domingo, 31 de julho de 2016

BREVES E DESLUMBRANTES FÉRIAS DE JULHO

Por do sol na Praia do Guajiru, CE. Foto do Silvinho, vulgo maridão

Ainda estou um pouquinho de férias, mas viajar, viajar mesmo, já acabou. Só um final de semana numa praia próxima a Fortaleza antes de começar as aulas.
Maridão tirando foto de
pedra opressora 
Como eu já disse, tive e terei poucas férias este ano porque substituí uma colega na coordenação, em fevereiro, para que ela pudesse tirar sua merecida folga. 
Portanto, agora em julho, foram apenas dez dias de viagem com o maridão. Primeiro fomos a Quixadá, no sertão cearense. 
É uma cidade ajeitada, que já tinha me causado boa impressão quando estive lá pela primeira vez, em novembro, para um lindo congresso de gênero no sertão! 
A cidade é toda rodeada por montanhas de pedra, chamadas de monólitos. E eu nunca vi tantos urubus juntos na vida. Adoro urubus, acho as aves bonitas quando estão paradas, e magníficas quando planam no ar. 
Quixadá é a cidade de uma das maiores escritoras brasileiras, Rachel de Queiroz. E tem o Açude do Cedro, o açude mais antigo do Brasil, começado a ser construído em 1880, e pode se tornar Patrimônio Mundial da Unesco (a solicitação já foi feita).  
O açude é o principal cartão postal da cidade. É majestoso e vale a visita, mesmo que, por causa da seca, ele esteja com pouca água. 
De lá dá pra ver a Pedra da Galinha Choca, um monólito que realmente tem esse formato, e que o maridão ficava chamando de águia. 
Ficamos no que parece ser o maior hotel de lá, o Vale das Pedras, com duas piscinas convidativas. Eu só posso reclamar do barulho (por que o pessoal de hotéis e pousadas acha que precisa ter música alta tocando o tempo todo? Eu gosto tanto do silêncio!), das poucas tomadas no quarto, e dos pernilongos. Tinha muitos na cidade, inclusive dentro do quarto. 
Depois fomos para Jericoacoara. Estivemos lá pela primeira vez há 3 anos e meio, só por dois dias. Agora ficamos quatro dias, o que é bem melhor.
Jeri deve ser a cidade turística mais cara do Ceará. Não há muitos hotéis ou pousadas em promoção, principalmente agora em julho e agosto (e o pessoal me contou que a cidade está sempre cheia de turistas. Não conhece baixa estação). 
É uma vila em Jijoca, com apenas um quilometro quadrado de área. Mesmo assim, tem 280 pousadas, segundo o guia, e uma excelente infra-estrutura de restaurantes. 
Não que a gente foi a esses restaurantes. Creio que só comemos sorvetes. Muitos sorvetes. 300 reais em sorvetes, pra duas pessoas, em quatro dias. Faça os cálculos. Cada copinho de 180 ml (três sabores) saía por R$ 14. 
Eu comendo 3 sabores de sorvete de
chocolate
O Gelato Grano é o melhor sorvete do Ceará, sem qualquer sombra de dúvida, e arrisco dizer, do nordeste. Falam tão bem de algumas sorveterias de Maceió, que são boas mesmo, mas não chegam perto dessa marca. Quando fomos a Jeri em 2012, tinham acabado de inaugurar a loja, bem na praça central. Agora abriram uma outra lojinha mais perto da praia. Fora de Jeri, só em Teresina, por enquanto. 
Jeri é cara porque é o preço a se pagar para ficar num paraíso sem carros. Pra chegar a Jeri tem que passar por um parque ecológico, o que pra gente, com o nosso carrinho Uno Mille, só é possível se for dirigido por um guia. Se não vai atolar na areia o tempo todo. Depois tem que deixar o carro no estacionamento da vila (R$ 10 por dia). Pra fazer passeios, tem que contratar buggy e/ou guia. 
Eu com nosso guia, Zé Carlos, na entrada de Jijoca
Da outra vez, em 2012, fomos com buggy. Desta vez um guia, o Zé Carlos, nos levou no nosso carro, por R$ 130 pelo dia, pra ficar a nossa disposição. Tem que ir a lugares incríveis como a Lagoa Azul (com pouca água agora, mas perfeitamente aproveitável) e a Lagoa do Paraíso.
Eu entrando na Lagoa Azul
O guia nos contou que um italiano pagou 9 milhões de reais pela Lagoa do Paraíso (ou um grande pedaço dela) e vai construir um resort por lá. Eu sou totalmente contra a privatização desses espaços públicos. Por enquanto, qualquer um pode estacionar e entrar. 
Lagoa do Paraíso: quem precisa ir ao Caribe?
Ficamos na Pousada do Papaya, muito boa, com um ótimo café da manhã. Dormi super bem. Nos quatro dias em Jeri, não vi um único pernilongo.
Jeri é um lugar especial, incrível, único. Acho que precisamos voltar lá a cada dois ou três anos.
Mesas pintadas em restaurante em frente à praia em Jeri
Como Jeri é bastante longe de Fortaleza (300 km de distância, dá entre 4,5 e 5 horas de carro; estamos acostumados a praias mais próximas), compensa parar em alguma cidade no meio do caminho. 
Nascer do sol (só o maridão tá vivo nesse horário) na espetacular Guajiru
Da outra vez, ficamos na badalada Flecheiras. Agora, em Guajiru. 
Por do sol em Guajiru. O pontinho no sol é alguém fazendo kitesurfing ao fundo
Na realidade, Flecheiras, Guajiru e Mundaú (que ainda não conhecemos) fazem parte do município de Trairi. A praia de Guajiru é fabulosa, mas peca no quesito de restaurantes. Há pouquíssimas opções durante a semana. 
Nos hospedamos numa boa pousada, a Surf Village, que tem três piscinas e está com um preço promocional incrível: pagamos R$ 200 por duas diárias. 
Guajiru tem um por do sol fantástico, como pode ser visto nessas fotos do maridão.
Considerando tudo, nossa viagem de dez dias custou R$ 2.800. 1.560 de estadia 
(480 pelas quatro diárias em Quixadá, 880 pelas quatro diárias em Jeri, e 200 pelas duas diárias em Guajiru), 300 de gasolina, 270 com guia e estacionamento em Jeri, e 660 em comida (quase metade disso em sorvetes em Jeri). 
Jeri
Pra quem planejava conhecer Aracaju (que não é longe de Fortaleza), não tá caro. Mas se comparar com o que pagamos até agora pelas duas semanas que tiraremos em Santiago e Buenos Aires, em janeiro de 2017 (já gastamos R$ 3.060 em estadia e passagens aéreas, se bem que aproveitamos as milhas; vai faltar gastos com comida, transporte interno e excursões), não é barato.
Foi excelente pra repousar, repor as energias, nos desligar do mundo, e fazer uma comemoração prévia dos nossos 26 anos juntos (nosso "aniversário" é 11 de agosto). 
Casal velhinho romântico em Quixadá
E vocês aí do blog nem notaram que eu tava viajando, né?

