sábado, 23 de agosto de 2014

GUEST POST: O FEMINISMO ME MOSTROU QUE SOU VÍTIMA CONSTANTE DA VIOLÊNCIA

Relato da L.:

Bom, o primeiro abuso do qual me lembro foi quando eu tinha uns 3 anos. Estava na casa da minha avó e fui pra varanda fazer algo da qual eu não me lembro, meu tio-avô (hoje já falecido) estava sentado em uma cadeira e me chamou pra sentar em seu colo e eu fui. Eu estava de saia e ele começou a me acariciar por cima da calcinha, achei aquilo muito esquisito e sabia que não era certo... porém não sabia muito o que fazer, uma vez que aquilo não me causava dor, além do mais fica aquela confusão "ele é meu tio, então não me faria mal".
Só fui admitir pra mim que havia sido abusada com uns 13 anos.
No segundo abuso do qual me lembro eu tinha uns 5 ou 6 anos. Estava doente e minha mãe me levou ao pediatra. Eu estava só de calcinha e ele estava me examinando (com minha mãe na sala), mas o consultório dele era no 2o andar e a recepção era no 1o. Minha mãe desceu rapidamente pra fazer algo e nesse meio tempo ele abaixou minha calcinha e me acariciou.
Fato que relatei imediatamente à minha mãe, então ela soube que já haviam três queixas contra ele (como ele continuava exercendo?). Ela o confrontou e ele negou. Minha mãe me diz que preferiu não levar a situação adiante pra não me expor (hoje me pergunto se ela não tinha medo dos julgamentos, por ter me deixado sozinha na sala).
O 3o abuso do qual me lembro eu tinha 13 e estava na 7a série, o professor de informática cismava em ter uns contatos que  eu achava abusivos, beijo no rosto, toques que eu achava inapropriados. 
Os outros abusos foram os clássicos de todas as mulheres: passadas de mão por parte de desconhecidos nas ruas, cantadas agressivas. Ano passado um homem se masturbou ao meu lado no ônibus e me encarando ainda por cima, me senti muito indignada e impotente. E se ele me agredisse fisicamente caso eu gritasse? Ele estava bem de pé ao meu lado (eu estava sentada), de forma que o pênis dele estava próximo ao meu rosto.
Na cara de pau ele enfiou a mão por dentro da calça (daqueles materiais tipo nylon) e começou a se masturbar. O máximo que fiz foi pedir ao senhor que estava do meu lado pra trocar de lugar, expliquei a situação e o velhinho, coitado, ficou todo constrangido e indignado.
Cheguei em casa e chorei. O pior foi ter que ouvir meu namorado na época perguntando "Você gostou?". 
Esse mesmo ex-namorado inclusive já me agrediu no meio da rua, ele estava bêbado e um porre, querendo chamar atenção. Diante da minha negativa quando pediu um beijo, ele me agarrou à força de frente pra ele, eu estava com uma saia curta, e como ele é bem mais alto que eu enquanto ele me agarrava ele meio que me suspendia e assim minha saia levantava, mostrando minha bunda. Bem atrás da gente tinha um bar lotado, então eu falei "Cara, além de vc estar me machucando as pessoas estão vendo minha bunda", e ele me respondeu "foda-se". 
Tive que beijá-lo mesmo forçada e assim ele me soltou e fomos andando pra casa. Quando chegamos exatamente em frente ao bar ao qual me referi ele apontou o dedo bem no meu rosto o empurrando e falou "Nunca mais me trate do jeito como vc estava me tratando, porra!" (por eu não querer beijá-lo quando estava bêbado), todo mundo olhando, me senti um lixo. Chegando em frente de casa ele não me permitia entrar, segurava meu braço muito forte (fiquei com marcas roxas). Comecei a chorar de medo dele me bater, medo do meu pai ver e rolar uma tragédia.
Ele me chamava de ridícula, dizia que eu estava me fazendo de vítima. Só me soltou quando ameacei gritar. Entrei pro quarto e ele foi atrás de mim, quando eu disse que ele era um babaca e que eu contaria pra todo mundo o que ele havia feito ele me empurrou e eu bati contra a parede. Só aí gritei pelo meu irmão que foi pra cima dele com tudo, felizmente não rolou mais nada, ele pediu desculpas ao meu irmão e tal.
Se eu fosse contar todos os abusos que sofri na vida apenas por ser mulher ficaria aqui por horas. Engraçado que nunca fiz o tipo de mulher delicada e que abaixa a cabeça, mas é extremamente difícil reagir nessas situações... inclusive por isso me sentia mais envergonhada. Apenas recentemente descobri que todos esses casos pelos quais passei tinham origem na mesma coisa, graças a esse blog inclusive.
Fico pensando em quantas mulheres não se sentem culpadas por esse tipo de coisa. Eu mesma me culpei por um tempo antes de entender. Eu pensava "não é possível que esse tanto de coisa já tenha acontecido comigo, será que eu faço alguma coisa que desperte isso nos homens?". O feminismo me fez entender que a culpa não era e não é minha. Durante muito tempo (até uns 15 anos ) fiquei com medo de homens. Eu já até namorava, mas quando minha mãe mandava eu ir à rua pra comprar algo eu detestava ir sozinha porque sabia que ia ser assediada. Entrar em birosca pra comprar refrigerante então era um pesadelo, pois esses lugares normalmente ficam abarrotados de homens bêbados.
O pior é que quando eu falava pra minha mãe "Ah não vou não, lá tem muito homem", ela me mandava parar de besteira. Mas não era besteira, ao longo da minha vida fui assediada moral e sexualmente apenas por homens. O pior é que isso me traz problemas sexuais. Comecei a namorar meu atual namorado há quatro meses e me gabava pra esse meu namorado que eu raramente negava sexo pros meus ex namorados, como se isso fosse louvável! Durante esse meu namoro com ele comecei a negar e isso começou a me angustiar. Até que percebi que não negava sexo pros meus ex namorados simplesmente porque pensava que aquilo fosse minha obrigação. Não negava, mas fazia sem vontade. E só agora que aprendi a dizer não, admiti isso pra mim.
Engraçado ver que nenhum dos meus agressores eram pessoas de todo ruins. São sujeitos considerados normais pela sociedade. Ontem vi uma estatística na qual se dizia que uma entre cada duas mulheres já sofreu agressões apenas por serem mulheres. Pensei "impossível", pois acho que duas entre duas mulheres já passaram por essas situações, elas apenas não sabem ou não admitem que foram agredidas.
O feminismo clareou minhas ideias quanto a isso tudo, me mostrou que não sou única. Serei feminista enquanto não puder sair às ruas sem ser agredida.

