segunda-feira, 7 de outubro de 2013

GUEST POST: NENHUMA DE NÓS E TODAS REPRESENTAMOS O MADA

Como prometido algumas vezes, publico aqui um guest post sobre o MADA. Quem quiser maiores informações, pode escrever para o madapaulista@gmail.com.

Meu nome é M., tenho 27 anos, moro em São Paulo. Faço parte de um grupo anônimo para mulheres que sofrem de um problema chamado "amar demais". O grupo MADA -- Mulheres que Amam Demais Anônimas. É possível que muitas já tenham ouvido falar; esse grupo foi muito divulgado naquela antiga novela Mulheres Apaixonadas, e por causa dessa mesma novela, várias vezes há um grande tabu no que diz respeito a este assunto.
"Amar demais" muitas vezes é relacionado apenas a mulheres extremamente ciumentas (como a Heloísa da novela), ou que apanham em casa. Mas na verdade, a obsessão amorosa é um problema real, o amor-patológico (caso de estudo até no Hospital das Clínicas) é muito mais comum do que se imagina, e é uma doença que mata. Homens e mulheres sofrem desse mal, mas principalmente mulheres, por isso a nossa irmandade é focada nelas.
O grupo funciona através dos 12 Passos e 12 Tradições de Alcoólicos Anônimos, mas com o foco em relacionamentos destrutivos. O termo amar demais foi estabelecido pela terapeuta e escritora Robin Norwood, e a partir do livro dela (Mulheres Que Amam Demais) foi fundado o Grupo MADA.
As mulheres que participam de MADA vem normalmente de lares destrutivos, e acabam por exercer padrões de comportamento repetidos aprendidos na infância para tentar modificar os outros, envolvendo-se sempre em relacionamentos parecidos com aqueles do passado. 
Não só, mas principalmente, esses relacionamentos são no campo amoroso, causando um profundo desespero e desamparo. Por exemplo: se uma mulher teve um pai alcoólatra, ou abusivo, ou uma mãe controladora, é bem provável que ela se envolva nesse mesmo tipo de relacionamento no futuro. 
Através dos 12 Passos, buscamos nossa recuperação, um dia de cada vez. Quando se fala de "Deus" no programa, é possível que isso assuste um pouco. Eu mesma, quando cheguei ao grupo em 2009, agnóstica que sou, achei muito estranho. Mas em pouco tempo percebi que o que chama-se de Deus nas irmandades anônimas nada mais e do que um poder superior como cada um o percebe. Existem ateias que fazem uso do programa sem problema algum, pois entendem que o poder superior é só um nome para entender que não podemos resolver tudo sozinhas (e esse poder pode ser o grupo, em muitos momentos).
Quando entrei no MADA, quase cinco anos atrás, eu tinha a mente completamente fechada, era muito infeliz e achava que a única solução pro meu problema era ficar com o homem que tinha me abandonado. Ou seja, era de um machismo total em relação a mim mesma. Vim de um lar abusivo emocionalmente, de repetidos relacionamentos infelizes, muitas amizades prejudiciais, bullying na adolescência, desespero. 
Tentei o suicídio mais de uma vez. O grupo me deu um alívio quase imediato, pois naquelas mulheres encontrei uma SORORIDADE de verdade, com abraços e sorrisos sinceros e a promessa de nunca mais ficar sozinha (o que era meu maior medo, na realidade). Essas mulheres salvaram a minha vida literalmente.
Com o passar do tempo, fui aprendendo muito e de repente me dei conta de que tantas mulheres juntas ali, de raças, cores, formatos, classes sociais e de locais diferentes estavam falando a mesma coisa. Não tinha como o problema ser só emocional. Não tinha como falarmos das mesmas experiências apenas por uma deformidade emocional.
Comecei a estudar (e conheci o blog da Lola e muitos outros blogs feministas, o que me ajudou imensamente) e ver como isso acontecia. Não era possível que essa doença de "amar demais" fosse um vírus, e eu estava convencida de que a maior parte da população feminina sofria desse mal.
E claro, cheguei à conclusão de que o problema social que é o machismo faz com que tantas mulheres acreditem que não valem nada, que a única coisa que vale na vida é ter um homem ao seu lado. Por isso, elas desenvolvem esses padrões de controle e manipulação e entram em desespero profundo e continuam em relacionamentos doentios.
É exatamente como já li muitas vezes, "não existe mulher que goste de apanhar (literal ou figurativamente): o que existe é mulher HUMILHADA demais para denunciar, MACHUCADA demais para reagir, com MEDO demais para acusar, POBRE demais para ir embora". Vale a pena ler o livro da Robin Noorwood para entender um pouco mais.
Hoje posso me intitular feminista. Hoje sei que faço parte de uma programação que me dá as ferramentas para escapar dessa doença derivada de uma cultura machista. A cada dia que passa, descubro mais sobre mim e sobre como posso me relacionar com todas as pessoas de forma saudável. Mas principalmente comigo mesma, me dando liberdade para ser quem eu quero ser, independente dos meus relacionamentos.
Da fraqueza veio a força. E é um dia de cada vez, por isso continuo voltando: me ajudo ajudando outras. A mulher que chega assustada hoje é a menina que eu fui ontem. Preciso estar lá para abraçá-la e prometer aquilo que já me foi cumprido inúmeras vezes desde que cheguei: não estamos mais sozinhas.
O MADA me ensinou a gostar das mulheres, a conviver com elas e amar a todas, sejam feministas ou não. Uso meus depoimentos no grupo para falar disso às vezes, sobre como esse programa é feminista e nos ajuda a ver o mundo de maneira diferente.
Mas o mais importante é que temos mantido (com nossas próprias contribuições) as portas abertas em São Paulo desde 1994 (desde o ano passado abrimos mais quatro novos grupos no estado de SP) e continuamos recebendo mulheres de todos os lugares. Temos muitos outros grupos por todo o Brasil também.
A coisa mais maravilhosa para mim é ver o brilho nos meus olhos todo dia quando olho no espelho, algo que eu não imaginava que veria um dia. E ver esse mesmo brilho aparecendo nos olhos de cada mulher que continua voltando às nossas reuniões.
Obrigada Lola, pelo espaço dedicado ao MADA no seu blog. Demorei a escrever pois no grupo nada se faz sozinha. Preciso deixar claro aqui que, de acordo com nossas tradições, MADA não tem rosto. Somos uma só: anônimas. Nenhuma de nós representa o grupo e todas o representamos juntas.
Que todas as mulheres possam se libertar de todas as opressões! E amar demais pode ser uma opressão.