sexta-feira, 29 de julho de 2016

IMAGINA UM SERVIDOR PÚBLICO MISÓGINO E RACISTA

De um chan mascu. Linguagem pesada, misógina, racista. O pior dos mundos:

Matematicofag: Não há saída, Psy. Nós perdemos. Podemos até esbravejar aqui, mas todas as nossas vitórias são pírricas.
A boceta ganhou, meu caro. O poder da boceta é inexorável. Essas vadias que você acha que "superou" no concurso terão vidas mais felizes e realizadas, com amigos, festas, carinho genuíno, interesse, mimos e experiências interessantes. Elas curtirão a vida em baladas violentas regadas a drogas e sexo. Nós nunca teremos isso. Nós perdemos. Nós dois e a grande maioria daqui perdemos.

Marcelo: Quanto a isto, você tem razão, matemáticofag. O mundo se tornou mangina e escravoceta por regra.
A questão é que você como funcionário público, você está no controle do gado. O gado é terceirizado e não tem capacidade técnica para passar no concurso.
Você nunca trabalhou em órgão público? Imagina, o gado todo tendo você como chefe.
Se você quiser foder o gado, basta mostrar que eles estão fazendo o serviço errado. A empresa terceirizada é 'glozada' e multada. O gado leva esporro duas vezes, um de você e outro do judeu que quer lucrar com o contrato público. Matemáticofag, é uma delícia.
Corgis são fofos, misóginos não são
Você chega na merda tipo as 11 horas, fica no café comendo. Enquanto isto, o gado está lá trabalhando feito escravo, correndo para fazer o que você manda. O gado pode te odiar, pode te xingar por trás, mas eles não podem te demitir. E você pode fazer desta vida feliz deles um verdadeiro INFERNO NA TERRA. Vai por mim, matemático, seja servidor público. Não é nem pelo dinheiro, e sim pelo prazer de torturar a escória.
Quando eu trabalhava como terceirizado no STJ, eu vi funcionários públicos torturando e humilhando o gado. Imagine vadias burras, pretos pé rapados, literalmente a escória.
Fantasia mascu que nunca será
realizada
Os caras chegavam na merda e começavam a 'glozar' contratos. Falavam que o serviço estava errado e que o STJ não ia pagar. E na geral, eles estavam certos porque o serviço estava uma bosta mesmo. A empresa contratou putas e o lixo que não tinha fundamento técnico nenhum, então só faziam merda seguido de merda.
O judeu da empresa querendo lucrar o máximo possível escolheu a dedo o lixo. Ninguém com conhecimento para fazer a merda queria trabalhar pelas esmolas que ele estava pagando. Absolutamente ninguém. A não ser gente que tava começando agora.
Eu culpo o movimento feminista
pela minha infelicidade
Imagina você lá, matemáticofag. Imagina estas 'analistas de TI', engenheiras e o caralho. Você só chega pra elas e diz que tá tudo errado, que é pra refazer e que se não fizer até o final do dia vai glozar a porra toda.
Ai quando estas vadias abrirem a boca, você cala elas com argumentos técnicos e diz que elas deveriam saber o que estão fazendo. Você só vai trabalhar 6 horas por dia, enquanto o gado vai ter que trabalhar no mínimo umas 10. E eles vão ganhar umas 4 vezes menos que você.
O lance de ser funcionário público não é a estabilidade, digo, não é só ela. Tem todo o agregado, tem o poder que vem junto. O poder de pisar em cima do gado. É como uma arma e um título do estado. Você pode trazer a sua infelicidade para o gado, pode trazer todo o seu sofrimento para estas vadias.
O prazer, matemáticofag, o prazer é melhor que sexo cara.