61 comentários:

Anônimo disse...

Até quando os homens vão pensar mais com a cabeça de baixo do que a de cima?

Thata disse...

O pior é isso: o apoio de colegas, amigxs, pais etc. O apoio da sociedade aos agressores.

E violência não só na rua, mas também dentro de casa e/ou entre familiares fora do ambiente doméstico.

Realmente, não é difícil, ao obter tanta formação e informação, perceber uma linha contínua na própria história, unindo um ponto de violência sexista a outro.

Mas pouco a pouco estamos mudando isso. Longo prazo, estamos caminhando firme.

Abraços querida,
Thata

Anônimo disse...

Nossa, quantas histórias ruins, moça... Mas força sempre ;).

E quanto ao sexo por obrigação, acho que toda mulher pelo menos uma vez na vida já fez sexo ou já beijou sem vontade, porque a mulher é criada para agradar ao homem. :/

Anônimo disse...

Gente folgada e desrespeitosa tem de todo tipo, não só homem contra mulher. Por isso que feminismo não faz tanto sentido principalmente nos tempos de hoje.

Anônimo disse...

(..)São sujeitos considerados normais pela sociedade(...)

Por que na sociedade agredir mulher é normal!!! Homens "normais" tem o "direito de macho" de agredir. Anormal é respeita-las!! Se o cara respeita é "mangina, pau-mandado, corno manso, viadinho, maricas".
Se uma mulher é agredida, algo de errado ela fez!!! Por mais brutal que seja o crime, sempre vai ter alguém pra defender o "pobre homem" que não teve outra alternativa diante de uma saia ou de um sonoro "não".

Jane Doe

Unknown disse...

Olá Lola, eu fiquei particularmente muito sensibilizado com o relato da leitora, que te escreveu.

Agora tem uma coisa no relato da sua leitora que me chamou a atenção, ela diz que namorava com um cara bem mais alto que ela, isso e um erro que as mulheres cometem com muita frequência, eu particularmente acho que nenhuma mulher deveria aceita namora com um cara que fosse mais de 10cm mais alto que ela, tudo bem que os caras bem altos que elas são atraentes para as mulheres (pelo menos em sua maioria, mas e bom lembrar que em caso de haver uma agressão, quanto maior for a diferença de altura do home em relação mulher, mais difícil e para a mulher se defender, pior são as lesões caso ela seja agredida fisicamente.

Quanto ao resto do relato da leitora, ele apenas retrata uma triste e nojenta realidade, que só ira mudar quando a sociedade passar por profundas mudanças educacionais e legais, porque enquanto não houver educação e punição severa nesse pais nada vai mudar.









Tudo bem que quando se trata de enfrenta um homem as coisas são mais complicadas, mas se dota mulher tivesse aprendesse técnicas de defesa pessoal e/ou artes marciais (Krave mega e uma ótima pedida), as mulheres evitariam de ser agredidas por qualquer valentão que nem armado esta, além disso aqui já entra aquilo que eu venho dizendo a muito tempo as mulheres, na medida do possível deveriam procurar ter uma arma, ai dependendo da situação não precisa nem sair no braço com cara, e só pega a arma e resolver o problema, ate um Spray de pimenta já ajuda bastante dependendo da situação.

As mulheres precisam entender que não todo homem que tem uma boa índole, por isso elas precisam esta preparadas para lidar com situações de violência.

Porte de arma e difícil de conseguir, e nem sempre resolve também, já as artes marciais assim como técnicas de defesa pessoal ate uma adolescente pode aprender para defender caso precise, o que diga se de passagem especialmente para as mulheres isso e necessário mesmo tendo arma.

Por ultimo e importante lembrar quando se sabe usar bem as técnicas de defesa pessoal quando bem aplicadas não importa se seu adversário e mais alto e/ou forte que você (força se consegue numa academia), sempre e possível escapar ou vencer o oponente.