50 comentários:

Anônimo disse...

Acho super válido grupos de apoio, mas essa coisa dos 12 passos ter que fazer menção a deus (ou um poder superior, como dizem) realmente afasta ateus e descrentes em geral.
Entendo a posição da autora do post, de que se usa isso para reforçar a idéia de que não se pode resolver tudo sozinho, mas ter que fingir que aquilo que estão dizendo não é o tal deus católico-cristão é muito difícil.
Ateus em geral são olhados com estranheza até por psicólogos, mesmo os que não são fazem proselitismo. A maioria afirma ser necessária alguma forma de espiritualidade. O que, para um ateu, é um saco.

Unknown disse...

PRINCIPALMENTE MULHERES O CARALHO!
homem "enlouquece de amor" e espanca, mata - normal, "é o natural, o mundo como ele é". Mulher, na mesma loucura? tem que procurar um grupo de recuperação correndo, pq ta louca de pedra, varrida.

Vamo acabar logo com esse sistema moonogamico opressor... beleza.


mas n me vem com texto de mulheres doentes de ciumes, pfv! fico pirada, é tanta mulher - sã - morrendo, sendo violentada em seu direitos, pq homens "as amam demais" - que falar das mulheres - histericas - me deixa... histérica (no popular)

Anônimo disse...

O que é necessário não é exatamente uma forma de espiritualidade. O que é necessário é sentido para a vida, é isso que preenche nossas existências e dá razão para viver. Uma vida sem significado, sem propósito nos faz desenvolver compulsões como forma de compensar o vazio existencial. Por isso álcool, drogas, sexo e jogos se tornam doentios.

A fé em Deus é uma alternativa para quem procura sentido. Infelizmente, Deus virou sinônimo de dogma, intolerância e autoritarismo, o que leva muita gente a se tornar ateísta. Mas existem outras formas de buscar sentido na vida. A própria autora cita o ativismo e o auxílio ao próximo como atividades significativas.

Anônimo disse...

Nossa.. tocante. Encheu de lágrimas meus olhos.

lica disse...

Unknown

Reflita um pouco sobre suas palavras. Você não pode menosprezar o sofrimento de mulheres que tem um comportamento destrutivo.

Poxa a autora diz que o MADA salvou literalmente a vida dela, mas você não acha justo falar sobre isso? Ser assassinada pelo companheiro é digno de luta e conscientização, mas morrer fruto de um desequilíbrio que leva ao suicídio não é?

A autora este revelando uma outra forma pelo qual o machismo mata, que não seja apenas pelas mãos do próprio parceiro! Nenhum das formas é mais ou menos perversa.

Marcia disse...

Iniciativas como essas são muito importantes, já que o machismo atua de n formas e nem sempre a opressão se dá no tradicional esquema: vítima e opressor. Aliás, as vezes essas barreiras se borram e o feminismo não pode ser insensível a complexidade da vida.

Ana disse...

Unknown, acho que você está confundindo as coisas. Essas homens matam por sentimento de posse. Por enxergarem a mulher como propriedade da qual eles podem fazer o que querem, não por amar demais.
Isso não tem aí nada a ver com amor..

Paula disse...

concordo com a Unknown (principalmente a 1a frase)

ela nao menosprezou essas mulheresm em nenhum momento, ela apenas criticou o fato de o "amar demais" ser visto como um problema feminino quando todos os dias abrimos os jornais e vemos mulheres assassinadas por ex-parceiros que "nao aceitaram o fim do relacionamento"... ninguem diz que esses homens "amam demais" e precisam de tratamento...

eu nao acho que essas mulheres do MADA ames demais, elas SE amam de menos e tem um medo surreal da solidao... isso sim, fruto do machismo...

Anônimo disse...

Q foda mesmo. O machismo tá explicitado até nisso mesmo: mulheres "loucas de amor" são doentes e entram em um programa. Homens, bem, homens matam...Cade o grupo de "homens q amam demais" né?Foda...foda, apenas, eu queria ser homem, hetero, branco...mentira, eu queria mesmo era ser os meus cachorros, livres como eles, jamais serei.

Unknown disse...

Feministas adoram dizer q homens são hipócritas mas adoram uma hipocrisia quando convém.
Um homem que tem uma obssessão por uma mulher é um doido com sentimento de posse,a mulher que age do mesmo jeito só ama demais?
Desdes quando obssessão tem a ver com amor?
O nome desse grupo deveria ser outro,amor passa longe desses sentimentos doentios.

Ana Clara disse...

ma1w, ser ateia não é não ter religião para fugir dos dogmas. Ser ateia é simplesmente não possuir sentimento de fé ou espiritualidade. Concordo com você que buscamos sentido para a existência em outras coisas que não sejam a fé. Mas, ajudar os outros, por exemplo não explica o mistério da existência humana. Não há nada para substituir o papel da religião.

Anônimo disse...

Eu sou uma Anonima em recuperaçao - devido a 11 tradiçao nao posso dizer o mei nome mas sou de Salvador, onde existem tres grupos. Sabado das 15 ad 17,30 no Mosteiro N S Conceiçao, final de linha de brotas; rio vermelho - na igreja de santana, onde tem a festa de iemanja, quinta, fas 19 as 21 e em piata, na igreja de santo expedito, a igreja da vila militar, segunda feira, de 19 as 21 horas

So por hoje, serenidade

Anônimo disse...