Matemáticofag: E de que adianta, meu caro? Ok, você vai lá e "gloza" a merda das vadias. Elas ficam frustradas e tudo mais.
Mas aí o que acontece? Vocês dois vão para a casa.
Ela chega em casa, abre o Facebook e tem 60 likes novos em suas fotos. No mínimo 5 manginas diferentes irão ligar oferecendo um ombro amigo, carinho e palavras de suporte, tirando, é claro, as 30 mensagens diferentes de apoio no Facebook e Whatsapp. Quatro bombados marginais estarão disponíveis para ela extravasar a frustração com sexo violento e brutal. O chefe dela irá mandar um SMS para ela dizendo que "está tudo bem" e que as coisas serão resolvidas. O namorado beta irá enche-la de presentes, carinho, atenção e irá dizer que "aquela viagem para Paris que você sempre quis" vai sair esse ano.
Nós? Chegaremos em casa, entraremos para nosso quarto escuro, abafado e fedorento, abriremos o computador e viremos postar nesse "chan". Depois, a noite, vamos tocar uma punheta para o vídeo de uma mulher mutilada.
Ninguém gosta de misóginos
E atrás de todo jorge há uma vadia. Como já relatei aqui algumas vezes, eu também fui usado por uma vadia vagabunda, que abusou da minha inocência, me usou como escada emocional e intelectual para subir, se casou com um estrangeiro e hoje vive no bem bom no exterior enquanto eu estou aqui, pensando em uma maneira indolor de me matar. Ao mesmo tempo, os irmãos desgraçados dela me humilharam, riram da minha cara. Eu só queria UMA coisa, e é matar a vadia. A murros. 
Quero sentir meu punho quebrando os ossos dela, quero sentir a carne dela amortecendo meus socos. Eu quero ter o prazer de ver ela gritar. Depois eu envio a cabeça dela por correio para seus irmãos vagabundos. E aí? E aí eu posso me matar. Foda-se.

Ou é possível substituir todo este
texto por um vídeo de 40 segundos
Marcelo: Eu invejo sua bondade e inocência, matemáticofag. Você é um homem bom. Eu era igual você, mas acredito que as torturas psicológicas que me submeteram me fizeram desenvolver distúrbios anti-sociais.

Marcelo passou num concurso público no ano retrasado. Ainda não foi chamado e, com sorte, nunca será.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

"COMO FAÇO PRA SER DE ESQUERDA?"

A G. me enviou esta dúvida:

