahedir1937@outlook.com), Bem houve um erro do envio do texto anterior rs.Lola, sou feminista e realmente não assimilo esta questão da mulher trans ter que ser vista como mulher (igual a mim); estou me esforçando para isto, mas é difícil, pois foi uma ideia introjetada em mim desde cedo, tanto pelo patriarcado quanto dentro do movimento que sou afim (o feminismo). Recentemente entrei em uma comunidade GLBT (sou bissexual) e disse durante um diálogo que não considerava mulher trans , mulher real...foi o suficiente para me jogarem numa fogueira de inquisição, sem chance de qualquer defesa, começaram me chamando é claro de transfóbica, que minha transfobia matava! incitava ao crime e violência contra trans; tentei argumentar dizendo veementemente que era contra a violência, que não odiava trans, era feminista, mas isto não me fazia odiá las , que nunca participei ou incentivei qualquer violência contra trans; mas não adiantou, usando neologismos chatos , dispararam em cima de mim uma verdadeira torrente de insinuações , desde o incetivo à violência contra trans !?! até me relacionaram a um determinado pastor radical e por fim, solenemente imporam que eu devia parar de interagir ali de qualquer forma e ADEUS.Lola, existem tiranias de várias formas e modelos e as trans são radicais sim e querem impor o que acham certo , de qualquer forma. Olha estou indignada, respondi até quando pode , antes de me bloquearem, que eles é que estavam associados ao radicalismo, mas nunca tem jeito, li na net sites feitos por homossexuais que abordam esta maneira de agir destes grupos trans, muito radicais e cheios de neologismos massantes, chatos,impondo suas ideias e que isto não agrega nada à causa gay.Fiquei e estou pê da vida, eles usam uma artimanha de seita mesmo, constrangem a pessoa e atribuem a ela ânimo criminoso!Só por que não concordei com alguma ideia não significa que odeie trans, só por que sou feminista, mesmo que não concorde com algumas ideias que eles falam, não significa de tenha ódio e incentive ao crime! Mas, de tanto que se fala, dá até vontade de ficar assim mesmo!

Anônimo disse...

Existe muito violência na web, não só movida pelas RADFEMS, mas por vários outros grupos, como em uma comunidade que vi, mulheres contra o feminismo que insufla ódio às mulheres feministas! Ainda bem que na minha juventude não existir net(como tem hoje) nem facebook, tenho 40 anos. Pois estas ferramentas só servem, na maioria das vezes para desequilibrar e favorecer ao ódio.

Anônimo disse...

Lola, sou mulher, simpática ao feminismo, mas sinceramente , acho que a inclusão de mulheres trans (que não são mulheres de verdade) vai prejudicar e confundir muito o cenário feminista, seja ele qual for!

schsch ah disse...

Os comentários dessa postagem são surreais. De um lado há algumas feministas radicais discordando da Lola por acharem que ela é conivente com opressão misógina disfarçada de transfeminismo. De outro há algumas transfeministas acusando a Lola de ser transfóbica.

Que coisa deprimente o feminismo de internet vem se tornando. Que guerrinha estúpida. Essa dificuldade de reconhecer que uma opressão existe mesmo que você não seja diretamente afetada por ela é típica dos detratores do feminismo. E é uma prática cada vez mais comum dos dois lados desse fla-flu ideológico.

Em tempo: eu pessoalmente me identifico bem mais com diversos aspectos do feminismo radical do que qualquer outra vertente do feminismo, mas acho uma desonestidade intelectual gigantesca ignorar a opressão e o sofrimento, tanto físico (agressões etc) como psicológico, de mulheres trans. E dizer que "não acredita em identidade de gênero", quando existe tanta literatura médica sobre o tema, sob diversos vieses, soa como - perdoem a analogia fraca - o negadores do aquecimento global causado por humanos: um grupo que nega a realidade por discordância política do tema.

Agora acho também uma desonestidade intelectual imensa dizer que é contraditório o feminismo radical ser abolicionista de gênero enquanto aborda questões biológicas. Qualquer leitura bem rápida sobre o tema explica que o feminismo radical acredita que gênero é uma construção social, não é sexo. E que ser designada mulher ao nascer - ou seja, ser portadora de aparelho reprodutor feminino - traz uma série de opressões (e também construções sociais, como gostar de rosa e usar saia) que não afetam os que são designados homens. Isso não é de difícil copmpreensão, a menos que a pessoa lendo esteja sendo propositadamente obtusa por discordar da teoria.

E também não dá pra achar que um grupo que queira discutir aspectos biológicos como gravidez, violência obstétrica, menstruação e outras situações que só afetam a quem nasceu com aparelho reprodutor feminino é praticar a transfobia. Se existe um grupo que quer dicutir apenas isso e não aceita a participação de pessoas que não sejam afetadas por essas situações, por que isso tem que gerar incômodo? Quem considerar que outros assuntos são mais importantes do que esses pode participar de outros grupos. Stalkear, perseguir e demonizar grupos radicais por buscarem promover espaços exclusivos é além da desonestidade intelectual, é mau caratismo.

Arien disse...

Olá, respondendo 3 anos mais tarde ne huaha.
Bem, geralmente se tenta neutralizar as palavras utilizando o 'e', "xs leigxs" ficaria se pronunciasse de forma neutra como "es leigues".
Outros exemplos: amigue-amigo(a), linde-lindo-linda, esperte-esperto-esperta, professore-professor-professora, chate-chato-chata, empolgade-empolgado-empolgada, mesme-mesmo-mesma e etc.
Espero ajudar alguém q por acaso passe por aq algum dia e tenha a mesma dúvida.(:

Anônimo disse...

Oi, Alice. Menina, você leu meus pensamentos! Outro dia mesmo estava conversando com uma amiga sobre isso. Afinal, se uma mulher pode fazer/gostar de tudo que é considerado pertencente ao gênero homem é ainda se identificar como mulher, o que é ser mulher no fim das contas? E se somos socializados para ser mulheres, como pode-se dizer que uma pessoa nasce mulher num corpo masculino? Foi assim que comecei a pesquisar sobre feminismo radical, o qual, pelo que vi, critica o gênero pois o considera uma forma de opressão e defende sua abolição. Mas ainda estou em processo de pesquisa e acho válido ver o lado do feminismo trans também. Como você disse, precisamos estudar mais! o/

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