Acho que algumas coisas precisam ser esclarecidas e se a autora pudesse participar da discussão seria muito útil.

As mulheres do MADA se viam como um perigo para si mesmas, para seus companheiros ou para ambos?

Porque dependendo da resposta nós temos padrões diferentes de comportamento que não podem ser comparados, como fez a Unknown.

Essas mulheres estão lá pra se recuperarem de um rompimento ou para manter o relacionamento saudável?

jacmila disse...

Me amo demais
Cultivo hortelã e
SOLITUDE

No meu jardim não tem deus
aliás chuto os bagos de deus

No meu jardim tem enxada e facão
pra dar na terra
pra não ter que dar na cabeça de gente tosca

Me amo demais
Me amo demais
Me amo demais

Anônimo disse...

A Unknown está certíssima. Nem tenho o que acrescentar.

Anônimo disse...

Ana Clara

Existem muitos motivos diferentes que levam alguém a se tornar ateu. Mas eu imagino que a rejeição às igrejas seja o motivo mais comum hoje em dia. Os discursos de vários ateístas como o Dawkins se baseia nisso.

Os mistérios da existência humana são muito importantes para algumas pessoas, mas não para todos. Por outro lado, viver uma vida com sentido é importante para qualquer um.

Anônimo disse...

Esse post me tocou muito. Venho de um lar destruído pelo divórcio dos meus pais na minha infância. Fui criada por uma mãe com depressão gravíssima que tentou suicídio várias vezes. Sofri abuso emocional por vários anos e me arrisco dizer que sofro até hoje. Me refugiei na comida, me tornando obesa. Hoje, com 20 e poucos anos, observo em cada relacionamento que tenho, seja amoroso ou não, resquícios do que vivi no passado e repetições de padrões que são inclusive muito claros pra mim, mas que não consigo mudar. É desesperador. Enfim, de qualquer maneira, tenho procurado ajuda e esse post, como eu disse, me fez muito bem.

Becx disse...

Querida Unknown, Acho que vc não leu o texto direito. Ou o lêu na perrogativa de nega-lo com toda a sua vontade. Mas quando que, principalmente nesse blog foi dito:
"homem "enlouquece de amor" e espanca, mata - normal, "é o natural, o mundo como ele é"". E onde que foi falado quemulheres que buscam esse grupo" pq ta louca de pedra, varrida."?
Não é qlq mulher que tem ciumes que precisa do AMA. Leia o texto e perceba que são mulheres que vieram de relacionamentos familiares extremamente abusivos e repetem esse padrão em sua vida, sem conseguir quebra-lo. É um corte profundo que deixa cicatrizes em alguém. E não é novidade nenhuma na psicologia, que isso aconteça e que seja um disturbio. Leia o texto e tente compreende-lo.
PS. Homens que estupram e matam a mulher, também precisam, não de um grupo de suporte , mas de tratamento psicológico, para se curar do machismo, e mudar essa visão do mundo, da vida, e de certo ou errado, de pode ou não pode, enfim. Machismo é uma doeça que a sociedade insiste em transmitir,e é uma patologia tanto quanto.

Anônimo disse...

Muito triste ver pessoas que não enxergam além dos próprios preconceitos fazendo julgamentos... A iniciativa de procurar ajuda num grupo destes não é por pressão da sociedade por ser uma 'louca varrida', na maioria da vezes é por desespero mesmo. Isso não tem nada a ver com 'doença de mulher' e mimimi. E não tem nada a ver com a possessividade machista. Muitas vezes é mesmo uma questão de vida ou morte.

Feminazi Satânica disse...

Apesar de não ser com as mesmas palavras, eu partilho do mesmo questionamento da Unknown. Não chego a afirmar que mulheres não possam ser obsessivas, já que sabemos que podem sim, e que ótimo que o MADA existe para dar suporte a elas. Mas não são muitas as notícias de mulheres que chegam ao nível extremo de ameaçar, perseguir, coagir ou até mesmo matar o ser "amado".

Existe algum similar ao MADA voltado para homens? Se tiver, eu nunca ouvi falar. Uma entidade dessas para eles é extremamente necessário.

Fernanda disse...

A chatice nesse blog se manifesta assim: "Gente, eu com quatro pregos me rasgando toda aqui na cruz e vocês com pena da outra que foi queimada viva???"

É tão dissidente (para não dizer outra coisa) que parece coisa de troll.

Enfim... A autora do post diz: "Por isso, elas desenvolvem esses padrões de controle e manipulação e entram em desespero profundo e continuam em relacionamentos doentios." Gostaria de compreender melhor essa historia de manipulação e controle." São as proprias mulheres que estabelecem esses "jogos" de manipulação e controle? Ou os homens?

Não tenho experiência com esse tema, apesar de reconhecer as origens dele.

Lindo post. È bom quando a gente sopra um pouquinho a ferida. Esse blog é um acalanto. Queria que tivesse um encontro nacional do escreva lola so pra gente poder se conhecer e se abraçar. :)

Unknown disse...

Há muito tempo atrás, eu vi um post no Tumblr que não tive coragem de reblogar pq era verdade d+, e ainda não digerida. Era em inglês, tipo "O amor é um capítulo na vida de um homem, mas é o livro inteiro na vida de uma mulher".

Eu concordo com quem disse acima que tb tem muitos homens que "amam d+", mas eu acho que, culturalmente, o problema vem desse mesmo lugar. Aí:
a mulher é criada pra achar que toda a sua vida gira em torno de "ter" um homem (e achar que não existe mais nada no mundo);
o homem é criado pra achar que a vida da mulher gira em torno dele (e daí ela obviamente não tem direito de terminar o relacionamento, ter opinião - é tudo mimimi" -, ter direito ao próprio corpo, etc).