OBS: as técnicas de defesa pessoal para funcionarem bem elas precisam ser bem treinadas e estudadas na pratica.



Danilo disse...

"Bom, o primeiro abuso do qual me lembro foi quando eu tinha uns 3 anos."


Resposta:Impossível alguém se lembrar do que aconteceu com ela com apenas 3 anos de idade. Impossível.

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Resposta: "..enquanto não houver educação e punição severa nesse pais nada vai mudar."

Enquanto não houver uma punição pesada a educação brasileira é fraca e insuficiente quando se trata por temáticas de violência contra a mulher.

rafaela disse...

Cheguei a me sentir enjoada ao ver essa notícia:
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/mulher-leva-cotovelada-brutal-e-sofre-traumatismo-em-sp

As pessoas em volta calmas como se tudo fosse muito natural.

Sara disse...

L. não se sinta estranha ou muito menos culpada, creio q a maior parte das mulheres passa por isso.
Antes de saber mais sobre o feminismo tb me questionava se o motivo de sofrer abusos e desrespeitos, estava em mim, até cheguei a perguntar isso pra alguns homens, mas a resposta é essa q a Jane Doe escreveu mesmo.
Infelizmente...

Cão do Mato disse...

Vendo esses relatos de pessoas que sofreram diversos abusos durante a vida, só consigo pensar numa coisa: meu Deus, como tem gente azarada nesse mundo!

Anônimo disse...

L. muita força pra você e tenha sempre em mente que a culpa não é sua de maneira nenhuma. A culpa é dos bandidos que te agrediram e de quem legitimou as atitudes deles. E o pior é que é isso mesmo que a Jane Doe disse. Hoje, nos comentários de uma reportagem sobre a prisão de Abdelmassih, o comentário mais positivado era o de um vagabundo safado que estava até indo bem, condenando o abuso do médico, mas fez questão de terminar seu comentário questionando a "imobilidade" e a "passividade" das mulheres diante dos estupros-ou seja, tentando de alguma maneira culpar as mulheres pelo estupro. Quer dizer, mesmo dopada, fragilizada emocionalmente, balançada pela terapia hormonal e numa situação que exigia completa confiança no médico, a mulher ainda tem que se manter 'atenta', do contrário ela pode ter alguma culpa de ter sido abusada. Quer dizer, que droga é essa? Isso faz algum sentido? Só numa sociedade em que o abuso é comum e perfeitamente aceitável se for contra quem é consideradx a "vítima certa". Um horror.

E Danilo, por que você não vai sentar nu num pé de urtiga, hein? Qual é, você agora é o professor Xavier, pra ler a mente das pessoas e dizer do que ela se lembra ou não? Ah, vai chupar um canavial e para com essa diarreia de regras na vida e na cabeça dos outros.

Anônimo disse...

Jonas, que absurdo!!! Como assim, não namorar homens altos? Hahaha
Pelo que você escreveu, são as mulheres que têm que se virar para não ser agredidas... e as paraplégicas, como faz? E as velhinhas?

Meu, nem sei porque tô comentando isso, vc só pode estar de zueira, sério.

Cara, se liga! AS MULHERES NÃO TÊM QUE MUDAR NADA! PARE DE NOS CULPAR PELOS ABUSOS QUE SOFREMOS!

Ai, ai, me descabelei agora! Eu, hein? Cada coisa...

Anônimo disse...

Não acho um absurdo o que o Jonas falou. Eu entendi que ele não acha normal, mas que seria bom nos aprendermos a nos defender.
E neste sentido ele tem razão, podemos sim exterminar o machismo, mas nunca o mal caratismo porque isso faz parte do cidadão e se preparar pra isso não é ruim, aliás acho ótimo, eu me sinto muito menos coagida por saber que eu posso me defender de um imoral que tentar se aproveitar de mim.
Quanto a altura, eu não concordo e concordo ao mesmo tenpo, eu nunca me envolveria com um cara que me oprimisse por tamanho ou força, mas ao mesmo tempo um cara menor pode fazer isso também, o ideal mesmo é tentar se envolver com alguém que simplesmente não o faça.

Anônimo disse...

Putz, homem só comenta merda, já repararam?

Anônimo disse...

Freud explica... Inconscientemente as pessoas repetem relacoes abusivas. Logico que nao é desculpa. Mas terapia ajudaria muito a L

Aline J. disse...

Eu me lembro de quando eu tinha 3 anos, eu correndo pela casa, fugindo do meu pai, que queria me dar uma surra. Eu me escondi na churrasqueira, ele me catou e me deu uns tapas.E olha só, eu ainda lembro porque me marcou. Isso obviamente marcou a vida da L, é lógico! Nem se compara o que houve comigo e o que houve com ela. Eu só tomei uma surra que nem doeu tanto, ela foi abusada.

Então, Danilo cagador de regra, você não pode ditar do quÊ os outros se lembram ou não.

Anônimo disse...

É completamente possível ter memórias dos 3 anos de idade. Eu tenho memórias de eventos de quando eu tinha 2 anos. E nem eram traumas sérios, só situações de medo ou dor. Uma amiga minha resgatou a memória de um abuso que ela sofreu aos 3 anos, mediante terapia. A mãe sabia e confirmou que aconteceu mesmo, e comentou que nunca tinha tocado no assunto com esperança justamente dela esquecer.