Muito obrigada, você me esclareceu muitas coisas nessa vida, me tornei uma pessoa melhor lendo o seu blog. Eu não queria lhe incomodar, mas não consegui encontrar nenhuma outra fonte de ajuda para meu problema, que existe desde 2013. Então te envio esse e-mail, e peço que você gaste um pouco de tempo lendo a idiotice que eu escrevi. Porque o meu problema é realmente idiota, já tentei escrever antes, mas não tive coragem de enviar.
É o seguinte, eu tenho 14 anos, e cresci vendo as injustiças do mundo e procurando por uma solução, até que com 10 pra 11 anos eu descobri o socialismo. O feminismo eu já conhecia, mas não me considerava feminista, era apenas um movimento legal, com pessoas admiráveis. A partir daí (claro que não foi de um dia pro outro, levou alguns meses), eu passei a me considerar de esquerda. Não contei pra ninguém diretamente, mas sempre fui muito incentivada a dar minha opinião tanto na escola como em casa, e sempre disse o que pensava a respeito de vários assuntos. 
O problema é que eu aprendia cada vez mais, e vendo que eu tinha falado algo errado no passado, fui começando a me sentir insegura pra falar sobre política. Como se não bastasse, minha mãe dizia "isso não é assunto de criança", meu pai dava risadinhas e achava que alguém tinha mandado eu falar isso para agradá-lo (ele é de esquerda). Minha irmã (ela tem 30 anos) fala sobre essas coisas como se eu fosse abestalhada, e uma mulher do salão de beleza, uma mulher que eu nunca vi na minha vida, começou a rir da minha cara porque eu tinha 12 anos e estava lendo Noites Brancas
Que engraçado, não é? Uma criança, que sabe ler, lendo um livro como Noites Brancas. É um livro completamente normal, não é difícil, não é longo, não é teórico, qual o problema? É por essas e outras que eu odeio adultos. Tratam crianças como bobocas, e adolescentes como pessoas irritantes, que fazem muitas besteiras e só se importam com assuntos "fúteis". Tive que ouvir meu irmão dizer que Luciana Genro é candidata de adolescente (eu não posso votar, mas torci e  fiz campanha pra ela). Em quem ele votou? Eduardo Jorge, claro, esse sim é candidato de adulto.
Não fique chocada, Lola, eu disse que odeio adultos, mas eu sei, não são todos, claro, tem ótimos adultos (como você), mas isso é igual aos homens cis falando "não são todos os homens". O engraçado é que quem diz isso são os mais machistas. 
O meu professor e minha professora de História do ano passado são ótimos adultos, sabem nos tratar como gente. O triste é pensar que eu serei um de vocês, e me policio para não esquecer que eu não nasci grande. Parece que os adultos esquecem como é ser criança ou adolescente. Eu lembro, lembro de tudo desde os meus 3 anos. E não esquecerei, para saber como tratar pessoas jovens. 
Isso tudo sobre adultos foi só pra você ter uma ideia da origem do meu problema. Como estava dizendo, eu fui ficando insegura. Teve um tempo em que eu me sentia indigna de ser feminista, até que dei um basta nesse absurdo, me empoderei, afinal eu sou mulher, e o feminismo é para mulheres, não existe isso de uma mulher ser indigna do feminismo. Me assumi feminista para um grupo de amigas em um jogo de verdade ou consequência numa festa de São João. Depois de aproximadamente um mês, eu contei para a minha mãe, na noite do meu aniversário de 14 anos. Nesse dia eu prometi a mim mesma que eu seria um ser político publicamente até meu próximo aniversário. 
Meu aniversário é este mês, eu não sei o que fazer. Lola, o meu problema é que tenho vergonha de me dizer socialista, e a verdade é que nem sei por quê. Eu sou bissexual e não é segredo, eu não me assumi, porque isso nunca foi uma grande coisa para mim, afinal eu não escolhi, minha mãe sabe, minhas amigas sabem e quem perguntar saberá. Mas ser de esquerda foi uma escolha. E eu tenho medo de ser julgada, medo de não ser levada a sério.
Mas eu peço livros esquerdosos para minha mãe, um dia ela disse que tinha medo que eu virasse guerrilheira, eu morri de rir. Nas últimas eleições eu estava andando na rua e um candidato a deputado federal pelo PSOL estava distribuindo panfletos. Eu e meu pai fomos falar com ele, conversamos por uns oito minutos e ele disse que eu ia me tornar esquerdista e indiretamente me chamou de militante, foi o dia mais feliz da vida. 
Luciana Genro em 1994, aos 23 anos,
no seu primeiro mandato como
deputada
Ele mesmo disse que começou a militar com 15 anos, eu queria saber como essa gente faz, Luciana Genro diz que começou com 14. Depois, como quem não quer nada, perguntei ao meu pai o que ele achou do tal ter dito que eu serei esquerdista. Ao que ele disse que gostou, mas ainda não tem como saber, porque eu ainda tenho muito tempo pra decidir. Eu tenho medo de virar reaça, sei lá, dizem que todo mundo é de esquerda quando é jovem, com o tempo vai esquecendo. Alguns são bichonosos (como eu digo esquerdista na minha linguagem de códigos pra falar de política com as amigas) até  o fim da vida. Espero que eu seja e um dia o mundo saiba. 
Então, Lola, muito obrigada por dedicar o seu tempo lendo isso, eu só quero um conselho, como eu faço para ser publicamente de esquerda?
Bem assim...
Minha resposta: Pessoas queridas, a G. me fez esta pergunta faz um tempão. Eu deixei agendado aqui mas nunca respondi a essa fofa. (Adorei o relato dela, é tão jovem, tão espontâneo, tão entusiasmado). E agora estou de férias. E aí, vocês podem responder pra ela? P.S.: Trolls, morram.