Com certeza que caso a caso precisam de ajuda (e/ou prisão, dependendo), mas sinceramente acho que boa parte do problema é esse mito da "boa mulher"... que prega que isso de que mulher "de verdade" é feliz quando os outros são felizes, não pensa nela mesma, que vive pro marido, que se anula por ele (p.ex., que abre mão de uma promoção pra ele não se sentir mal, que não faz um comentário inteligente pra ele não se sentir "bobo"... as coisas que ela pode almejar a ser melhor são do naipe: "ser mais bonita", que é pra valorizar a "propriedade" dele. vcs sabem, tipo que o homem pode ser inferiorizado pelo que for fora de casa, que sempre poderá chegar e saber que tem uma pessoa no mundo que lhe é inferior: a mulher "dele").

Gostaria de deixar claro aqui que, por mais que isso tudo obviamente seja um desabafo, eu tenho plena consciência de que isso é uma parte da nossa cultura e não é toda. É em parte por isso que tá pintado de uma cor só, é uma caricatura que nem de uma pessoa é, é de um "traço cultural", que eu sinto que exista. E que qualquer pessoa que não consiga perceber que mulher é uma pessoa e faz essas barbaridades tipo "crimes passionais" merece ser responsabilizada, sofrer punição.

Anônimo disse...

Existe algum similar ao MADA voltado para homens? Se tiver, eu nunca ouvi falar. Uma entidade dessas para eles é extremamente necessário.
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Existe, e a Lola passa a vida a demoniza-lo.
Nos já salvamos muitos homens, e MULHERES TAMBÉM, da doença do amor romântico.

Anônimo disse...

O desapego sentimental deve ser cultivado no coração de todos os homens, somente assim homens e mulheres terão paz.

Nós não podemos nos apegar ao "amor"feminino pelo homem, pois o "amor" feminino natural pelo homem, e o "amor" ( leia-se instinto de preservação da especie) utilitário. Não e culpa delas, e natural.

Mulheres são biologicamente incapazes de amar homens.O que sentem são paixões dentro de uma construção social, projetam em certo homem, suas fantasias, fetiches e acolhimento familiar, mas não amor.

Assim como o amor masculino e territorialista.
Mas os tempos mudaram, o "amor' masculino não tem mais utilidade nenhuma para a mulher moderna emancipada, fora de um contexto fetichista utilitarista.

Portanto resta ao homem evoluir, ter foco em si mesmo, no seu desenvolvimento pessoal, só assim ele será pleno e completo, e não existe alma gêmea nenhuma para ele fora de si mesmo.

Anônimo disse...

Vitoria

Existe o DASA - Dependentes de Amor e Sexo Anônimos. Inclui os viciados em sexo, os que pulam de relacionamento em relacionamento, os que não conseguem largar relacionamentos problemáticos e os que não conseguem se relacionar com ninguém. É aberto para ambos os sexos. Agora, imagine a dificuldade de uma mulher de expor seus problemas de relacionamento na frente de vários homens assumidamente viciados em sexo. Por isso faz sentido haver uma vertente mais voltada para os problemas femininos. Mas aí começa esse mimimi de eu sofro mais que você, logo eu>vc, que a Fernanda resumiu muito bem.

Feminazi Satânica disse...

Mascu, eu estou falando de um grupo de apoio sério, não de doentes mentais que acham que o ódio é a salvação.

Anônimo disse...

"Ser ateia é simplesmente não possuir sentimento de fé ou espiritualidade. "
Não necessariamente, ser ateu é mais não acreditar em divindades ou um poder superior, mas eu posso ser ateia e acreditar em sei lá, reencarnação, mesmo sem provas científicas. Nem todo ateu é cético.
"Mas, ajudar os outros, por exemplo não explica o mistério da existência humana. Não há nada para substituir o papel da religião."
Não entendi muito bem essa frase, se é a tua opinião ou se tu tá atestando um fato. A existência humana não é um mistério, é um dos resultados de bilhões de anos de evolução biológica. E não existe nada que substitua a religião "operando" da mesma forma, mas pra muitas pessoas, não é necessária a existência dessa alternativa.

lola aronovich disse...

Gente, levei essa controvérsia pro Twitter (por que não existem grupos para "homens que amam demais" nos moldes do MADA?), e a Valéria apontou que parece que eles existem, sim.


Sobre os mascus se verem como um grupo que salva vidas, isso é um insulto a grupos que verdadeiramente apoiam pessoas. Tudo que os mascus propõem é o "desapego", que quer dizer substituir qualquer sentimento de afeto por ódio, ou por NADA, no melhor dos casos. É o total vazio emocional.

Anônimo disse...

Sou a M., que escreveu o texto.

Vamos por partes: Sobre o Poder Superior. Como eu disse no texto, temos membros do grupo (não só no MADA, mas também no Alcoólicos Anônimos, Narcóticos Anônimos, Neuróticos Anônimos, Al-Anon e outras tantas irmandades) que são ateus ou agnósticos, céticos, etc. Assim como temos pessoas das mais diversas religiões. O fato é que usamos a palavra "Deus", mas cada um entende como quer. Isso fica bem claro logo nas primeiras reuniões.

Um exemplo: O trânsito pode ser um poder superior. Na hora que estou presa em um congestionamento, o que posso fazer a não ser esperar? Melhor aceitar que naquele momento o trânsito é um poder superior a mim, e não ficar bufando, ansiosa, me desesperando porque vou me atrasar... é mais ou menos isso. Entender que tem coisas que fogem do meu controle. No caso do MADA aprendemos que não temos controle sobre as outras pessoas, que só podemos mudar a nós mesmas. Para quem, a vida toda, passou tentando controlar as reações dos outros, isso é muito importante. Então, independente do que "Deus" esteja representando, o importante é aprender a ter serenidade quando não podemos controlar pessoas e situações, coragem quando podemos mudar algo que depende de nós e sabedoria para entender a diferença entre uma coisa e outra. Tudo isso não foi inventado por nós nem pelo MADA. Os 12 Passos foram elaborados pelo Bill e pelo Bob, co-fundadores do AA. Os 12 Passos mesclam sabedorias antigas de muitas filosofias diferentes, vale a pena estudar mais sobre o assunto, para quem se interessa. Nem tudo é tão simples quanto um guest post no blog, gente... a internet está cheia de informações sobre os 12 passos e porque espiritualidade ajuda as pessoas, independente de Deus e religião.