O que mais me emputece é que eu fui reclamar pra um amigo sobre esse comentário do babaca aí que não acredita na menina, e meu amigo nem me deixou entrar no mérito do comentário, ele me interrompeu como "Pera, como assim ela lembra disso?" Vá a merda, comentarista babaca, e vá a merda, amigo meu.

Anônimo disse...

Engraçado, aqui em casa ocorre o contrário do que você vê ou ouve por aí. Minha esposa, que é feminista, não tem história nenhuma de abuso para contar. Eu, já não tive a mesma sorte. Quando eu era moleque, com meus 10 ou 11 anos, um cara sentou do meu lado no ônibus e começou a me abraçar. Fiquei sem entender nada por uns 5 segundos até que ele começou a acariciar o meu peito. Aí eu soltei um "que porra é essa?", me levantei e desci do ônibus, indo a pé para casa. Ao contar essa história para minha esposa ela perguntou se eu tinha ficado traumatizado ou alguma coisa e eu disse que não. Na verdade eu nem dei muita bola. Mas definitivamente não da pra esquecer duma merda dessas. E eu também sei que com mulher é muito pior.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Lola, esse comentário e só uma retificação do comentário anterior que eu apaguei, porque algumas palavras foram escritas de forma errada.


Anônimo das 19:49, obrigado pelo apoio.

Anônimo das 19:04, em nenhum momento eu disse que as mulheres e quem tem o obrigação de se defender, e ta tudo certo, o problema e que nos nunca temos como saber ao certo o que passa na mente das outras pessoa, outra coisa o sujeito em sã consciência ate pode ser a melhor pessoa da terra, mas uma hora o cara inventa de passa da conta no álcool ai, você já sabe o que pode acontecer né???? isso sem falar nos estupros.

Além do que já disse, as mulheres devem sempre procura conhecer muito bem mesmo o cara antes de aceita um pedido de namoro, e casamento então nem se fala, e ai caso o cara demonstre não ser uma pessoa decente ou tenha um histórico de violência, dependendo da situação e melhor nem ter amizade com essa pessoa que dirá um relacionamento amoroso.

Anônimo disse...

nossa, parece até que fui eu que escrevi o post, de tao parecido com as coisas que me acontecem.

e eu mudei pro canada achando que aqui a vida seria melhor, com menos assédio. ledo engano. no verao é um inferno, so consigo ter paz no frio (menos 20-25 graus)

e um dia fui assediada no onibus e vi o carro da policia. corri pra avisar. o policial perguntou "ele te insultou?" eu disse "nao, ele ficou tentando murmurar algo no meu ouvido, bem atras de mim". o policial vira e fala "talvez é porque tenha te achado bonita".

quase morri de desgosto e impotencia. 2 pro machismo e zero pra mim.

katia

Anônimo disse...

jonas klein, vc esta tentando, ainda que sutilmente, colocar a responsabilidade nas mulheres.

faz um favor: vaza. isso é um blog feminista.

sem mais

Aline J. disse...

Não achei problemático o que o Jonas Klein escreveu. Acho que é certo que devemos tomar certos cuidados (Não estou insinuando que a culpa é nossa, de jeito maneira), mas se acontecer algo, tipo um homem ideal se mostrar um monstro que espanca a mulher, obviamente que a culpa será do cara, que é um canalha e não dela, que não soube escolher direito. Mas concordo que devemos conhecer bem para não sofrer nenhum trauma depois.

Eu sempre carrego um bisturi e sei três tipos de artes marciais, caso um cretino tente algo.

Anônimo disse...

Lola, esse texto (abaixo) me lembrou do seu blog! Tb lembrou aquela propaganda estúpida "science: it's a girl thing" (tem no youtube, inclusive, tem uma resposta excelente de uma astrônoma)
http://www.momentumsaga.com/2014/01/o-efeito-matilda.html

Bjo!

Julia disse...

Jonas, apenas pare.

Julia disse...

Claro, Aline.
Tem que conhecer bem direitinho o homem.
Além de garantir que ele não seja nem muito mais alto nem mais forte do que você, né Jonas?

E carregar um bisturi e ser ninja só para garantir.



Fernanda disse...

Gente, sei que não tem muito a ver com o assunto do post mas preciso compartilhar com vocês o trecho do relato de um mascu sobre sua decepção com a derrota da seleção brasileira:
"A DERROTA DA SELEÇÃO ME DEIXOU SEM RAZÃO DE VIVER

Após chorar descontroladamente em casa no meu quarto, comecei a dar golpes no travesseiro imaginando que era meu chefe. Um dos golpes de cotovelo que imitei Jon Jones acabou rebatendo no meu rosto de forma forte e fiquei abalado pela pancada."

Hahahahaahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahhahah

Raven Deschain disse...

Meldels. Post assim sempre atrai comentários terríveis.

O primeiro diz que devemos lutar krave mega (dafuq), aí não seremos abusadas.

O outro sabe perfeitamente bem do que ela se lembra, então a palavra dela -foda-se-.

E pro outro, o azar é nosso. Nunca a filha da putice é que é do outro.