Anônimo disse...

M., autora do post, continuando:

Sobre grupos para homens:

Existe o CODA: http://www.codabrasil.org/ (para co-dependentes emocionais) e o DASA (para casos de vício em sexo e anorexia social, emocional e sexual). Ambos são mistos. Também existe o Neuróticos Anônimos (http://www.neuroticosanonimos.org.br/) uma Irmandade excelente para MUITOS tipos de problemas.

Porque eu disse no post que "principalmente mulheres" precisam de ajuda no caso de amar demais: segundo a Robin Norwood, autora do livro, que estudou os sintomas do amor patológico, SOCIALMENTE as mulheres são mais suscetíveis a esses sintomas autodepreciativos e à solidão como sinônimo de falta de valor. Sabemos bem como a sociedade fala isso pra mulher, constantemente. Não quer dizer que homens também não sintam isso. Só quer dizer que é necessário um lugar "seguro" para mulheres se exporem, pois em uma irmandade mista, muitas vezes não é possível falar dos problemas que são falados dentro dos grupos de MADA. Tem inúmeras outras razões. Insisto: para mais informações, estamos à disposição através do email madapaulista@gmail.com

Valéria Fernandes disse...

Li os comentários ontem antes de ler o próprio post e pré-julguei o texto. Quando fui ler o guestpost achei que foi um dos melhores dos últimos tempos, afinal, Lola tem publicado muitos textos de terceiros. Eu já conhecia por alto o MADA e sou da opinião que quando você tem um problema, se tiver condições deve correr atrás de ajuda. Grupos de apoio são bons, terapia, em vários casos, é essencial. Não me espanta que não existam grupos como o MADA para homens, afinal, a cultura patriarcal e machista – sim, caríssim@s, a culpa não é das mulheres – reforça que o sentimento de posse que um homem alimenta por uma mulher é legítimo; e que homem que é homem aguenta firme, não chora, não busca ajuda, se vira. Percebam como certos pais e mães agem com seus filhos homens, professores e professoras com seus alunos, isso é formação de caráter. Os crimes, especialmente (*os supostamente*) de maior potencial ofensivo, são praticados com muito mais freqüência por homens, na melhor linha “se não é minha, não será de ninguém”. Uma “mulher que ama demais” ataca a propriedade do homem que ama (*carro, fotos, coisas de valor afetivo*) ou a outra mulher (*a concorrente na leitura machista*); o “homem que ama demais” e não busca auxílio, mutila, estupra ou mata a ex-companheira/namorada/esposa, ou até a mocinha que lhe negou atenção. É o mais comum, há um padrão de comportamento que não é natural, instintivo, é cultural.

Curioso é que se cobre que as mulheres e, especialmente, as feministas, organizem os tais grupos de apoio para homens... A graça é que eu fui procurar e achei o tal HADA (Homens que Amam Demais Anônimos), um livro, escrito por uma mulher, utilizando a metodologia do MADA para ajudar homens. Será que existem grupos físicos? Talvez, a coisa esteja em processo. Mas a questão básica é reconhecer que se tem um problema. Acredito, embora não tenha buscado estatísticas, que mulheres procurem mais o atendimento psicológico/psiquiátrico que homens, é isso que eu observo nas salas de espera dos hospitais e clínicas. Em alguns casos até com diagnósticos e encaminhamentos furados, mas elas vão. Os homens, seguindo a imposição desde a infância, precisam ser fortes; se virar. E sofrem. Quantos crimes poderiam, sim, ser evitados? Vidas salvas? Agora, querer dizer que a responsabilidade por não haver grupos de apoio para homens, é ridículo.

Aliás, em outras áreas de apoio – como de drogados e alcoólatras – é muito mais comum os grupos e casas de apoio para homens. Em décadas passadas, isso se explicava pelo perfil do dependente; hoje, prevalece o pré-conceito e há uma crescente demanda para que se olhe para as mulheres dependentes, pois, infelizmente, o seu número cresce de forma alarmante.

Voltando ao ponto, vejo com bons olhos grupos como o MADA, ainda que discorde de alguns passos da metodologia, e desejava ver mais homens atendidos em grupos semelhantes. Agora, culpar as mulheres por se organizarem, por estarem atentas aos sintomas destrutivos e buscarem apoio e os homens, não, é fechar os olhos para algo muito maior: o machismo não é nocivo somente às mulheres, ele vitima em maior ou menor grau os homens, também.

E, sim, menos resistência geral à terapia e ao atendimento psiquiátrico ajudaria todos nós. Há nesse país uma crença prevalente de que quem precisa de apoio “é maluco”, ou “fresco”. Um amigo meu, professor doutor de uma universidade pública no Rio, se espantou quando eu disse que fazia terapia para conseguir dirigir. Para ele, declaradamente agnóstico, eu deveria procurar “apoio espiritual”, porque acreditava em Deus, e, não, uma psicóloga especializada nesse meu problema, pois são todos picaretas e manipuladores...

Anônimo disse...

M., autora do post, continuando...

Quanto à nomenclatura "amar demais". A própria autora fala que na verdade esse amor demais não tem nada a ver com amor. Uma das primeiras frases do livro diz: "Se amar significa sofrer, estamos amando demais". Isso significa um não-amor, um medo profundo e baixíssima auto estima.

Quanto aos homens que "matam por amor"... gente, tem TANTA mulher que espanca, mata, ou quase mata... Isso sem falar nos casos de mulheres homossexuais que também apanham das companheiras ou batem nas companheiras e que sofrem de amor patológico (recebemos bastante casos assim também). No grupo é dito que o final de uma MADA sem recuperação é sempre o mesmo: hospital psiquiátrico, cadeia ou cemitério. As cadeias estão CHEIAS de mulheres que amam demais. Não estou falando dos homens nesse texto, já sabemos o quanto o machismo prejudica nós e eles de formas diferentes. No caso, o foco do texto é essa doença: amor patológico e o que acontece com as MULHERES que passam por isso. Não quero dizer que o sofrimento de quem ama demais é maior ou menor que outros sofrimentos ou que essa é uma causa social mais importante que outras. Mas é um tabu, e depressão e baixa auto estima ainda são vistos como MIMIMI sim, infelizmente.

Nossa Quinta Tradição diz que nosso propósito primordial é levar a mensagem à mulher que ainda sofre. Se esse post fez isso, fico muito feliz. Só de refletirmos sobre esse assunto já ajuda, eu garanto, muita, muita gente.

Agradeço a oportunidade mais uma vez.

Anônimo disse...

M. de novo:

Esclarecendo: o HADA não é irmandade. Existe alguns movimentos de membros de outras irmandades (principalmente Neuróticos Anônimos) em fundar uma irmandade paralela ao MADA para homens, mas é um processo lento. Abrir uma irmandade anônima não é que nem abrir padaria, tem de ser feito de forma responsável e esclarecida. A literatura de apoio tem de ser extremamente cuidadosa e bem planejada e como eu disse: nada se faz sozinho. O grupo é sempre a consciência que prevalece, sempre os princípios (12 Tradições) acima das personalidades. O HADA foi algo bem promocional, bem "auto-ajuda por dinheiro". Os grupos não reconhecem como algo válido (bem como aquele livro da Marília Gabriela, que foi fabricado e não representa o MADA).

Anônimo disse...

M. novamente...

Breve comentário: sou casada com um ateu. É muito interessante perceber como ele é uma das pessoas mais espiritualizadas que eu conheço, haha. Fazer o bem por fazer o bem, ser honesto porque é honesto e respeitar todo mundo sem falar de deus. E ainda por cima feminista, super apoiador do MADA e dos 12 Passos. Espiritualidade não tem nada a ver com deus... é a simples forma de viver bem. E os grupos anônimos pregam exatamente isso, pode perguntar pra qualquer membro (as reuniões de AA são normalmente abertas ao público em geral, fica fácil entender um pouco mais ao vivo).

Anônimo disse...

Vitoria não nos confunda com sanctus imundos, o ódio e uma doença tão perversa ao desenvolvimento do homem quanto o 'amor'
Ele demonstra apego, e se nos pregamos o desapego, pregar ódio seria incoerente.

Uma vez um sábio homem nos disse.
"somente combatendo dentro de si mesmo, e que conseguimos vencer as dificuldade que nos atingem por fora"
Nessanhan Alita.

Anônimo disse...

Existe o HADA (Homens que Amam Demais Anonimos). Tem em Sampa. Nao viaja, Lola não demoniza os homens. Aqui todos(as) nós lutamos contra o machismo

Anonima em recuperação

Anônimo disse...

Sobre os mascus se verem como um grupo que salva vidas, isso é um insulto a grupos que verdadeiramente apoiam pessoas. Tudo que os mascus propõem é o "desapego", que quer dizer substituir qualquer sentimento de afeto por ódio, ou por NADA, no melhor dos casos. É o total vazio emocional.

E qual o problema em não sentir nada?

Anônimo disse...

Diante das controvérsias, prefiro fazer aquilo que aprendi no MADA e falar sobre a minha experiência:

Estou no MADA há quase 2 anos. Não foi só o fim de um relacionamento que me levou lá, mas sim também a constatação de que após tantos relacionamentos destrutivos eu tinha um problema para me relacionar. Foi uma das decisões mais difíceis que tomei, porque eu estava morrendo de vergonha de pensar que eu seria o "tipo de mulher" que precisa de "um lugar desses". Mas eu havia lido o livro "Mulheres que amam demais" e não havia como não me identificar. Portanto, naquele momento a dor era muito maior do que o orgulho. E foi essa sensação de derrota total da minha vaidade e da ilusão que eu tinha algum controle sobre mim que me levou para o MADA. Eu imaginava que lá só haviam mulheres feias, chatas, que ninguém queria, com as quais eu não queria de jeito nenhum me identificar. Foi aos prantos que caminhei pela 1a. vez até a sala, me sentindo derrotada, humilhada e envergonhada. Chegando lá a minha surpresa: mulheres de todos os tipos, classes sociais, idades, e um ambiente alegre e acolhedor, completamente diferente daquele cenário deprimente que eu havia imaginado. Algumas delas inclusive eram jovens e lindas e eu, presa no meu preconceito, ainda pensava: "Mas elas são tão bonitas, inteligentes, o que estão fazendo aqui?"

Hoje, um ano e meio depois, tenho uma gratidão profunda ao MADA por tudo o que fez e faz por mim. Há meses consegui (só por hoje) me livrar de relacionamentos destrutivos e, inclusive, todos os meus relacionamentos (família, trabalho, amigos, etc) melhoraram consideravelmente. E por isso posso dizer que a minha vida toda melhorou de uma forma que eu nunca imaginei que fosse possível. Confesso que entrei no MADA na esperança de aprender como fazer para arrumar um bom namorado, mas hoje penso diferente, e estou no MADA com o único propósito de trabalhar na melhoria do relacionamento mais importante da minha vida: o meu relacionamento comigo mesma. E isso muda tudo...

Tenho ainda muito o que aprender, e sei que preciso da sala e das companheiras para continuar essa caminhada, que ás vezes é muito dolorosa e difícil, Mas vale cada minuto, pq hoje começo a viver uma coisa que me diziam quando cheguei na sala e que eu não acreditava: "Você não trocará o pior dia da sua vida nova pelo melhor dia da sua vida antiga."