Peloamor.

Coincidentemente são todos os homens. Nossa, vão morder o pai de vcs na bunda, por favor.

Anônimo disse...

É incrível como vocês sempre aumentam as coisas em relatos de estupro,é para fomentar a tal cultura de estupro?
A mulher não pode sair na rua sem ser assediada? Duas entre duas sofrem abuso?Um homem da em cima da gente a cada segundo?
Mentira,fico impressionada lendo isso,eu nunca fui estuprada mas já ouvi merda na rua mas nem passa perto da frequência que relatam aqui,raramente acontece.

Vi um vídeo da Sara winter que não tem como não rir e não ver como ela força a barra.
Ela diz que uma vez foi abusada porque ligou para pizzaria e o atendente ficou de graçinha dizendo que conhecia ela e ela ficou traumatizada...
Não lembro de tudo que ela falou mas abuso mesmo só teve um,o cara queria falar com ela na rua,ela não deu bola e foi chamada de vadia.
Mas o mais hilário foi ela ter dito que uma vez ao buscar seu marido no quartel,foi assediada por 100 homens que saiam na hora que ela chegou kkkkkkk não tem como acreditar nisso.

Anônimo disse...

Façam um favor radfems: vazem. Isso é um blog feminista, não um blog radfem.

sem mais pra vocês

--------

Jonas, ignore essas bostinhas misandricas e arrogantes, não representam nosso movimento. E concordo com a Aline J.

Anônimo disse...

Os homens aproveitam a superioridade muscular pra fazer as mulheres de besta.

Anônimo disse...

JESSICA

Off-post. Jessica, eu sou o homem que foi trocado por um saco de areia. :( Vc ja assistiu o filme Nunca Mais com a Jeniffer Lopez? Bjos.

Unknown disse...

Olá Anônimo das 23:54, ta difícil a coisa em né, você poderia ter dignidade de pelo menos se não quer se identificar com o seu nome verdadeiro e mostra cara, pelo menos usar um nome fictício, que te identifique como homem ou mulher, eu aqui to usando meu nome verdadeiro e foto minha, porque eu como toda pessoa de direita, não tenho medo de dar cara para bate.

Anônimo, sai desse mundo da fantasia que você vive e cai no mundo real, eu sei que num mundo ideal as pessoa se respeitam umas as outras de forma automática, mas nos não vivemos e provavelmente nunca iremos viver nesse mundo perfeito que você idealiza (apesar de eu acreditar que as coisas ainda vão melhorar bastante no futuro).

O que acontece e que o ser humano e ruim por natureza (por isso abandone as utopias), claro que muitas pessoas assim como eu, por terem uma mentalidade que favorece isso e uma formação educacional e moral muito solida, eu nunca vou fazer a ninguém aquilo que não quero que façam comigo, mas infelizmente não são todos que agem dessa forma, por isso todos nos precisamos na medida do que efetivamente adiante aprender há minimizar os riscos disso acontecer e caso ocorra aprender lidar com situações de violência.

E o que eu disse ate agora esta tão certo que a Lola, além de publica o meu comentário não me contesto, o que ela normalmente faz quando alguém diz aqui coisas que ela acha que não estão corretas.

Por ultimo eu já vi que você não e uma pessoa democrática, porque você me mando vaza, em vez de se dispor a debater comigo o assunto, e olha que too sendo bem educado aqui.





Anônimo disse...

Aff. se dar beijinhos no rosto, e encostar no braço, abraçar de leve for assédio... entao ja fui assediado varias vezes por mulheres.(to falando do caso do professor) Não, nao to falando so de conhecidas/amigas/ficantes que tinha alguma intimidade.

Quanta frescura.

Júlia disse...

"Aff. se dar beijinhos no rosto, e encostar no braço, abraçar de leve for assédio... entao ja fui assediado varias vezes por mulheres.(to falando do caso do professor) Não, nao to falando so de conhecidas/amigas/ficantes que tinha alguma intimidade."

Esqueceste o cérebro na privada?

Anônimo disse...

homem cagando regra de como a mulher deve se portar. e num blog feminista. nao falta mais nada.

entao ta, vamos seguir direitinho as regras do macho e quando conhecermos um homem pedir: comprovante de sanidade mental, antecedentes criminais, historico escolar, carteira de vacinaçao.

uhum.

Luana disse...

Nossa, que relato triste... muita força pra você... que bom que percebeu que nada disso tinha sido culpa sua.

Acho que sou uma mulher muito sortuda, porque nunca sofri assédio. Não tenho nehuma história de horror para contar, nunca me senti oprimida pelo machismo... vejam bem, não estou dizendo que o machismo não oprime, muito pelo contrário... sou EU que não me sinto oprimida. Claro que já mexeram muito comigo nas ruas,teve uma vez que eu tinha 17 anos, estava parada numa esquina esperando minha mãe vir me buscar. Passou um carro cheio de babacas, com um som bem alto, um deles colocou a cabeça para fora e gritou: Quanto é o programa, loirinha? Nem tive tempo de xingar, porque eles passaram rápido. Talvez algumas mulheres considerem isso assédio e se sentiriam ofendida, mas eu nem liguei... imagina só se um bando de perdedores dentro de um carro gritando bobagens iria fazer com que eu me sentisse mal... NUNCA!!