Entendo que o MADA e os 12 passos não sirvam para todo mundo. Tudo bem, porque a vida oferece muitos caminhos para que cada um busque a sua própria felicidade. E é a gratidão que tenho pelo MADA que me fez perceber que devo respeitar a escolha que cada um faz em relação ao caminho que escolheu. Eu já fui uma pessoa que achava que sabia de tudo e dona da verdade, e condenava todo caminho que não fosse aquele que eu achasse o certo, julgando muito mal as pessoas que não pensassem como eu. Mas como posso continuar sendo assim depois do tapa na cara que levei da vida (o qual agradeço profundamente) ao encontrar meu caminho de cura no MADA? Eu, que julgava aquilo deprimente, coisa de gente feia, mal amada e chata? Não dá, simplesmente não dá... É por isso que respeito quem não vê no MADA uma possibilidade viável para a própria felicidade. Tudo bem, mas pergunto: para que apedrejar o MADA ou qualquer outra coisa que ajudou e ajuda tantas pessoas a reconstruir a sua vida? Humildade, foi essa talvez uma das lições mais importantes que os 12 passos me trouxeram, e que hoje faz toda a diferença na minha felicidade.

Entrei no MADA sem uma religião e sem acreditar em Deus. Continuo sem religião e continuo não acreditando neste Deus das religiões. Mas tenho a minha própria concepção de um Poder Superior. E que, certa ou errada (não me importa), me ajuda a seguir em frente. Depois de visitar o fundo do poço algumas vezes, isso começa realmente ser mais importante do que estar certa ou ter razão.

Paz e serenidade a todos.

Anônimo disse...

Tenho certa gastura ( me perdoe a expressão) pela falta de competência leitora de algumas pessoas. Vamos lá:
Unknown- dizer "principalmente" não significa dizer unicamente, portanto as mulheres não são as únicas que sofrem desse mal. Há homens também, mas até este momento somente as mulheres se organizaram em grupos para se fortalecerem. Alternativa, aliás, muito inteligente, pois como diz o ditado: “a união faz a força”. Organizar-se em grupos não torna mulheres menos importantes, mas sim mais inteligentes, visto que busca saídas menos violentas para o problema. Conheço pessoas que frequentam salas de 12 passos e são pessoas iluminadas corajosas e decididas e seguir o seu caminho, conforme a sua identidade( não aquela que consta no RG), mas aquela, mais profunda e difícil de acessar. Aquela identidade que permite escolhas no singular sem uma capa da propaganda social “mediatizada”. Pessoas raras que escolhem bem, porque escolheram antes a si mesmas.
Unknown, "vejo" em você a mesma raiva e revoltas dos mascus, esse é antes o caminho da cadeia. O post de M ilumina e fortalece. Antes todas as Mulheres pudessem se reconhecer como MADAS e ao invés de usar os mesmos caminhos dos homens encontrarem alternativas diferenciadas, o que o MADA parece ser.
Lembro-me de várias manchetes que abordam o amor excessivo. Não reconhecerem esse amor é uma burrice, desculpe-me, pois é não reconhecer uma doença.
Lamento profundamente que a nossa sociedade machista e hipócrita ainda crie esse tipo de sofrimento. Espero que as mulheres que frequentam o MADA gerem homens (porque eles continuarão existindo) e mulheres que saibam exatamente seu valor, não só diante de um homem, mas diante do mundo.
Reconheço tristemente em diversas pessoas a minha volta inúmeras características de MADA, mas que não se tratam para não se sentirem diminuídas diante dos dogmas que a sociedade impõe (é como se dissessem: não tenho valor, pois não caibo nessa gaiola)!
Aceitar que amar demais é uma doença PRINCIPALMENTE de mulheres significa que as mulheres, resolverão seus problemas (sejam eles quais forem) de modo diferente dos homens e isso me diz que ao invés de guerra teremos paz.
Haja vista esse grupo que pleiteia o conhecimento próprio ao invés da faca em punho.
Parabéns, Lola. Parabéns M.

Anônimo disse...

D.

Meu nome é D frequento o MADA faz um tempo e apesar de ter entrado ateia, fiquei por que encontrei Mulheres que passavam pelos mesmos problemas que eu, e a partir de então não me sentia mais sozinha.

Foi maravilhoso encontrar apoio e acolhimento em um mundo onde ninguém mais me entendia.

Onde achava que era muito infeliz por que não tinha um homem do meu lado e não me amava, aceitava qualquer um pra não ficar sozinha e fui submetida a muita violencia emocional.

Hoje cuido da minha auto-estima e aprendi a me amar do jeito que sou! Sem precisar de ninguém pra provar meu valor!

Sozinha não ia conseguir, foi graças a essa Sororidade que o MADA tem e mulheres que me dão o exemplo de que tudo isso funciona.

donadio disse...

"Os discursos de vários ateístas como o Dawkins se baseia nisso.

Eu sou ateu, e acho o Dawkins um grande babaca.

Nós não somos todos iguais.

donadio disse...

"temos membros do grupo (não só no MADA, mas também no Alcoólicos Anônimos, Narcóticos Anônimos, Neuróticos Anônimos, Al-Anon e outras tantas irmandades) que são ateus ou agnósticos, céticos, etc. Assim como temos pessoas das mais diversas religiões. O fato é que usamos a palavra "Deus", mas cada um entende como quer. Isso fica bem claro logo nas primeiras reuniões.

O fato é que esse discurso gera dois tipos de situação: 1) pessoas que estão tão desesperadas com o mal que o álcool, drogas, etc., fazem, que se sujeitam à discriminação constante; e 2) pessoas que largam os grupos de ajuda mútua para não terem que se sujeitar a essa discriminação.

É um horror.

Unknown disse...