Carolina S disse...

Aposto que vc e homem, porque até as mulheres anti feministas ao lerem este relato,além de muitas se.identificarem,podiam até não virar feministas,mas não falariam o que vc falou por um motivo lógico e simples:empatia.Vc, que é homem,nunca teve uma mulher ou homem se masturbando próximo ao rosto sem querer, eu e quase todas 3,5 bilhões de mulheres do mundo já sofremos algo semelhante, sem contar,cor,classe social, aparece com foto,rosto e é mais rastreáveis e continua dizendo está.besteira "amiga"!
Carol h
Em tempo,sei que a Lola libera certos comentários pra a gente ver com o que está lidando,mas é nojento

Anônimo disse...

Quando a mulher sofre assédio a culpa é dela por não ter evitado, ter sido "simpatica", mas quando a mulher desconfia e encara feio todos os homens ela é doida, maluca porque homem não é uma criatura estupradora não, mesmo que se ele te assediar a culpa será sua, mesmo se ele atacar uma garota a culpa é dela e da mãe, que não cuidou direito da garota.

Anônimo disse...

É mais socialmente aceito ver um cara se masturbando e assediando mulheres do que uma mulher menstruada.

Raven Deschain disse...

Não, gente. O que o Jonas disse não é razoável pelo simples fato de que NÃO DEVEMOS morrer de medo toda vez que sairmos na rua. Não devemos ser ninjas, não devemos portar armas (mesmo que brancas) e não devemos desconfiar de todos os homens do mundo. Isso acontece porque existe uma merda chamada machismo, que dá aos homens o direito de nos privar de fazer o que queremos, inclusive ir na padaria ou na birosca comprar refri, em paz!

E vou apelar agora (por favor, amigues, não se ofendam). Essa anon que comentou que assédio na rua não acontece com muita freqüência, caaaara, tu deve ser feia demais da conta. Até eu que não sou nenhuma, sei lá, Juliana Paes me incomodo pra cacete. E sou gorda (de maneira nenhuma essa é a parte ofensiva, mas todos sabemos como gordas são tratadas, uma amiga ouviu certa vez que gordas não deviam sair de casa e sim, se esconder em cavernas). Ou vc anda demais de fone. Eu ando e é mara. Eles podem até falar, mas não escuto. La-la-la. :)

Quer um exemplo legalzão de assédio que me acontece, tipo, quase todo dia? Eu odeio, detesto, evito de qualquer jeito sentar no banco do corredor do ônibus. Porque sempre, SEMPRE, vai ter um infiliz pra roçar a rola no meu braço. Não sei qual é a pira. Mas como eu disse, acontece sempre! Só porque não é com vc, ou pior ainda, porque vc não vê, não significa que não aconteça.

Anônimo disse...

AnônimO 07:49
■ MASCUTROLL DETECTED ■

Whistlestop disse...

O que o Jonas está dizendo é absurdo, mas nós vivemos em um mundo absurdo. É óbvio que eu não acho razoável ter que adotar técnicas de prevenção de ataques quando estiver pensando em sair com alguém, mas adoto. Imagino que todas adotemos, mais ou menos conscientemente.

Fiquei muitos anos sem sair com homens, porque estava em um relacionamento lésbico monogâmico. Agora que não estou mais, a vontade (re)apareceu. E, com ela, a constante neura de não estar prestes a sair com um potencial estuprador e/ou agressor. E, sinceramente, isso tem me brochado em um nível tal, que em 99% das vezes tenho continuado preferindo sair com mulheres. Sinceramente não entendo como as mulheres exclusivamente hetero conseguem lidar com isso, e neste ponto me considero privilegiada por ter forte preferência por mulheres, de qualquer forma.

Luana disse...

Carol H., você é bem doida rs? O que você achou de tão mal no que falei? Talvez eu não tenha explicado direito, então vou tentar novamente:

O que eu quis dizer:

- Que EU nunca sofri nenhuma agressão, nenhum assédio e não me sinto oprimida pelo machismo.
- Nunca ninguém me encoxou, se esfregou, nem se masturbou perto de mim, porque não ando de ônibus. Também não saio a pé, e faço home office.
- Digo que não me sinto oprimida pelo machismo porque nunca nenhum homem me agrediu, não sinto medo de sair sozinha, e escolhi não me ofender com bobagens que babacas dizem.
- Eu desejo tudo de melhor para a autora do post, fiquei feliz por ela perceber que a culpa de tudo o que aconteceu não era dela.

O que eu não quis dizer:

- que mulheres não sofrem assédio nas ruas
- Que mulheres não são oprimidas pelo machismo
- Que milhares de mulheres não são agredidas dentro dos ônibus.
- Que eu acho que as bobagens que os babacas dizem nas ruas, para as mulheres que passam, não são ofensivas.
Abraço
Luana

Anônimo disse...

Que mundo de utopia é esse minha gente? As pessoas não são boas e generosas, temos que aprender a nos defender sim! Lutar contra o machismo, claro! Mas isso não significa que sem ele o mundo é necessariamente lindo e que ninguém vai sofrer violência.

Camila Gois disse...

Olá, Luana!
Eu entendi o que você quis dizer... eu tb não sofro esse tipo de assédio nas ruas, porque tb não ando de ônibus. Moro em um condomínio grande onde encontro quase tudo aqui dentro, então praticamente nunca saio na rua a pé. Quase sempre estou acompanhada do meu filho e da babá, talvez isso contribua também para ninguém me "cantar".
Mas, não é muito legal entrar em um blog e em um post onde as mulheres contam as agressões e violências que sofrem todos os dias, e dizer que você é privilegiada e não passa por nada disso. Acho que talvez tenha sido isso que incomodou a Carol. Por favor, não me entenda mal, é só a minha opinião.

Fernanda disse...

Você é muito sortuda por nunca ter sofrido assédio na rua, uma exceção. Quanto à não se sentir oprimida pelo machismo POR CONTA DISSO, acho um tanto reducionista. Machismo não se trata apenas de assédio.

Fernanda disse...

Onde você leu que sem o machismo o mundo será lindo e perfeito? Não será... apenas a vida das mulheres muito mais feliz, leve, prazerosa, segura, divertida...

Anônimo disse...

Eu entendo a falta de reação de muitas mulheres. Já deixei de reagir por medo de apanhar mesmo. Por isso acho importante aprender a se defender com e sem armas.

Anônimo disse...

Lola, pede para uma das duas ai de cima escrever um guest post "Sou feminista mas não me sinto oprimida pelo machismo". Seria interessante de ler.

Luana disse...

Camila, você tem razão. Pensando bem não foi muito legal mesmo. Peço desculpas se pareci grosseira.
Abraço
Luana

Anônimo disse...

"Sinceramente não entendo como as mulheres exclusivamente hetero conseguem lidar com isso"

Eu as invejo. Vocês não precisam ser ninjas e andar com bisturi na bolsa.

Anônimo disse...

Engraçado, eu leio o blog há mais de um ano e sempre pensava: nossa eu tenho muita sorte de nunca ter acontecido nada comigo...Só HOJE, lendo este post linkei um fato da minha vida que me deixou com medo de ir à padaria por anos ao machismo!!Eu tinha uns 13 anos na época e lembro que neste dia coloquei até meus óculos para ver se ninguém mexia comigo na rua. Quando estava na rua da padaria uns rapazes andando à cavalo (moro em cidade do interior de MG) começaram a mexer comigo e eu fui andando mais depressa. Qual não foi minha surpresa quando eles começaram a correr atrás de mim!Minha sorte é que minha avó morava lá perto e que quando eles me avistaram eles estavam ainda bem longe...então deu tempo de correr e entrar na casa da minha avó. Lembro até hoje, mais de 15 anos depois de como eu estava tremendo, com coração disparado e sem ar de tanto correr e do medo que passei!Quando minha avó saiu de casa (uns 5 minutos depois) disse que ainda viu o pessoal rodando o bairro em disparado no cavalo.Depois desse dia eu até chorava para não ir sozinha na padaria quando minha mãe pedia.Por muitos anos evitei andar pelo bairro sozinha e na verdade sinto receio até hoje!

Alessandra disse...

É muito difícil ler esses relatos, mas, ao mesmo tempo, é libertador. Passei por todas essas situações dezenas de vezes, com alguma variações. Hoje, identifico como violência situações que antes considerava parte de alguns relacionamentos. Afinal, se era meu namorado, será que era violência? Esse reconhecimento dói muito. O caso mais grave que aconteceu comigo foi uma quase bem sucedida tentativa de estupro por uma pessoa conhecida, que não aconteceu por muito, muito pouco. Na época, só contei para minha irmã, e o apoio dela ao agressor é algo que eu nunca vou conseguir perdoar. Mas houve muito mais! Agressões constantes, veladas, sempre fizeram parte da minha vida. Os sutis abusos na infância, o terrorismo de alguns amigos e namorados (ouvi mais de uma vez: "não tem ninguém aqui, se vc gritar, ninguém vai ouvir!"), o assédio agressivo nas ruas desde que eu tinha 10 anos, os desconhecidos que já passaram a mão em mim, se masturbaram, no ônibus, no cinema, na janela de casa. Tantos que há muito tempo já perdi a conta. É quase como se eu ouvisse: "vc acha que vai ser gostosa assim, a gente não vai te comer, e vai ficar por isso mesmo?" É uma vingança, uma demonstração de poder, é como se a gente tivesse que pagar esse preço e isso fosse socialmente aceito. Quantas vezes já me perguntei o que havia de errado comigo! Já tentei mudar minha maneira de andar e, sim, mudei minha maneira de vestir. O feminismo me ajudou a perceber que a errada não sou eu.
Quando a pessoa se dá conta de tudo isso, é muito, muito doloroso. Mas nada é mais doloroso do que ver meninas ainda inocentes, infantis, livres, e saber o que as espera. Saber o que elas ainda vão passar, sem que eu possa fazer nada, sem que as coisas tenham mudado. Por elas, e por nós, temos que falar cada vez mais nesse assunto. Temos que gritar que isso não é aceitável! Não é normal! Isso não deve fazer parte da vida das mulheres! Não deve ser aceito com naturalidade!
E quanto aos homens que tentam negar o que acontece cotidianamente com a maioria das mulheres, só posso dizer que não há como esperar de covardes que assumam suas covardias. São covardes e isso já é auto-explicativo.