É... devo ter lido mesmo tudo muito errado. Saber do HADA neutraliza(?!) minha posição, parece. Mas me indignei muito com essa ideia de patologizar (gente, pára!) algo que é dessa cultura machista e misógena que temos. Em que o homem se vê dono do corpo do outro é aceitavel, mulher se vê dona do corpo do outro é doença. Dizer ~principlamente mulheres~ é o ponto, não tem nada do que ser relativizado nisso. É inaceitavel pra mim que sentimento de posse sobre o outro cause tantos estragos, mulheres percam suas vidas, sejam desfiguradas, perseguidas, enclausuradas... e que isso seja combatido minimanente por termos sidos condenados a nivel internacional. Ao passo que mulheres que apresentam comportamentos semelhantes, guiadas por sentimentos assim nocivos, de posse sobre o outro, sejam logo apontadas dessa forma. Apontadas pq a cultura não permite que ela siga esse padrão, este não é o papel dela... lembro de me revoltar na primeira vez que ouvir falar do MADA, bem na época dessa novela colocada no texto. Mesma novela que retratava um caso grave de violencia doméstica contra a mulher(Raquel e Marcos). E nenhum grupo para tratamento disso divulgado! lembro do personagem - retratado como psicopata - dizer para a vítima que ela podia denunciar o quanto quisesse, que ele estaria ali pra pagar as cestas básicas pedidas - e só parou pq morreu. Acho isso muito grave, mesmo que soasse como denuncia a situação das mulheres em algum ponto, acho que foi backlash mesmo.
Homens e mulheres podem estar transtornados, obvio. Não tem diferença, n vejo. Acomete mais mulheres? sinceramente, não vejo como isso pode ser real. Alias, vejo sim, qd tratamos todas as noticias de feminicidio como coisas naturais.

Minha solidariedade a todas as PESSOAS que buscam ajuda para se verem livres de amarras que as fazem adoecer. Só espero ver mais responsabilidade quando resolverem falar do que eu sinto. Quando resolverem que esse sentimento é ~mais~nocivo pra mim. Pelo menos de pessoas feministas. Tenho certa gastura.

Anônimo disse...

M. autora, questionando:

donadio, onde no que eu escrevi você entendeu que alguém discrimina os ateus em grupos de 12 passos?

Tks!

Anônimo disse...

Bom, vi muitos comentários, e acho ótimo até tantos questionamentos.

Falando de machismo e de mim. Fui criada por um pai alcoólatra e uma mãe ausente emocionalmente. Vi cenas de violência de ambos os lados: inclusive presenciei minha mãe tentando matar meu pai. Ela é uma MADA. Durante 30 anos tentou mudar um homem que jamais mudaria. Renegou a si e Renegou os filhos. Ela estava ocupada demais tentando fazer as coisas darem certo. Podem dizer que ela nunca foi embora por falta de dinheiro, apoio ou filhos, mas ela nunca foi por achar que poderia mudar td aquilo. Ela não se deu chances.

Entrei assim no grupo. Era humilhada e achava que isso era prova de amor: ficar. Também me sentia heroína. Não era. Não amava nem a mim nem aos outros. Sobre o título de que "amava demais", eu amava td de menos. Até eu!

Hoje, no grupo a algum tempo, aprendi a me amar. E estou com
alguém que hoje amo e respeto.

Todas as frustrações de minha mãe eram descontadas em mim - fisicamente.Hoje acredito que eu darei algo melhor aos meus filhos. Minha mãe tinha vergonha de estar só e escolheu sofrer. Apesar da responsabilidade do meu pai, ELA fez esta meescolha. Os dois erraram tentando fazer o melhor com o que aprenderam. Eu aprendi assim tb. Mas eu decidi mudar.

Se existe grupos para homens, não importa tanto hj. Tem grupo para mim. E hj eu escolho qual tipo de homem e relação vou viver . E eu darei um ensinamento - não só de palavras, mas atitudes - para meus filhos sobre amor e respeito.

Homens legais ? eu os achava uns chatos. Bacanas eram os caras que me desmereciam e que eu tentava mudar : essa foi a minha msg de pequena do que era amor. Assim como meu pai e minha mãe receberam tb.

O que faço para combater o machismo? Fico longe ! Eu tenho essa escolha. E hoje escolhi alguém que me valoriza, se valoriza e respeita minhas dificuldades em amar -- eu sou aquela que procura brigas (como minha mãe também fazia). É difícil ver isso mas posso mudar agora que sei meu papel. E posso ensinar filhos e sobrinhos sobre igualdade. Não é isso que o feminismo inclusive busca ?

Obrigada :-)

Anônimo disse...

O MADA deveria se chamar MADA-C (mulheres que amam demais...cafas). Sim por que eu nunca ouvi falar de uma mulher que ama demais homens generosos e altruístas (os tais bonzinhos). Ah, e antes que venham com ataques ad hominen, eu definitivamente não sou um desses generosos e altruístas.

donadio disse...

"donadio, onde no que eu escrevi você entendeu que alguém discrimina os ateus em grupos de 12 passos?"

Você não escreveu isso, isso é o que acontece; eu entendi isso na minha própria experiência de participar de grupos de 12 passos.

Anônimo disse...

nossa, este blog é bom mesmo. E olha que detesto a maioria dos blogs porque acho a maioria tudo ruim. Acho que este blog aqui e mais o Murro das Lamentações (murro mesmo) são os melhores. Eu gostava muito também do Tijoladas do Mosquito, adorava.
Rogério .

Anônimo disse...

donadio:

Sinto muito pela sua experiência, ela não foi o padrão. Frequento outras irmandades além do MADA e nunca vi isso acontecer em mais de 05 anos, frequentando diversos grupos anônimos. Procure outro grupo (outra sala), se tiver vontade. Com certeza as portas estarão abertas para você. Boa sorte, serenidade e mais 24h para você!

M.

donadio disse...

Obrigado, M.

Mas não pretendo.

Minha impressão geral é que os grupos de AA, NA, qualquer-coisa-A substituem uma dependência por outra. Para quem é dependente de álcool e cocaína, pode ser uma boa; nem todas as dependências são iguais e com certeza reuniões semanais para falar de problemas não podem fazer tanto mal quanto uma carreira ou uma garrafa.

Mas não é pra mim. Os meus problemas com certeza são menores do que a incomodação de aturar um "poder superior" uma vez por semana.