Catharina disse...

"Engraçado que nunca fiz o tipo de mulher delicada e que abaixa a cabeça,"

E SE FOSSE DELICADA SERIA UM ALVO MAIS FÁCIL?!
PORRA, NÃO TEM LÓGICA!

Nenhuma mulher, tenha o temperamento, comportamento, atitude que for, está a salvo.
Se você fosse delicada e abaixasse a cabeça seria justificável então?

Anônimo disse...

Nossa, ela se lembra desde os tres anos? Com toda essa riqueza de detalhes?

Kittsu disse...

"E SE FOSSE DELICADA SERIA UM ALVO MAIS FÁCIL?!
PORRA, NÃO TEM LÓGICA!"

Sim. pessoas que demonstram timidez, acanhamento, fragilidade, são sim alvos mais "procurados". Isso não tem nada a ver com ser ou não justificável. É por isso que essa corja vai atrás de mulher: criadas para ter medinho de ofender, mesmo que seja pra se resguardar. São as mesmas pessoas que são covardes com crianças e animais, também, especialmente quando ninguém está olhando. Existe um paralelo aí com o psicopata violento, no que diz respeito Às vitimas preferenciais.

Kittsu disse...

ps.: eu também lembro de várias coisas com 3, 4 anos. no jardim 1 (ou seja, com cerca de 4 anos) lembro do episódio quando dois barbeiros ficaram grudados no meu pescoço. antes disso, lembro quando eu enfiei uma bolinha de papel no nariz e minha mãe ficou peregrinando em posto de saúde até que eu tirei o trem sozinha depois de mandarem a gente pra casa sem atendimento (!!!), lembro de quando eu ainda estava no berço e estava escapando enquanto meus primos olhavam e ficavam tentando me colocar de volta. lembro do caminho para a escolinha (nesse mesmo jardim 1), e como minha mãe adorava puxar uma mechinha de cabelo pra frente da testa e eu detestava e colocava de volta. eu lembro até de sonhos que tive nessa época. a primeira lembrança minha foi de quando eu desci do meu berço pra brincar com uns brinquedinhos no chão e achei linha a luz refletida no chão de taco, com um chinelo e uma estantezinha de grades. marataíses, nosso destino certo de viagem nessa época - lá tinha um gatinho pretinho que eu quis levar pra casa e não pude. AH! nossa. Lá, uns marmanjos ficaram dizendo que eu era galinha (maldosamente), o que na época eu não entendi direito mas briguei, e só fui entender muito mais tarde, chuto que eu deveria ter +- uns 5 anos naquele momento. Ainda no jardim 1, eu estava ajudando meus amiguinhos de mesa em mesa e a filha da professora me deu um socão no estômago, a professora não fez nada a respeito e a diretora disse que a culpa era minha por "ficar passeando pela sala" - essa era vó ou tia daquela peste mirim (mesma escola da picada de barbeiro, ao invés de prestarem atendimento chamaram a minha mãe e quando ela chegou o bicho ainda estava em mim).
E por aí vai. sim, é possível lembrar de muuuita coisa da primeira infância. Se você não lembra, o problema é seu... você também não consegue montar uma sinfonia, mas aí estão grandes obras da musica clássica. o cérebro humano - OLHA QUE SURPRESA! - é bem diferente de pessoa pra pessoa.

Anônimo disse...

Kittsu, violência contra idosos e crianças é predominantemente feminina (contra animais, não sei). Pelo jeito cada um agride quem pode.

Kittsu disse...

É predominantemente feminina porque a tarefa de cuidados também é predominantemente feminina. Mas o que eu quis dizer é que no geral as pessoas que procuram deliberadamente alguém para agredir, procuram esses alvos. As mulheres que agridem nessa situação trabalham com isso ou são da família. Já quando é um estranho, a chance maior é de ser um homem . E é essa a situação ao qual eu me referia, a abordagem por um estranho que te viu como um alvo fácil.

Luana disse...

"Durante muito tempo (até uns 15 anos ) fiquei com medo de homens. Eu já até namorava, mas quando minha mãe mandava eu ir à rua pra comprar algo eu detestava ir sozinha porque sabia que ia ser assediada. Entrar em birosca pra comprar refrigerante então era um pesadelo, pois esses lugares normalmente ficam abarrotados de homens bêbados."
Me descreveu toda... e a gente sente medo mesmo, um pavor terrível, uma angústia. E quando não ignoram o fato, sempre acham q é bobagem ou covardia da nossa parte... eu hj faço questão de dividir com amigas e conhecidas as impressões da época da puberdade, pergunto a elas se sentiram diferença nos olhares de homens adultos (uns até com idade para serem nossos avôs) quando os peitos começaram a nascer, quando ficamos "mocinhas". A resposta é sempre positiva, todas sentiram olhares que depois "evoluíram" para o assédio descarado por meio de palavras e ações. Quando eu tinha onze anos, sofri muito mesmo. Eu rezava e pedia pra ser feia e passar desapercebida, pq achava q tava chamando a atenção dos homens por ser bonita e isso era culpa minha. Veja o tamanho do absurdo desse pensamento.